segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Duas Pulgas

AS DUAS PULGAS

  Muitas empresas caíram e caem na armadilha das mudanças drásticas de coisas  que não precisam de alteração, apenas aprimoramento. O que lembra a história  de duas pulgas.

  Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra:

  - Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí  nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero.
 É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.

  E elas contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de  reengenharia de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga  falou para a outra:

  - Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do  cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada  dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e  levantam vôo rapidamente. E elas contrataram o serviço de consultoria de uma  abelha, que lhes ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não  resolveu.

  A primeira pulga explicou por quê:

  - Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar  muito tempo sugando.

  Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito...

  Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela  rapidez.

  E um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos.

  Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar...

  Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha:

  - Ué, vocês estão enormes! Fizeram plástica?

  - Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século  XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.

  - E por que é que estão com cara de famintas?

  - Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai  nos ensinar a técnica do radar. E você?

  - Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.

  Era verdade. A pulguinha estava viçosa e bem alimentada. Mas as pulgonas  não quiseram dar a pata a torcer: Mas você não está preocupada com o futuro?
 Não pensou em uma reengenharia?

  - Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.

  - O que as lesmas têm a ver com pulgas?

  - Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para  a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse  a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o  cachorro e então ela me deu o diagnóstico.

  - E o que a lesma sugeriu fazer?

  - "Não mude nada. Apenas sente no cocuruto do cachorro. É o único lugar que  a pata dele não alcança".

  MORAL: Você não precisa de uma reengenharia radical para ser mais   eficiente. Muitas vezes, a GRANDE MUDANÇA é uma simples questão de  reposicionamento.

Aries

Áries - A busca da identidade individual

A Era de Áries é uma era solar, ou masculina. É a Era do Carneiro, de Marte e do Herói. Historicamente, começou com as mudanças drásticas do final do Período do Bronze e estendeu-se até cerca de 583 a.C, próximo ao tempo do nascimento de Buda.

No período final do Bronze, heróis helênicos na Grécia e invasores arianos na índia atacaram os bosques sagrados e grutas da Grande Deusa. Esses heróis montados em cavalos, esses príncipes em Carruagens Solares, usurparam o poder dos governantes locais. E também destruíram os cultos de fertilidade cujas sacerdotisas e oráculos davam sustentação às velhas dinastias.

A Mãe Terra, com seus vários nomes e formas, deusa dos períodos precedentes, havia exigido tributo através de sacrifícios rituais de jovens príncipes e guerreiros para garantir a fertilidade continuada do solo. Na índia, os sacerdotes dos arianos conquistadores realizaram o matrimônio de deusas locais com deuses masculinos do panteão védico e tentaram banir os sacrifícios humanos.

Na Grécia, heróis de Medusa, protetora de Atena, destruíram suas máscaras rituais, quebraram as estátuas e expulsaram as sacerdotisas. Tiveram sucesso em dar fim aos sacrifícios rituais de jovens príncipes e, pela substituição do príncipe por uma ovelha ou cordeiro sacrificial, deram proteção à instituição da realeza.

O patriarcado substituiu o Direito Materno no final da Idade do Bronze e início da Idade do Ferro, e os sacerdotes substituíram as sacerdotisas. Mitos heróicos sobre príncipes guerreiros vencendo monstros com formas de dragões femininos revelam que eles acreditavam que estavam libertando o país dos cruéis demônios femininos que tornavam a terra inóspita.

Eles acreditavam que o poder havia passado das antigas deusas às suas divindades mais recentes e que sua visão de um mundo solar ou masculino era mais ordenada e racional. Mas, para os povos locais de Micenas, da índia e de outros lugares, o poder ainda permanecia com a Mãe Terra, embora heróis estrangeiros tivessem violentado seus lugares sagrados e a tivessem unido a seus estranhos deuses.

Talvez o que Joseph Campbell chamou de "trauma sociológico" do final do Período do Bronze, seja para nós um exemplo das limitações de enfrentar o fogo com fogo ou de responder a um tipo de violência (o sacrifício humano) com outra forma de violência (fazer guerra contra a Grande Deusa).

Na verdade, não se pode destruir o arquétipo; ele simplesmente se instala em nosso inconsciente sob forma ainda mais assustadora. O que realizamos no mundo exterior da atividade de Áries (a realeza, por exemplo) tem seu preço no mundo interior, subjetivo - o inconsciente coletivo da nossa época.

A Medusa tornou-se um demônio e a venturosa mãe Káli do início dos Upanishades tornou-se uma verdadeira Mãe Terrível.

A Era de Áries, então, provocou uma mudança dramática no simbolismo, uma alteração do lunar (feminino) para o solar (masculino). O período ariano caracterizou-se por uma atividade heróica violenta, de feitos e proezas arrojados. Todos os anos experimentamos um pouco da energia da Era de Áries na época do equinócio da primavera, quando esta irrompe em todos os lugares.

Na zona temperada, emergimos da melancolia do final de Peixes, que Shakespeare chamou de Idos de Março. Celebramos então o Ano Novo Astrológico próximo a 21 de março, embora os anos bissextos e outras variações às vezes alterem ligeiramente a data. Temos a impressão de que, após o longo inverno, a natureza de repente se torna selvagem.

Na zona temperada, os quatro signos cardeais tradicionalmente balizavam as estações de mudança, e a passagem de cada uma delas era celebrada com ritos e festivais. Nos tempos anteriores à era cristã, a primavera era uma estação de renovação - um renascimento da vida animal e vegetal.

Era um tempo de esperança, de otimismo, de confiança nos bons tempos vindouros. Posteriormente os cristãos escolheram esse tempo próximo ao equinócio da primavera para celebrar seu festival de esperança e renovação - a Páscoa. É uma época do ano apropriada para celebrar a ressurreição de um Messias e o nascimento da personalidade do herói.

A energia de Áries é como os raios do Sol - clara, consciente, franca, direta, óbvia, plena de luz e calor e visível a todos. Embora os três signos do Fogo sejam solares por natureza, Áries é o mais exuberante, à semelhança da primavera que é a mais exuberante das estações.

Assim, os astrólogos dizem que o Sol é exaltado em Áries. Um planeta exuberante num signo exuberante leva a uma personalidade exaltada. O Sol é o único planeta EU SOU; Áries é o signo EU SOU. O Áries arquetípico orgulha-se de estar na Terra envolto nessa forma ou corpo físico; ele sente orgulho de si mesmo, de sua capacidade criativa, de seu impulso a realizar seus desejos no mundo exterior.

Observe uma criança de Áries, alguém que ainda não teve tempo de ter seu entusiasmo reprimido pela sociedade, e nela você poderá ver o arquétipo de Áries manifestando-se - excitação, orgulho, impulso, autoconfiança absoluta, forte sentido de descoberta e impaciência para experimentar o mundo ao seu redor.

Como Ícaro, ela está pronta a desobedecer às ordens de seu pai, pôr sobre si suas asas e voar o mais próximo possível do Sol. Ela não tem o sentido do perigo. Ela não quer ser ensinada a voar. Ela quer voar, simplesmente. Áries quer ir e agir.

Vamos considerar os glifos de Áries e Marte, o regente mundano.

O glifo de Áries são os chifres do carneiro e o carneiro que marra. Áries faz seu próprio lugar em meio a uma multidão ou numa fila de espera. Ele mesmo se anuncia ao garçom do restaurante, "Estou aqui!" Áries representa a "Força Irresistível".

Este é o poder dos chifres do carneiro. Ele também pode ser um destemido carneiro exteriormente ("Apresento-me como voluntário para as linhas de frente de batalha!") e ao mesmo tempo tímido interiormente. Ele pode ser uma ovelha no mundo subjetivo dos relacionamentos pessoais.

Áries é espontâneo ao apaixonar-se, mas freqüentemente incapaz de achar o vocabulário romântico para expressar seus sentimentos. "Meu marido ariano toma a iniciativa com rapidez no mundo exterior (negócios), mas em casa deixa todas as decisões para mim", lamenta-se a companheira de Áries. "Ele pode fazer o esforço de elogiar e encorajar seus funcionários no escritório, mas nunca diz nada para me incentivar."

Áries, lembre-se, é impulso exterior e Logos.

Na astrologia médica, Áries rege a cabeça, e parte do trabalho dele no planeta Terra é saber quando usar a lógica e quando agir pelas emoções - Eros. Afrodite (Eros) está em oposição a Marte, assim como Áries está 180 graus em oposição a Libra, na roda zodiacal.

Um Áries pouco desenvolvido - uma criança ou alguém que não tenha estudado ou observado o comportamento social dos outros - fará uso da palavra "Eu", uma palavra solar e de Marte, com muita freqüência. Um exemplo disso é o turista de Áries que disse a 25 outras pessoas do grupo, "Vamos voltar ao hotel. Eu estou cansado."

Áries amadurece à medida que vai tomando consciência e usando a palavra "nós" mais freqüentemente do que o pronome "eu". Sua lógica funcionará bem no mundo dos negócios, onde seu Marte assertivo e sua natureza cardeal competitiva também lhe dão grande suporte.

O Áries que abre caminho em seus relacionamentos profissionais será muitas vezes um cordeiro manso em seu lar - um autêntico inocente no que diz respeito ao relacionamento com o sexo oposto. Ele perceberá que sua esposa não aprecia sua lógica quando lhe faz uma pergunta retórica como esta, "Você gosta do meu novo casaco de peles?"

Marte pode adiantar-se com uma resposta espontânea, instintiva: "Para ser honesto, querida, ele faz você parecer mais gorda." A mulher, que acabou de comprar o casaco e está maravilhada, não se impressiona com sua honestidade.

Para um ariano, cada pergunta merece uma resposta honesta e lógica. Marte é apaixonado, mas não exatamente suave ou consciente com relação aos sentimentos dos outros! Ele tem muito a aprender sobre relações com os demais sem magoá-los impensadamente.

O signo de Eros, Libra, afastado 180 graus, segura aqui a balança.

Marte precisa temperar Logos com Eros. Marte é independente, mas 180 graus afastado; Vênus regida por Libra deseja ser querida, quer causar boa impressão. Ela pode ajudar Marte a refrear sua espontaneidade, a pensar antes de falar, a ampliar sem pensar "Eu" em direção ao pensar "nós".

O glifo de Marte (a) é o símbolo biológico indicativo do sexo masculino.

Muitas pessoas cuja energia de Áries se manifesta no nível mundano identificam-se com Marte - com a libido e com os sentidos, com os impulsos e instintos do corpo. Isto levou muitos astrólogos ao longo dos séculos a observar que para muitos arianos a lição da vida implica distinguir entre luxúria e amor.

Aqui a polaridade de Libra prove a balança. Nos mitos, Marte é identificado com Cupido, filho de Vênus/Afrodite, regente de Libra. Cupido/Marte aprendeu sobre o amor com Afrodite, que é também experiente em sutileza, popularidade e sedução.

A sétima casa, o Outro, é a casa de Afrodite, e é a casa da consideração, da reciprocidade e da partilha. A primeira Casa, o Eu, do qual Áries simbolicamente procede, precisa equilibrar sua independência com uma consciência de reciprocidade.

Nenhum homem é uma ilha.

É interessante situar Vênus/Afrodite no mapa de Áries com o Sol ou Áries ascendente. Está ela num diálogo positivo com Marte? Se não está, o ariano pode preferir independência a relacionamento. O Áries exaltado pode até mesmo considerar as mulheres como seres inferiores. Isto tende a ser verdadeiro tanto para homens Áries/Áries ascendente quanto para mulheres.

Como na Era de Áries, quando o herói menosprezava o feminino e procurava matar a deusa-dragão, hoje ainda podemos nos deparar com uma espécie de arrogância masculina e falta de respeito pelo feminino por parte do homem de Marte "macho", a personalidade de Áries/Áries ascendente.

Há um certo sentido intuitivo de que o homem com essas características está destinado à grandeza, ao passo que a "mulher insignificante" deve ficar em casa fazendo os serviços domésticos que lhe são de direito por destino biológico.

Pode-se ver este ideal masculino heróico nas propagandas de televisão, como os comerciais de cerveja: os homens aparecem competindo em algum tipo de evento atlético na ampla paisagem sem que haja uma mulher sequer à vista. (Provavelmente as mulheres estão fora de cena preparando o café e fazendo sanduíches.) A mensagem implícita parece dizer: "Este é o mundo do homem; aliás, um mundo grandioso, como você pode ver!"

As mulheres que reclamam da arrogância e desrespeito masculinos (chauvinismo) muitas vezes citam como exemplo homens de Marte como o guarda rodoviário que as retém e, enquanto anota os dados da multa, resmunga "mulheres motoristas!", ou o encanador ou mecânico que lhes apresenta a conta mas que se recusa a explicá-la porque "este assunto está acima de sua compreensão, dona!"

