Genese - A Criação
INTRODUÇÃO
Apenas como introdução, vejamos um resumo da definição principal que vigorou sobre o espaço: espaço é a extensão que separa dois corpos, na qual certos sofistas deduziram que onde não haja corpos não haverá espaço, idéia esta que levou a errônea dedução que, se não existissem corpos, não haveria espaço!
Estas e outras definições foram abandonadas, esclarecendo então a doutrina espírita que espaço é “... uma dessas palavras que exprimem uma idéia primitiva e axiomática, de si mesma evidente, e a cujo respeito as diversas definições que se possam dar nada mais fazem do que obscurecê-la. Todos sabemos o que é o espaço e eu apenas quero firmar que ele é infinito, a fim de que os nossos estudos ulteriores não encontrem uma barreira opondo-se às investigações do nosso olhar.“
Ainda mais considerando as faculdades limitadas do homem. Como exemplo, mesmo que adotássemos a velocidade do relâmpago ou da luz, avançando milhões de séculos, não teríamos dado nem mesmo passo, considerando nosso ponto inicial, a Terra.
Também a palavra tempo é um termo por si mesmo definido, se fizermos uma relação entre ele e o todo infinito. O tempo é a sucessão das coisas. Está ligado à eternidade, do mesmo modo que as coisas estão ligadas ao infinito.
Após análise mais apurada, deduz-se então que, dentro de determinada ordem de idéias, o tempo é apenas a relação das coisas transitórias e dependente, unicamente, das coisas que se medem.
O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo lhe é presente.
CRIAÇÃO UNIVERSAL
Sómente a alguns milhões de séculos atrás é que a Terra passou a existir, como também não haviam sido iniciadas as evoluções da vida planetária no sistema solar – mas já no universo existiam diversos sóis e conseqüentes planetas habitados por um número elevado de seres, antecessores do homem, em ambiente e natureza próprios.
Portanto, equivocado nosso entendimento de ser o homem contemporâneo da criação. Isto porque, muito antes de nós, homens, assim como à nossa frente, existe a eternidade, definida como “....o espaço é teatro de inimaginável sucessão e simultaneidade de criações”.
Ao mesmo tempo, existem no universo variados aglomerados de sóis e mundos, uns em vias de formação, outros, sendo habitados e outros, por fim, sofrendo catástrofes e perecendo.
Do mesmo modo que estamos rodeados de uma infinidade de mundos, também estamos no meio de uma dupla infinidade de durações, anteriores e ulteriores - não somos únicos.
Quando passamos a análise do início da criação e desenvolvimento dos variados mundos, devemos considerar que a matéria cósmica primitiva continha os elementos materiais, fluídicos e vitais de todos os universos, isto é, a eterna geratriz.
Tal substância se mantêm, originando as esferas siderais, já que as novas criações são incessantes e também recebem, reconstituídos, os princípios dos mundos que se apagam.
A substância primitiva ou fluido cósmico, com graus variados de rarefação ou condensação preenche todo o universo, é de onde a Natureza retira elementos para produzir todas as coisas, conforme as diversas localidades do universo. Em tal substância reside o princípio vital, que dá origem à vida dos seres, seja criatura, mineral, vegetal, animal ou qualquer outra.
Esta matéria cósmica primitiva está de acordo não só com as leis que asseguram a estabilidade dos mundos, como também com o universal princípio vital que forma gerações espontâneas em cada mundo, à medida que se apresentam as condições da existência sucessiva dos seres que habitarão tal mundo.
Portanto, podemos dizer que criação universal significa que, sendo as operações da Natureza a expressão da vontade divina, Deus há criado sempre, cria incessantemente e nunca deixará de criar. Até mesmo o mundo espiritual faz parte da criação.
Contudo, ainda nosso conhecimento ainda não é suficiente para entendermos sobre o modo da criação dos Espíritos. Mas já sabemos que O Espírito é criado simples e ignorante, mas com o livre-arbítrio e a consciência que permitirão que, passando pela série de experiências e necessária evolução dos seres inferiores, vão progredindo paulatinamente.
Os sóis e os planetas
Em determinado ponto do Universo, ocorreu a condensação da matéria cósmica sob a forma de imensa nebulosa, animada esta das leis universais que regem a matéria.
