O Homem no Cosmos
O HOMEM NO COSMOS NO TEMPO DAS PIRAMIDES
O Egito foi o berco das invencoes tecnologicas, da astronomia, das matematicas e da fisica? Tudo parece provar o contrario. O Egito foi uma zona de passagem e de trocas. Mas os Egipcios — pelo menos os sacerdotes — astrônomos desse tempo — souberam explorar e tirar proveito das ideias e das ciencias vindas do exterior, para fazer progredir o seu pais.
As inumeraveis guerras em que se envolveram todos os povos que se fixaram no delta do Nilo contribuiram para essas trocas frutuosas. Numerosos sacerdotes egipcios tornaram-se conselheiros de imperadores estrangeiros contribuindo assim para a expansao das ideias e para o aperfeicoamento das tecnologias da epoca.
Esta amalgama de influencias, esta lenta evolucao social e espiritual, fazem ressurgir aqui e alem, no nosso globo, reminiscencias curiosas e perturbantes cujas origens se perdem no passado longinquo dessas regioes.
Uma imensa amalgama de influencias Encontramos no baixo-relevo egipcio de Medinet-Habu (o templo funerario de Ramses III), que comemora a vitoria da frota do farao Ramses III sobre o povo Shardane (Povo do Mar), a representacao dos guerreiros shardanes em traje de combate da epoca: os atavios com as espaldeiras para proteger as claviculas e as omoplatas, o elmo com guarda-nuca e, por vezes, com cornos de bovideo fixados no topo.
Curiosamente, a estatua-menir Filitosa VI erigida no sudoeste da Corsega, na muralha granitica de Filitosa, ostenta os mesmos atavios de combate dos guerreiros shardanes. E nao foram os shardanes que, entre os seculos XIV e XVI antes da nossa era, erigiram estas estatuas, mas sim os obreiros dos túmulos megaliticos, habitantes da ilha, que representaram assim os guerreiros shardanes que eles haviam morto em combate.
Essas estatuas sao de granito, esculpidas com ferramentas de quartzo. Vemos pois, atraves destas diferentes representacoes, que as trocas foram frutuosas, cobrindo regioes afastadas e com resultados tao inesperados. Poderemos acreditar que guerreiros egipcios, invasores bem intencionados, se tenham fixado em Stonehenge, na planicie de Salisbury, em Inglaterra e que, sob a sua direcao, as populacoes indigenas menos evoluidas tenham edificado Stonehenge?
Alguns objetos preciosos, encontrados no proprio local, tais como perolas de faianca e discos de ambar combinados com ouro, podem-no sugerir. Alias, encontra-se na edificacao dos porticos de Stonehenge e nas portas ciclopicas de Micenas a mesma tecnica de montagem por espigao e entalhe.
Para alguns, Stonehenge e um templo de astronomia. Tem sido ventiladas numerosas hipoteses, sedutoras ou bizarras, todavia a discussao permanece em aberto. A sua construcao comecou cerca de 2700 ou 2800 a.C. Os alinhamentos das pedras parecem indicar o solsticio de Verao, quer dizer, a altura do ano em que o Sol se eleva o maximo ao norte do Equador antes de começar o seu declínio sazonal para o sul.
No lado oposto, esta mesma linha de mira podia servir para assinalar o solstício de Inverno. Junto da entrada do monumento, quarenta furos de postes, dispostos em seis filas, coincidem com a posiçao mais setentrional que a Lua atinge em cada 18,61 anos.
Essas seis filas representam pois seis ciclos lunares. Mais de um seculo de observaçoes! Os povos mediterrânicos parecem ter sido espantosos descobridores. Cabeças esculpidas com tracos negroides, provenientes de Vera Cruz, testemunham a presença na America pre-colombiana de negros vindos de Africa.
Ora, nos sabemos que as tripulaçoes dos navios fenicios e egipcios incluiam homens de raca negra. Outros pormenores sao tambem intrigantes: os indios da America, muito antes da epoca dos Astecas e dos Incas, ja manufaturavam vestimentas a partir de uma variedade de graos hibridos de algodao, única no mundo, que parecia ser o produto do cruzamento do grao do algodão egípcio com uma especie selvagem americana impropria para fiaçao.