Ele age como se o papel dela fosse o de pagá-lo com submissão para que possa continuar seu trabalho. Ou uma mulher com a bolsa a tiracolo correndo na hora do almoço e, ao passar em frente a uma construção, ouvindo aquele assobio característico de sedução.

Mulher liberada que é, ela fica surpresa de que tal comportamento fora de moda ainda exista, mas mesmo assim olha andaimes acima para dar de cara com o olhar de um operário que pisca para ela com admiração, esperando que ela esteja satisfeita com o cumprimento. O fato é que, se ela for mulher de Áries em contato com seus instintos apaixonados através de seu Marte, ela provavelmente ficará muito satisfeita.

Áries, então, gosta de uma vida acidentada, dos grandes ambientes e especialmente de trabalhar com suas próprias ferramentas, sua arma ou motocicleta, sua chave inglesa, sua chave de fenda, seu martelo e serrote - os implementos de metal de Marte.

O homem de Áries/Áries ascendente geralmente se sente bem com essas coisas nas mãos. Marte, Áries e a Primeira Casa do mapa referem-se ao corpo, e o Áries mundano muito provavelmente manterá o seu em boa forma durante toda a vida. Muitos podem ser encontrados exercitando-se com pesos (halterofilismo) na academia de ginástica, preparando-se para a maratona local de dez quilômetros ou para a partida de softball do pessoal do escritório.

Marte rege a adrenalina, e o verdadeiro tipo de Marte é um viciado em adrenalina. Ele se sente melhor após uma série de exercícios, o que libera as frustrações do dia. Mesmo que seu trabalho seja fisicamente extenuante, ele geralmente tem energia de sobra.

Pode necessitar de apenas quatro ou cinco horas de sono à noite. Arquetipicamente, consideramos que o homem de Marte é como o motorista de um carro esporte ou mesmo um corredor profissional nas 500 milhas de Indianápolis.

Marte procura "ir aonde nenhum homem foi ainda", o que talvez explique por que tantos pilotos de prova com Sol em Áries se inscreveram para treinamento como astronautas - pioneiros do espaço exterior.

Muitos Áries masculinos têm um passatempo perigoso como vôo planado, mergulho de penhascos ou mergulho submarino em águas não mapeadas e perigosas. Outros têm hobbies que um dia poderão muito bem colocá-los no Guinness Book, se conseguirem sobreviver.

Outros ainda estão envolvidos com artes marciais. Um grande número deles serviu no exército, a tradicional carreira heróica que os habilita a "defender a realeza". Eles também se apresentam com muita elegância em seus uniformes, dispõem de oportunidades competitivas para provar que estão em ótimas condições, sentem prazer na companhia de "homens verdadeiros" e, se chegam a ser oficiais e atraem riqueza e poder, então satisfarão sua necessidade marciana de atrair belas e sensuais mulheres.

Como é então a mulher arquetípica de Áries no nível mundano, instintivo?

Mencionei acima que ela ficaria muito satisfeita com um assobio sedutor. Ela em geral é atlética, mantém-se em boa forma física, e aprecia um homem que se apercebe dela. Suas atitudes são um tanto masculinas, a ponto de outras mulheres-Afrodite não simpatizarem com ela.

Uma mulher Áries disse: "Os homens me acham dinâmica, magnética, divertida. Outras mulheres não parecem gostar de mim como os homens. Tenho muita energia e sou assertiva, absolutamente agressiva, de fato! Gosto de dançar. Na base militar onde residimos, participo de festas enquanto meu marido está em missão fora da base e... bem... não me agrada ficar por aí acabrunhada e dissimulada enquanto todos os demais estão se divertindo.

EU faço uma avaliação prévia e convido os homens a dançar - mesmo os maridos de outras mulheres! Acho que as esposas deles não gostam disso. O que posso dizer? Essas mulheres recatadas me põem nervosa. Eu sou direta, honesta quando digo o que quero transmitir. Elas às vezes pensam que sou grosseira, mas quem se importa? Eu é que não, com toda a certeza!"

A base militar atrai muitas pessoas de Áries/Áries ascendente, e de Marte Angular, tanto homens como mulheres. Batalhas domésticas são seguidamente travadas ao final de uma noite social como a que a mulher de Áries descreveu. "Como você se atreveu a dançar com ela quando eu, sua mulher, estava lá sentada?

Estou furiosa..." Ela diz coisas, e ele responde, e os vizinhos chamam a polícia. Às vezes ele acaba no xadrez. Viver a vida através das paixões, instintos e desejos de Marte constitui-se certamente num estilo de vida excitante.

Ele sai para defender o rei, retorna e a paixão entre ambos se inflama novamente. A energia explode e expande-se, como flores desabrochando na primavera, mas é, com freqüência, uma energia fora de controle.

Tradicionalmente, as mulheres de Áries/Áries ascendente tinham poucas possibilidades de uma saída profissional para seu espírito competitivo e apaixonado, de modo que seu Marte era vivido substitutivamente no ambiente doméstico. Marte desenvolvia seu sentido de perigo através da carreira do marido, em geral um homem bem apessoado numa ocupação de alto risco.

O primeiro casamento de uma mulher de Áries é com freqüência com um soldado, com um policial, um atleta profissional ou um jogador profissional. Uma mulher de Áries casou com dois bombeiros consecutivamente. Assim, ela encontrou uma saída para sua energia, para sua necessidade de estímulo e sentido de descoberta em sua própria carreira.

Sua exploração interior da psicologia junguiana, o I Ching, e da metafísica trouxe-lhe incentivo para avançar na jornada da vida que a heroína de Áries requer. Áries precisa ir em frente, e não ficar parado ou recuar.

Áries com Marte unidos a Mercúrio muitas vezes têm bons reflexos e destreza. Minhas três últimas costureiras eram mulheres de Áries que tinham seu próprio negócio e eram muito rápidas e precisas no uso de objetos de metal como tesouras e agulhas. As três eram um tanto impulsivas, ansiosas por cortar o tecido, e cada vez que eu lhes levava uma nova peça me via dizendo: "Agora, esteja certa de fazê-lo grande o suficiente para o caso de eu aumentar um pouco de peso. É mais difícil acrescentar fazenda do que cortá-la; assim, se você a fizer bem maior de início, melhor."

Elas eram espíritos inquietos e estavam continuamente em busca de novos horizontes. Eu tinha a impressão de estar constantemente procurando uma nova costureira, mas elas tinham muito talento na execução do talhe e de se pôr em ação logo que fossem notificadas.

Homens e mulheres de Áries com aspectos Marte/Mercúrio positivos podem, então, ser encontrados em profissões como esportes, que requerem reflexos rápidos, ou em trabalhos que exijam habilidade com ferramentas. Quando ficam mais velhos, podem ensinar sua perícia a gerações mais jovens de esportistas, alfaiates, marceneiros ou cosmetólogos.

Temos assim os indivíduos de Áries/Áries ascendente ou Marte Angular harmonizados automaticamente com Marte, o regente instintivo. O que, então, diferencia o Áries espiritual ou esotérico do Áries mundano? O Áries do nível esotérico começou a trabalhar conscientemente com Mercúrio, seu regente espiritual.

Na mitologia grega, principalmente nas obras de Homero, a função de pensador e conselheiro exercida por Mercúrio como um sábio Deus Mensageiro era desempenhada por Hermes ou Atena, dois símbolos quase intercambiáveis do Logos. Zeus os enviou ao herói em tempo de necessidade.

Áries como Buscador Consciente, como Hermes e Atena, desenvolveu e disciplinou seu intelecto de modo que este controla seu Marte irrequieto, nervoso. Hermes, ou Atena, conhece os usos apropriados da energia de Marte. Eles são capazes de fazer a situação imediata parar, de distanciar-se da raiva espontânea e refletir: é esta emoção construtiva ou destrutiva? Estou hoje fervendo contra a pessoa errada? No momento errado?

Nos Upanishades e no Bhagavad Gita, a Carruagem Solar e seus cavalos referem-se à busca interior do Buscador - o controle dos irrequietos sentidos (cavalos) pela mente.

Na astrologia, Mercúrio/Hermes, o planeta mental, ou Logos, é o cocheiro, o herói que segura as rédeas dos cavalos. A energia de Áries foi representada em muitas esculturas gregas e romanas por um cordeiro inocente e manso. Hermes era o protetor do cordeiro (o bom pastor) e também o guia dos instintos, do cabeçudo carneiro.

Se a mente prudente, Mercúrio/Hermes, fosse seguida, o carneiro seria salvo. Este é o significado transmitido pela bela estátua de Hermes carregando um carneiro, existente no Museu da Acrópole de Atenas, por estátuas romanas de um cordeiro dormindo enrolado aos pés de Hermes, e por muitas colunas com o mesmo motivo em toda a Grécia continental e em Éfeso, na Turquia. Os instintos precisam de uma função de pensamento, Hermes/Mercúrio, para refrear os selvagens cavalos sensoriais de Diomedes.

Pessoas de Áries/Áries ascendente e Marte Angular que passaram muitos anos numa academia podem, entretanto, chegar a um ponto semelhante ao dos cientistas e pesquisadores objetivos, ponto esse em que permanecem bem afastados e filtram quase que totalmente as emoções de Marte.

Se este for o caso, elas podem sonhar com animais (instintos) que tentam dizer-lhes alguma coisa. Diferentemente do homem esportista de Áries, que está em contato com seu corpo e confia na informação que Marte emite através dele, o erudito de Áries pode estar reprimindo Marte a ponto de levar uma vida sem paixão e sem colorido, de sentir falta de energia (Marte rege a adrenalina), de perder seu impulso sexual ou mesmo de perder interesse pelo seu projeto.

Ou o preocupado acadêmico pode bater sua cabeça (a parte Áries do corpo) como um aviso para prestar atenção. Há uma história sobre Atena jogando pedras contra a cabeça de Áries. Ela provavelmente estava tentando dizer-lhe: "Acorde! Esteja consciente do que faz!" Atena não é uma deusa descolorida.

Como Nike, ela é a Deusa da Vitória e protetora da cidade de Atenas. Homero, na Ilíada, a chama de "Atena dos olhos cintilantes", e ela certamente reluziu esses olhos para Aquiles na véspera da batalha quando a situação suplicou pelo seu aparecimento. Aquiles estava prestes a desembainhar a espada e matar o rei Agamenão no ato. Subitamente Atena apareceu.

Homero nos diz: "Ele estava absorvido em seu conflito interior, com sua longa espada parcialmente desembainhada, quando Atena desceu do céu... Ela se pôs atrás dele e segurou-lhe os cabelos dourados. Ninguém mais além de Aquiles percebia a presença dela; os demais nada viam. Ele moveu-se de cá para lá com admiração, reconheceu Palas Atena imediatamente - tão terrível era o brilho de seu olhar - e dirigiu-lhe a palavra com ousadia: 'E por que vieste aqui, ó Filha de Zeus? É para testemunhar a arrogância do meu Senhor Agamenão? Digo-lhe com toda a franqueza, e não faço ameaças frívolas, que ele há de pagar seu ultraje com ávida!'
'Vim do céu', retorquiu Atena dos Olhos Cintilantes, 'com a esperança de reconduzir-te ao teu bom senso... Vamos, desiste dessa luta e retira tua mão da espada... Eis uma profecia para ti. Chegará o dia em que dádivas três vezes mais valiosas do que as agora perdidas serão depositadas a teus pés por esta afronta. Contém tua mão, portanto, e fica por nós admoestado!'
'Senhora', respondeu Aquiles, o grande corredor, 'Quando deusas ordenam, o homem deve obedecer, não importa o quanto tomado pela ira ele possa estar. Melhor para ele se assim o fizer; o homem que dá ouvidos aos deuses é por eles ouvido!' " (Ilíada, Livro I)

Ouvir o intelecto (o Mercúrio ou a Atena do indivíduo) e deus é importante para um herói impetuoso como Aquiles e para os que pertencem ao arquétipo heróico de Áries. Embora sua ira se justificasse, pois o rei Agamenão não havia agido com justiça, sua recompensa não devia ser imediata. Ele devia esperar. Ouvir e esperar são coisas muito difíceis para qualquer pessoa com um Marte vigoroso.

É interessante ver Atena substituir o carneiro como símbolo de Áries em vários zodíacos nabateus da Palestina e aparecer sentada no carneiro, em outros. Alguns autores teorizam que Atena foi escolhida porque as deusas representam a fertilidade, de modo que uma deusa era necessária para unir Áries, o signo do equinócio vernal, com a fertilidade da primavera.

Para mim, um carneiro é tão eficaz como símbolo da fertilidade quanto uma deusa. E ainda, se qualquer Grande Mãe serviria para simbolizar a fertilidade, por que escolher Atena, uma deusa solar masculina? Por que não escolher uma deusa lunar como Deméter, que claramente significaria fertilidade?

