sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Peixes

12   Peixes:
A busca do castelo da paz
O Sol entra em Peixes entre 19 e 21 de fevereiro e aí permanece até 21 de março. Peixes é o último dos quatro signos mutáveis - Água Mutável. Como o oceano cósmico infinito, ele é ilimitado e universal e, como escreveu William Blake, "Quem pode prender o infinito?" Sensível, atencioso e adaptável, Peixes é o último signo do zodíaco, a última das Doze Casas e o fim do ano astrológico. Espiritualmente, o período de vida de Peixes está associado à ruptura com o apego sem perder o contato com os sentimentos da bondade e da compaixão.
Embora nosso zodíaco moderno represente Peixes como dois peixes nadando em direções opostas, muitas culturas, através dos tempos, escolheram o golfinho para simbolizar Peixes. O golfinho era sagrado para três deuses diferentes - Apolo, Poseidon e Dioniso. Por sua utilidade, bondade, misericórdia, e até por suas qualidades curativas, o golfinho é um símbolo apropriado para Peixes. No palácio do rei Minos, em Creta, as paredes dos aposentos da rainha retratam dois golfinhos nadando em direções opostas. Golfinhos semelhantes aparecem na roda do zodíaco nas distantes ruínas de Wadi-Hesa, próximo da Palestina. O folclore do golfinho deve ter sido tão difundido e popular no mundo antigo que chegou até o deserto, tão longe do mar que poucas pessoas teriam tido a ocasião de ver um de verdade.
A história grega de Telêmaco, filho do herói épico Ulisses nos diz que ele foi salvo das águas por um golfinho, que então foi escolhido para fazer parte do escudo da família. No belo "Hino a Dioniso", de Homero, lemos que piratas capturaram o jovem deus pensando que era o formoso filho de um príncipe. Eles tentaram amarrar suas mãos e pretendiam mantê-lo como refém para pedir resgate. Dioniso libertou-se e transformou seus mastros em parreiras. Em seguida, atirou os piratas ao mar e transformou-os em golfinhos. Até hoje diz-se que os golfinhos ainda se lembram de sua vida anterior como homens e se reúnem em torno dos navios, direcionando pequenos peixes para as redes dos marinheiros. Visto que três deuses gregos consideravam o golfinho sagrado, os gregos tinham o maior cuidado com essa criatura. No Oriente Próximo, todavia, os golfinhos eram usados em remédios homeopáticos. Eram assim associados à cura, e Peixes a um signo de cura.
Nos tempos romanos, Plínio contou a história do menino e do golfinho, a qual associa o ser do mar com a morte e com a vida após a morte. Essa história evoca uma imagem tão intensa no inconsciente que mesmo hoje vemos fontes que retratam o menino e o golfinho. Na história de Plínio, um menino, provavelmente órfão, encontrava-se todos os dias com um golfinho, alimentava-o e dava umas voltas em suas costas. Um dia, quando seu amigo humano não apareceu, o golfinho foi procurá-lo. Depois de algum tempo, encontrou o menino, afogado. Levou-o então até a praia e ficou com ele até morrer. Nos vasos funerários gregos, Hermes, Guia das Almas, e o golfinho apareciam juntos, os dois amigos da humanidade que ajudavam as almas que partiam a encontrar seu caminho na outra vida.
O golfinho é um tipo de bondade particularmente pisciana porque deitou próximo ao menino e morreu. Ele não distinguiu entre sua própria vida, seus próprios interesses, e os do menino. No oceano cósmico do sentimento, não há fronteiras, não há limites entre uma criatura e outra. Um pisciano ouvindo um amigo contar uma história de sofrimento logo estará chorando com ele, por pura simpatia e empatia. Se Peixes se deita e morre com a pessoa em vez de distanciar-se dela mentalmente (estabelecendo limites), fica difícil ajudar o amigo a encontrar uma solução ou uma maneira de lidar com o problema.
Assim, quando um amigo ou cliente de Peixes diz, "Quero encontrar uma profissão compassiva e ajudar a humanidade sofredora; você acha que eu seria um bom psicólogo ou um bom astrólogo?", é importante procurar o elemento Ar em seu mapa. Pode a pessoa manter distância do sofrimento dos outros? Há objetividade? Há um Mercúrio claro, não afligido (a polaridade de Netuno)? Ou, se Netuno está numa Casa Angular (1, 4, 7 ou 10) ou se tem aspectos com o Mercúrio, o Sol ou a Lua da pessoa, é melhor perguntar-lhe: "Você se sente exaurido quando as pessoas lhe contam coisas negativas sobre seus sofrimentos e dores? Como você se sentiria depois de um dia inteiro com os problemas dos outros? Ou de uma semana? Ou de vários anos?" Esse envolvimento com estados de espírito e sentimentos dos outros, se já é cansativo para Peixes/Peixes ascendente, muito provavelmente será desanimador e exaustivo quando Peixes partilhar da tristeza que um assistente social, um astrólogo, um psicólogo ou outro orientador encontra. Um pisciano com Mercúrio perto de Aquário, porém, terá a necessária objetividade.
Precisamos esclarecer um ponto antes de discorrer sobre o tema da dualidade, tão importante para o arquétipo de Peixes. Peixes/Peixes ascendente é idealista. Não pode desfazer-se de um sentimento ou intuição forte sem uma grande ansiedade ou culpa. Esta é uma verdade, independente de quanto ambivalente ou de quanto ralo este signo Mutável dualista pareça aos outros. Esta é uma personalidade absolutista convicta. Creio que a história a seguir, sobre um encontro estreito entre dois absolutistas, partidários de filosofias altruístas totalmente diferentes, ilustra bem essa questão.
Há vários anos um aquariano que transitava pela progressão de Peixes (veja Capítulo 11) passou a interessar-se por música e começou a assistir a concertos regularmente. Numa festa depois de um concerto, ele encontrou uma mulher, uma atraente harpista pisciana e convidou-a a jantar. Encontraram-se durante 3 meses, e descobriram que tinham em comum não apenas o interesse pela música, mas ainda compartilhavam um idealismo mútuo, um desejo de fazer deste mundo um lugar melhor. Certa noite, quando discutiam sobre a data do casamento, ela de repente perguntou, "A propósito, o que você realmente faz durante o dia? Sei que você é um cientista de laboratório, mas não posso imaginar o que isso significa. Conheço pouca coisa de ciências."
"Oh", disse ele, "bem, neste exato momento, estamos às voltas com um projeto muito interessante, pesquisando para uma companhia que fabrica xampu. A empresa quer ter garantias de que o produto não prejudicará os olhos das pessoas nem lhes causará alergias; por isso estamos fazendo testes com coelhos. Os coelhos têm olhos especialmente sensíveis; assim, se os coelhos não forem afetados pelo xampu, quer dizer que provavelmente a maioria das pessoas também não o será..."
Ela o cortou abruptamente. "O quê? Você quer dizer que seu trabalho é injetar venenos químicos nos olhos de animais indefesos? Que crueldade! Esqueça nosso compromisso. Eu certamente não mais me sentiria bem ao seu lado, sabendo que seu trabalho é tão sádico."
O homem estava totalmente desnorteado quando telefonou para cancelar sua entrevista para a leitura do relacionamento. "Por que ela não consegue entender? Quero dizer, eu lhe expliquei tudo. Por que ela não consegue distinguir entre animais e pessoas? Não é melhor que um coelho sofra em vez de uma criança, por exemplo? Como teremos novas invenções ou progresso se não podemos testar os produtos? Eu lhe disse, 'Eu também amo animais. Tenho dois cachorros, mas você precisa distinguir entre animais de estimação e animais de laboratório!' Bem, vou tentar levá-la para jantar, discutiremos o assunto e procurarei fazê-la entender..."
Este homem certamente abordava a vida e a realização de seus ideais através da mente, Mercúrio e Urano. Ela, com Sol em Peixes e uma oposição Mercúrio/Netuno, tinha uma visão de mundo muito diferente. Sua abordagem da vida se dava através dos sentimentos e das impressões, como um artista, não como um cientista que faz distinções objetivas entre diferentes formas de vida. O aquariano não desejava abandonar o projeto por causa dela e ela, embora em geral Mutável, havia se tornado inflexível.
É isto que quero significar por absolutismo pisciano. Se algo é intuitivamente sentido como errado, Peixes fica constrangido com os envolvidos no caso. A harpista pisciana, por exemplo, quando telefonou para cancelar a mesma entrevista (ignorando que seu noivo já o havia feito), disse, "Pensava que tínhamos valores comuns, mas apesar de todas suas tentativas de racionalizar sua crueldade para com os animais pelo uso de um vocabulário altruísta, não funciona. Nunca poderemos viver juntos."
Assim, embora percebamos Peixes como adaptável e sem limites, como alguém que constantemente mergulha seu próprio ego no oceano das pessoas e das circunstâncias à sua volta, o pisciano pode traçar os limites e os traça, baseado em sua própria apreensão intuitiva de preto e branco, de certo e errado. Peixes compõe fortes julgamentos de valor. Peixes também aprende muito quando forçado a lutar com nuanças cinzentas da vida. Se positivos, os aspectos de Mercúrio indicam a habilidade de distinguir e discriminar, a menos que haja um forte aspecto de Mercúrio/Netuno no mapa de Peixes Solar ou de Peixes ascendente, reforçando a universalidade do pensamento, a tendência mental da fusão.
A harpista pisciana por fim casou com um companheiro músico. Com o passar dos anos, a casa deles tornou-se um refúgio para os animais abandonados, e também para pessoas abandonadas. Em astrologia, é legendária a tendência pisciana para amparar os oprimidos. Muitas crianças Peixes/Peixes ascendente começam desde cedo a levar desgarrados para casa - "pobrezinhos" pertencentes tanto ao reino humano como ao animal. A medida que cresce, Peixes continua vulnerável a pessoas que se apresentam como vítimas e de repente se revelam menos necessitadas do que parecia. Um homem de Peixes, de consciência elevada, observou, "Sei que tenho necessidade de ser necessário e isto faz com que me sinta ingênuo com relação a pessoas que têm um história triste, como meu último inquilino. Mas se elas me fazem de tolo e eu perco financeiramente, ou emocionalmente, por causa deles, ainda me sinto bem no final. É meu carma bom, e a perda é deles se passam a vida tirando vantagem dos outros."
O peixe de Peixes arquetípico, então, nada no oceano da vida, consciente de sua interconexão não meramente com os seres humanos, mas com todas as formas de vida - plantas, animais e pessoas. É esse sentido mais profundo de pertencer à grande corrente de ser que distingue Peixes, por exemplo, de Aquário, que também é um signo universal, mas orientado por uma conexão mental com a humanidade mais do que por um sentimento de ligação com a vida como um todo. Recentemente, falei com um pai pisciano, feliz por ter ganhado a petição de custódia e recuperado a guarda de sua filha de dois anos. Ele disse: "Acho que agora vou pedir a custódia das plantas de minha ex-mulher. As pessoas não deviam ter plantas se as deixam morrer. Era sempre eu que molhava as plantas. Elas também têm alma." Outro pisciano disse: "As pessoas não deveriam ter filhos se vão negligenciá-los e enfiá-los numa creche. Isso me deixa maluco. E o que dizer do modo como os cavalos são tratados no rancho vizinho ao meu! Tive de chamar a sociedade protetora dos animais e queixar-me sobre os proprietários ausentes."