Que dizer das recentes descobertas arqueologicas que demonstram que os Olmecas e os Maias utilizavam uma escrita hieroglifica, tendo um calendario e sabendo prever o movimento dos planetas como os Egipcios? Alem disso, construiram piramides truncadas análogas aos zigurates da Mesopotamia e, coisa curiosa, as suas esculturas e baixos-relevos representam sacerdotes de pronunciado tipo semita, de barbas fartas e de barretes cônicos, assim como os sapatos de biqueira curvada para cima.
Poderemos aceitar que cerca de 610 a.C., quando o faraó do Egito, Nechao II, encarregou a sua frota de realizar a circum-navegacao de Africa, esta, depois de ter atravessado o Atlantico, rumou em direçao a America do Sul?
Estes navegadores teriam então descoberto o Brasil em 531 a.C.! Na realidade, sabemos pouca coisa sobre este périplo ordenado por Nechao II: tendo largado do Mar Vermelho graças a reanimaçao do canal do Nilo, estes marinheiros regressaram tres anos mais tarde pelo Mediterraneo depois de terem passado as colunas de Hercules.
A verdade obriga a dizer que apesar de observarmos frequentemente barcos nos baixos-relevos egipcios, estes não eram navegadores ousados e encarregavam, muitas vezes, outros povos de fazer comércio em seu lugar. No exemplo apontado atras foram os Fenícios que realizaram a viagem em tomo de Africa sob a ordem de Nechao II.
A influencia egípcia e, no entanto, a mesma através das tripulaçoes incluindo homens de varias origens. A proposito desta viagem, Herodoto relata o seguinte pormenor interessante e tão surpreendente para a sua época que acrescenta que a ele próprio lhe custava a acreditar:
«Quando eles [os marinheiros fenícios ao serviço do faraó] dobraram a ponta de Africa, viram o Sol ao norte e à sua direita.»
Este pormenor e prova concludente que eles tinham passado o Equador! Saltemos agilmente alguns seculos e debrucemo-nos sobre as tribos Dogon ao sul do deserto do Sara. Alguns cientistas que estudaram estas tribos durante o período de 1946 a 1950 ficaram espantados com os seus conhecimentos de astronomia.
Os sacerdotes Dogon demonstraram-lhes que tinham herdado de tempos antigos um espantoso conhecimento do Universo. Conheciam a estrela Sírio A e a sua irmã Sirio B que gravita em seu redor. Se Sório A é a estrela mais brilhante do céu, pelo contrário, Sirio B, uma «anã branca», é invisivel a olho nu.
Os Dogon falavam dela em 1948 e esta estrela só foi fotografada pela primeira vez em 1970! Os Dogon sabiam tudo sobre a Sírio B: a sua enorme densidade em relaçao ao seu tamanho (nesta estrela, um metro cúbico pesa aproximadamente 20 000 t), a sua cor branca, a sua translaçao eclíptica de cinqüenta anos em tomo da Sirio A.
Numa cidade como Lyon por exemplo, quantos habitantes saberiam hoje isso? Eles conheciam, igualmente, as quatro luas principais de Júpiter e sabiam perfeitamente que os planetas giram em tomo do Sol e que a Terra e esférica e roda em tomo do seu eixo.
Tinham igualmente conhecimento do anel de Saturno. Explicaram aos cientistas estupefatos que a Via Lactea tinha a forma espiraloide. Os astrônomos só muito recentemente chegaram a essa conclusão! De onde lhes vinham todos esses conhecimentos?
Dos frequentes contatos que os seus ancestrais da Antiguidade tinham podido estabelecer com a Mesopotamia, com o Egito e a Grécia. O que hoje constitui uma certeza, e que as tribos dos Dogon, como os Pigmeus do Ituri que conheciam Saturno e os seus «nove» satelites (o decimo foi descoberto em 1966), como os Maoris da Nova Zelândia que conheciam igualmente Saturno e Júpiter, todos estes povos oriundos de horizontes muito diferentes, eram conhecidos pelos Egípcios da Antiguidade.