Parece mais provável que os nabateus tenham escolhido conscientemente Atena porque ela pertencia a Áries. Como uma deusa solar que brotou plenamente florescida do crânio do Pai Zeus, Atena representava todas as qualidades do Logos - pensar, planejar, elaborar estratégias, organizar.

Atena sentada no carneiro simbolizava o poder do Logos de controlar os instintos, questão várias vezes abordada por Homero na Ilíada. A mitologia de Atena demonstra que ela simplesmente é tão corajosa quanto Áries, o Marte grego, mas mais sábia.

Homero nos informa na Ilíada que ela foi enviada por Zeus para impedir que Áries, impulsivamente, provocasse uma devastação total durante a guerra de Tróia. Ela cumpriu a vontade de Deus (Zeus) com prudência e confiança. Ela era intimorata no campo de batalha da vida. Sua coragem é admirável.

Muitas pessoas com Marte interceptado ou na Casa 12 podem beneficiar-se dessa coragem para dizer não diretamente, significar exatamente isso, e ficar firme nessa posição quando a mente e os instintos lhes dizem para agir assim.

Como Logos, Atena tempera os impulsos de Marte para satisfazer os desejos imediatos dele com a razão e discriminação dela. Ela se mostra uma conselheira sábia a Telêmaco, o jovem herói da Odisséia. As pessoas de Áries/Áries ascendente que exibem a prudência dela sob fogo, que são bem-organizadas e calmas, que lêem e aperfeiçoam a mente, que controlam seu humor e instintos, que sublimam a paixão do momento em favor de objetivos futuros mais importantes, são semelhantes a Atena.

Algumas jovens Atena, ou garotas de Áries, sobressaem-se nos esportes, mas podem não ser encorajadas pelos adultos a competir. Ao invés disso, recomenda-se-lhes que devem ter um comportamento refinado, próprio de uma dama, que devem usar fitas e mesuras e desenvolver suas habilidades domésticas.

Para jovens mentalmente curiosas, de inteligência rápida e corpos irrequietos, isto é triste. Felizmente, quando entrarmos na Nova Era, Atena será tão valorizada quanto as demais deusas. Programas atléticos para meninas estão sendo organizados e treinadores muito hábeis, semelhantes aos disponíveis para meninos, estão sendo preparados.

Os talentos naturais de competição e liderança das jovens de Áries podem então ser testados e aprimorados - e uma parte da inquietação de Marte ser liberada pela prática de esportes. A lenda diz que os escultores que trabalhavam no Panteão receberam instruções de retirar as asas das estátuas de Atena/Nike para que ela jamais pudesse abandonar Atenas.

Se as asas das jovens de Áries não forem cortadas na infância, elas terão mais propensão a abandonar a escola e fugir com algum homem perigoso que representa o Marte delas, às vezes de modo violento ou abusivo, ou a unir-se a um homem de sua fantasia tipo James Bond.

Muitas mulheres Áries confidenciaram-me a respeito de pessoas violentas em seu ambiente, ou sobre desmandos que parecem atrair do sexo oposto, ou da vida em si. O Sol exaltado em Áries com vários planetas passivos de Peixes freqüentes vezes manifesta um horóscopo passivo-agressivo.

A paixão de Áries irá despertar uma reação que outros respondem com maus-tratos emocionais ou físicos. Os planetas de Peixes então reagem como uma vítima ou um mártir. "Como pôde você ferir meus sentimentos desse modo?" "Coitada de mim!" Ou, "Você me bateu! Como pôde bater numa mulher indefesa como eu?"

O passivo-agressivo precisa desenvolver a discriminação de Atena. Se tem um padrão de abuso físico ou emocional, ela poderia perguntar-se: "O que estou fazendo ou dizendo para provocar emoções violentas nos demais?" Ou: "Por onde estive andando para me ligar a tais desmandos?" Se ela esteve assistindo a concertos de rock "pauleira" ou freqüentando bares suspeitos, esta poderia ser a contribuição dela ao padrão. Atena é a deusa da sabedoria, e quem está sintonizado com ela poderia perguntar: "É prudente?"

Áries muitas vezes parece lançar fagulhas de confrontação contra os outros. O Sol (o ego) exaltado está muito poderosamente posicionado. Áries pode estar inconscientemente tratando os outros, especialmente as mulheres, com desrespeito.

Arianos de ambos os sexos que se queixam de ter poucas amigas mulheres podem descobrir que não fazem muito esforço nesse sentido. As mulheres geralmente são impotentes e, portanto, nem sempre parecerão tão interessantes a Áries quanto os homens. Por este motivo, os pais arianos deveriam ouvir os sinais inconscientes que estão transmitindo a suas filhas. O mesmo é válido com relação aos avós arianos e suas netas.

Recentemente, uma avó de Áries foi entreouvida comentando a seu filho sobre seus jovens netos: "Lisa consegue notas melhores do que Bobby. E uma vergonha quando a menina herda o cérebro da família. Quero dizer, ela simplesmente vai se casar quando crescer." A própria avó é uma mulher de negócios muito bem-sucedida. Tem poucas amigas mulheres. Constantemente ela reconta as histórias de sucesso de seu filho, mas raramente as de sua igualmente bem-sucedida filha.

As mulheres Atena podem ser donas-de-casa bem organizadas quando decidem por essa função. Foi Atena que introduziu as artes domésticas e as ferramentas na Grécia. As mulheres de Áries que têm bons aspectos Mercúrio/Marte são com freqüência muito hábeis em seus ofícios.

Algumas delas até mesmo usam o tear, a ferramenta doméstica favorita de Atena. (A arte da tecelagem provavelmente também está simbolicamente ligada a "estratégias entrelaçadas".) Logos, todavia, pode significar a mente irrequieta. Muitas mulheres de Áries passam a sofrer de claustrofobia em casa quando seus filhos são pequenos e elas anseiam por colocar suas habilidades mentais competitivas em uso no mercado de trabalho.

Mas mães de Peixes e de Câncer regozijam-se com os anos em que seus filhos são bebês graciosos, atraentes e dependentes; as mulheres Áries, ao invés, geralmente me dizem que os anos mais agradáveis foram aqueles em que seus filhos estavam no colégio ou até na faculdade. "Era tão interessante ver como eles se desenvolviam como pessoa, observá-los praticando esportes e jogos escolares, verificar quem escolhiam como amigos e o que desejavam ser quando crescessem."

As mulheres de Áries cujas personalidades têm pouco elemento Água não são particularmente cuidadosas e tendem a alimentar a independência de seus filhos. Elas não procuram mantê-los em casa para sempre!

O que dizer da mulher de Áries que tem uma quadratura, um aspecto negativo, entre seus regentes esotérico e mundano, Mercúrio e Marte? Ela pode comunicar-se com sarcasmo, dar rédeas a seu humor, ou pode comunicar-se em voz alta. Como um sargento de instrução militar de Áries, ela pode ser uma tirana.

Como esse sargento, ela pode não dar atenção ao que as pessoas pensam dela. Atena rege a educação, o processo de desenvolvimento da mente. Em nossos dias, ela pode muito bem dirigir o negócio de seminários sobre a comunicação eficaz, também. Como Atena disse a Aquiles, ouvir é uma parte importante do ato de comunicação.

Em Goddesses in Everywoman, Jean Shinoda-Bolen afirma que as mulheres de Atena cujos pais lhes deram apoio moral para atingirem seus objetivos educacionais tendem a avançar muito nos negócios e na vida acadêmica, mas que, após atingirem o sucesso, elas passam a apoiar os valores do patriarcado, tornam-se conservadoras, opõem-se à Emenda dos Direitos Iguais, e posicionam-se ao lado dos homens na arte da administração, contra as mulheres.

Estratégias mentais que atraem a atenção na academia freqüentes vezes negam a função do sentimento também. Participar de comitês em que possa ser notada, por exemplo, ajuda Atena a obter o grau universitário, mas também pode desenvolver em excesso o lado solar, masculino, da personalidade, às expensas do lado lunar, do sentimento.

No mapa de uma mulher de Atena cuja função do sentimento (elemento Água) era baixa, eu realmente senti o que Shinoda-Bolen chama de armadura de Atena. Ela havia construído uma forte defesa contra qualquer relacionamento que pudesse tornar seu trabalho vulnerável ao ataque.

Sua empresa não mantinha os empregados na folha de pagamento depois que se casavam. Embora encontrasse homens interessantes de outras companhias em seminários de vendas, ela não podia encontrar-se com eles. Se o fizesse, sua própria organização poderia decidir que ela não era mais confiável, porque estava por demais próxima da estrutura de poder e conhecia muitos segredos que a competição ficaria feliz em descobrir.

Ela na verdade não queria contrair matrimônio dentro da estrutura de poder e tinha pouco respeito por mulheres de Afrodite que agiam assim. Ela me disse: "Eu não sou uma fêmea débil, com sorriso afetado. Eu não cheguei aonde cheguei flertando com a gerência.

Devo meu sucesso à inteligência e ao trabalho árduo. Quero pertencer à estrutura de poder por meus próprios méritos, e não casar-me nele, deixar meu trabalho e lavar fraldas." Isto parecia uma armadura bem forte, de fato.

O Partenão, o templo que por séculos tem sido um marco na Acrópole que sobranceia a cidade de Atenas, é dedicado a Atena Partênia; Atena, a Virgem. Muitas pessoas Áries/Atena, na universidade, no mundo dos negócios, e na vida religiosa, correspondem a Atena Partênia.

Ela era invulnerável a Afrodite e Cupido. Porque este tipo de mulher de Áries esotérico parece estar tão completamente no controle dos instintos, ela dá à equipe que lidera a impressão de ser fria e impiedosa. "Trabalhar para minha chefe, mulher de Áries, é mais difícil do que trabalhar para o homem que ela substituiu", disse uma secretária executiva. "Eu podia telefonar ao meu chefe e dizer-lhe que estava doente; ele me compreenderia perfeitamente.

Mas ela diz: 'Oh, suponho que sejam problemas femininos de novo! Não chamo este problema de doença: por que, então, você o faria? O que você vai realmente fazer hoje? Vai ao instituto de beleza?' Ela parecia não ter hormônios femininos."

As mulheres de Áries com Água, especialmente Água em Câncer no mapa, parecem dar-se melhor com outras mulheres. Elas não se identificam tanto com o patriarcado - os valores da organização masculina. Os planetas de Câncer em geral significam que ela também está sujeita a estados de ânimo e a problemas femininos.

As mulheres de Áries, como os homens de Áries, com freqüência deixam de perceber que os outros onze signos podem não dispor da sua energia, força, vitalidade, e até (nas rodovias federais) de seus rápidos reflexos e coordenação. Marte tem pouca paciência com o fracasso, ou com a fraqueza.

Os planetas de Peixes, no mapa de Áries/Áries ascendente, acrescentam uma dimensão de compaixão. Eles tendem a sentir-se culpados depois de um confronto e a pedir desculpas, por exemplo. Para a personalidade de Áries, o processo de filtragem mental, o afastamento arredio seguido pela análise de orientação Atena das razões subjacentes à sua raiva na situação, é muito importante.

Na astrologia médica, Áries, a cabeça, está em oposição a Libra, os rins. A função dos rins é filtrar as impurezas da corrente sangüínea antes que elas possam causar problemas no corpo. Pelo processo de filtragem das emoções negativas, separando as emoções construtivas das destrutivas, Áries pode poupar-se enxaquecas, batidas e cortes, e doenças ligadas aos rins. Embora eu tenha encontrado mais mulheres de Áries do que homens com problemas dos rins e da bexiga, é importante que essa polaridade seja levada em conta na leitura de um mapa.

Muitos Netuno em Libra com geração em Áries têm uma oposição ao Sol ou ao Ascendente a partir de um planeta obscuro e de difícil diagnóstico, Netuno. Descobri que muitos deles apresentam sintomas de filtragem libriana na vida. Eles podem não estar lidando apropriadamente com suas emoções; podem estar jogando sua raiva contra as pessoas erradas ou em circunstâncias errôneas. (Ficar raivoso em casa quando a esposa nada faz para merecer esse estado e ser maneiroso no trabalho quando a gerência não o merece! Ou tratar os homens do meio ambiente com tolerância e "descarregar" nas mulheres, que são impotentes.)

Ou, como Atena em sua couraça, sacrificando o romance (Netuno em Libra) para fazer com que as coisas funcionem, pragmaticamente, através da lógica de Áries, na área profissional.

Quando pensamos no Fogo Cardeal (Áries), pensamos no impulso competitivo na direção do sucesso, da busca do mundo exterior, porque Marte é o regente mundano do signo. A coragem dos filhos arianos de Marte é muitas vezes surpreendente; muitos clientes do signo de Terra, cautelosos, têm observado no decorrer dos anos: "Esses arianos são estouvados!" Efetivamente, Marte deposita uma maravilhosa confiança em Áries.