Esta universalidade, nadando no oceano da vida, une Peixes a Dioniso como deidade regente. Dioniso, a divindade de formas mutáveis, não se limitava a aparecer em forma humana. Em sua peça "As Bacantes", Eurípedes o apresenta sob a pele dos animais que regem os signos Fixos - o Leão, a Serpente e o Touro. Ele era venerado como a videira, isto é, literalmente identificado com ela, e com as uvas pisoteadas, sofredoras, que haviam sido colhidas. Nenhum outro deus do Olimpo teve sua amplitude, seu alcance universal, sua disponibilidade e habilidade de aparecer espontaneamente onde quer que fosse quando chamado pelos devotos.
Astrologicamente, Peixes é o signo do ator ou do camaleão que pode representar qualquer papel em qualquer palco ou ambiente da vida. Por ser patrono da tragédia, os teatros de toda a Grécia eram dedicados a Dioniso. Embora a comédia e a tragédia fossem ambas formas agradáveis de entretenimento na Grécia antiga, e cada uma delas, a seu próprio modo, produzisse catarse, liberação emocional, a tragédia é que era considerada a forma de arte mais profunda, fato esse que chama a atenção. A tragédia colocava as pessoas em contato com emoções mais fortes. É a máscara trágica de Dioniso que o orientador descobre em seu consultório quando encontra Peixes. No culto de Dioniso, todos os anos o deus passava vários meses no inferno acompanhando a colheita da uva e nesse período deixava a máscara nos templos como sinal de sua presença. A máscara trágica era venerada como o próprio deus.
Quando o cliente vem para uma sessão, freqüentemente tenho a impressão de que embora a máscara (corpo) esteja ali e de que o ator continue representando sua história trágica, a energia interior de Peixes não está presente: encontra-se no inferno ou na órbita de Netuno, em algum lugar além do tempo e do espaço, um lugar muito mais interessante do que o plano terrestre. Pode ocorrer também que Peixes seja abstrato por utilizar energia demasiada para liberar do Hades os talentos inconscientes e imaginativos. O estado de sonho também é parte do Hades, uma espécie de antecâmara em que Peixes parece alcançar bons resultados. Amiúde, os sonhos são mais reais do que o mundo do estado desperto para Peixes/Peixes ascendente porque o ego não está neles para censurar ou criticar; Peixes mantém um contato mais direto com o Self. Utilizo uma porção de alegorias, simbolismos e mitos quando trabalho com piscianos cuja profissão envolve artes, música, arte dramática, decoração e outros campos criativos. As imagens parecem mais produtivas do que os elementos concretos, a analogia é mais eficaz do que o fato.
O que Dioniso fazia no mundo inferior durante os meses em que deixava a máscara para os devotos? Ele tentava resgatar Semeie, sua mãe, presa no Hades como punição por sua arrogância excessiva, seu orgulho e presunção. Como filho de um deus com um humano, de Zeus com Semeie (sua mãe mortal), Dioniso, como um pisciano, estava absorto no esforço de integrar o espírito e a matéria, a alma e o corpo, as naturezas divina e humana. Ele queria demais que sua mãe fosse libertada e venerada, que fosse perdoada pelo trágico erro que cometera quando estava grávida de sete meses.
Depois que Semeie se apaixonou pelo Todo-Altíssimo Zeus e concebeu Dioniso, a Criança Divina, a esposa de Zeus, Hera, sentiu ciúmes e tomou a decisão de destruir Dioniso. Não era apenas uma questão de inveja de Semeie, pois uma simples mortal não constituía ameaça real à Rainha do Céu, mas antes porque Hera tinha condições de prever o que o nascimento da Criança Divina iria significar para a ordem estabelecida no Monte Olimpo. Ela sabia que Dioniso tornaria a vinha conhecida dos homens e, como retribuição, iria receber a adoração e a gratidão da Humanidade às expensas dos outros deuses. Sua Ascendência significaria o fim da Antiga Era; ele introduziria a Era de Peixes no Olimpo e na Terra. A Era de Peixes seria uma era de graça, redenção e compaixão, quando o próprio Deus se tornaria um Pescador entre os homens. A visão de Hera mostrou-se exata. De acordo com Karolyi Kerenyi, Dioniso foi venerado durante 1.000 anos na Europa e no Oriente Médio. Seu culto foi depois substituído pelo de outra Criança Divina, Jesus Cristo, um Redentor que trazia uma mensagem mística semelhante à de Dioniso - compaixão, comunhão, graça, unidade com o Divino e redenção através do sacrifício (morte do ego e a descida ao inconsciente (inferno) para libertar as almas lá .retidas).
Hera desceu à Terra, ao palácio de Tebas, e encontrou a ama de Semeie, com quem fez intrigas e sugeriu que a Rainha não estava tendo contato com Zeus nos últimos tempos; talvez ele não mais a amasse? Também, ele nunca lhe tinha aparecido em sua forma transcendente. Certamente Semeie devia sentir-se solitária e miserável a respeito dessas coisas. Ela devia insistir que Zeus aparecesse e satisfizesse suas necessidades. A ama levou essas bisbilhotices negativas diretamente à Rainha e convenceu-a a agir. Esta parte da história é importante para o arquétipo de Peixes, que é muito impressionável e precisa se precaver para não acreditar, não se deixar levar e não agir com base em rumores negativos ou mexericos.
Zeus tentou explicar a Semeie que ela não estava preparada para vê-lo em toda sua glória, em seu brilhante corpo de luz, mas ela não se convenceu e continuou insistindo. Obviamente, a Rainha de Tebas foi arrastada por suas emoções e não compreendeu sua falta de desenvolvimento espiritual - o trabalho interior que lhe era exigido antes que Zeus pudesse aparecer-lhe sob aquela forma. Na sua autopiedade, Semeie continuava resmungando, incitada pela ama, que por sua vez era pressionada por Hera.
O estratagema de Hera acabou funcionando: Zeus apareceu no palácio em seu corpo de luz. Ao vê-lo Semeie ficou cega imediatamente e começou a queimar. Antes que seu corpo se dissolvesse em cinzas, Zeus retirou Dioniso do ventre dela e introduziu-o em sua própria coxa para que absorvesse a Sabedoria Divina, mitologicamente localizada nessa parte do corpo. (Veja Sagitário, Capítulo 9.) Alguns meses depois, Dioniso nasceu da coxa de Zeus, tendo assim seu segundo nascimento. Este tema popular do segundo nascimento apareceu como motivo em muitos vasos, porque a natureza duas vezes nascida da Criança Divina, que uniu a humanidade com a divindade em sua pessoa, tocou de forma marcante a imaginação grega. Isto tem significado expressivo também no Oriente, onde membros das classes superiores que passam pelo processo de iniciação são chamados de "os das duas vezes nascidos". O cristianismo prega que as pessoas passam por um segundo nascimento, ou nascem novamente para a natureza de Deus, após a iniciação do batismo.
O nascimento de Dioniso colocou-o na posição de intermediário entre os mortais e os imortais. Seu maior desejo era que sua mãe mortal fosse respeitada entre os deuses e entre os gregos. Isto era difícil porque tanto os deuses como os gregos o consideravam um filho ilegítimo. A bela peça de Eurípedes, "As Bacantes", tem como tema os esforços que envidou para obter em Tebas o respeito para sua mãe e para si mesmo.
A leitura que fizemos da peça nas aulas de astrologia nos revelou cada palavra-chave de Peixes. É um bom exercício para professores e alunos de astrologia. A infância de Dioniso foi vivida com medo de Hera, que procurava destruí-lo e enlouquecia suas amas-secas. Ino, sua tia materna, afogou-se com o filho quando Hera a atordoou e ela adentrou o mar. Dioniso aprendeu também a "representar papéis femininos", desenvolvendo seus sentimentos, emoções, imaginação e intuição na infância, e suas amas o vestiam com roupas de menina para confundir Hera. Teve assim uma infância confusa - órfão, escondendo-se de uma deusa vingativa, cercado por mulheres e por muita loucura. Ele brincava com cabras e sátiros (chafurdar na função da sensação) e descobriu o vinho, que no nível mundano pode ser interpretado como devassidão, e no nível esotérico como bênção divina, a ambrosia dos deuses.
Quando criança, Dioniso era tímido, medroso e hipersensível. Hipersensível, ele temia um confronto com o Rei Licurgo e por isso escondeu-se debaixo do Lago Lerna por longo tempo antes de sentir-se seguro para sair e exigir que o rei lhe prestasse o respeito devido a um Grande Deus. (Veja a história toda e também a participação que seu Pai Zeus nela teve no Capítulo 9.) Ele se assemelhava a Pã, no sentido de que se sentia bem fora dos limites da sociedade. Também se sentia à vontade no mar e sob as águas lacustres. Sua conexão com o inconsciente (Água) ou com o mundo inferior era parte fundamental do ciclo do culto; ele e Apolo dividiam entre si o ano ritual em Delfos. O fim do inverno e a primavera pertenciam ao Dioniso ressurgido que emergia do Hades com sua mensagem renovada de esperança e alegria. Seu aparecimento prenunciava o renascimento da Terra, pois o Sol surgia e dissolvia as últimas neves do inverno.
Embora devamos enfatizar o significado compassivo de sua descida anual ao mundo inferior (para visitar Semeie e libertar sua alma), devemos também reconhecer o significado interior dessa jornada. Como Jung esclareceu, visitas ao inconsciente criativo refrescam o espírito e nos põem em contato com nossos sentimentos, com o desenvolvimento psíquico e com a intuição. O espírito precisa de um período de dormência, de inatividade no mundo externo, para restaurar-se. Esta é uma questão importante para o arquétipo de Peixes, para Netuno e a Décima Segunda Casa, a Casa da solidão. O tempo passado no inconsciente - no estado de sonho, em meditação, no estado de visão pós-morte, ou apenas fechados em nosso quarto lendo, escrevendo, trabalhando sozinhos - proporciona paz de espírito e revitaliza nosso lado criativo. Quando a estação do cultivo do vinho terminava, sua descida aos infernos significava a seus fiéis que ele desaparecia para realizar algum de seus trabalhos mais importantes, a fim de ter condições de trazer-lhes bênçãos mais abundantes como resultado de seu mergulho nas águas da vida (o "outro lado") quando retornasse no mês lunar de fevereiro/março. A própria Terra descansava no inverno; assim também o fazia Dioniso. Então, quando as primeiras flores surgiam milagrosamente por entre a neve que derretia e as mulheres que lhe prestavam culto o invocavam, ele repentinamente aparecia nas regiões de cultura do vinho em Creta, na Grécia ou no Oriente Médio.
Walter Otto, em Dionysius, Myth and Cult, menciona várias vezes a imanência, a presença do Dioniso Ressuscitado, manifestada pelos cantos alegres dos seus seguidores e pelos hinos órficos. De modo particular, como descreveu Karolyi Kerenyi a partir dos vasos gregos, os rostos das mulheres arrebatadas em êxtase por sua aparição não refletem estupor alcoólico, mas plenitude de alegria interior. Diferentes regiões do país do vinho celebravam os rituais de Dioniso de acordo com seus calendários locais, mas as celebrações Antestérias, ao despertar de Dioniso pelas amas secas do infante divino, em geral ocorriam no final de fevereiro e, de acordo com Kerenyi, não depois de março. Isto corresponderia ao nosso signo astrológico de Peixes.