A influencia exercida pelo antigo Egito em todo o continente africano e bem para alem deste, e muito maior do que se crê geralmente. Os exemplos perturbantes não faltam! Os Egípcios mantinham Pigmeus na Corte dos seus reis como dançarinos e bobos. Encontrou-se uma estatua do deus Osiris muito a sul da floresta do Ituri, o que demonstra a irradiaçao da influencia egipcia nessas épocas.
Os Maoris da Nova Zelândia veneram o deus Sol chamado «Ma», replica fiel do deus solar egípcio «Ra». Não e insensato pensar que o antigo Egito foi o cadinho onde todas as ciências e religiões se confrontaram e foram utilizadas de modo a melhor satisfazerem os interesses dos dirigentes egípcios, contendo as verdades sobre a natureza do universo que espalharam e por sua vez foram recolhidas pelas escolas pitagóricas e platônicas para constituírem a base do pensamento filosófico do mundo civilizado.
Uma tecnologia de alto nível
Ignoramos frequentemente o alto nível de prosperidade e de tecnicismo que os povos da Antiguidade tinham atingido. Como podemos esquecer por exemplo os postes de madeira, com os topos em cobre e com mais de trinta metros de altura, que os Egípcios colocavam em frente dos seus templos e que se assemelham estranhamente a para-raios!
Citemos igualmente essa copia grosseira de um planador encontrada no local da primeira piramide de degraus em Sakkara. A maqueta, com dezoito centímetros de comprimento, demonstra notáveis características de aerodinamismo. Seguramente, trata-se de um esboço e não da cópia de um engenho que tivesse realmente voado.
Os pescadores de esponjas recolheram ao largo da ilha de Antikythera restos dum instrumento metálico que foi datado de 65 a.C. e que reproduzia um bizarro conjunto de rodas dentadas acionadas por engrenagens. Em 1959, Derek J. de Solla Price, do Instituto de Estudos Avançados de Princeptown em New Jersey concluiu que se tratava, nem mais nem menos, de um modelo elementar de computador analogico provavelmente utilizado pelos Gregos para facilitar os seus cálculos astronômicos.
Não nos esqueçamos que os Egipcios foram os primeiros a abandonar o calendario lunar para adotarem um ano de doze meses de trinta dias. Astúcia suprema: para se aproximarem do ano tropico ou solar, que conta, sensivelmente, 365 dias, 5 horas e 49 minutos, juntaram cinco dias a cada ano, no fim do decimo segundo mes.
Estes cinco dias sao chamados «epagomenos». Os meses, em grupos de quatro, formam as tres estacoes tipicas do Egito que nao conhece a Primavera: Inundacao, Inverno e Verao.
No primeiro dia de cada decada havia festejos em honra dos mortos. Evidentemente, este calendario era imperfeito, pois em cada quatro anos havia um desvio de um dia. Em cento e vinte anos deste sistema bastante impreciso, as estacoes tinham um avanco de um mes.
So 1461 anos depois e que o principio do ano encontrou, de novo, o seu ponto de partida! Sao sempre os Egipcios a encontrar a solucao, desta vez por intermedio do astronomo egipcio Sosigenes, entao conselheiro de Júlio Cesar.
Este decidiu que de quatro em quatro anos o ano teria 366 dias... Seriam os anos bissextos. Decidiu, igualmente, que o principio do ano seria o 1° de Janeiro (data na qual os Consules entravam em funcao) e nao o l° de Marco.
Foi no 1° de Janeiro do ano de 45 a.C. que nasceu o calendario «Juliano» (adjetivo que vem do prenome de Cesar, Julio). Os Egipcios sabiam muitas coisas sobre o Sol, a Lua e... Sirio
Voltemos a Sirio. Dois mil anos antes da nossa era, os Egipcios espreitavam na madrugada a primeira aparicao de Sirio no ceu, precisamente antes do nascer do Sol. Os sacerdotes sabiam bem que nao podiam ver Sirio senao no comeco do Verao, o que anunciava, infalivelmente, a proxima cheia do Nilo.