Dê a Áries uma oportunidade de tentar algo novo - uma tarefa, um compromisso, uma habilidade - e ele provavelmente responderá: "Claro, eu sei que posso fazer isso!" Seu lado inventivo, empreendedor, pioneiro, combinado com a sagacidade mental de um bem-desenvolvido regente esotérico (Mercúrio/Hermes), isto é, com a educação e técnica adequadas, o levará longe na vida.

Ele se considerará apto com os rudimentos da astrologia e irá expor a tabuleta "Consultor Astrológico" em seu escritório; por outro lado, um aluno de astrologia mais inibido, menos confiante e menos corajoso dirá: "Realmente, a astrologia é um tipo de passatempo. Estudei-a por dez anos apenas.

Não sei o suficiente para ler um horóscopo!" Os arianos são instrutores que estimulam o treinamento da assertividade das pessoas com horóscopo baixo em Fogo ou com Marte fracamente posicionado.

Se tem pouca ou nenhuma inibição, o que então impede o Áries mundano ou regido por Marte de ser bem-sucedido em sua busca? O temperamento. A impaciência. A agressividade com relação às pessoas tímidas e quietas, que pensam que ele é rude, mais do que franco e direto.

Seu desejo de gratificação imediata de anseios e objetivos. O fato de desenterrar as sementes que acabou de semear antes que elas pudessem germinar, aborrecendo os jardineiros, dos quais depende. Exemplo: uma cliente de Áries elabora uma proposta de financiamento para seu projeto científico. Ela o remete a várias fontes de recursos financeiros, mas não consegue esperar para ver se seus contatos em cada organização gostaram da idéia. Ela lhes telefona todos os dias para saber se já o leram. Isto faz com que se irritem com Áries porque temperamentos burocráticos não gostam de ser pressionados.

O modo como o mito de Jasão refletia a energia de Áries era o fato de Jasão semear sementes que desabrochavam em seguida. Realização instantânea é o desejo mais ardente do impaciente Marte. Logos, a mente de Áries, deseja conhecer o resultado, para que assim possa prosseguir para a fase seguinte.

Ele age antes (lança as sementes), mas a seguir as desenterra; ele perde o interesse pelo projeto porque uma nova idéia lhe surge. Marte tem prazer num novo projeto mais do que no empreendimento presente que se tornou enfadonho ou frustrante. É fácil Áries ser desviado de sua busca.

Às vezes, o cliente de Áries chega a uma sessão sentindo-se como Dom Quixote empunhando a lança contra moinhos de vento. A dúvida se instalou e ele começa a querer saber se quiçá os outros, que não se apresentaram como voluntários na linha de frente da batalha de marketing da companhia, sabiam alguma coisa que ele não sabia.

Talvez, afinal de contas, isto seja uma "Missão Impossível?" "O que o astrólogo pensa...?", ele pergunta.

Os signos fixos, incluindo os do Fogo, têm mais probabilidade de perseverar depois que os primeiros dragões foram destroçados, mas o nativo de Marte, um signo cardeal, tende a perder o interesse.

Isto lembra um velho ditado que parece apropriado para Áries: "Não se troca de cavalo no meio da torrente (da vida)." O cavalo é um símbolo importante da Era de Áries, ou Era dos Heróis, porque sem cavalos para puxar suas Carruagens Solares as tribos arianas e helênicas poderiam não ter sido capazes de conquistar o Vale do Hindu ou a Grécia, e substituir o Direito da Mãe pelo patriarcado.

Embora o cavalo também esteja relacionado com Sagitário, outro signo solar ou Fogo masculino, este dito sobre mudar de cavalo no meio da corrente parece particularmente apropriado ao impetuoso Áries.

A espontaneidade, iniciativa e entusiasmo de Áries no estágio inicial de seus projetos são lendários, mas quando o primeiro dos obstáculos foi encontrado e vencido, muitas vezes o Fogo de Áries se extingue. Áries, montado a cavalo no meio da torrente, anseia por um veículo mais rápido, por um cavalo diferente, por uma nova direção.

A energia de Marte é bem apropriada a aventuras de curta duração mas, diferentemente do Fogo fixo, Leão, Áries tende a perder o interesse e a pôr-se em movimento antes do tempo. Muitos consultam os astrólogos a respeito do tempo de novas aventuras, e alguns, com efeito, recebem a sugestão: "Contenha seus cavalos!"

Marte, naturalmente, é um planeta ambicioso, e Mercúrio, o regente esotérico, é um estrategista. Entretanto, ambos são regentes rápidos, um tanto irrequietos. Donde então tantos líderes de Áries dentre meus clientes derivam seu poder de permanência?

Alguns arianos que começam por iniciativa própria, sem dúvida passam de um trabalho a outro, ou mudam de profissão freqüentemente, mas outros tendem a "ficar aí' pelo tempo necessário, especialmente os arianos mais educados com um Mercúrio forte e bem desenvolvido.

Muitos deles também são atraídos a centros de poder nos negócios, na academia e no exército. Ter poder e influência, impressionar e alcançar objetivos pessoais (1ª Casa) é para eles mais interessante do que fazer dinheiro. "O cargo é ótimo, mas o poder de fazer as coisas que desejo é mais importante", é a impressão que muitas vezes se tem de uma sessão com Áries.

Ponderando sobre estas coisas por muitos anos e relacionando-as com meu estudo sobre exaltações planetárias, concluí por fim que, além do Sol exaltado, há em Áries um segundo planeta - Plutão. (Os três planetas exteriores e mais recentemente descobertos não têm ainda exaltações estabelecidas e determinadas.)

Nos horóscopos de pessoas de Áries que desenvolveram seus próprios negócios, que foram administradores bem-sucedidos, ou cientistas envolvidos com pesquisas e descobertas, percebi que Plutão muitas vezes é angular (nas Casas 1, 4, 7 ou 10) e/ou tem um forte aspecto com Marte.

Nos mapas mais esotéricos (e também em alguns não bem feitos) ele está em contato com Mercúrio, a função do pensamento e regente esotérico. Desse modo, comecei a considerar Plutão muito seriamente nos mapas dos arianos e a analisar seus aspectos, anotando antes de mais nada se eram positivos ou negativos por natureza (quadraturas e oposições versus trígonos, sextis, etc).

Como regente de Escorpião, Plutão traz firmeza de propósito e vontade de poder à personalidade marciana. Plutão tem os pontos fortes de Escorpião que aumentam o dinamismo e a ambição de Marte, mas também as fraquezas de Escorpião, que expõem as qualidades negativas de Marte.

Plutão, por exemplo, é um planeta recluso que, no mapa de um cientista, pode ajudar o marciano a sublimar a energia sexual no trabalho de descoberta. Plutão e Marte podem ficar longos períodos de tempo no laboratório. Plutão oferece o controle e a habilidade de manter a luta contra velhos hábitos e obstáculos ao longo do tempo.

Ele fortalece o carneiro de Marte com perseverança inabalável quando, de outro modo, este poderia perder o interesse e dirigir-se cedo demais a um campo aparentemente mais novo e mais verde. Por exemplo, as mulheres de Áries cujos pais as encorajaram a chegar ao sucesso, mas foram incapazes de ajudá-las financeiramente, que têm aspectos Plutão/Marte ou Plutão/Mercúrio muito fortes, trabalharam muito para ser bem-sucedidas na escola.

A combinação da vontade e dos poderes de concentração de Plutão com a energia física de Marte fez com que fossem capazes de seguir vários cursos, mantendo ao mesmo tempo um emprego de tempo integral.

Novamente, pela sublimação da polaridade libriana - Eros, por vários anos - Marte, Plutão e Mercúrio podem realizar maravilhas. O magnetismo de Plutão aumenta o de Marte; as pessoas realmente tendem a perceber um ariano com um aspecto Marte/Plutão forte. A intensidade e determinação de Plutão contrabalançam a falta de sossego de Marte quando os dois estão em aspecto positivo.

No caso de aspectos negativos Marte/Plutão, podemos encontrar a manipulação, a impostura, o implacável impulso ao poder, um vingativo desejo de destruir os competidores e, nos relacionamentos, uma aproximação sádica e cruel às mulheres, um desejo de desabafar as frustrações sobre elas - esse sexo imprestável.

Plutão na 1ª Casa (Áries no zodíaco natural) também desempenha um papel exaltado. Posicionado próximo ao Ascendente, Plutão parece ter muito mais magnetismo do que qualquer outro planeta na mesma posição. Há uma aura de confiança subjacente à pessoa de Plutão na 1ª Casa, no sentido de que no final ela vencerá, de que os recursos interiores estão à sua disposição para ir de encontro a qualquer desafio que a vida interpuser no caminho, não importando o tempo que a pessoa deva suportar para alcançar um objetivo importante.

Todavia, há também uma espécie de poder intuitivo que determina quando avançar, quando fazer mudanças, quando tentar novos empreendimentos. Essas pessoas são muito hábeis para destruir os obstáculos ao poder no mundo exterior, e algumas são muito capazes também para remover seus próprios obstáculos interiores - os maus hábitos que se imiscuem no caminho da meta final.

Plutão é realmente forte para transcender e transformar. Entretanto, nos relacionamentos, a pessoa sem Plutão na 1ª Casa pode queixar-se de que a pessoa de Plutão é ensimesmada e até mesmo obcecada em si mesma. É importante examinar os aspectos para estabelecer como Plutão funciona no mapa de Áries, especialmente os aspectos Plutão/Marte e Plutão/Mercúrio.

Assim, embora eu nunca tenha encontrado um cliente com Plutão em Áries, sinto que, pela influência de sua 1ª Casa e pela influência sobre meus clientes de Áries, essa deve ser sua posição de exaltação. Isto também está de acordo com a tradição esotérica segundo a qual Plutão é o planeta da oitava superior de Marte.

Plutão foi descoberto em 1931, e mesmo que o situássemos nos mapas dos clientes que viviam antes que fosse descoberto, o cliente precisaria ser bem velho, visto que ele deixou Áries pela última vez em 1851.

Chegamos agora aos mitos correspondentes a Áries. Ambos são histórias solares e heróicas de heróis jovens, ingênuos, independentes, altamente confiantes. Na primeira história, Hércules se dá conta da importância de harmonizar-se com Hermes/Mercúrio, seu regente esotérico.

Na segunda, Jasão conhece a necessidade de reconhecer pelo menos o princípio de Eros, filho da deusa Afrodite, se não também a necessidade de sacrificar sua irrequieta independência a Eros e acalmar-se com uma consorte.

Nos Trabalhos de Hércules, Alice Bailey reconta o mito da Busca de Áries, o primeiro dos famosos trabalhos de Hércules. Hércules recebe a ordem de atravessar o Portão (as colunas geminadas da Dualidade, símbolo da entrada no mundo da ilusão) e capturar as selvagens éguas de Diomedes, os cavalos de guerra que o rei criava.

O interessante neste mito é que os mais perigosos eram os cavalos fêmeas (as éguas) que "devastavam a região". Parece adequado para uma Busca de Áries ter Logos (o pensamento) lutando contra o lado destrutivo do feminino, como Perseu lutou contra a Deusa Negra que estava tornando a terra árida.

Contudo, Hércules não pensou nem planejou. Ele se lançou de cabeça no combate, com confiança total, e em seguida parou por algum tempo quando percebeu que estava em desvantagem; havia muitas éguas selvagens bufando e escarvando o chão. Ele se lembrou de seu amigo, Abdéris, "a quem ele muito amava", e gritou por socorro.

Juntos elaboraram um plano para encurralar e capturar as éguas. Quando completaram a tarefa, Hércules ficou aborrecido e irrequieto. Em vez de permanecer com Abdéris, ele se apressou a executar a tarefa seguinte. Deixou as éguas com o amigo e instruiu-o a conduzir os animais de volta atravessando os portões.

Por que deveria o herói solar demorar-se no lugar e concluir um projeto antigo? Um líder deve ir em frente e executar missões mais importantes. Um liderado, como Abdéris, deveria ser capaz de concluir a tarefa iniciada. Seu amigo, porém, não tinha coragem para arrear e controlar as éguas.

Elas sentiram isso e voltaram-se contra ele, esmagando-o sob suas patas. Em seguida, fugiram para as regiões mais remotas e selvagens do inconsciente, o Reino de Diomedes.

O exaltado orgulho de Hércules foi assim humilhado; depois disso, ele ficou abatido pela dor, e mais sábio, de acordo com a narração de Alice Bailey. Retomou então sua tarefa, cercando as éguas e conduzindo-as através dos portões.