Em várias regiões, ele fazia seu aparecimento anual por mar, como no hino de Homero; chegava no navio pirata, depois de ter transformado os pilotos em golfinhos. As mulheres atenienses dirigiam-se a um porto próximo para receber o navio, posto sobre rodas, e numa longa procissão o levavam por muitos quilômetros até a cidade. Todos os símbolos de Dioniso eram levados no cortejo - a hera, a planta que florescia no inverno, crescendo primeiro em direção à sombra e depois, invertendo de posição por si mesma, desenvolvendo-se em direção à luz do Sol para produzir suas infrutescências; o falo esculpido em madeira de sua figueira sagrada, para indicar a vida renovada, a fertilidade e a produtividade da nova estação; a máscara do mundo inferior, o oposto do falo, que representava a morte e o outro lado, e muitos instrumentos musicais. As mulheres então preparavam seus rituais secretos, os quais compreendiam um serviço de comunhão e a mistura da água e do vinho.
No interior, os homens celebravam a festa de Dioniso de modo diferente. A versão deles era mundana. Eles brindavam uns aos outros até Mearem bêbados, cantavam canções e tinham um divertimento rústico. Alguns se vestiam como mulheres e esgueiravam-se furtivamente até Atenas tentando juntar-se às mulheres e descobrir o que faziam nos Ministérios Sagrados. O costume de vestir-se como mulheres pode também ter sido uma representação do mito de Dioniso, em que as amas o vestiam como menininha para protegê-lo da vingança de Hera. Este tema aparece também em "As Bacantes". Dioniso, irritado com o Rei Penteu (cujo nome significa cheio de sofrimento), de Tebas, que se recusou a honrar a memória de Semeie, ou a reconhecer a divindade de Dioniso, veste o rei com uma roupa de mulher e o conduz aos ritos sagrados, coloca-o na copa de uma árvore, faz mira com o galho e o lança no meio do grupo de mulheres. Penteu é então despedaçado pelas próprias parentas, incluindo sua mãe. Num sentido, as roupas femininas parecem significar receptividade ao divino e submissão de nossa vontade à do Deus ou da Deusa. Este é o tema da história do Jardim do Getsêmani: rendição da vontade humana à divina. Na maioria das religiões, a alma é feminina e receptiva ao espírito de Deus. Penteu recusou-se a se submeter ao deus (Dioniso) e como conseqüência foi esquartejado por seu próprio lado feminino: sua mãe.
O culto a Dioniso também envolvia, pelo menos em Atenas, um Casamento Divino entre a rainha da cidade e o deus ressurgido. Na véspera desse casamento, meninas eram empurradas no ar, em balanços, para tão perto do céu quanto fosse possível. Às vezes, seus irmãozinhos invejosos as imitavam e eram também empurrados. Kerenyi descreve as preparações para o Casamento Divino a partir de uma pintura de parede, mas os artistas estavam proibidos de retratar o casamento real; este fazia parte do culto secreto. Simbolicamente, a rainha da cidade era Ariadne, ou a alma humana receptiva, e a divindade era Dioniso, o Deus Salvador. O sentido da presença ou imanência de Dioniso devia ser fortemente sentida em toda a cidade na véspera do Casamento Sagrado. No nível mundano, para aqueles que não eram religiosos, era também uma celebração de esperança num ano novo próspero para a viticultura.
Como Walter Otto o demonstrou muito bem, o simbolismo ao longo de todo o mito e culto a Dioniso é sempre dual. Esta é a era da dualidade de Peixes. Dioniso é uma Criança Divina com amas-secas, ou um jovem adulto num navio pirata. Mas nos vasos do mundo inferior ele é um velho barbudo, um guia para os mortos. Seu falo representa a vida, e entretanto, na mesma procissão, sua máscara significa a morte. Como as uvas colhidas, ele morre no lagar do vinho, e todavia ressurge a cada ano com vigor renovado. Devido à sua resistência obstinada, Penteu foi mutilado. Porém, para os que se aproximam dele com fé, para os que se entregam à sua graça, como Ariadne de Creta (veja Touro, Capítulo 2), Dioniso oferece conforto e felicidade extasiada. Dioniso é realmente o deus dos extremos emocionais - agonia e êxtase, sofrimento (Penteu) e bem-aventurança. Ele oferece prosperidade e sucesso neste mundo e também felicidade depois da morte (o mundo inferior). Ele se veste como menino e como menina, reunindo o Masculino e o Feminino. Por ser duas vezes nascido, ele concentra em si a natureza do homem e a natureza de Deus. Mesmo seu símbolo do vinho pode ser tomado em dois níveis - como dom de sabedoria, o cálice bem-aventurado de Ornar Khayyam (veja Capítulo 11), ou como a energia letárgica, ébria, da consciência inferior. Plutarco explicou que os gregos brindavam um juramento com vinho porque "no vinho está a verdade" (in vino ventas), embora conhecessem muito bem seus efeitos negativos, como soltar a língua para revelar segredos.
A Era de Peixes começa com o culto de Dioniso e no mesmo solo em que Dioniso era venerado (Tiro e regiões circunvizinhas), Cristo pregou muitas lições semelhantes - humildade, resignação, submissão à graça e à vontade de Deus, receptividade, amor ao divino. Ele até mesmo se serviu de símbolos vitícolas dionisianos em Suas parábolas. "Eu sou a vinha, vós, os galhos." O tema do dualismo desenvolvido durante a Era de Peixes com o culto de Dioniso aparece ainda mais nitidamente no cristianismo. Em Aion, C. G. Jung dedica muitas páginas à temática do bem e do mal na história do cristianismo. Ele menciona que vários zodíacos usavam somente um peixe para representar Peixes antes do advento do cristianismo, quando os dois peixes nadando em direções opostas se tornaram populares na arte cristã. Diz Jung que os teólogos viam o mal apenas como a ausência do bem (privatio bono), no sentido de que a cor preta não tem nenhuma cor por merecimento próprio, mas é simplesmente a ausência de cor. O trabalho de reconciliação, ou pelo menos de compreensão da dualidade de bem e mal, é um ponto essencial para nós que neste momento nos encontramos no final da Era de Peixes.
Tenho freqüentemente pensado na dualidade do preto e do branco observando clientes piscianos balançando de um lado para outro, como um pêndulo, entre extremos de comportamento em diferentes períodos da vida - do alcoolismo à religiosidade ascética, da promiscuidade ao ashram que exige o celibato absoluto, do uso abusivo de drogas ao exagero de substâncias alopáticas e, às vezes, de recaída. Netuno/Baco/Dioniso não é uma regência de moderação, mas sim de grandes alterações de ânimo. O mar da vida é também o mar da emocionalidade. Muitos piscianos são levados pela corrente. Muito poucos, porém, sabem intuitivamente quando reverter a corrente, quando buscar um ambiente purificador, cercar-se de pessoas de pensamento positivo e sintonizar com o significado mais elevado de Netuno. Para os signos duais e mutáveis, o ambiente é sempre muito importante, porque são tipos impressionáveis.
A dualidade pode ser observada na vida de pessoas de Peixes ao longo de vários anos, tempo em que oscilam, como as donzelas atenienses, da terra ao céu e do céu à terra. Mas, num período de tempo curto, num determinado mês qualquer, penso que os piscianos podem beneficiar-se com a consulta a seu biorritmo, observando as oscilações de seu estado de espírito. A vida para eles se assemelha a um rito dionisíaco de agonia e êxtase, de alegria e sofrimento. Por exemplo, tenho uma amiga Peixes que me telefona para suspender nosso almoço cada vez que ocorre uma calamidade em algum lugar do mundo e que ela fica sabendo pelo noticiário de televisão:
"Eu não conseguiria ir a um restaurante e lá ter do bom e do melhor quando pessoas são soterradas num terremoto na Cidade do México. (Ou morrendo de fome na Etiópia, ou afogando-se em Bangladesh.) Eu simplesmente não poderia aproveitar. Ver toda essa tristeza me deixa incapaz de engolir a comida."
"Bem, por que você não liga para a estação de televisão que apresentou o documentário e não pergunta pelo número do telefone de alguma organização de defesa civil? Talvez eles possam informar-lhe para onde enviar uma contribuição que possa aliviar um pouco dessa tristeza."
"Não sei. Talvez eu faça isso. De qualquer modo, não posso ir hoje."
Três semanas depois, a mesma pisciana me liga novamente convidando-me para almoçar com ela e contar-me sobre sua última investida em compras. "Estou tão excitada! Quero que você veja minha jaqueta de camurça nova. Eu literalmente limpei minha poupança e a comprei sem sequer pensar. Acho que é porque hoje estou de bem com a vida. Quatrocentos e cinqüenta dólares é bastante dinheiro para gastar em algo que nem mesmo é camurça verdadeira, mas ela é leve e confortável. Sinto-me bem nela e a adoro."
Sempre preciso de alguns instantes para absorver o fato de que esta é a mesma mulher que três semanas antes não podia gastar cinco dólares numa salada para si mesma. Hoje ela está feliz gastando US$ 450 consigo! (Os homens Peixes têm essa mesma alteração em sua disposição de ânimo, mas compram para si brinquedos diferentes sob influência do impulso - equipamento de surfe ou de navegação, aparelho de som, etc.)
Um homem frugal casado com uma pisciana com um Netuno forte (Angular) disse-me que ela era extravagante. "Aos sábados, quando a apanho com todos aqueles pacotes, observo uma porção de pessoas extravagantes movendo-se entre a multidão ou relaxando na praça. Os livros de astrologia de minha mulher geralmente descrevem Peixes como místico, psíquico ou religioso. O que aconteceu com minha mulher?"
Se esse homem conferisse os pacotes, veria que muitas das coisas compradas são para os outros. Na orgia de compras típica, o fanático pelo cartão de crédito dionisíaco compra alguns artigos dispendiosos para si mesmo(a) e daí se lembra das necessidades dos outros. Peixes é o mais propenso dos signos a comprar primeiro para os outros e depois para si mesmo(a). Porque Vênus está exaltado em seu signo, os piscianos podem ter predileções dispendiosas, mas Vênus também busca valor ou qualidade para seu dinheiro. (Veja Capítulo 2, Touro, sobre Vênus.) Peixes, como um signo dual paradoxal, é também capaz de economizar para grandes projetos, como decorar a casa ou colecionar arte quando está interessado. Ciclos de poupança ascética são em geral seguidos por orgias de gastos ou às vezes temporariamente interrompidos por um festival de compras quando a loja favorita promove uma liquidação geral.
Existe algo assim como um Peixe totalmente egoísta, um consumidor completamente materialista que se coloca sempre em primeiro lugar? Sim, há pessoas egoístas em todos os signos. Mas Peixes sente-se culpado quando gasta exclusivamente em Peixes, quando há tantas pessoas passando necessidade, e cedo ou tarde cansará do vazio resultante da acumulação de bens para uso e conforto pessoal. Na seção esotérica deste capítulo, será estabelecido um contraste entre a busca do paraíso terrestre e a busca do castelo da paz. O paraíso terrestre é, com freqüência, uma fase importante do processo de crescimento de Peixes, mas tende a dissolver-se na faixa dos 50 e 60 anos, décadas em que os relacionamentos, de modo especial, se desenvolvem através de mudanças.