E desde que se conheca a importancia dessas cheias para fertilizar as margens e as regioes proximas do leito do rio, compreende-se a importancia vital deste conhecimento astronomico. Para mais, o ano tera por base Sirio (Sothis): um ano-Sothis e igual a 365 dias e 1/4.
Sothis, consagrada a isis, marcava o principio do ano civil. O nascer e o por de Sirio, que acontece com o nascer e por do Sol, chama-se o nascer heliaco. Nos nossos dias, com a deslocacao dos planetas, este nascer heliaco acontece no mes de Agosto.
Os lugares geodesicos dos Egipcios delimitam o alinhamento dos megalitos... Os Egipcios pareciam conhecer o segredo das linhas de forcas teluricas cuja existencia ainda hoje nos escapa. Todos os antigos lugares, todos os santuarios, observavam o alinhamento com o megalito denominado Omphalos que, habitualmente, os flanqueava em faixas regularmente espacadas que se estendiam pelo Mediterraneo, Proximo Oriente e ate mais longe.
Este esquema regular cobre nao somente os locais dos oraculos do mundo antigo mas tambem os lugares geodesicos dos antigos Egipcios que eram mestres nesta ciencia «das aguas». Os lugares geodesicos dos Egipcios delimitam os alinhamentos dos megalitos da Antiguidade.
Os sacerdotes egipcios, como os das primeiras sociedades, pareciam estar obcecados pela ideia de que as constelacoes exerciam uma influencia magica ou divina sobre o homem. Os cultos do Sol nasceram com o homem. Os grandes arquitetos das piramides, como os dos megalitos, levantados em paises diferentes, quiseram por forca orientar os seus monumentos como se desejassem fazer deles observatorios astronomicos.
E os grandes construtores das catedrais medievais da Europa tiveram o mesmo cuidado de orientacao astronomica. Observemos por momentos o local escolhido para a construcao da piramide de Queops. Um quarto de circulo tracado a partir do centro da grande piramide engloba totalmente e exatamente o delta do Nilo.
Alem disso, ela esta situada precisamente ao centro de duas linhas de longitude que definem a demarcacao das fronteiras do antigo Egito com os seus vizinhos imediatos, quer dizer, com a cidade de Alexandria de um lado e Porto Said do outro, entre o eixo Oeste e o eixo Este, respectivamente.
A quadratura da sua base de 230 m de lado esta orientado exatamente no sentido Norte-Sul, Sudoeste (se nao tivermos em consideracao a deslocacao do continente depois da edificacao da grande piramide de Queops). Notemos igualmente que os blocos de pedra calcarea — perto de dois milhoes e meio, cujo encaixe uns nos outros e por empilhamento de alguns milimetros — cobrem uma area gigantesca de mais de cinco hectares!
Os historiadores divertem-se metendo nessa area, de uma so vez, as catedrais de Florenca e de Milao e as basilicas de Sao Paulo de Roma e Westminster Abbey de Londres. Nao nos vamos alargar sobre o que ja foi escrito a proposito dos conhecimentos de arquitetura que ela exigiu dos seus criadores, nem sobre os prodigiosos calculos que foram obrigados a fazer, nem tao pouco sobre a sua eventual funcao de observatorio astronômico mais do que de monumento funerario ou de gigantesco silo de cereais.
Os labirintos: um jogo, um enigma ou um simbolo universal? Em Fayum, ao lado da sua piramide, o rei egipcio Amenemhet III, cerca de 2000 a.C., construiu o maior labirinto do mundo. Infelizmente ja nao existe. A partir de descricoes dos Antigos, a sua arquitetura labirintica tinha mais de mil metros de circunferencia.
Era concebido para que quem entrasse se perdesse, contrariamente aos outros, construidos em forma de espiral, tanto à entrada como a saida. Todos eles representam uma viagem complexa ate ao centro do labirinto, seguida do regresso ao exterior.