Esse mito contém vários temas. Freqüentes vezes supomos que o que vem com facilidade à nossa personalidade também chega facilmente aos outros. Para Áries, a coragem, a confiança e o enfrentar o desafio de um projeto exigente apresentam-se com facilidade.

Por isso, as pessoas de Áries ficam surpresas quando outras não possuem essas mesmas qualidades. Pobre Abdéris! Ele provavelmente não possuía os rápidos reflexos de Hércules e nem sua intrepidez. Hércules disse: "Veja, vou mostrar-lhe apenas uma vez; olhe com atenção. Isto é fácil. Para prender essas éguas selvagens, você tem de fazer assim... Agora simplesmente continue e termine o trabalho para mim... certo?" Ele então desapareceu e Abdéris foi pisado até a morte pelos instintos. Hércules teve que recomeçar tudo de novo e ainda sofrer pela morte do amigo.

O segundo tema é o orgulho, ou a exaltação do Sol em Áries. Nunca ocorre a Hércules que Abdéris pode falhar, ou que ele, por intermédio de Abdéris, pode falhar. Se somos confiantes demais, as coisas podem parecer fáceis para nós. Temos então que recomeçar tudo de novo no mesmo projeto enfadonho em vez de dar início ao seguinte.

Um líder precisa estar consciente, não só de suas próprias limitações, mas também das deficiências de seus seguidores. Aprender a antecipar, para os outros e para si mesmo, é importante para Áries. O orgulho muitas vezes "antecede a queda" ou resulta em energia desperdiçada.

O tema mais importante desta história parece ser o da reflexão. A parte mais triste da Busca de Áries por Hércules não foi seu parcial fracasso na execução da tarefa, mas a perda de um amigo. Mais importante até do que ser guiado por Logos (percepção consciente de Hermes/Mercúrio) é a incorporação da polaridade Libra/7ª Casa.

O Eu independente, a casa um, está posicionado no lado oposto da roda, lado este ocupado pelo interdependente Outro, ou Eros, a Casa 7. A independência de Marte se opõe ao sentido de reciprocidade de Vênus/Afrodite.

Alguém que tenha vários planetas na 1ª Casa está centrado na personalidade. Alguém que tenha vários planetas na 7ª Casa está consciente da interdependência de sua própria vida com a vida de outros.

Com freqüência, depois de uma perda, como a de Abdéris por Hércules, o cliente com muitos planetas na 1ª Casa, ou em Áries, assim se expressará: "Veja, eu nunca me dei conta de quanto fulano ou sicrano trabalhou senão depois que se aposentou."

Ou: "Eu nunca percebi o quanto minha mulher significava para mim senão depois de sua morte. Sempre me considerei uma pessoa capaz, independente. Estou começando a perceber agora o quanto dependente eu realmente era, e gostaria de ter demonstrado maior gratidão no passado..."

Touro

TOURO -  A busca do valor e do sentido

Como símbolos para a Era de Touro (2500-1500 a.C.) temos o touro, a deusa e Buda. Vênus/Afrodite é o regente mundano, e Vulcano/Hefaístos, o esotérico. Fonte fecunda do simbolismo do touro e da deusa lunar é a obra Primitive Mythology, de Joseph Campbell.
Ele põe à nossa disposição muitos dados referentes à Deusa de Creta e a seu consorte-touro. Ele exemplifica com Europa e o touro na Grécia continental, Inana e seu touro na Suméria e, obviamente, Parsífae, esposa do Rei Minos, que se apaixona pelo Touro Celeste de Poseidon em Creta.

A história minóica do Minotauro no labirinto é talvez o mito mais famoso da deusa e seu consorte. Campbell menciona que "o quadrante taurino no mundo" estendia-se do início até meados do Período do Bronze, desde o Vale do Indo na índia, passando pelo Irã, por Creta, por Micenas na Grécia continental, até Stonehenge na Inglaterra.
A conexão entre o touro e a deusa é muito importante para o astrólogo porque o glifo de Touro(s) é constituído pela cabeça redonda de um touro encimada por uma lua crescente às avessas. Há uma influência duplamente feminina em Touro - o regente mundano é Vênus e a Lua está em exaltação neste signo.

Com a dupla influência feminina, temos a receptividade da Mãe Terra que Isabel Hickey descreveu como "a terra recentemente arada da primavera, pronta para receber a semente".

Passiva, paciente e plácida, a terra de Touro é sexualidade fértil e fecunda. Como o regente mundano, instintivo, de Touro, Vênus, o princípio de atração, tem um forte magnetismo físico. Como Linda Goodman afirmou, "Touro", esta energia não é sexualmente agressiva, mas prefere atrair os outros mais do que persegui-los.

Touro é associado à reprodução biológica e a outros tipos de criatividade. Essa relação de Touro com o feminino pode parecer-nos estranha, no século XX. Hoje, quando pensamos nesse animal, nossas primeiras associações, muito provavelmente, são masculinas. Nossa tendência é pensar em touros reprodutores e toureiros "machos". Nos tempos que vivemos, o touro está investido de uma autoridade masculina definitiva, não estando mais associado à Mãe.

No sul da índia, o templo de Tanjur abriga uma estátua gigantesca de Nandin, o Touro, considerado o veículo da divindade masculina, o Senhor Shiva. Nos tempos pré-arianos, a Era de Touro, Nandin era esposo de Sati, deusa do amor e da lealdade matrimoniais. Sua estátua em Tanjur, como muitas estátuas de touros da Idade do Bronze, tem uma expressão suave, delicada, quase feminina.

O templo está repleto de lingas com forma de falos, símbolos da fertilidade e da criatividade biológica. Nandin representa o lado masculino da Mãe Terra. A Deusa Durga, montada num leão, perseguiu e matou um touro selvagem num sacrifício ritual para garantir a fertilidade da Terra.

Os ritos sacrificiais de touros ou a perseguição de touros por cães, na índia, são mencionados no Markandaya Purana e no Chandi Purana. Algumas das edições ilustradas das histórias dos puranas reproduzem em escala pequena as pinturas rupestres da Deusa Durga, a fase escura da Lua, cavalgando sua feroz leoa, em perseguição ao touro, que será o sacrifício ritual.

No nível mundano, este sacrifício de um animal poderoso, sexualmente potente, tinha a intenção de fertilizar a Mãe Terra com seu sangue para a estação da semeadura seguinte. Espiritualmente, essa questão do sacrifício da Idade de Touro continua até o presente como pertinente para os buscadores do eixo Touro/Escorpião.

Tentam eles eliminar seus desejos, especialmente seus desejos sexuais, num mosteiro? Devem manter-se celibatários para entrar em contato com sua criatividade taurina? Devem chegar ao extremo da reclusa polaridade de Escorpião que sublima sua energia totalmente em seu trabalho? Ou podem eles agradar a Deus e também ser pessoas artisticamente criativas, "indenes" nas rodas sociais a que Vênus/Afrodite, regente de Touro, os chama?
Talvez os cretenses, com sua visão de "montar" ou de domar o Touro físico da Mãe, o corpo e seus instintos, estivessem corretos. Os zen-budistas, com seu enfoque do boi ou Touro da Mãe, tinham uma idéia parecida e também, como os cretenses e persas, dispunham de técnicas para controlar o touro.

A mitologia mais elevada da Idade de Touro talvez seja a do Senhor Krishna e das gópis, as pastoras de vacas do norte da índia. Em seu Gnostic Circle, Patrizia Norelli-Bachelet afirma que Krishna era o Avatar (Messias) da Idade de Touro na índia.

Na arte e no mito, ele estava constantemente rodeado por jovens mulheres que suspiravam pelo som de sua flauta como a alma anseia pela realização do Divino ou do Espírito. A constância e lealdade, como também a receptividade das gópis, parece característica da Lua em Touro, sua exaltação simbólica. A Lua reflete a luz do Sol, e as almas das gópis refletiam o Espírito, o Senhor Krishna.

Embora muitas pessoas com a Lua em Touro reflitam o interesse taurino por segurança emocional e financeira em sua natureza de desejo e em seu comportamento, há algumas que desdenham o mundo e procuram somente agradar o Divino, como faziam as gópis. Há muitas outras cuja natureza lunar reflete a inércia ou, como os hindus o chamam, o tamas de Touro.

Na primeira metade de suas vidas, elas sacrificam o touro de seus próprios talentos criativos aos horários e rotinas de outras pessoas. Depois, começam a sentir-se vagamente insatisfeitas. Deram muito de si desempenhando profissões de sustentação dos outros, muitas vezes em instituições voltadas para a saúde ou para o ensino, ou dando apoio, financeiro ou moral, a membros da família.

Freqüentemente, na meia-idade, pessoas com a Lua em Touro ou com o Sol em Touro e Touro ascendente sentem-se desapontadas com o pouco esforço que, ao longo dos anos, puseram a serviço do desenvolvimento dos seus próprios talentos criativos, psíquicos ou espirituais. "Quem me deu apoio para meus dons?" é a pergunta que surge na maioria das vezes. "Você pediu a alguém alguma ajuda?" é, sem dúvida, parte da resposta.

Há uma inércia muito clara em Touro, o signo de Ferdinando, o Touro, pastando enquanto os anos passam. Todavia, Touro se sente frustrado, pouco estimado, às vezes até mesmo passa despercebido por aqueles a quem tanto deu e a quem está tão apegado. (A Lua em Touro caracteriza um apego duas vezes maior às pessoas, lugares, e coisas, porque a Lua em Touro reflete as qualidades da natureza EU TENHO.)

Ao ouvir as lamúrias dos taurinos ao longo dos anos, taurinos que na meia-idade sofrem a influência dos planetas exteriores (especialmente Saturno, ou o Pai Tempo) que se opõem a Touro e se fixam "no que poderia ter sido", lembro-me do ditado chinês que diz que "a Lua não conhece sua própria beleza".

Servir aos outros parece ser parte do carma dos signos de Terra na primeira metade da vida. A maioria das pessoas com a Lua em Touro cumpre essa parte a contento. Mas como as oposições ocorrem a partir da polaridade introvertido/introspectivo de Escorpião, é muito provável que Touro pergunte, "A que sacrifiquei eu o touro de meus desejos? de minha vida pessoal? ou de minha criatividade?" A energia social de Afrodite que os arrastou ao mundo extrovertido, ativo, se desvanece, e a energia e a paixão contidas de Plutão e de Escorpião os impelem para o interior.

Eles se satisfazem com poucas pessoas e preferem passar mais tempo solitários. A pessoa com a Lua em Touro, de modo particular, quer descobrir sua própria beleza na relação com as outras pessoas, ou às vezes totalmente só na corrente dos trânsitos de retirada de Plutão/Netuno. "Para tudo há um tempo debaixo do céu." Isto com freqüência se demonstra vendo os indivíduos de Touro/Escorpião indo de um lado para outro, de posses acumuladas, à renúncia, à coleção de coisas, e assim por diante.

O significado psíquico ou espiritual do touro de Touro, e especialmente da Deusa Lua e o touro, provém da associação do boi Ápis do Egito com a profecia. A civilização da Idade do Bronze do Vale do Nilo, no Egito, é muito semelhante à do Vale do Indo, na índia, à de Stonehenge, na Inglaterra, e à cultura minóica de Creta.

A Deusa reinou suprema sobre os campos com seu consorte fecundamente potente, o touro. Em torno de 1600 a.C, os egípcios adoravam um boi que, diziam, havia nascido à meia-noite no lado escuro da Lua (fase da lua nova), e por isso é representado artisticamente como tendo uma lua crescente entre os chifres.

O boi Ápis real usado para os rituais de fertilidade era escolhido porque tinha uma lua crescente em seu flanco. Ele era preto como o negro da Lua. Às vezes tinha uma forma de águia num dos flancos. Algumas fontes dizem que o boi Ápis lunar foi sacrificado e outros que morreu de velho, mas todos concordam em que depois da sua morte ele ficou conhecido como Osíris ressuscitado.

Este mesmo touro especial era considerado um oráculo. Se lambesse a roupa de um astrônomo, por exemplo, considerava-se que o homem morreria em pouco tempo. Assim, simbolicamente havia uma forte ligação entre o touro lunar e o dom da profecia.
Muitas pessoas com a Lua em Touro também têm dons psíquicos. 

Algumas, sem nenhum tipo de estudo anterior, podem deixar seu olhar desfocado e ver auras coloridas ao redor de outras pessoas e também dos animais. Um homem me perguntou, "Qualquer pessoa poderia fazer isso, se tentasse?" Presumivelmente, qualquer pessoa tem condições de desenvolver essa habilidade através do exercício prolongado de uma técnica, mas não espontaneamente, desde a infância, sempre que se sentisse inclinada a agir desse modo.