Um sonho importante para a maioria de minha clientela Peixes/Netuno é instalar o Paraíso Terrestre. Esses clientes parecem tender a construir paredes em volta do jardim do paraíso e trincheiras seguras dentro dele para proteger a si mesmos e a seus entes queridos da pressão das emoções, das vibrações e das energias depressivas que flutuam no mar da vida além dos portões. O topo da montanha é muitas vezes um local ideal para o lar do paraíso terrestre, ou (aqui na Califórnia) um penhasco contemplando o mar da infinitude. Mas terra seca é também um conceito importante. Terra elevada e seca é preferida em mitos e contos de fada. (Em astrologia, no lado oposto a cada signo Água temos um signo Terra que representa a realidade ou o "estar com os pés no chão" como a polaridade a ser integrada.) Para Peixes, é particularmente difícil encontrar a identidade pessoal se está sempre mergulhando nas vibrações dos outros. O lar paraíso terrestre é assim um refúgio bonito e confortável para si mesmo, para a família e para os convidados a quem Peixes dedica uma hospitalidade pródiga. Os lares de muitos piscianos, delicadamente ajardinados e mobiliados, são como os jardins do paraíso no mito. Muitas vezes penso no poema de Coleridge sobre Xanadu quando visito meus amigos Peixes:
"Em Xanadu ordenou Kubla Khan
Um majestoso domo de prazer erigir:
Onde Alph, o rio sagrado,
Por entre grutas impossíveis de medir
Para um mar sombreado porfiava em fluir.
Dez milhas de terra fértil
Com muros e torres circundou:
No interior, jardins reluzentes com riachos sinuosos
Onde florescem árvores de incenso perfumadas
E florestas antigas como as colinas elevadas
Pela verdura das folhagens enlaçadas.
Uma donzela com saltério
Certa vez em visão eu vi:
Era uma virgem abissínia,
Que tocava em seu saltério,
Uma canção do Monte Abora.
Pudesse eu reviver em mim.
Sua sinfonia e canção
Por deleite tão profundo seria enlevado,
Que com música alta e alongada
Poderia edificar aquele domo no ar,
Aquele domo fulgurante! Aquelas grutas de gelo!
E todos que a ouvissem poderiam ver
e todos gritariam, Cuidado, Cuidado!
Seus olhos flamejantes, seus cabelos esvoaçantes!
Tecem um círculo à sua volta três vezes,
E fecham os teus olhos com temor santo,
Pois ele com orvalho de mel se alimentou
E do leite do Paraíso tomou."
Este poema, supostamente escrito sob a influência de dois grãos de cocaína (quão dionisíaco!), descreve o tipo de jardim encantado do paraíso que muitos piscianos construíram. A atmosfera é netuniana, de outro mundo, dualista. Por um lado, há grande beleza; por outro, um senso de perigo implícito, porque um círculo mágico está desenhado em volta dele, à semelhança das mandalas orientais, desenhadas em forma de círculo para proteger o centro, para excluir os maus espíritos. A donzela com o saltério é uma figura mágica, do mundo inferior, que evoca um estado de espírito. As cavernas também são dionisíacas. Ele freqüentemente se escondia nelas quando jovem, ao fugir de Hera. O lugar recende magia. É seguro para os que o compreendem e para os que são convidados a entrar. É um lugar de refúgio, fora do oceano (o inconsciente), mas, ainda assim, apesar de ser uma abóbada aérea (consciente), é cheio de mistério. Pode-se quase ver Afrodite elevando-se do mar ao ar, e entrando nessa adorável abóbada de prazeres.
A astrologia simboliza o trazer à tona os conteúdos do inconsciente, o criar a partir de nosso mar interior, pela emergência de signos Água à terra seca, a um lugar agradável cheio de ar e de Sol, como o Jardim de Xanadu. (Na jornada de vida de Escorpião, a Águia eleva a Serpente das águas lodosas do Ar, ou faz sua sabedoria manifestar-se no mundo consciente, racional.) Peixes tenta fazer isso construindo seus aéreos e amplos, mas ao mesmo tempo misteriosos, jardins plenos de deleite ou paraísos terrestres, consciente de que a donzela com o saltério (o ominoso) pode insinuar-se a qualquer momento e de que os círculos encantados, as orações e as invocações são necessários contra seu canto de sereia, o qual pode induzir um membro da família ao perigo. É preciso que tenhamos raízes firmes, que tenhamos nosso jardim doméstico para podermos criar a partir dele.
Tenho visto que quanto mais carente o pisciano se sentiu na infância, mais exuberante e maravilhoso é o paraíso que tenta construir como adulto. Peixes agarra-se a seus sonhos e fantasias e usa sua imaginação para enfeitá-los. Finalmente esboça os recursos de que necessita para manifestá-los na Terra. (Para piscianas, isto à vezes se traduz em visualização de um marido rico - um Príncipe Encantado em seu cavalo branco.) As crianças que tiveram uma infância semelhante à de Dioniso - crianças que se sentiram abandonadas, solitárias, a quem os adultos não deram a atenção que deveriam ter dado, tendem a construir castelos materiais portentosos. Tendem a encher o cofre com ações, bonificações, apólices de seguro, cadernetas de poupança para os dias de privação, e cercam-se de objetos belos e valiosos. Eles merecem. Qualquer pessoa que entre em seu castelo pode ver isso.
Uma cliente, uma septuagenária que faleceu recentemente depois de uma carreira de sucesso na indústria de diversões, falou-me de sua infância pobre em Hollywood durante a Grande Depressão. "Algumas pessoas da indústria cinematográfica continuavam fortes mesmo no início dos anos 30. Meu pai tinha conseguido proporcionar a minhas irmãs mais velhas e a meu irmão várias aulas particulares. Ele tinha mais dinheiro quando eram pequenos. Quando nasci, porém, ele estava desempregado. Eu invejava as crianças à minha volta e também meus irmãos e irmãs. Eles não eram nem de perto tão atraentes e hábeis quanto eu, e, todavia, a vida parecia oferecer-lhes todas as vantagens que faltavam a mim. Eu me sentia realmente carente. Quando freqüentava o Colégio de Hollywood, uma determinada garota que parecia muito simples chegava todos os dias na limusine de seu pai, tinha todas as roupas elegantes que queria e também recebia a admiração dos professores. Seu pai era importante, famoso, e ainda ganhava muito dinheiro, mesmo naqueles dias, enquanto nós outros mal sobrevivíamos. A garota tinha toda espécie de aula particular que desejasse - dança, representação dramática, maquilagem, consultoria de modas. Eu simplesmente a odiava. Acho que o que eu realmente queria era o pai dela, alguém como ele, que me desse segurança e cuidasse de mim. Assim, casei-me cedo e com freqüência. Homens influentes, homens bem relacionados cuidaram de mim. E eu aproveitei. Sabia que era atraente e talentosa. Ainda assim, havia em mim um vazio. Nunca se sabe se é o próprio talento ou a ajuda de seu patrono que está por trás do sucesso. Ainda não se tem fé suficiente em si mesma. Precisei de bastante tempo para me sentir segura.
Então dei início a uma obra de caridade. Sentia-se culpada pelos outros terem tão pouco enquanto eu tinha tanto - outras crianças com talentos que não tinham meios para desenvolvê-los. Senti-me melhor. Mas ainda me sentia muito como a personagem de Flashdance, a bailarina que trabalhava em discotecas e dizia que não podia esperar para subir ao palco, formar uma unidade com a música e com o movimento, e desaparecer. Agir é assim - um modo de desaparecer tornando-se outro. Daí, mais tarde, sem maquilagem, você se olha no espelho e se pergunta quem é. A vida é tão estranha que dei um giro completo e tive oportunidade de ajudar aquela outra menina (aquela da limusine do Colégio) quando a sorte lhe foi adversa depois da longa enfermidade de seu marido. Senti-me bem melhor depois disso. A vida em si mesma é uma espécie de cinema."
Esta mulher tinha uma magnífica abóbada de prazer, mas nos últimos anos de sua vida ela a usava para meditação e consultas para obras de caridade. Ela tinha se afastado, desapegado da garotinha carente que costumava ser e das posses de que necessitara para sentir-se segura. Por muitas décadas ela balançou como um pêndulo da insegurança à segurança e da falta de confiança à fé.
A progressão em Áries, com suas energias positivas, sua autoconfiança e vitalidade, é um forte apoio. O próprio corpo parece mais forte nesses anos. A pessoa pode competir, enfrentar, ter sucesso no mundo externo. Desses trinta anos de progressão nasce a fé em si mesmo. Esta é a dádiva suprema de Áries. Áries também fortalece a coragem de Peixes de dizer não sem sentir-se culpado - a coragem de não cultivar a dependência. Os outros não crescerão se fizermos toda a tarefa interior que lhes compete. Este ciclo traz a coragem para resignar-se somente àquilo que, como um Áries em progressão, você não pode enfrentar para mudar na vida e em você mesmo. Peixes aprende a render-se à vontade de Deus, como Cristo no Jardim Getsêmani, mas não necessariamente à vontade das outras pessoas, a todas as loucuras do meio que o cerca. Muitas vezes Peixes pode seguir o caminho do mínimo esforço, passivamente, mas a ativa progressão em Áries deve trazer uma mudança de hábitos, de modo que Peixes não mais suporta o absurdo do mundo exterior e se recusa a continuar sendo um capacho.
Em Touro, a tendência é que o paraíso material esteja seguro, uma vez que em Áries a pessoa está muito ocupada trabalhando ou competindo (pelo menos na década de 80), não tendo condições de colher os frutos do sucesso. Vênus rege a progressão em Touro, realçando o encanto e o magnetismo de Peixes. As pessoas são atraídas para Peixes, desejando ajudá-lo a ser bem-sucedido, expressando sua gratidão e admiração. Touro, como um signo de Vênus, fortalece os laços de relacionamento.
Assim, nos trinta anos da progressão em Touro, Peixes instala-se no jardim do paraíso terrestre e o define como um lugar seguro para as pessoas que ama. Ligações cármicas de outras encarnações são trabalhadas nessa fase com mais alegria, porque a vida não é tão febril. Freqüentemente Peixes tem uma sensação de familiaridade 'déjà vu' com o cônjuge, com os filhos, com os parentes por afinidade, sobrinhos, sobrinhas e netos. Muitas dessas almas têm estado à sua volta durante várias encarnações. Peixes espontaneamente cuida ou se sacrifica pelos filhos e pelos netos, muitas vezes à custa de grandes aborrecimentos pessoais na fase taurina, porque Vênus é um regente ardente. Tenho observado muitas pessoas de Peixes acolhendo seus netos, mesmo sendo obrigadas a deixar de lado seus próprios interesses criativos ou a reorganizar sua agenda. Tenho-os visto cruzar o país para ajudar filhos ou sobrinhos em dificuldade. É muito diferente do ciclo de Áries ou de Gêmeos (últimos anos)!
Amiúde, nas leituras, Peixes pergunta: "Por que atraí essa pessoa em particular - nora, sogra, ou este filho 'ovelha negra'? Simbolicamente, como o último signo do zodíaco e a última casa (número 12), consciente ou inconscientemente Peixes trabalha para consumir seu carma restante; em geral, as pessoas de Peixes têm resíduos de vidas passadas para limpar. Convém lembrar que também Dioniso nasceu da coxa de seu pai - a coxa do Onisciente e Onipresente Zeus. Acreditamos que os piscianos acumularam sabedoria em vidas passadas, de modo que, como Dioniso, sabem como adaptar-se à situação, como aproximar-se da pessoa difícil. Tenho seguidamente visto essa sabedoria em ação no caso de clientes com uma quadratura em T culminante na Décima Segunda Casa. Trânsitos através da quadratura em T abrem para eles a Caixa de Pandora de situações passadas não resolvidas, mas eles, de algum modo, reúnem a fé, a fortaleza e a sabedoria necessárias para lidar com isso tudo. É como se Deus soubesse exatamente quanto podemos gerir em cada período de vida. A graça de Deus e a força da alma humana são admiráveis de se ver.