São estas variadas leis e, neste caso, notadamente a força molecular de atração, tal nebulosa adotou o formato de esfera. Isto porque o movimento circular produzido pela gravitação, rigorosamente igual, de todas as zonas moleculares em direção ao centro, logo modificou a esfera à forma lenticular.
Em seguida, novas forças surgiram em conseqüência desse movimento de rotação: a força centrípeta e a força centrífuga. A primeira, com força atrativa do todo para o centro, enquanto a segunda (centrífuga), tende a afastar tais partes do centro.
Com o incessante movimento de rotação, a força centrífuga predominou de pronto sobre a atração central, ocasionando uma divisão, criando uma nova massa separada da nebulosa, submetida, contudo, às mesmas leis.
A massa originária conservou o seu movimento equatorial que, modificado, se tornou movimento de translação em torno do astro solar. A massa derivada, o seu novo estado lhe dá um movimento de rotação em torno do próprio centro.
A partir daí, a nebulosa geratriz, que deu origem a esse novo mundo, condensou-se e retomou a forma esférica – e assim continuará ocorrendo, posto que o primitivo calor somente se resfriará lentamente, tal fenômeno se repetirá inúmeras vezes, durante longo período, enquanto a nebulosa não tenha se tornado tão densa e sólida, para oferecer resistência eficaz às modificações de forma, que o seu próprio movimento de rotação origina.
Nascem desse modo centenas de mundos, destacados do foco central, saídos da descrição acima. Na verdade, cada um destes mundos será um Sol, que gerará sucessivamente novos globos, que passará a gravitar em torno do referido Sol. Cada um dos novos globos receberá uma vida especial, particular, embora dependente do astro que os gerou.
Satélites
Um desses planetas será a Terra que, antes de se resfriar e revestir de uma crosta sólida, dará nascimento à Lua, pelo mesmo processo de formação astral a que ela própria deveu a sua existência, como exemplo de satélite.
Os satélites, diante das forças que a formaram, em vez de revestir a forma esferoidal, tem a forma alongada de um ovo, com o centro de gravidade fixado na parte inferior.
Aqui, passa a relatar a teoria sobre a Lua - não podendo a Lua afastar-se da Terra, ficando submetida a conservar-se perpetuamente suspensa no seu firmamento, como uma figura ovóide cujas partes mais pesadas formaram a face inferior voltada para a Terra, fazendo então que esse astro nos apresente sempre a mesma face.
Decorre de tal fato a tese das duas naturezas essencialmente distintas na superfície do mundo lunar: uma primeira, cuja face é voltada para a Terra, mas de natureza diferente da nossa, não existindo os corpos fluidos e etéreos, nem água ou atmosfera, principalmente; a outra, leve, relativamente à Terra, pois que todas as substâncias menos densas se encaminharam para esse hemisfério e, portanto, rica de fluidos, perpetuamente oposta ao nosso mundo. Cogitava-se, então, como teoria, eventual existência de habitantes na Lua, na face oposta à Terra.
Teoria da Lua
Tal teoria que, à época, era a única que procurava explicar satisfatoriamente a esfera lunar, foi posteriormente sucedida, com o avanço da ciência e da astronomia, para as teorias mais modernas, ainda em desenvolvimento.
Como exemplos:
1) a lição na obra “A TERRA, OS PLANETAS E AS ESTRELAS”, de K.E. Edgeworth, Editorial Verbo, Lisboa, 1964, pág. 37/38 e 40:
"Um ponto interessante acerca da Lua, com o qual todos estamos familiarizados, é que ela volta sempre a mesma face para a Terra. Outro aspecto, menos conhecido mas também de considerável interesse, e de não menos considerável importância, é a forma do equador lunar: em vez de ser circular, como no caso da Terra, o equador da Lua é elíptico, com o eixo maior apontado para nós. A explicação admitida para tal fato é que o corpo da Lua foi originalmente suficientemente plástico para permitir esta particular modelagem na sua forma, e que tal modelagem ocorreu quando o satélite se encontrava muito mais perto da Terra que nos dias de hoje. A forma atual corresponderia a um dia lunar muito mais curto, equivalente a 3 1/2 dias dos nossos, e supõe-se que a onda de maré, arrefecida quase subitamente, deu à Lua esta forma particular para todo o sempre."