Assim, há nas pessoas com a Lua em Touro muito talento psíquico, receptividade espiritual, e também potencial devocional a ser explorado; as pessoas do signo de Touro, ou com a Lua em Touro ou Touro Ascendente caracterizam-se por ter uma habilidade artística latente.
Entretanto, Touro deve antes sacrificar suas inseguranças e inibições interiores e acreditar em seu próprio talento em vez de ficar na dependência do constante incentivo e encorajamento de outras pessoas. O processo é favorecido quando o período de infância foi uma experiência positiva - quando a Mãe (simbolicamente, a Deusa Lunar de Touro exaltada ideal) acreditava nos dons do filho taurino e os alimentava.

Se este não foi o caso, muito provavelmente se faz necessário um ciclo hefaístico de trabalho interior, com o desenvolvimento da habilidade da pessoa para acreditar em seus dons femininos, criativos e intuitivos lunares antes de poder concretizar suas potencialidades. Este aspecto do papel de Hefaístos como regente esotérico será desenvolvido abaixo.

É interessante observar que mais tarde, na Idade patriarcal dos Heróis, mesmo o touro solar, Amon-Rá, uma encarnação do deus Sol, era conhecido como "o touro de sua mãe". Temos, por exemplo, este belo hino:

"... a Amon-Rá, o touro de Heliópolis
que preside a todos os deuses,
deus benevolente e amado,
doador do calor da vida a todo rebanho viçoso.
Salve, Amon-Rá,
Senhor dos tronos de ... Tebas
Touro de sua mãe,1
Comandante dos campos...
Senhor do firmamento,
Filho primogênito da terra,
Senhor de tudo o que existe,
Ordenador das coisas
Ordenador de todas as coisas."

O touro era, assim, o símbolo da fertilidade e da força, símbolo esse que, no Egito e em outros lugares, ficou associado à realeza e ao masculino; mas no início da Idade do Bronze ele era ou o cônjuge da Deusa, ou o Touro de sua mãe, e na arte era representado junto a ela do mesmo modo como figurava nos afrescos cretenses (Jack R. Conrad, The Horn and the Sword). A Lua e Afrodite (energia feminina dual) parecem dominar a Idade do Bronze no mundo todo.

Há um fato interessante relativo às civilizações taurinas - a presença de Vênus nas artes, desde a graça e beleza dos afrescos em Creta e Micenas até as linhas arquitetônicas do palácio de Knossos. Os trabalhos em ouro da joalheria de Creta, expostos no Museu Histórico de Atenas, têm uma indisfarçável delicadeza venusiana, um toque feminino.
Não há hordas de guerreiros (heróis a cavalo) pilhando e tiranizando na Era de Touro. O interior do continente é relativamente calmo. A ilha de Creta, por exemplo, é isolada e livre de invasores, exceção feita, naturalmente, aos invasores subterrâneos - os vulcões e os terremotos. Foi um terremoto que supostamente devastou o palácio do rei Minos (o local do mito do Minotauro).

Afirmava a lenda que foi Vulcano, ou Hefaístos, o feio ferreiro coxo em sua forja debaixo da terra, que destruiu o confortável mundo que pertencia à Deusa e a seu touro em Creta. O monstro Minotauro é também uma espécie de imagem de Vulcano. A besta horrível é parcialmente divina e não deve morrer; ela deve viver na solidão para gravar seus cascos na prisão labiríntica e sacudir a terra com sua força.

Nikos Kazantzakis, autor do The Life of St. Francis, que, quando criança em Creta, ao assustar-se por um tremor subterrâneo, alguém da família lhe diria com toda seriedade: "É o Minotauro. É o touro de Minos escarvando e bufando debaixo da terra." O mito continua vivo em sua terra natal.

Afrodite foi dada por Zeus em casamento a Hefaístos/Vulcano - a Beleza unida à Besta. O regente mundano de Touro unido ao esotérico. O deus anão cujo martelo causa mudanças abruptas (até mesmo o caos) ligado por laços matrimoniais à deusa da harmonia, da paz e da ordem.

Pergunte a qualquer taurino como ele se sentiria se houvesse um terremoto que devastasse sua casa e todas as suas coisas "colecionáveis" - suas belas posses. A Lua exaltada em Touro provavelmente responderia com mais veemência do que o Sol em Touro, a partir de um apego mais profundo, mais emocional ao conforto, à segurança e à beleza. Destruição repentina das estruturas da pessoa, tão cuidadosa e solidamente construídas, sentindo-as todas desabarem ao seu redor - este é o impacto de Vulcano sobre Touro.

Hefaístos trabalha sob a superfície da carreira do negociante "bom provedor" taurino. Um astrólogo geralmente encontra um homem de Touro pela primeira vez quando seu patrão o pressionou a aposentar-se ou quando a falência assoma à frente. Vulcano esteve trabalhando.

Se considerarmos o aspecto materialístico/mundano de Afrodite regendo a Terra no signo de Touro, podemos perceber uma certa decadência, um tanto semelhante à decadência das últimas fases da arte da Idade do Bronze em Creta -as damas usando jóias faustosas e ricas vestimentas da corte de Knossos, como figuradas nos afrescos.

Às vezes a complacência do Touro bem-sucedido parece convidar Vulcano a realizar seu trabalho contra as forças da inércia. A estrutura parece repentinamente entrar em colapso a partir de dentro. E o bom provedor taurino sente-se emocionalmente desolado. Afrodite é um regente muito emocional.

Um homem de Touro com essas características disse, "Não compreendo isso. Minha esposa encontrou um homem rico e quer me deixar. Ela pensa que não lhe dou a devida atenção porque preciso ganhar dinheiro. Parece que ela não entende que trabalho tão duramente para prover os recursos necessários a ela e aos filhos de modo que possam ter uma vida de qualidade, obtendo o melhor que o dinheiro pode comprar. Exatamente no momento em que, por fim, penso que consegui tudo isso para minha família, eu a perco, e por razões que não consigo sequer imaginar. Estou estupefato!"

Afrodite é uma deusa que gosta da qualidade - a melhor. O problema é que os taurinos têm dificuldade para compreender o significado de qualidade. Se a busca no nível mundano toma todos os seus recursos de tempo e energia, então não lhes sobra muito de si mesmos para dar; Vulcano irrompe em algum trânsito a Vênus/Afrodite e ameaça a segurança das relações de Touro, sejam pessoais, sejam financeiras.

O regente esotérico apresenta características acentuadas de Escorpião no que se refere às suas explosões subterrâneas. Seu poder de provocar mudanças turbulentas é reminiscência do signo da extremidade polar. Touro e Escorpião têm a ver com os recursos, tanto interiores quanto materiais, e com as possibilidades.

A pergunta que se faz, então, é a de saber se uma pessoa de Terra fixa pode ou não manter suas estruturas suficientemente flexíveis para suportar as alterações de Vulcano. Pode ela projetar uma vida como os arquitetos projetam prédios com propriedades específicas para a região da falha geológica de Santo André - com os prédios balançando com os movimentos dos abalos sísmicos?

Pode Touro lidar com o lado complacente, indolente, satisfeito e confortável de Afrodite, visto que ela pensa: "Consegui fazê-lo?" Pode o taurino trabalhar com a qualidade interior da vida e também com a material/exterior?

Estas são algumas questões pertinentes. Como regente da Segunda Casa no zodíaco natural, a casa dos valores pessoais, Vênus necessita de satisfação interior e também de expansão no mundo exterior, material.

Outra questão, dirigida mais para as pessoas com a Lua em Touro, seria: Minhas posses me possuem? Consigo fazer uma longa viagem sem me preocupar com elas? Conseguiria eu alugar minha casa a uma família desconhecida se minha empresa me enviasse ao Oriente Médio por seis meses? Estou livre ou preso ao mundo material? Sou uma personalidade dependente? Apego-me possessivamente a meu namorado ou a meus filhos, em vez de deixá-los livres para cometerem seus próprios erros na vida?

Se considerarmos Touro como a prima matéria (matéria-prima ou argila de modelagem) e a Lua como forma (como Platão a chamou), podemos ter a impressão de uma dose dupla de receptividade na Lua de Touro. Podemos encontrar uma pessoa forte que se torna dependente de outro ou de outros e cuja dependência pode alienar o outro e causar claustrofobia.

Muitas dessas questões relativas à possessividade, aos relacionamentos dependentes e ao tolhimento da liberdade dos outros aplicar-se-iam a pessoas com Touro ascendente. No caso de Áries regido por Marte, havia uma emissão espontânea de energia. O herói ígneo encarava confrontação direta na busca e com ela se aprazia. Mas Touro, regido por Afrodite, reflete sua influência mais gentil, mais serena, mais feminina. Touro comunica desprazer indiretamente. Afrodite não quer "fazer cenas" - o que seria muito vulgar e nada harmonioso.

O livro de Linda Goodman, em que ela analisa o patrão de Touro, o patrão taurino contrata uma nova funcionária que gasta duas horas no almoço. O patrão se mostra taciturno por alguns meses, mas não diz nada. A nova empregada deveria perceber sua aparência de descontentamento, mas não percebe, e continua a agir do mesmo modo. Ela também se torna descuidada com a revisão da sua datilografia.

Um belo dia, ela o encontra defronte de sua escrivaninha remexendo os papéis, esbravejando, batendo os pés como o Minotauro. Ao encaixotar suas coisas, depois de ser despedida, ela sacode a cabeça perplexa dizendo a si mesma: "Por que ele não disse que essas coisas o aborrecem? Uh, lá, lá, como é que eu poderia saber isso? Quero dizer, quem pensaria que ele se preocupava?" "Tenha cuidado com a cólera do homem paciente!", diz o provérbio. Um vulcão não entra em erupção com muita freqüência; ele vai acumulando ao longo dos anos e então explode. É assim também que a raiva de Touro muitas vezes se manifesta.

Aqui os taurinos podem aprender do regente do signo de sua extremidade polar, Escorpião. Os nativos de Escorpião também se comunicam indiretamente. Mas um Escorpião no cargo de direção geralmente manifesta seu Marte (humor) se você chega atrasado ao trabalho todos os dias.

Como ocorre com todos os signos, quanto mais consciente é o taurino, mais ele se esforça para integrar o signo de sua polaridade e para trabalhar conscientemente com o poder do regente esotérico. Se Touro está conscientemente harmonizado com Vulcano/Hefaístos, com menor probabilidade ele irá explodir no subterrâneo, fazendo demonstrações do furor de um touro enlouquecido. Como então pode Touro sintonizar com as qualidades positivas de Hefaístos?

Sacrificando o touro do apego e removendo o véu da Deusa Inana, deixamos para trás a árida e ressequida Terra (Touro), como o fez Inana, para penetrar no mistério desconhecido, as profundas águas escorpiônicas do inconsciente. Muitas vezes a falência, o divórcio, ou a "sensação de ninho vazio" quando o último filho deixa o lar para casar-se (a negação de um forte desejo pelo mundo exterior num trânsito semelhante ao de Vulcano) irão precipitar a descida de Touro às profundezas de Escorpião.

Sylvia Brinton Perera analisou isso muito bem em Descent of the Goddess, quando afirmou que a energia liberada de uma parte da psique pela liberação de uma forma exterior - um apego - irá emergir novamente em outra parte da psique. A vida não é algo fixo e imóvel, mas sim um processo em constante mudança e desenvolvimento.

É assustador pôr de lado a velha persona. "Sou uma mãe de cinco filhos muito solicitada." "Sou o presidente de um banco." "Em pouco tempo eu seria doutor em Medicina ou PhD."
O sacrifício, entretanto, retirou Touro da estaca em que estava preso (fixo) à semelhança de Inana no inconsciente. Quando, após descansar e relaxar no aquietado ciclo da introversão - no trânsito de Netuno ou Plutão - a taurina Inana surge novamente à luz do dia, não há como dizer quais os poderes criativos que trará consigo.

Inana desceu aos infernos para presenciar o sacrifício de um touro, e foi acompanhada por diversos escorpiões; assim o mito parece estar de acordo com a integração desta polaridade, em seus ciclos social e de isolamento - sua concentração na matéria e no espírito em diferentes períodos no decurso da vida.

Para Inana, o touro parece ter servido de bode expiatório pelos desejos dela não realizados. Ela queria casar-se com outra pessoa e não com a que fora escolhida pelo Deus Sol para ela, mas aquiesceu à decisão masculina dele sem objeção. Ela sacrificou seus próprios sentimentos, sua intuição e seus valores; isto exigiu a descida, a reenergização e a cura.

Touros que dão ouvidos à voz do Deus Sol - a mente racional - às custas de seus valores, sentimentos e intuições subjetivos raramente são felizes. Este é um signo duplamente feminino.

O Touro de Inana é também "as balas de Inana" - sua coragem, sua capacidade de decisão, sua raiva, sua habilidade de enfrentar as dificuldades da vida. Empatada numa estaca (símbolo fálico), ela parece ter recuperado sua luta. Sempre ouço falar de taurinos do tipo passivo, presos num ciclo negativo, que têm sonhos violentos, ou sonhos em que se vêem despindo-se - tirando suas velhas personas - de modo que todos possam vê-los como são.