Para os Egipcios, o povo mais religioso da Terra, o labirinto («Haouara») parece ter representado o lugar do misterio e da prova. Aquele que la entrava morria simbolicamente; se de la saia, purificado e fortalecido pela prova, renascia (a lenda de Osiris e uma ilustracao profunda e simbolica disso).
Dedalo, o arquiteto do labirinto de Creta, tera dado a Ariadne a ideia do fio que salvou Teseu, principe de Atenas, dos meandros labirinticos. O mito de Teseu ilustra bem o medo de se perder, que esta no amago de cada pessoa. Este poderoso impulso do inconsciente conduziu os povos de todos os cantos do globo a conceber ou a desenhar labirintos identicos, à semelhanca da sua mente.
Pode-se imaginar que os mais primitivos labirintos, que eram naturais, foram as cavernas onde se alojavam os homens do Cro-Magnon ha mais de trinta mil anos. Encontram-se esquemas de labirintos um pouco por toda a parte, por exemplo numa moeda cretense, ou com o simbolo sagrado dos indios Hopi do Arizona (simbolo da Terra-Mae), ou ainda no templo Halebid em Mysore na india; quanto aos construtores de catedrais, ergueram-nas sobre velhos templos pagaos e colocaram um labirinto no centro das suas igrejas.
Outros tempos, outros habitos, mas o simbolo dos labirintos persiste. Os tortuosos meandros tomaram-se o caminho de Jerusalem, viagem iniciatica se o foi, que remonta a tradicao egipcia! Desde o caminho para a Cruz, o labirinto tomou-se o jogo de lazer das familias ilustres, o jardim de diversao ou dedalo ecologico do Parque de Versailles, por exemplo, onde as belas damas da epoca se divertiam a ter medo sabendo que nao corriam o risco de ai se perderem e la encontrarem o... Minotauro.
Um pouco como os filmes de terror dos nossos dias, que oferecem a possibilidade de um calafrio aqueles que gostam de ter medo. Reminiscencias do grande medo de perder a alma, que possuia o homem egipcio do seculo XVIII a.C., antes de entrar no labirinto do Templo!
O labirinto tomou-se, igualmente, o jogo envidracado das nossas feiras, pequenos quebra-cabecas que consistem em guiar uma esfera de aco atraves de um imaginoso percurso de obstaculos ate coloca-la no seu buraco. O que nos leva aos bilhares eletricos e outros «flippers» das salas de jogo do mundo inteiro!
Que dizer tambem dos passatempos impressos nos nossos jornais, onde devemos encontrar o caminho de saida de um labirinto, munidos, e verdade, de um lapis e de uma borracha? Nao esquecamos os labirintos propostos como testes a inteligencia do homem e aqueles que se destinam aos animais (ratos, galinhas, macacos...), cujo proposito consiste em estudar a sua capacidade de encontrar, o mais rapidamente possivel, entre o dedalo de corredores, a gulodice que esta escondida neles.
Notemos, por fim, no nosso seculo de progresso, a aparicao dos microcircuitos impressos semeados de «pulgas» dos nossos microprocessadores, imagens fieis da projecao do cerebro humano.
Observemos que a natureza nos oferece o labirinto mais simples nas circunvolucoes da noz, a tal ponto que os Anciaos da Idade Media viam nela um tracado do nosso cerebro! O que nao nos deixa de lembrar que se um anciao ve uma libelula num helicoptero, os olhos dos seus netos verao um helicoptero na imagem da libelula em pleno voo.
Isto, explica, como, atraves do tempo que passa, uma verdade se deforma para se transformar, pouco a pouco, num simbolo obscuro, pleno de misterio! De qualquer modo, o simbolo evolui cobrindo-se de misterio gracas a cultura da sua epoca.
Compete-nos a nos saber decodificar a mensagem e ir ate a sua origem. Todos os povos da Antiguidade conheciam as fases de Venus... ...mesmo os das Americas. Todos os antigos documentos descrevem o que aconteceu na Terra numa certa epoca bem precisa: inundacoes, epidemias, mortes inumeraveis.