"...a rotação da Lua foi-se atrasando de tal modo que o dia lunar veio a coincidir com o mês lunar; por isso a Lua volta sempre a mesma face para a Terra".
2) a lição na obra “ASTRONOMIA E ASTRONÁUTICA - DICIONÁRIO BRASILEIRO”, do Pe. Jorge O'Grady de Paiva, Rio, 1969, pág. 145, ed. do autor:
"... Movimentos - 2 principais: rotação e revolução, aquele em torno do eixo e, este, à volta da Terra. Característica desse duplo movimento é fazer-se no mesmo período, durante 1 mês, pelo que o dia e a noite lunares são, quase, de 1 quinzena; é, também, o motivo de nos mostrar, sempre, a mesma face".
3) a lição na obra “GRANDE ENCICLOPÉDIA DELTA LAROUSSE”, vol. 9, pág. 4.106, Rio, 1971:
"A Lua é animada de um movimento de rotação em torno de si mesma, num eixo inclinado de 83°30' sobre o plano da órbita. A duração da rotação é exatamente igual à duração de sua revolução em torno da Terra. Por isso a Lua apresenta sempre a mesma face para a Terra."
Atualmente, ainda em estudos sobre nosso satélite, Lua, ainda mais com as constantes viagens espaciais e estudos sobre tal satélite.
Ainda os satélites
O número e o estado dos satélites de cada planeta têm variado de acordo com as condições especiais em que eles se formaram. Alguns não originaram satélite algum, enquanto outros, originaram inúmeros satélites.
Saturno, além dos satélites, ainda possui o fenômeno especial do anel que, visto de longe, parece cercá-lo de uma como auréola branca. Esse anel é, com efeito, o resultado de uma separação mas formado em todas as suas partes, de moléculas homogêneas, provavelmente já em certo estado de condensação, e pode, dessa maneira, continuar o seu movimento de rotação no mesmo sentido e em tempo quase igual ao do que anima o planeta. Afirmava, em teoria que, desde a época da sua formação, esse anel se solidificou, do mesmo modo que os outros corpos planetários.
Os cometas
Cometas são astros errantes e considerados guias auxiliarão ao homem transpor os limites do sistema a que pertence a Terra, para conhecer regiões distantes do espaço, não tendo por destinação servir de habitação a humanidades. Vão sucessivamente de sóis em sóis, enriquecendo-se, às vezes, pelo caminho, de fragmentos planetários reduzidos ao estado de vapor, haurir, nos focos solares, os princípios vivificantes e renovadores que derramam sobre os mundos terrestres. (Cap. IX, nº 12.)
A Via Láctea
A Via-Láctea é uma é formada por inúmeros sóis e planetas, sendo que o nosso Sol e todos os corpos que o acompanham fazem parte desse conjunto de globos radiosos que formam a Via-Láctea.
Em relação ao universo, a Via Láctea não representa mais do que um ponto insensível e inapreciável, vista de longe, porquanto ela não é mais do que uma nebulosa estelar, entre os milhões das que existem no espaço.
As estrelas fixas
As estrelas chamadas «fixas» e que constelam os dois hemisférios do firmamento pertencem todas a uma mesma aglomeração de astros estelares, aglomeração que não é senão a grande nebulosa de que fazemos parte e cujo plano equatorial, projetado no céu, recebeu o nome de Via-Láctea.
Todos os sóis que a constituem são solidários; suas múltiplas influências reagem perpetuamente umas sobre as outras e a gravitação universal as grupa todas numa mesma família. Esses diversos sóis estão na sua maioria, como o nosso, cercados de mundos secundários, que eles iluminam e fecundam por intermédio das mesmas leis que presidem à vida do nosso sistema planetário.
Determinado número desses sóis, verdadeiros gêmeos da ordem sideral, são acompanhados de seus irmãos da mesma idade, e formam, no espaço, sistemas binários, aos quais a Natureza outorgou funções inteiramente diversas das que tocaram ao nosso Sol. Lá, os anos não se medem pelos mesmos períodos, nem os dias pelos mesmos sóis e esses mundos, iluminados por um duplo facho, foram dotados de condições de existência inimagináveis por parte dos que ainda não saíram deste pequenino mundo terrestre.