Também no mundo exterior a complacência taurina fica fragmentada depois que uma série de sonhos dessa espécie tem início. O resultado final do ciclo de morte e renascimento de Escorpião é geralmente positivo, entretanto, e às vezes dramaticamente positivo, quando Touro esteve por longo tempo num estado negativo, queixoso, tamásico.

Como, então, pode Touro conscientemente harmonizar-se com as qualidades positivas de Vulcano/Hefaístos? Como pode Touro evitar as explosões vulcânicas no mundo exterior que os desejos frustrados atraem? Em Symbols of the Transformation, CG Jung nos diz que Hefaístos é um Ancião Sábio arquetípico.

Como Inana, contudo, sua sabedoria originou-se através de um processo longo e doloroso, uma descida aos Infernos, período durante o qual livrou-se de grande parte de sua amargura, ressentimento e ódio. (E interessante que a deusa, o feminino, primeiro teve de entrar em contato com esses sentimentos - admitir que os tinha - ao passo que o deus masculino deleitava-se nessas emoções - refletiu sobre eles muito conscientemente - no começo da história.)

Hefaístos não teve uma infância feliz. Quando de seu nascimento, Hera, sua mãe, estava furiosa com Zeus, seu marido. Zeus havia gerado uma filha sem qualquer participação de Hera e, no caso, sem a participação de qualquer outra mulher. Atena havia saído da sua cabeça. Hera decidiu que se as mulheres não eram necessárias a Zeus, os homens também não seriam necessários a ela.

E gerou Hefaístos por partenogênese. Para sua consternação, entretanto, as coisas não correram como no caso da filha de Zeus, Atena. Hefaístos era um anão muito feio, com os pés deformados. Hera, horrorizada, jogou-o do Olimpo, e continuou sua vida normalmente. Hefaístos, no inferno, meditava.

Por que era ele um órfão quando todos os outros tinham pais, ou pelo menos um dos pais, que os amavam? Odiava Hera com todas as suas forças. Ele inicialmente procurou criar objetos úteis, e em seguida tentou fabricar objetos artísticos, mas estava bloqueado por suas próprias emoções negativas.

Sentia sua deformidade com tanta intensidade que não podia acreditar em seu talento, e os deuses nos infernos o evitavam tanto por sua disposição melancólica quanto por sua aparência física.

No mundo subterrâneo ele se tornou amigo de algumas mulheres, pois, o seu era um espírito feminino. Era filho de uma Mãe, assim como Atena era filha de um Pai. Ele pertencia ao inconsciente criativo. Por longo tempo, embora vivesse no subterrâneo criativo, ele não conseguia reconhecer a fonte da criatividade dentro de si, em sua própria alma.

Em seu estado sombrio e melancólico, começou a tramar vingança contra sua mãe. Ele faria com que ela sentisse o que significava ser abandonado. Talhou um trono para ela, e quando ela se sentou nele, cadeias a prenderam. Hera ficou aprisionada e suspensa no ar, numa espécie de balanço.

Hefaístos a deixou no limbo, nem acima nem abaixo, e totalmente sozinha. Isso lhe serviria de lição. A iniciativa, entretanto, apenas fez com que o anão se sentisse pior. Ele havia amarrado e suspendido no ar sua própria criatividade, o seu lado feminino.

Muitas pessoas com a Lua em Touro faz coisas semelhantes simplesmente por ressentimento obstinado - suspender o relacionamento com uma mulher (muito provavelmente outra pessoa criativa com quem eles poderiam descobrir muitas coisas em comum) devido a uma antiga ferida. Eles têm que esquecer-se de Hera e livrar-se de sua amargura, parar de incriminá-la pela inexistência da infância deles e prosseguir com o processo de ser um artesão adulto e de tornar-se um artista autêntico, como também um artífice.

Dioniso, numa de suas idas anuais aos infernos, teve compaixão de Hefaístos, a quem deve ter reconhecido como um espírito aparentado, uma outra alma feminina, artística, cuja inspiração teve origem na quietude do inconsciente. O compassivo Dioniso sabia que muitos deuses haviam tentado aproximar-se de Hefaístos pedindo o perdão para Hera, mas sem resultado.

Ele realmente era um caso difícil, mas Dioniso nunca perdeu as esperanças. Usando de artifícios, ele conduziria o ferreiro a um estado alterado de consciência, e então causaria nele uma mudança de coração. In vino veritas (no vinho está a verdade) era o mote de Dioniso. E se deu bem. Ele retirou o anão adormecido dos infernos e o levou ao Olimpo - às alturas da consciência - jogado no lombo de um humilde asno.

Ao despertar na Luz do Olimpo, Hefaístos sentiu-se muito melhor. Ele se sentiu livre de todas as suas emoções negativas e pleno da beatitude da taça sagrada de Dioniso. Soltou então as cadeias de Hera e imediatamente descobriu, para sua surpresa, que havia afrouxado também as amarras e obstáculos de sua própria criatividade.

Desse momento em diante, Hefaístos passou a produzir objetos artísticos maravilhosos que realmente pareciam vivos (arte imitando a vida), como o escudo de Aquiles, que Homero descreve minuciosamente na Ilíada. Ele também fabricou objetos de grande utilidade para deuses e deusas.

Murray Stein acha que Hefaístos apaixonou-se por Atena quando ela foi à procura de um de seus práticos objetos - uma nova lança - e que a deusa era sua alma gêmea. Ele era um deus de sentimento ou do tipo feminino, e ela uma deusa do tipo masculino, reflexivo.
Na opinião de Stein, eles teriam formado um casal equilibrado, se Atena não tivesse sido tão radicalmente arredia a Hefaístos. (Ela era indiferente com relação a todos.) Stein também pensa que Afrodite e Hefaístos não constituíam um casal equilibrado porque ambos eram almas femininas.

Em sua ascensão ao Olimpo para concluir seu processo de cura, Hefaístos também completou sua iniciação e ocupou seu lugar como um igual entre os deuses e deusas. Dos habitantes do Olimpo, apenas a vaidosa Afrodite não se impressionou com a transformação de Hefaístos.

Ela o olhou através de seu esnobismo estético e viu apenas o mesmo velho e deformado corpo, não uma bela alma. Talvez fosse para desencadear o desenvolvimento de Afrodite que Zeus arranjou o casamento deles, mas quem pode compreender a vontade dos deuses?

Talvez no final ela aprendesse a estimar a constância e dependência de Hefaístos, mas sua reação imediata foi ter um caso amoroso com o irmão de Hefaístos, Ares, o belo deus da guerra. Algumas fontes sustentam que o filho de Afrodite, Eros (Amor ou Cupido), teve como pai Hefaístos e não Hermes.

Segundo Stein, Hefaístos era "da Terra" e devido à sua ligação estreita com a Mãe Terra, seu lado feminino, ele era um "intuitivo natural". Depois de liberar todas as emoções "fixadas" - em astrologia diríamos "fixas" - ele começou a cuidar de sua forja de fogo interior com a devida atenção, e desse momento em diante nada havia que Hefaístos não pudesse modelar com toda beleza, quer fosse instrumento de utilidade ou objeto de arte.

Sua história apresenta muitos aspectos que correspondem à jornada da vida no meu cliente com Sol em Touro, Touro ascendente, ou Lua exaltada em Touro, que é um buscador e aspirante espiritual. Essas pessoas possuem nas forjas de suas próprias almas muito do talento de Hefaístos e também de sua luta interior, de sua teimosa recusa em livrar-se dos obstáculos externos e ir em frente.

Por ser Touro o primeiro dos signos fixos (Terra fixa ou matéria-prima), este pode ser um contexto adequado para refletir sobre os símbolos que remetem ao tema da fixidez, que é poder. O touro selvagem e o leão são dois animais terrestres que devem ser levados em conta.

O mesmo deve ser dito da águia. Nenhuma outra criatura pode superá-la no ar. O quarto signo fixo é simbolizado pelo homem iluminado, o Bodhisattva, ou o Messias, que também está sozinho em seu domínio. Os artistas usam esses símbolos de poder derivados dos signos fixos do zodíaco; sua presença na heráldica também é freqüente. 

Na Idade Média, Dioniso recebeu as formas do touro e do leão. Os quatro símbolos dos signos fixos podem também ser encontrados em vitrais que representam os quatro evangelistas.

Na zona temperada, começamos o ano astrológico com um signo cardeal, Áries, e a partir dele definimos nossos festivais e ritos sazonais para os outros pontos cardeais, os Solstícios e Equinócios. Mas fora da zona temperada, nas terras secas onde os signos fixos são os precursores da estação das monções e da fertilidade, os calendários e os festivais são estabelecidos para esses signos fixos.

No Iucatã dos maias, por exemplo, uma Efeméride de Vênus era usada para o calendário de rituais. A órbita de Vênus pode ter sido usada também para determinar o tempo da plantação e da colheita do milho, conforme especula Rodney Collin em The Theory of Celestial Influence.

Sabemos com certeza que, para os maias, o ano começava quando o aglomerado das Plêiades, situado na constelação do Touro, era visível à noite no firmamento. Quando as Plêiades se faziam visíveis, as chuvas estavam próximas. Plutarco nos diz que o mesmo acontecia com os gregos - isto é, que 27 dias depois do Equinócio da Primavera era celebrada a cerimônia do touro e tinha início o período de lavragem e semeadura.

Um antigo camafeu representando o touro com as três graças em seus chifres e as Plêiades como sete estrelas está em exposição no Museu Hermitage de Leningrado. (Jane Harrison, Epilegomera and Themis).

As Plêiades constituem um aglomerado místico no Egito, na índia, entre os maias e também na mitologia grega clássica. O poder das Plêiades de trazer as chuvas da primavera era um sinal externo, mundano, do seu poder espiritual. Como Alice Bailey afirma em Labours of Hercules, o poder de Touro e de Afrodite para atrair abundância vai além do domínio da substância física material.

Esse poder de atração está centrado em Alcíone, o Grande Sol Central da galáxia, localizado nas Plêiades. Alcíone exerce uma atração estável e contínua do nosso Sol e dos planetas que circulam ao seu redor. Para os antigos, a atração de Alcíone simbolizava a força do espírito de atrair a matéria; a atenção de Alcíone mantinha os mundos em suas posições, o Espírito atraía e animava a Matéria. Órion, o Caçador ou Buscador, também está localizado em Touro, assim como Aldebarã, o olho do touro.

A questão que se coloca é a do poder dos elementos - clima frio na zona temperada e tempo seco aliviado pelas chuvas no resto do mundo. O poder estava ligado às mudanças sazonais, o poder das forças da natureza. Assim, os poderes de fertilidade, robustez e resistência eram associados a Touro.

O vigor taurino é o vigor da própria Mãe Terra na qual as plantações eram semeadas na primavera para serem aguadas pelo Pai Céu. Essa resistência ou lealdade é, a qualidade mais característica de Touro - ela supera até mesmo a teimosia, a ganância ou o apego, os quais encontramos retratados em histórias que abordam o lado menos atrativo do regente mundano, Vênus, nome do qual derivamos a palavra "Venal" - como o legendário rei Midas, um verdadeiro caráter venal.

Touro/Escorpião têm em comum a resistência - os recursos interiores para perseverar a despeito de traumas ou vicissitudes temporários. As polaridades fixas têm auto-controle interior e também força física.

Touro e Escorpião estão historicamente associados à concentração ou foco unidirecionado. Para o iogue, o olho do touro ou o terceiro olho da meditação é o significado esotérico de Touro. Muitas vezes Buda é chamado de Touro, e a lenda assinala seu nascimento em Touro. Quando criança, na corte de seu pai, ele era mimado, mas não encontrou satisfação nas alegrias materiais de um mundo que oferecia apenas sofrimentos, doenças e morte.

Saiu então em busca da iluminação, e pela concentração liberou a força iogue interior. Buda sentou-se em sua Inamovível Sede sob a Árvore do Conhecimento até alcançar a iluminação. Se Touro pode ser complacente (Afrodite pode ser indolente no nível mundano), a inércia taurina ou a habilidade de sentar pode ser muito proveitosa para ele no caminho espiritual.

Enquanto um signo de Fogo em geral é muito irrequieto, um taurino pode sentar-se numa posição de relaxamento por longo tempo. Ele tem a perseverança e a lealdade para manter-se firme em seu caminho.

No budismo chinês, o boi representa a verdade em ação. Há dez etapas para a realização da natureza interior da pessoa - Os Dez Caminhos do Boi - desenhados artisticamente pelo mestre zen Kakuan, que escreveu no século XX sobre os valores verdadeiros, ou a qualidade verdadeira (Afrodite). Cada caminho foi ilustrado em gravura sobre madeira.