Esta catastrofe, seria devida, afirmam os textos, a ameaca de uma colisao entre a Terra e um outro corpo celeste. Josue declara: «O Sol parou a meio do ceu e la permaneceu durante todo o dia.» O corpo celeste em questao e descrito de uma maneira imaginaria, praticamente do mesmo modo em todos os documentos que, portanto, emanam de fontes e de paises bem diferentes.
Todos atribuem ao planeta Venus a responsabilidade destas «desgracas». Nas Americas, na China, no Ira, na Babilônia, na Islandia, em Roma ou no Egito, as lendas e os mitos a respeito de Venus sao concordantes. Em toda a parte, no mundo antigo, Venus e mencionado como um corpo celeste flamejante, parecido com um cometa.
Seguem-se mencoes ao seu «nascimento» e as consequencias terriveis que ele provocou na Terra. Entre os Astecas, Venus tem o nome de Quetzalcoatl (serpente de plumas) ou ainda de «estrela ardente».
Um texto diz: «O Sol recusou-se a nascer e durante quatro dias o mundo esteve privado de luz.» E mais adiante: «Uma grande estrela apareceu e deu-se-lhe o nome de Quetzalcoatl.» O relato descreve com tristeza as consequencias funestas deste nascimento de Venus: a morte de seres humanos pela fome e pela doenca. Para os Peruanos, Venus era Chaska, «a de cabeleira ondulada».
Entre os Romanos, no tempo de Moises, diz-se: «Aconteceu a celebre estrela Venus um tao estranho prodigio que ela mudou de cor, de tamanho, de forma e de percurso.» Na Grecia, a lenda conta como Faeton, «a estrela flamejante», ia incendiando a Terra e como foi transformada em Venus. Em consequencia disso aconteceu uma inundacao catastrofica.
Entre os Judeus, no Talmude diz-se: «O fogo desceu do planeta Venus» e no Midrash: «A luz brilhante de Venus fulgurava de um extremo ao outro do Cosmos.» Na Babilonia, os Sumerios dirigiam as suas suplicas a Venus sob o nome de «vaca selvagem». Diziam: «Inanna do Ceu e da Terra, tu que fazes chover o fogo...».
E os Caldeus chamavam-lhe «Rainha do Ceu», «tocha brilhante do firmamento». Entre os Assirios, Ishtar (Venus) e denominada «o dragao terrivel vestido de fogo..». Os arabes chamavam a Venus «a cabeluda» (Zebbaj) e os Egipcios conheciam Venus como a deusa destruidora com semblante de leao e consideravam-na «uma estrela turbilhonante, espalhando o fogo em seu redor» ou ainda «uma tempestade de fogo».
Nesta epoca antiga, chamavam-lhe Sekhmet e o mito conta como ela tentou outrora destruir os homens. Nos Vedas, os Hindus descreviam-na com o aspecto de «fogo e de fumo». Os habitantes de Samoa dizem: «O planeta Venus toma-se louco e crescem-lhe os cornos.» Os Chineses mencionam «uma estrela brilhante saida da constelacao Yin» e citam as consequencias funestas desse nascimento: incendios e inundacoes.
Immanuel Velikovsky (nascido em Vitebsk, na Rússia, em 10 de Julho de 1895, doutorado em Medicina, estudos de Direito e de Historia Antiga, empenhando-se em todos estes textos e em outros que conseguiu dar a conhecer e traduzir, considerava que nao havia «fumo sem fogo» e partiu do principio que o Velho Testamento da Biblia dos Israelitas podia dizer a verdade quando descrevia os acontecimentos catastroficos causados por uma ameaca de colisao entre a Terra e um outro corpo celeste.
Em 1950, Velikovsky editou uma obra intitulada Mundos em Colisao na qual sustentava que Venus se tinha juntado recentemente ao universo. Proveniente de Jupiter, so se teria estabilizado na sua orbita atual ha 4000 anos.
Esta tese revolucionaria, que colocava em causa a estabilidade do universo, desencadeou um brado de reprovacao no mundo cientifico e Velikovsky foi considerado um mentiroso e um irresponsavel.