Assim, embora às vezes possamos ser tentados a pensar, "As pessoas de Peixes são consumidores materialistas", ou "Piscianos são poetas aéreos, delicados; almas excessivamente sensíveis para competir no mundo real", ou "Piscianos são verdadeiros Dionisos, dados ao vinho, às mulheres e ao canto, fracos e vacilantes em suas tomadas de decisão", ou "Piscianos são volúveis; nunca se sabe em que estado de espírito se vai encontrá-los..." ou "Piscianos são tipos exagerados, explosivos...", também precisamos compreender que eles agem movidos pelo coração e não pela cabeça. Muitos estão realizando um trabalho de muito valor nesta encarnação, especialmente na área do relacionamento humano. Seu trabalho interior nem sempre é visível para nós, mas é bastante visível ao Divino e àqueles que se beneficiam de seu amor altruísta.
Quando o templo do corpo terreno se dissolver ao final do período de tempo que nos foi estipulado aqui, não terá nenhuma importância se concretizamos ou não nossas metas mundanas da Décima Casa, se obtivemos ou não nome e fama, sucesso material ou status social. Os outros esquecerão tudo isso em pouquíssimo tempo. O que é de valor serão nossos esforços em nos relacionarmos com as outras pessoas. (A exaltação de Vênus refere-se ao valor do relacionamento.) Fomos bons, compreensivos e perdoamos os que nos trataram maldosamente? Fomos bons para com aqueles que, nas palavras de um cliente pisciano, "desde o primeiro dia em que nos encontramos pareciam agir como se eu lhes devesse algo"? (Talvez, num caso como esse, algo era devido de uma vida passada.)
Guias da Era de Peixes, de Dioniso a Buda e a Cristo, pregaram todos um evangelho de sacrifício e amor altruísta. Dioniso salvou sua mãe e Ariadne; Cristo redimiu os pecadores. Os budistas Mahayana têm o ideal do Bodhisattva, que jura voltar à Terra até que cada folha de grama seja libertada. Ambos, Cristo e Buda, contaram a parábola do filho pródigo, sobre a necessidade de misericórdia e de perdão mesmo no caso de pessoas indignas e não merecedoras desses sentimentos. Ambos ensinaram a compaixão através de versões similares do Sermão da Montanha - que devemos procurar ajudar os outros sem nos tornarmos inflados e sem desenvolver complexos de Messias. "Porque os primeiros serão os últimos e os últimos, primeiros" no castelo real que está além do paraíso terrestre. Edward Edinger expressou isto muito bem quando disse, em Ego and Archetype, que a mensagem das Bem-Aventuranças é de que "as bênçãos descem sobre a personalidade não inflada" (pp. 144-45). A humildade é essencial ao ensinamento da Era de Peixes - obediência aos mandamentos, ao Mestre, fé, graça e redenção, submissão e resignação à Vontade divina. Todas estas verdades são encontradas nas revelações dos mestres da Era de Peixes.
A compaixão e o perdão piscianos fazem parte do Pai-Nosso e todo o Novo Testamento está permeado por recomendações para "voltar a outra face", "perdoar nosso próximo 70 vezes 7" (isto é, ao Infinito), e "Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua mente, com toda a tua força, com toda a tua vontade, e ao teu próximo como a ti mesmo pelo amor de Deus." Isto precisa ser enfatizado porque Peixes, como signo absolutista, tem tendência a ver o mundo em termos de preto e branco e, ao fazer juízos morais, a eliminar o filho pródigo ou a ovelha negra do rebanho familiar. A afronta moral poderia parecer a abordagem adequada no calor do momento, mas depois de 10 anos de mudez com o parente ou com o ex-cônjuge, Peixes pode fazer uma reavaliação. A ovelha negra muito provavelmente ainda é um pecador; eliminá-la não curaria sua ilusão. Talvez isso até lhe demonstrasse que falta caridade às pessoas religiosas. Com certeza, não era intenção de Cristo nem de Buda que déssemos esta impressão. (O Bom Pastor, por exemplo, deixaria as 99 e iria em busca da única ovelha perdida.)
Peixes assemelha-se a Câncer, outro signo aquoso, quando se trata de curar antigas feridas e de esquecer velhas lembranças. "Suspiro. Ele magoou meus sentimentos em 1928. Como posso perdoá-lo em 1987? Ele me feriu até a alma. Pobre de mim, tão insegura que era naquela época..." Mas, não mais. Se Peixes cresceu, talvez a outra pessoa tenha crescido também, e, se não, uma invocação, "Deus abençoe essa alma; eu o perdôo", não custará nada a Peixes. Não há necessidade de trazê-lo de volta para sua vida diária, mas será útil a Peixes renunciar a antigos ressentimentos.
Muitos ex-cônjuges de Peixes, e também parentes distantes, comentam ao longo dos anos, "Lamento ter sido cortado das relações com meus primos (ou com meus filhos). Eu teria mantido contato, mas porque Peixes ficaria insistindo para que eu voltasse à igreja dela, ou para que me afastasse de meus amigos da banda só porque de vez em quando bebem um pouco, e eu considero isso chantagem emocional, desliguei-me das pessoas a quem amo, em vez de entrar no jogo." Em muitos casos, essa atitude razoável de Peixes priva os filhos das visitas do pai e, à medida que crescem, ficam ressentidos com a mãe por manter o pai afastado, ou por coisas negativas que fala dele. Para pessoas sensíveis, estes são tópicos melindrosos. Mas manter relacionamentos tão harmoniosos quanto possível parece ser parte do carma do arquétipo de Peixes. Planetas Peixes e Netuno Angular têm um papel harmonizador, mediador, na família. É importante desempenhá-lo positivamente.
Outro tópico é o que se refere a abandonar as lembranças negativas, ou pelo menos tomar o máximo de cuidado de não lançá-las sobre as crianças. Uma estudante de astrologia Áries, ela mesma uma avó, contou a seguinte história:
"Estava sentada na sala de estar, folheando uma revista. Mamãe bebericava seu chá, numa poltrona próxima.
De repente ela disse: 'Estava justamente pensando naquela vez que você me desapontou tão profundamente.'
'Oh, estava?', perguntei, marcando o lugar da revista com o dedo, 'e qual das tanta. Quantas vezes que eu a decepcionei foi essa?'
Dando um suspiro, mamãe respondeu: 'A vez em que você ganhou aquele 'B' em álgebra no ginásio, lembra? A filha da vizinha ganhou 'A', e eu fiquei muito embaraçada!'
'Oh, sim, mamãe', eu disse, reabrindo a revista, 'mas não é interessante estarmos falando sobre isso agora, quando eu já sou avó, e você é bisavó?' "
Enquanto os alunos pensavam sobre essa história, os arianos riam e concluíam: "Que bom que sou um signo Fogo. Essas viagens de culpa que mamãe lança sobre nós passam por mim ao longe. Minha irmã canceriana, porém, muito sensível, as internaliza. Lamento por cia. É difícil para sua auto-estima pensar que é um desapontamento para alguém que ela tanto ama."
Antes de deixar o ciclo da progressão de Touro e o estudo da exaltação de Peixes em Vênus, temos dois assuntos sobre os quais devemos ponderar no final da Era de Peixes. C. G. Jung levantou um deles em Aion, quando diz que Afrodite em exaltação pode ser um peixe "sensual, lascivo e fútil" (p. 112). Muitos astrólogos que observaram clientes com esta posição no mapa também perceberam que através dessa sensualidade o cliente se torna progressivamente preguiçoso e volúvel, ao mesmo tempo que se ilude que é muito espiritualizado. É tão perigoso usar o magnetismo dessa exaltação, o feitiço do fascínio e da sedução sobre o sexo oposto que o cliente fica preso ao nível mundano, o nível da personalidade, e não progride no desenvolvimento da alma. O cliente ilude a si mesmo, enquanto os outros vão dizendo: "Como ele(a) é instável! Tenho dó da família desse(a) aí! Como ele(a) pode ser tão superficial?"
Como exemplo, eu gostaria de citar três comentários que tenho ouvido seguidamente de clientes com Vênus em Peixes:
"Sei que meu namorado é casado, mas sua mulher é tão insolente! É claro como a luz do dia que ela o está estraçalhando emocional e financeiramente, e eu vou ter de salvá-lo." (Complexo de Messias? Este é o arquétipo do Avatar.)
Ou, "Não pedi à minha garota para abandonar seu marido. Acredito no amor livre universal. Não compreendo por que seu marido é tão antiquado e tacanho sobre este assunto. Por que precisamos ser tão sorrateiros nessa questão? Por que não podemos ambos partilhar o amor dela?"
Ou, "Acabei de ler este livro Nova Era. Ele explica que eu e minha alma gêmea recém-descoberta fomos casados no antigo Egito e por isso eu o conheci antes de sua esposa atual; por isso, não há nenhuma objeção a que novamente fiquemos juntos nesta vida. Tenho certeza de que posso convencê-lo disso. Sou muito mais atraente do que ela."
Não estou falando apenas de pessoas com Vênus exaltado do mundo do entretenimento, ou de políticos rodeados de fãs (embora Vênus em Peixes seja uma posição comum para eles visto que o magnetismo de Vênus os torna universalmente populares), mas sobre o homem ou mulher comuns com um Vênus inflado agindo no nível mundano.
O segundo tópico é este - em Flight of The World Gander, Joseph Campbell diz que a mandala de valores está se dissolvendo à nossa volta. As autoridades da Antiga Era não são mais respeitadas; os Dez Mandamentos podem ser lisonjeados aos domingos, mas o comportamento real das pessoas indica que a Lei Mosaica não é mais levada a sério. Nós, que somos orientadores por profissão, há muito percebemos isso. As velhas inibições piscianas, medo e culpa, não mais mantêm a maioria das pessoas obediente. De acordo com Campbell, uma coisa é certa: são poucos os que ainda acreditam realmente na doutrina do inferno eterno. Isto não é ruim, absolutamente; agora as pessoas podem aproximar-se de Deus movidas por razões mais positivas, como amor e desejo de servir.
A liberdade, valor supremo de Urano/Aquário, está aqui para ficar. No mundo ocidental, pelo menos, as pessoas estão mais corajosas e têm menos medo de seguir seu próprio caminho, sua própria consciência, e assumem a responsabilidade por seus próprios erros. Mas há um perigo - a despersonalização uraniana do amor pode tornar-se indiferença aos sentimentos dos outros; a liberdade pode ser erroneamente interpretada como permissão para ferir os outros - por exemplo, os antiquados, tacanhos, possessivos, insignificantes monógamos. Quando um cliente com Vênus em Peixes que usa um vocabulário espiritualizado mas vive uma vida mundana diz "Ooooh. Ontem encontrei minha alma gêmea. Ele é casado, mas..." eu examino minuciosamente o mapa e encontro Netuno, esse grande enganador, o regente mundano de Peixes. Às vezes ele está posicionado no Eixo da Hereditariedade (próximo ao Nadir ou ao Zênite) e a pessoa é muito carente emocionalmente, e talvez esteja fora de contato com sua natureza do sentimento, vivendo na imaginação romântica. Às vezes, na infância, um dos pais (em geral o pai) foi perdido por morte, divórcio, alcoolismo, idealismo religioso (Netuno na Décima - ele nunca estava em casa, estava fora salvando o mundo) ou recolhido, numa espécie de escapismo (ele se sentia um fracassado - um homem com grandes habilidades que não era reconhecido pelo populacho). Porque o pai de algum modo não estava presente em corpo, mente, ou em espírito, Vênus em Peixes vive na imaginação, buscando desesperadamente seus ideais e atraindo companheiros irreais, companheiros que, como os pais ausentes, em certo sentido não estão aí para eles. Vênus em Peixes quer viver no domo prazeroso de Xanadu, onde a vida é fácil e não há responsabilidades.