Interessantes são também as ilustrações de Mitra, o iniciado persa (do Mysteries of Mithra, de Franz Cumont). Depois de capturá-lo na floresta e ser por ele arrastado, Mitra monta no touro em pêlo e o subjuga numa caverna. Encontramos no mito de Mitra os dois níveis já discutidos - o mundano e o esotérico.

O mundano é a história comum do sacrifício do touro no tempo da primavera, realizado para que seu sangue fertilizasse o solo e a Mãe Terra produzisse uma nova colheita no ano seguinte. O nível esotérico refere-se à domesticação do touro enquanto domínio dos desejos e pensamentos à maneira do budista chinês.

O culto de Mitra era Solar por natureza, e não Lunar, mas incluía sete níveis de iniciações, das quais os dois mais importantes eram o touro e o leão. Cada iniciação e técnica esotérica implicava desnudar um dos sete corpos ou planetas conhecidos no tempo de Mitra. Os hinos se perderam, mas obras de arte descrevem as iniciações esotéricas.

Especialmente interessantes são as ilustrações que Cumont faz de Mitra montado no touro no centro da roda, com o zodíaco e seus símbolos em torno deles no círculo externo. Segundo Cumont, o iniciado buscava a Luz, ou a iluminação, enquanto o não-iniciado apenas via o símbolo do touro como parte de um ciclo anual de fertilidade.

Além do touro sacrificial com uma haste de trigo brotando da sua espinha, havia outro Touro Celestial imortal, que um dia deveria retornar com Mitra. Mitra era conhecido como o Juiz dos Mortos; uma águia, símbolo da morte ou das trevas, aparecia em seu ombro em algumas gravuras, juntamente com uma serpente a seus pés.

Se considerarmos Touro esotericamente, se pensarmos em sua receptividade à Luz Divina que é matéria-prima, nos poderes de concentração inerentes a esse signo tenaz ou fixo, na busca da iluminação - o terceiro olho ou o olho do touro -, na força da vida, no vigor, na lealdade e na perseverança de Touro, veremos que há muito a admirar.

Mas com a tendência venusiana à inércia, ou a tendência de um signo Terra a levar demasiadamente a sério este mundo transitório, há uma real necessidade de Touro integrar o lado obscuro, aquoso de Escorpião. Se Touro representa luz e vida - Vênus como a brilhante estrela da manhã adorada pelos maias, como a fertilidade da primavera -, então o Escorpião outonal representa as trevas e a morte, seguidas pela experiência do renascimento da Oitava Casa.

Talvez seja esta a razão por que, em muitas culturas, o touro era sacrificado e renascia trazendo prosperidade para a terra e para o povo. Ele servia para lembrar que nada é permanente; a primavera é seguida pelo outono, a juventude pela velhice, a morte pelo renascimento ou imortalidade.

Se concebermos as casas dois até oito como um eixo de valores, então para que Touro encontre sua paz e alegria ou a bem-aventurança dos dez touros, parece que ele precisa primeiro morrer para os desejos pessoais (Segunda Casa) e renascer com um sistema de valores mais iluminados na Oitava Casa (valores dos outros).

Afrodite, como planeta do valor e buscador da qualidade, aparece muito subjetiva e pessoal em Touro. Falta-lhe a objetividade que possui como regente da aérea Libra. No nível mundano, muitos nascidos em Touro tentam superar essa subjetividade e transcender o desejo, como fez Buda, por um tipo de renúncia.

Muitas vezes eles não estão conscientes de que é isso que estão fazendo quando dizem coisas como "Posso desenvolver meus talentos criativos mais tarde; agora preciso prover uma vida de qualidade para minha esposa e filhos (os outros)." Ou "Gostaria de continuar minha carreira de cantora mas meus filhos precisam de mim em casa. Talvez... quando estiverem no 2o Grau..."

Outros seguem o caminho da renúncia consciente, abandonando a segurança do trabalho, como Buda fez com seu reino terrestre, para buscar a verdade, para voltar à escola e estudar filosofia, ou para viajar ao estrangeiro, vivendo em desconforto físico em hotéis baratos, à procura nem sabem de qual verdade.

Como o do taurino que se sacrifica pela esposa e pelos filhos, este é um movimento em direção aos valores dos outros (8ª casa) às custas do conforto e do desejo pessoal - mas aqui o ensinamento representa os valores dos outros, os "valores dos patriarcas".

Tendo adquirido tarde na vida uma perspectiva ou a objetividade, o taurino pode retornar para satisfazer suas fortes emoções e sua natureza de desejo, seu regente mundano - a terrena e ardente Afrodite. Sendo a primeira metade da vida é vida para ou através dos valores ou filosofias dos outros e a segunda metade volta-se para o romance e para a busca pessoal da felicidade terrena.

Na maioria das vezes, Touro está relacionado com a frase-chave EU TENHO. Mas as palavras-chave EU CONSTRUO também são importantes porque Touro harmonizado com Vulcano/Hefaístos, é muitas vezes um construtor. Vulcano, o modelador ou ferramenteiro dos deuses, trabalha com empenho no interior dos taurinos e não se sente satisfeito se algum tipo de projeto criativo não está em andamento.

Em Touro, temos o construtor de uma companhia que se harmoniza esotericamente, aposenta-se cedo e utiliza seu tempo em atividades humanitárias. Muitos taurinos esotéricos conhecidos meus sacrificaram-se financeiramente, "montaram o boi", ou sublimaram desejos pessoais com a finalidade de montar estruturas como centros holísticos de cura ou asilos para crianças abandonadas em comunidades espirituais tanto rurais quanto urbanas, onde os buscadores podem viver e aprender com pessoas que compartilham as mesmas idéias.

Diferentemente da energia taurina mundana, que constrói para si mesma ou para os próprios filhos e apega-se como uma miserável à sua riqueza, esses taurinos esotéricos encontraram uma real alegria. Parece também que encontraram a pomba branca da paz de Afrodite.

A paz é ilusória se Vulcano não trabalha construtivamente com suas ferramentas, sejam essas ferramentas artísticas, artesanais, financeiras, sejam de meditação. O Hatha Ioga é a ferramenta favorita de muitos taurinos para montar o boi - controlar o corpo.

O Zen e outras técnicas, como o pranayama, são ferramentas muito úteis para controlar a mente e as emoções. Pelo uso de suas ferramentas, Touro se harmoniza conscientemente com Vulcano e coopera com seu regente esotérico, tornando menos provável a possibilidade de ser ferido com o martelo de Vulcano nos trânsitos mais difíceis dos planetas transaturninos.

Um Touro que monta um touro com sucesso alcança um estado de bem-aventurança em que "nada pode perturbá-lo; ele não precisa mais dos patriarcas, move-se entre os homens e é veículo para a iluminação deles". Um Buda moderno. Esta parece ser a mensagem do culto de Mitra na Pérsia, do Caminho do Boi do mestre zen chinês, e, mais do que provável, dos que montavam o boi em Creta reproduzidos nos afrescos.

O boi Ápis, com sua morte e renascimento sacrificial de cada ano simbolizando a fertilidade da primavera e a morte da Terra no outono e inverno, parece ter muito a ver com a integração alquímica das Casas Dois e Oito. 

Parece que temos aqui a Segunda Casa, como substância, ou Matéria-Prima (prima matéria), perdendo sua estrutura, experienciando o caos ou convulsão, e depois de uma sensação de perda - trevas, depressão ou morte interior - renascendo na Oitava Casa depois da solitude e dormência do final do outono em Escorpião, quando a Fênix se eleva de suas cinzas.

O boi Ápis não é símbolo apenas da primavera e da vida taurina, mas a águia em seu ombro nos lembra o outono, Escorpião, a morte e o renascimento.

Jung, num estudo sobre a alquimia da integração dos opostos, refere-se à Matéria-Prima e à Fênix, à Luz e às Trevas, à Vida e à Morte; e não podemos deixar de pensar no zodíaco natural - na integração da esperança da primavera, exuberante de vida e fecundidade, com a estação depressiva do outono, o estéril e inerte Escorpião.

Recomendo muito às pessoas interessadas que leiam, as Obras Escolhidas de Jung, Alchemical Studies, e reflitam sobre a ilustração do frontispício reproduzida de um manuscrito alquímico alemão. É um dragão escorpiônico com várias cabeças, incluindo a cabeça-Sol e a cabeça-Lua.

O casamento do Sol e da Lua, do Masculino ê do Feminino, da Luz e das Trevas dentro de todos nós era associado a Touro nos escritos alquímicos - Touro, onde a Lua e Vênus têm bom relacionamento. A exaltação da Lua em Touro não é mencionada especificamente por Jung, mas ele afirma que "Diana é a noiva" no matrimônio do Masculino e do Feminino, que acontece em Touro no delicado tempo da Lua Nova.

O frontispício diz que o glifo de Vênus (R) e da Lua (W) se combinam para formar o glifo de Mercúrio (E), regente da alquimia. Assim, Mercúrio, o esquivo guia alquímico que conduz o buscador medieval ao segredo da pedra filosofal da transformação interior - à transformação da natureza humana inferior em ouro -, aparece na lua nova em Touro.

Nos Alchemical Studies, Jung afirma que a integração das Trevas com a Luz é difícil - que os dois realmente se distanciam um do outro. É difícil para a luz brilhar nas trevas, é difícil o inconsciente (Casa Oito, ou Escorpião) tornar-se consciente. 

O astrólogo chama essa resistência de fixidez, porque nesse eixo lidamos com dois signos fixos ou casas fixas.

Ainda assim, a receptividade de Touro, seu lado duplamente feminino, dá a Escorpião uma abertura que outros signos, ou outras estações do ano, podem não ter. Escorpião é ainda um signo receptivo no mesmo sentido em que a Água é receptiva. 

Escorpião tem associações fúnebres - o ataúde de Osíris, as múmias, a morte - mas tem também a Fênix.

Se a matéria-prima taurina pode passar por mudança ou transformação, então a energia da primavera, que é Touro, não mais precisa ficar enraizada no solo (Terra), mas pode voar como uma Fênix e ser livre. Em geral é difícil Touro perceber o lado obscuro, instintivo, de Escorpião - o inconsciente.

Se Touro impõe sobre Escorpião o que este não está pronto a suportar, Escorpião provavelmente fará Touro passar por traumas ou irrupções, mostrando assim a Touro sua própria sombra. Touro pode reagir integrando a intuição e agradecendo Escorpião ou afastando-se e concluindo que os Escorpiões são pessoas sarcásticas, desagradáveis, que devem ser evitadas.

Pela integração de parte das trevas de sua polaridade Escorpião inconsciente, Touro pode aprender a desenvolver asas como a Fênix, deixar sua insegurança e voar como o touro alado da arte assíria.

Como Touro se opõe a Escorpião, assim Afrodite se opõe a Marte, o regente de Escorpião. Temos Ariadne no mito do Minotauro, um tanto esnobe em termos sociais ou culturais, às vezes percebendo Marte como demasiadamente grosseiro ou físico.

Aqui novamente me lembro da amável Afrodite sendo forçada a contrair matrimônio com Hefaístos, o aparentemente feio anão. Ela foi forçada a enfrentar seu próprio ponto de vista, superficial, de que a beleza tem a profundidade da pele.

Na leitura de mapas, encontrei Afrodite, a elegante, com raiva de seu companheiro, que tem planetas em Escorpião, porque ele não está disposto a ir a uma festa. "Por que ele precisa de toda essa solidão?", ela se pergunta.

Todavia, Touro pode aprender da coragem silenciosa de Escorpião. Afrodite pode aprender de Marte a correr riscos - permitir que Vulcano continue a forjar. Marte pode ensiná-la a aceitar a mudança e a sexualidade - a permitir que sua própria energia primaveril seja liberada.

Ambos, Escorpião e Touro, são intuitivos e possuidores de uma vontade forte. Cada um tem muito a aprender do outro se ambos puderem ir além da resistência pertinaz da fixidez. Um touro esotérico, espiritual, é aberto e receptivo a Deus. O mito do Minotauro trata da questão da receptividade. No mito, Minos é teimoso e fechado a Netuno (Deus).

A ambição e apego de Minos por um touro "digno de pertencer a um deus" fez com que ele trouxesse desgraça a toda a sua linhagem. Minos vive no mundo dos sentidos (Afrodite inferior), excluindo tudo o mais. Ele nos lembra os taurinos que conhecemos que estão sempre perguntando, "O que vamos comer hoje?" "Onde vamos fazer compras hoje?" "O que poderíamos fazer para passar o tempo?" Eles dão a impressão de nunca refletirem sobre as questões esotéricas de Afrodite: "Onde posso encontrar um valor permanente?" "Qual é o sentido da vida?"
.
.