Quanto a nos, nao tiraremos conclusoes revolucionarias. Limitar- nos-emos a verificar que, os povos da Antiguidade eram bons conhecedores das coisas respeitantes ao movimento dos planetas e que tinham uma sensibilidade particular para tudo o que respeitava ao cosmos, ao universo e ao homem, que parece termos perdido hoje.
Podera a astrologia ajudar-nos a redescobrir estas relacoes privilegiadas que parecem existir entre o homem e o universo que o rodeia? A resposta a esta importante pergunta podera ser a verdadeira definicao do proposito que a astrologia deve prosseguir.
NOS NOSSOS DIAS
O nosso sistema solar compoe-se do Sol e de planetas entre os quais se encontra a Terra com o seu satelite, a Lua, que gravita em seu redor. Mas este sistema solar nao e unico. Nos vivemos na galaxia da Via Lactea e existe um numero de tal maneira grande de galaxias como a nossa que o espirito humano tem dificuldade em imagina-las.
Sao bilhoes delas espalhadas pelo universo. Estas galaxias agrupam-se em conjuntos que por sua vez se agrupam em superconjuntos. E para alem disso? Pode ser que estes superconjuntos sejam o ultimo degrau desta escala hierarquica que caracteriza a arquitetura do universo e que possamos reencontrar o nivel dos atomos, como acontece a escala dos organismos vivos.
Os conhecimentos atuais dao-nos a certeza de que os superconjuntos se sucedem incansavelmente sem limite, formando o que os cientistas chamam o fluido-universo. E suficiente saber que uma so galaxia compreende cem mil milhoes de estrelas e muitos sistemas solares analogos ao nosso.
Por outro lado, desde que o homem observa o infinitamente grande com telescopios cada vez mais potentes, apercebe-se, a medida das suas descobertas, que este mundo gigantesco e concebido da mesma maneira que o mundo do infinitamente pequeno que ele descobre debrucando-se sobre os seus microscopios.
Todo o ser, toda a materia e celula — tomando esta palavra no seu sentido cientifico de particula elementar — e toda a celula compreende, por sua vez, celulas «inferiores» e assim por diante e nos dois sentidos, infinitamente grande e infinitamente pequeno, ate ao infinito.
Tudo o que existe nos nossos dias teve origem numa fulgurante explosao chamada pelos cientistas «Big-Bang» (Grande Explosao) e que produziu o grande braseiro que originou o Cosmos. Isto ha cerca de quinze mil milhoes de anos! Certas emissoes de televisao, assim como a revista cientifica de Laurent Broomhead, divulgam estas descobertas e mostram como os fisicos se esforcam para reunir, numa mesma unidade, as estrelas, a terra e os homens.
E que diz o homem em tudo isso? Parece que e feito a imagem do universo.
Nos nossos dias, certos conhecimentos do antigo Egito sao ainda validos... Existe um fator comum entre a atividade do homem e a atividade multiforme do Cosmos. A vida humana e ritmica tal como a das estrelas que nascem, crescem e desaparecem. Tudo e vibracao, pulsacao e respiracao, tanto nos animais e plantas como no homem.
Uma teoria cientifica recente procuraria provar que todo o universo «respira» a uma escala cosmica. Na realidade, trata-se de periodos de expansao alternando com fases de retracao. Nos somos parte integrante do Cosmos e sofremos radiacoes diversas, se bem que a sua intensidade — pelo menos daquelas que conhecemos — seja atenuada pelas diferentes camadas que envolvem a Terra, tais como a cintura de Van Allen, que atuam como um filtro.
Para mais, somos feitos da mesma materia que todo o Cosmos e funcionamos como ele. O nosso corpo e constituido por carbono, hidrogenio, oxigenio, azoto, enxofre e fosforo. Sabemos que em peso, o principal componente e a agua (uma pessoa de 70 kg contem cerca de 40 kg de agua!). Certos elementos do corpo podem combinar-se para formarem proteinas e lipidios, como o carbono e o hidrogenio, etc.
Estes mesmos elementos formam tambem compostos simples, assim como os sais minerais: sodio, potassio, cloro, magnesio, calcio, fosforo e ferro. Outros elementos minerais existem em muito pequena quantidade.
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