Meu acesso à pessoa se dá através da Terra ou do Ar: retirar a pessoa da Água (fantasia) e conduzi-la à terra seca da realidade ou ao ar frio da verdade objetiva. Tudo depende do elemento mais forte no mapa da pessoa que esteja em maior disponibilidade. Com freqüência, com Netuno na Quarta pode-se dizer, "Você protege muito seu ambiente familiar, não?"
"Absolutamente", é a resposta mais comum. (Esta pessoa é sensível às vibrações que a cercam e deseja um lar pacífico, amoroso.)
"Hum! Como você se sentiria se alguém tentasse destruir seu belo castelo, ou se o magoasse em seu lar, onde você é mais sensível e mais vulnerável? Pense em sua infância, em como você se sentia em casa. Esta sua nova alma gêmea... ele tem filhos pequenos?" Este amor universal seguramente vai além do casal, para os demais envolvidos na situação. Xanadu, no poema de Coleridge, tem seus perigos ocultos, inconscientes - suas cavernas escuras e também suas áreas banhadas pelo Sol. É sempre bom indicar alguns desses aspectos.
Felizmente, quando Vênus exaltado ou o Sol em Peixes entra em progressão em Touro, algumas dessas inquietações dualistas se aquietam e o inconsciente fica mais à vontade com uma vida menos complicada. A aspiração pelo mistério e pelo romance que em muitos casos levou à duplicidade tende a dissipar-se. A pessoa está mais velha agora. A sensualidade está arrefecendo e há uma crescente competição sendo deflagrada por pessoas mais jovens, atraentes e sedutoras. As virtudes taurinas - lealdade, constância, devoção - atraem mais. Muitas vezes a pessoa cujo planeta em progressão em Touro forma sextil com sua posição natal em Peixes fará comentários como, "Agora entendo realmente esses tipos possessivos e ciumentos que queriam agarrar-se a um amor somente. Cresci ligado ao meu companheiro e não sei o que farei se ele(a) morrer primeiro. Este é o tipo de ligação de que sempre fugi e que agora me pegou."
Em Esoteric Astrology, Alice Bailey diz que Vênus é exaltado num signo dual (Peixes) e é o regente esotérico de outro (Gêmeos). Seu trabalho é harmonizar, equilibrar, reconciliar a dualidade através de relacionamentos. Às vezes o Peixes mundano procura alcançar esse equilíbrio tendo dois relacionamentos românticos ao mesmo tempo, dois amores a uma só vez. Mas o Peixes esotérico - aquele em quem a alma passou a orientar a personalidade - coloca o amor a Deus acima de tudo.
Poucas pessoas com Vênus em Peixes que estão apegadas ao nível mundano são felizes em sua vida pessoal, pelo menos por muito tempo. Em épocas de férias, por exemplo, seguidas vezes recebo chamadas telefônicas suicidas de Peixes desesperados. Eles se trancam em seu apartamento e choram enquanto pensam em seu amante casado se divertindo num jantar familiar em algum lugar. Para Peixes românticos, este é o Nadir emocional, uma autêntica agonia dionisíaca. Eles percorrem o apartamento com o olhar e contemplam todos os momentos e presentes dispendiosos que em sua carência emocional confundiram com sinais de um amor verdadeiro. Se aprenderem desses momentos de Nadir a olhar através da cortina de fumaça de Netuno e perceber que o amor verdadeiro não é livre, nem pode ser comprado ou vendido, eles poderão libertar-se da vida fantasiosa - dos finais de semana em Xanadu com o príncipe ou a princesa. Muitos piscianos, porém, preferem a fantasia à realidade: passam boa parte do tempo imaginando o companheiro perfeito em vez de trabalhar para transformarem-se num bom companheiro para alguém. É importante continuar com a terapia, por mais doloroso que o espelho possa ser. É também importante ter mais fé no Divino e menos no mundo material, o qual, como dizem os sábios das florestas da índia, é a verdadeira ilusão.
A realidade, então, não é o Castelo de Xanadu da imaginação, mas o Castelo Interior da paz interna, sobre o qual Santa Teresa de Ávila escreveu no século XVI. A estrada que conduz a este castelo é a verdadeira estrada do romance, do romance divino entre Deus e a alma humana.
Chegamos agora à integração da polaridade de Virgem por parte de Peixes, ou a integração do eixo da solidão (Casa 12) e do serviço (Casa 6). Visto que a própria jornada de vida de Santa Teresa de Ávila incluiu a oposição dos dois planetas femininos (Vênus e a Lua) nesta polaridade, os que são buscadores e que têm seus planetas situados ao longo desse eixo podem tirar grande proveito com a leitura de seu livro The Interior Castle. Santa Teresa apresenta muitas informações esotéricas sobre assuntos de Virgem/Peixes: doença e hipocondria, paz e ansiedade, melancolia (ou "secura"); como distinguir uma visão real de uma visão imaginária ou fantasia; se as pessoas que necessitam de solidão para meditar devem ou não abandonar atos de caridade (serviço). Ela discute se é interessante ou não os doentes obedecerem a um conselheiro espiritual que pensa que tentativas para concentrar-se e orar são danosas à saúde; como sentir-se calmo e em paz, em vez de confuso, na tomada de decisões, e como até mesmo decisões de negócios são acertadas para aqueles que estão realmente em sintonia com Deus. (Como administradora, Santa Teresa tomava muitas decisões pela ordem.) Este é um livro prático porque aborda muitas questões de Virgem/Peixes que aborrecem clientes e amigos com planetas nesta polaridade. E são tratadas por alguém que de fato viveu e trabalhou com elas e sobre elas.
Ansiedade, saúde (mental e física), mundano versus espiritual - farei como Cristo mandou, "abandonar tudo e segui-lo"? Tentarei viver como "os lírios do campo"? Estes são tipos de perguntas que os clientes fazem. Muitos dizem, "Não tenho energia." Mesmo com seu Sol em Áries, que associamos à vitalidade, Santa Teresa enfrentou momentos terríveis com sua saúde. Ela recomenda a coragem como uma virtude importante no caminho para a sétima morada no interior do castelo. Este é outro ponto importante - amiúde me percebo procurando a porcentagem de Fogo (coragem) no horóscopo de um cliente no eixo Virgem/Peixes.
As sete moradas do castelo assemelham-se aos sete chacras da tradição oriental. Ela chega até a analisar o estado de apnéia - principalmente, embora não como algo com o que a pessoa deva alarmar-se. Cada uma das seis primeiras moradas tem uma porta fechada e um guardião, conhecido através de nossos sonhos e pelos ensinamentos de Jung. Os guardiões de Santa Teresa são as faculdades, os sentidos, a mente, a imaginação e os sentimentos. Deus mora na sétima sala, no centro do círculo. Não há uma porta real entre a sexta e a sétima câmaras. As almas que chegam ao sétimo centro querem apenas fazer a vontade de Deus. Como mentes e vontades que se renderam e que têm como única aspiração agradar a Deus, elas descobriram que Ele, em troca, também quer fazê-las felizes. Deus dissolve todos os seus medos, prove suas necessidades e o romance divino termina com um final feliz - a união da Alma e do Espírito.
Também em nossos tempos temos Shirley MacLaine com a oposição Lua/Vênus de Virgem a Peixes e uma mensagem decisiva para o fim da era. Diferentemente de Santa Teresa, todavia, Shirley é uma taurina com um estilo de vida extrovertido. Na Antiga Era, Santa Teresa viveu enclausurada enquanto a Inquisição esquadrinhava seus livros para neles encontrar alguma heresia. Na cúspide da Nova Era, Shirley tem acesso livre e total à mídia. Ela documentou sua busca com uma série de livros que em si mesmos constituem um estudo sobre as realizações de Vênus em Peixes em todos os níveis - artístico, psíquico, dualista romântico e espiritual.
A comunicação, especialmente a escrita, é definitivamente uma boa maneira de integrar a polaridade Virgem/Peixes. Muitas pessoas com planetas na Décima Segunda Casa têm medo de expor suas idéias à crítica; assim, manter um diário é um meio excelente para essas pessoas desenvolverem Mercúrio, o planeta da auto-expressão. Se os planetas da Décima Segunda Casa têm liberdade de expressar-se no papel, provavelmente terão confiança em comunicar-se em público. Tenho muitos clientes escritores e também psíquicos e analistas de sonho junguianos com planetas na Décima Segunda Casa. Eles dão rédea solta à sua intuição, à sua imaginação e à sua natureza fantasiosa nessas áreas. O trabalho é terapêutico não apenas para eles, mas outras pessoas também são inspiradas, entretidas e até mesmo curadas pela liberação da energia psíquica da Décima Segunda Casa.
O que acontece se um netuniano imaginativo não desenvolve Mercúrio, regente de Virgem, através da escrita, ou através da comunicação em sua atividade? Há perigos definidos nisso. Alice Bailey, por exemplo, em Esoteric Astrology, fala do médium de energia inferior. Trata-se de um pisciano que não tem energias de Virgem, que nunca desenvolveu a mente (Mercúrio) e que, além disso, pode ter alguns planetas Câncer. É uma pessoa aberta ou receptiva, um médium natural. Mas esse tipo de pessoa é um pisciano negativo, sempre prevendo tristezas e desgraças, antecipando maus presságios em todo lugar, assustando as pessoas em vez de incentivá-las. Em geral, orientam as pessoas sobre o que evitar no nível material ou como atrair com magnetismo animal, mas dispõem de poderes limitados de telepatia e de clariaudiência. São impressionáveis, mas sem discernimento. Não sabem interpretar o que vêem. Muitos se sentem controlados pelo ambiente e têm pena de si mesmos. É importante que Peixes conserve a espada da discriminação afiada, que tenha consciência da negatividade do ambiente e que lute contra os obstáculos da vida quando necessário.
Mercúrio também tem a ver com fatos e com detalhes que muitos clientes Peixes consideram "irrelevantes". Mas são mesmo! Uma mãe pisciana contou-me que estava preocupada com sua filha Virgem de 9 anos de idade, de mente circunspecta, concreta e literal. "Ela está sempre me fazendo listas e prendendo-as na geladeira com ímãs", disse a pisciana. "Gostaria que relaxasse e aprendesse a parar e a sentir o odor das flores. De qualquer modo, certa manhã eu estava preparando lanches para todos, e aconteceu de jogar fora um pote de mostarda vazio. Quando eu passava pela janela, um raio de Sol incidiu sobre ele e formou com o vidro um quadro muito bonito no ar e eu chamei minha Virgem: 'Venha depressa e olhe isto. É como uma bela janela de vidro colorido.' "
"Oh, mamãe", ela disse, balançando a cabeça. Caminhou propositadamente até a geladeira e escreveu 'mostarda' na lista do mercado. "Você poderia fazer o favor de parar de sonhar e lembrar de colocar na lista as coisas que terminam? Se não for assim, nós cinco vamos ter sanduíches secos para o almoço amanhã."
Tive de rir porque o comportamento da sua pequena Virgem era tudo o que ela havia dito - concreto, literal, terrivelmente mundano. Entretanto, os fatos realmente têm um lugar. Lembro também de fatos como um antídoto contra o pensamento obstinado, ou Virgem/Mercúrio como a polaridade de Peixes/Netuno. Uma mulher com muitos planetas em Peixes disse uma vez: "Por que virginianos têm sempre que ser tão críticos - fazer o papel de advogados do diabo? Isso é compulsivo. Uma virginiana me irritou muito hoje no trabalho. Eu estava na lanchonete falando aos outros sobre meu último namorado quando ela entrou.