Contudo, saliente-se que apesar do prodigioso número dessas estrelas e de seus sistemas, com distâncias incomensuráveis que as separam, elas pertencem todas à mesma nebulosa.
OS DESERTOS DO ESPAÇO
Além da aglomeração de estrelas, existe os desertos do espaço, descritos como “... solidões sucedem solidões e incomensuráveis planícies do vácuo se distendem pela amplidão em fora.”
A distância que existe entre as estrelas é muito vasta, não podendo ser expressa por números acessíveis à compreensão do nosso espírito. Formam o deserto celeste, que envolve o nosso universo sideral e que parece estender-se até o mais afastado confins do nosso mundo astral.
Além desses desertos, contudo, existem mundos como nas nas regiões acessíveis às investigações humanas. Lá se revelam e desdobram novos mundos, cujas condições variadas e diversas das que são peculiares à Terra lhes dão uma vida que a inteligência humana não consegue captar, onde resplandece o poder criador.
Eterna sucessão dos mundos
Existe uma única lei, primordial e geral, foi outorgada ao Universo, para lhe assegurar eternamente a estabilidade, denominada forças diretrizes da Natureza. Vamos agora mostrar que a harmonia do mundo inteiro, considerada sob o duplo aspecto da eternidade e do espaço, é garantida por essa lei suprema.
Estabelecem tanto a criação quanto a destruição dos astros, porquanto a morte não é apenas uma metamorfose do ser vivo, mas também uma transformação da matéria inanimada.
Após a extinção de um planeta, ocorrerá a desagregação de seus elementos constitutivos, a fim de os restituir a massa comum do éter os elementos que o formaram, para se assimilarem a outros corpos, ou para regenerarem outros sóis.
Noutras regiões, ela renovará outras criações de natureza diferente e, lá onde os sistemas de mundos se desvaneceram, em breve renascerá outro sistema.
Portanto, compreendemos já haver avançado da crença que a Gênese moisaica implantou e que fez da Terra a criação principal de Deus e dos seus habitantes os únicos objetos da sua atenção.
Assim, a eternidade real e efetiva do Universo se acha garantida pelas mesmas leis que dirigem as operações do tempo. Desse modo, mundos sucedem a mundos, sóis a sóis, sem que o imenso mecanismo dos vastos céus jamais seja atingido nas suas gigantescas molas.
O que os homens podem vislumbrar como esplêndidas estrelas no céu noturno, há muito tempo já foram extintas, sendo sucedidas por novas criações ainda desconhecidas. A distância imensa a que se encontram esses astros, por efeito da qual a luz que nos enviam gasta milhares de anos a chegar até nós, faz com que somente hoje recebamos os raios que eles nos enviaram longo tempo antes da criação da Terra e com que ainda os admiremos durante milhares de anos após a sua desaparição real.
Portanto, reconhecemos que a Terra e o homem são nada em confronto com o que existe, diante da imensidade e da eternidade de um universo que nunca terá fim.
A vida universal
As obras de Deus sejam criadas para o pensamento e a inteligência; que os mundos sejam moradas de seres que as contemplam e descobrem o poder e a sabedoria daquele que as formou, são questões que já nos não oferecem dúvida; mas, que sejam solidárias as almas que as povoam, é o que importa saber.
Com efeito, a inteligência humana encontra dificuldade em considerar que, no universo, em tão grande número de planetas, não existam outros seres pensantes.
Mas, se os astros que se harmonizam em seus vastos sistemas são habitados por inteligências, não o são por seres desconhecidos uns dos outros, mas, ao contrário, por seres que trazem marcado na fronte o mesmo destino, que se hão de encontrar temporariamente, segundo suas funções de vida, e encontrar de novo, segundo suas mútuas simpatias. É a grande família dos Espíritos que povoam as terras celestes; é a grande irradiação do Espírito divino que abrange a extensão dos céus e que permanece como tipo primitivo e final da perfeição espiritual.
Existem diversos sistemas planetários, que não são semelhantes ao nosso; são diferentes, de acordo com as diversas condições que lhes foram prescritas e de acordo com o papel que a cada uma coube no cenário universal.
Bibliografia: Obra “A GÊNESE”, de Allan Kardec. 36ª edição – pág. 103 e seguintes