"Quantas vezes este se casou?", ela perguntou.
"Er, quatro", eu disse.
"Quatro. Bem, ele terminou sua análise? Está empregado?"
"Ele me explicou. Sua primeira esposa morreu, e as outras foram tentativas de encontrar alguém tão perfeito quanto a primeira. Ele abandonou a análise porque era muito caro, e ele está empregado."
"Bem, pensei que disse que foi você que pagou o jantar na última vez que saíram."
"Ele apenas esqueceu sua carteira. De qualquer modo não sei por que estou dando explicações a você. Você é sempre tão negativa."
"Essa Virgem disse-me que se admirava de como eu podia ser tão esperta nos negócios - sem considerar o trabalho detalhado - e tão obtusa em minha vida pessoal." Isto também é uma função da dualidade de Peixes.
Peixes quer acreditar num relacionamento novo; quer agir com base na fé e na intuição em sua relação com os outros. Peixes pode tentar ser eficiente nos negócios, mas não quer ser eficiente no romance. Na verdade, mesmo nos negócios, muitos piscianos atribuem seu sucesso ao interesse subjetivo e pessoal que dedicam a cada cliente. "Cada cliente é um amigo - alguém com quem muito me preocupo, ou pelo menos é assim que me parece." A pessoa de polaridade Virgem é um estrategista lógico - analítico tanto em suas atividades como em sua vida pessoal. Ela tende a não sofrer as quedas emocionais do emotivo Peixes, mas também não experimenta as alegrias dionisíacas de Peixes.
Virgem, como signo da polaridade, pode desempenhar o papel de advogado do diabo não para ferir Peixes, mas porque considera Peixes um coitado - um crente sofredor. Virgem espera ajudar Peixes a ver o novo companheiro romântico mais claramente, antes que se apaixone novamente. É quase sempre tarde, porém. Peixes se apaixona rapidamente. A perspectiva de Virgem é a da oração Vedanta, "Guia-nos, ó Senhor, do Irreal para o Real." Virgem torna as coisas claras para Peixes.
À parte os fatos, a precisão detalhada, a discriminação, a lógica e a estratégia, que contribuição Mercúrio pode dar a Peixes? Um sentido de serviço consciente. Peixes pode desempenhar (cheirar as flores) bem, ser criativo, artístico, imaginativo, mas com freqüência de um modo idealista, não compreendendo realmente o que deve ser feito tecnicamente (de um ângulo de perícia mercuriana) num caso particular. Peixes vê a tarefa global de um modo vago, de uma perspectiva geral. Virgem é realista, prático em seu enfoque, segue a rotina da fase A à B, e daí à C, e geralmente chega à solução não através de um procedimento intuitivo, mas sim trabalhoso. Enquanto observa Virgem lendo o manual de operação, Peixes talvez pense: "Acho que vou sair no meu barco sábado, se o tempo estiver bom", ou "Acho que vou parar no shopping center a caminho de casa." Embora Peixes/Netuno os odeie profundamente, cursos de estatística ou de contabilidade são bons para o desenvolvimento das habilidades de pensamento.
Peixes e Virgem podem andar juntos como idealismo prático ou serviço compassivo. Ambos são signos Mutáveis, impressionáveis, porém. Isso significa que ambos se adaptarão às "necessidades do necessitado", estabelecendo programas de ação e alterando-os imediatamente no primeiro caso especial que aparecer. Isso seria bom se a pessoa com muitos planetas Virgem/Peixes ou na Sexta/Décima Segunda Casa não abrigasse nenhum ressentimento; mas, com o passar dos anos, ela tende a sentir-se como vítima ou mártir, o próprio necessitado supremo. Peixes, por exemplo, pergunta, "E os meus projetos criativos? Passo tanto de meu tempo apoiando minha família, meus amigos, alunos e clientes, mas e eu? Com todo esse serviço abnegado não sobra tempo para mim." "Gostaria de ter condições de mandar meus filhos para o mesmo acampamento para onde meus pacientes e clientes mandam os seus, mas não posso. O que me deixa mais maluco é que muitas dessas pessoas me devem bastante dinheiro."
Ou, "Eu realmente gostaria de participar dessa viagem de peregrinação à Ásia, mas não disponho de recursos. Por que todas essas pessoas a quem presto serviço têm condições e eu não?"
Geralmente relembro que quando nos vimos pela última vez, Virgem/Peixes (ou Casa 12/6) havia manifestado sua intenção de traçar algumas políticas e de manter-se fiel a elas - nada de prestações a pagar, novas taxas estipuladas para consultas telefônicas depois do horário comercial, taxas sobre compromissos cancelados, etc. Mas, ele(a) se manteve fiel a essas diretrizes? Não. Cada pessoa que se apresentasse com uma justificativa diferente era considerada um caso especial, e como era feita exceção para Pedro, seguia-se que todas as pessoas referendadas por Pedro também se constituíam em exceção.
Ou então despontou a necessidade de Virgem/Peixes de ser necessário(a). "Eu não quis ser indiferente com ninguém que precisasse de ajuda; estou aqui para servir." E a mesma pessoa continua: "O que me deixa doido, porém, é que os anos vão passando e não consigo avançar com o romance que estou escrevendo. Meus poemas ainda não foram revisados... Minha tese continua pela metade..." Não, essas coisas não acontecem por si mesmas; o que se precisa fazer é utilizar os planetas fixos que se tem. "Segunda-feira é o dia que reservo para minhas próprias coisas; por isso, não vou ao escritório." Propor-se isso e agir de acordo, principalmente quando as pessoas que consideram seus propósitos uma veleidade o ficam pressionando.
Se Peixes, especialmente, se sente prejudicado, explorado, enganado, é melhor usar o Fogo ou a Fixidez presente no mapa para estimulá-lo a afirmar-se a si mesmo em vez de continuar amargurado, desapontado ou cada vez mais apático e negativo. Muitos que se julgam bastante adiantados espiritualmente de certo modo perderam a visão de Deus como Aquele-que-Faz. É de admirar como seu nível de energia se eleva quando novamente entram em contato com essa realidade.
Abordaremos agora uma questão interessante apresentada por Liz Greene (indiretamente) em Astrology of Fate, "Peixes". Muitos de vocês que estão lendo este capítulo, com certeza muitos homens Peixes, poderão estar se perguntando: "Muito bem, e eu? Tenho uma alma de poeta, uma natureza artística, e aqui me encontro, preso ao mundano, trabalhando das 7 da manhã às 5:30 da tarde com um título pomposo de Virgem."
Tenho muitos clientes Peixes que se ajustam a essa descrição. Muitas pessoas com Grande Trígono em Água, por exemplo, estariam muito bem se estivéssemos vivendo hoje a Renascença e não a cúspide do século XXI. Seriam músicos da corte, pintores de retratos de grão-duques, arquitetos e escultores do palácio real. Mas os grão-duques foram substituídos por agências de governo burocráticas que preferem patrocinar cientistas que tenham possibilidade de descobrir a cura do câncer, de aperfeiçoar uma bomba, de projetar novos órgãos artificiais ou de inventar microchips ainda menores. Em resumo, são os uranianos que estão em voga e não os netunianos. Esperamos que, no fim, os curadores psíquicos terão uma qualidade de vida decente; no entretempo, porém, muitos Peixes estão amarrados à polaridade de Virgem, a outra extremidade do eixo de serviço.
Em Astróloga of Fate, Liz Greene pergunta por que os piscianos dão a impressão de ser tão racionais. Por que não expor sua intuição e seu sentimento ao mundo? Uma razão possível é que é muito difícil manipular financeiramente esses talentos em nossa época. E Peixes gosta de ter seu conforto; não é um signo que fique passando fome numa água-furtada enquanto todos ao seu redor passam bem. Pelo menos, não por muito tempo. Peixes é um peixe materialista que se liga a um peixe psíquico-espiritual por uma corda de prata. O glifo dos dois peixes unindo o Céu e a Terra tem o significado de manter o corpo e a alma unidos, no plano da Terra, e de fazer aquela visita eventual ao shopping center.
Os signos Mutáveis são beneficiados nas áreas da comunicação e das habilidades de relacionar-se com as pessoas. Peixes tem uma aptidão intuitiva de ler entrelinhas, de responder à pergunta que não foi formulada mas que está no ar nas reuniões da comissão. Peixes é alguém que naturalmente se põe à disposição para cuidar. Meus clientes Peixes podem ser encontrados em muitos trabalhos semelhantes aos das pessoas de Virgem - tarefas de serviço da 68/12ª Casa, hospitais, escolas, clínicas, presídios, agências de serviço social, vários tipos de terapia de transformação, e especialmente qualquer atividade que exija estimulação psicológica e espiritual. Chegando para uma leitura de astrologia entre os 30 e 40 anos, entretanto, em geral comentam: "Esta profissão é tediosa, enfadonha. O prédio é estéril. Existem tantas regras que não consigo aplicar minhas idéias pessoais, minhas intuições, minha dedicação amorosa. Gostaria de fazer alguma coisa mais criativa." Esses clientes odeiam a rotina, os relatórios e papelórios e as pressões burocráticas. Eles se recusam a usar a máscara de Virgem por mais tempo.
As mulheres Peixes parecem ter mais facilidade de lidar com essa situação, pois há coisas que podem fazer para sair do racional, o santuário especializado de Virgem. Podem, por exemplo, dedicar-se a vendas, um trabalho de comunicação voltado para as pessoas, e obter um desconto de 50% na loja favorita do shopping center (se houver uma oferta inicial). Podem estudar história da arte, a cerimônia japonesa da preparação do chá, e outras coisas de seu interesse. Elas tendem a considerar seu trabalho uma renda familiar suplementar mesmo quando ganham quase tanto quanto seus maridos e podem por isso ter mais facilidade para passar a usá-lo para seu próprio passatempo do que os homens Peixes, que em geral se sentem culpados de exercer uma função que não paga tão bem quanto o trabalho de Virgem que odeiam.
Muitos piscianos percebem em si condições para passar a desenvolver um trabalho mais criativo quando estão com 40 ou 50 anos, e a maioria deles, se pressionados, reconhecerão que foram beneficiados por passar pelo ciclo fastidioso do trabalho de Virgem no mundo profissional ou dos negócios. Viver no mundo real do tempo, do espaço, e da solução de problemas de acordo com o pensamento trouxe-os para fora do inconsciente aquoso e os colocou sobre a terra seca (Terra Virgem). Mesmo suas agendas se tornaram muito mais organizadas depois de trabalhar para outras pessoas.
Uma pisciana me telefonou animada no dia que deixou seu trabalho agitado no jornal. Seu filho mais novo havia saído de casa e ela tinha ido à garagem buscar sua velha máquina de datilografia manual.
"Mantenha-me a par de como a novela continua", disse eu, mais excitada do que ela.
Voltou a telefonar-me um mês depois. "Sabe de uma coisa? Estive escrevendo de 8 a 12 páginas por dia. Tenho de admitir que você estava certa quando disse que a quantidade de tarefa no jornal era boa para mim, embora naquela época eu me tenha irritado com você por dizer isso. Eu queria que você me incentivasse a voltar a assistir novelas de televisão e a ler romances em casa.

Naqueles dias, quando fazia o trabalho do jornal em casa, de vez em quando ficava olhando para a folha em branco por um momento, me assustava, e telefonava a uma amiga convidando-a para uma conversa. Depois saía com outra amiga para almoçar ou tomar café.
Naquele trabalho eu estava acostumada com datas fatais - comprimindo minhas idéias em pequenos espaços entre as colunas dos outros jornalistas no último minuto quando havia alguma notícia local a ser acrescentada; defendendo minha matéria com todas as minhas forças contra um patrão insensível e burilando o parágrafo apenas uma vez porque dispunha de apenas alguns minutos. Antes de trabalhar no jornal, eu pensava que escrever era como na disciplina Composição 101, da faculdade, mas não tinha professor em casa para me indicar o assunto e o tempo e então não fiz nada. Agora penso nisso como trabalho e digo a mim mesma de manhã, 'Você pode tomar seu café depois de terminar quatro páginas', como fazia no jornal. E não tenho mais medo de crítica ou de rejeição; definitivamente me tornei mais forte. E aqueles companheiros de trabalho impossíveis estão se tornando personagens do romance. Onde mais eu poderia encontrar pessoas como eles se tivesse abandonado o emprego e ido para casa com o rabo entre as pernas?"
Onde, de fato? O ciclo de Virgem pode ser cansativo para os piscianos sem planeta Virgem natal ou sem planetas na Sexta Casa, mas ter paciência, por favor, em definitivo é elaborar um personagem. (Se você é um aspirante a escritor, pode ser elaboração de personagem em mais de uma maneira.) Por outro lado, se você é um Peixes com três ou quatro planetas Virgem em oposição ao signo solar, seu trabalho mundano pode parecer-lhe perfeitamente natural, e mesmo criativo. Você tem mais caminho em Virgem do que em Peixes. Isto também se aplica a piscianos bancários, corretores ou agentes de seguros; a tendência desses é ter a polaridade Virgem/Peixes no eixo do dinheiro, Casas Dois a Oito.
A integração da polaridade Virgeih, portanto, nem sempre é uma escolha consciente de Peixes, mas pode acontecer inconscientemente por intermédio do trabalho, especialmente através da interação com colegas de serviço e das pressões inerentes à rotina. É bastante semelhante à progressão de planetas Peixes através do terreno Touro. No ciclo de Touro ocorre uma acomodação. São acumuladas posses e pessoas. Então, repentinamente, em meio à fixação, acontecem mudanças no mundo exterior. Os filhos crescem e vão embora ou o parceiro é transferido para outra cidade, significando que Peixes é desenraizado exatamente quando tudo vai indo bem. Às vezes, é a perda do companheiro pela morte ou pelo divórcio. Peixes muitas vezes se sente como Dioniso perseguido por Hera, que procura levar todos que o rodeiam à loucura. Ou como o golfinho da história que queria deitar-se ao lado do amigo morto e morrer.

Qual é o propósito cósmico que está por trás desta etapa da jornada, o cruzamento do mar noturno? Nesta fase, Peixes se sente engolido por forças e circunstâncias fora de seu controle, como Jonas sentiu quando foi tragado pela baleia, ou como Hiawatha sentiu quando o grande peixe Mishe-Nahme engoliu a ele, à canoa e tudo mais:

"Em sua fúria, lançou-se para o alto.
Como um raio arremessou-se à luz do Sol.
Escancarou suas grandes mandíbulas e tragou
A ambos, canoa e Hiawatha.
Para as profundezas daquela caverna escura
Precipitou-se de cabeça Hiawatha.
Como um tronco num rio tenebroso
Se lança e se projeta nas corredeiras,
Assim encontrou a si mesmo na escuridão profunda.
Tateou ao redor com impotente espanto
Até sentir um grande coração batendo,
Palpitando naquela escuridão absoluta.
Em sua raiva golpeou
Com seu punho o coração de Nahma.
Sentiu o poderoso rei dos peixes
Estremecimento em cada nervo e fibra...
Atravessada então colocou Hiawatha
Sua canoa de bétula por segurança,
Para que das fauces de Nahma,
No tumulto e confusão,
Não fosse arremessado para fora e perecesse."

Cortados os apegos com as pessoas, lugares e posses, Peixes se depara com a desconhecida cortesia de Plutão, o regente esotérico do signo: o grande peixe ou a baleia de Jonas, ou a onda que engolfa Peixes em seus sonhos ou a perda da pessoa amada, da querida cidade, das amadas posses, tudo isto é símbolo do trabalho de Plutão dissolvendo o cordão que mantém o peixe espiritual preso à matéria. A baleia ou a inundação em nossos sonhos é o processo de transformação, o processo de Plutão.

Se Peixes já desenvolveu sua intuição e, através das ações da graça e da fé, já sintonizou com sua alma, é mais fácil para o ego abandonar os apegos mundanos e acreditar que dessa experiência dolorosa se desenvolverá o crescimento espiritual. Peixes será atraído para mais perto do Divino. Será mais fácil parar de fazer, de agir e de realizar nos antigos moldes conhecidos no mundo exterior da matéria e recolher-se nas águas da psique. Se Peixes tentar nadar contra a corrente desses planetas de recolhimento, Netuno e Plutão em trânsito, ele encontrará apenas confusão interior, desorientação no tempo e no espaço e sentimentos de medo relativamente à sensação da falta de objetivo durante esta fase.

Quando vejo clientes que tiveram terra seca inundada pela base, que perderam sua orientação e sentem que estão sendo incomodamente arrastados pela corrente, procuro lembrá-los da real fortaleza interior que possuem. Peixes/Peixes ascendente e a personalidade de planetas da Décima Segunda Casa, quando em contato com seu centro interior, são capazes de dispor de mais recursos do que a maioria de nós. Esta è uma existência em que podem entrar em contato com o Infinito descendo para o interior de sua própria alma. (A sabedoria das existências é armazenada na Décima Segunda Casa.) Piscianos que meditam, que rezam o rosário ou que praticam alguma outra técnica devocional com regularidade se deram conta de relances de percepção intuitiva e têm condições de conhecer já o tesouro que pode ser encontrado no mundo interior.

Em Gilgamesh, o herói retirou das águas o elixir da imortalidade e o entregou à humanidade. Mas uma serpente (Plutão) o roubou novamente porque a humanidade não estava preparada para dele dispor. Na tradição hebraica, ao chegar à margem oposta, Jonas emergiu do ventre da baleia com sua pérola da iluminação e daí por diante foi capaz de partilhar vislumbres intuitivos proféticos com outros. Hiawatha também surgiu das águas com um tesouro, um óleo de peixe que podia acalmar as águas turbulentas em suas futuras descidas aos infernos.

Estamos diante de uma mensagem importante. Sempre há uma serpente nesses jardins paradisíacos semitas. Com muita freqüência, Peixes, Peixes ascendente ou o cliente com um stellium na Décima Segunda Casa aparecem para uma leitura manifestando raiva e desagrado com relação a essa situação. "Bem, quando tudo estava correndo perfeitamente, bem quando o paisagista tinha terminado o trabalho em nossa nova residência, ficamos sabendo que seríamos transferidos para a Arábia Saudita." A serpente tinha novamente aparecido no meio do jardim do paraíso. E, todavia, sem a serpente no jardim não haveria nenhuma história. Imagine Milton, por exemplo, escrevendo O Paraíso Perdido sem a serpente, esse personagem principal. Adão e Eva provavelmente continuariam vivendo uma vida descolorida e criando seus descoloridos descendentes. Sem a serpente não haveria pecado e sem o pecado não haveria nenhuma necessidade de um Messias, nenhuma necessidade de Cristo com sua mensagem do amor divino universal da Era de Peixes.

O cliente de Peixes teria condições de aprender da vida no jardim do paraíso que acabou de ser remodelado mais do que da experiência na Arábia Saudita (que a família percebeu ser como um exílio na solidão do deserto, a polaridade oposta do Paraíso)? Provavelmente não, porque o destino (Plutão, o regente espiritual) decidiu que é tempo de mudar. A serpente aparece como uma precursora da transformação. Mas não é fácil. Não se trata de seguir resignada-mente o caminho do menor esforço, que vezes demasiadas é o caminho que Peixes toma. A transformação implica uma mudança de atitude - a necessidade de trabalhar sobre si mesmo. Mas a baleia de Jonas, ou o exílio no deserto, pode ser como a ponte transcendente para o Castelo do Graal onde se encontra o tesouro. É necessário coragem para ser engolido pelo desconhecido, para cruzar a ponte, para transcender a personalidade e seus desejos, mesmo o desejo de manter o status quo como uma forma de paz negativa. Este é um desejo pisciano comum.

No final da década de 80, Plutão e Netuno estão transitando pelos primeiros graus de Terra e Água, e por isso sua influência de recolhimento opera de modo muito especial sobre as pessoas dos decanatos iniciais de Peixes para levá-las a águas mais profundas, para lembrar a todos nós que este mundo é apenas passageiro e que o apego a ele pode facilmente ser dissolvido. Além disso, esses regentes de Peixes apontam para verdades mais profundas, verdades eternas nas profundezas do oceano cósmico.

O orientador será muito beneficiado se puder identificar os talentos ocultos (Netuno/Plutão) no mapa no momento em que o cliente inicia sua jornada no mar noturno, especialmente se ele(a) acabou de sofrer uma perda pessoal, pois a psique precisará de tempo para se recuperar. Qualquer que seja a forma externa que o trabalho interior assuma - terapia junguiana, arte, um diário, meditação - algo produtivo daí poderá emergir se for encontrado um canal positivo para a energia introspectiva. O astrólogo pode ajudar o cliente a lembrar um sonho que não recebeu atenção ou que foi negligenciado desde a infância ou desde o início da juventude. Netuno em progressão aspectando com um planeta pessoal, especialmente com o Sol ou com a Lua natal, pode fornecer pistas importantes. Também podem indicar o caminho a Casa de Peixes e a Casa de Escorpião, regidas por Plutão, o planeta esotérico que ajuda Netuno a transformar a psique.

Se, nesses ciclos, o cliente reservar parte do seu tempo para ouvir a Alma, para prestar atenção a Deus, grande será seu proveito; em geral, porém, confundimos meditação com "contar carneirinhos" e achamos que ouvir o Espírito em meditação é fazer pedidos a Deus. Em Labours of Hercules, "Peixes", Alice Bailey é categórica com relação a isso. Netuno nada tem a ver com apatia ou com sentir-se bem durante a meditação, mas tem relação íntima com ouvir e agir segundo o que Deus nos pede que façamos no mundo exterior - agir do interior (o Centro Espiritual) para o exterior. Precisamos renunciar às energias de Hermes de planejamento, de elaboração de estratégias e de intelectualização e nos voltar para a perspectiva de Héstia. O cliente com Vênus em Peixes ou com Sol em Peixes que já saciou suas necessidades emocionais no jardim do paraíso terrestre geralmente está pronto, num ciclo de Netuno, a procurar o castelo interior de Héstia, a deusa da serenidade.

Em Goddesses in Everywoman, Jean Shinoda-Bolen descreve a função de Héstia, deusa do lar. Ela representa a dona-de-casa, a mediadora, o elo de ligação da família. Héstia tinha uma certeza intuitiva interior que não brota da mente mas que flui do coração. Ela não precisa lembrar fatos e detalhes ou seguir uma agenda, mas compraz-se com tarefas contemplativas que não implicam compromisso de tempo, como dobrar a roupa lavada, fazer arranjos de flores, preparar a mesa como se fosse para uma ceia ritual. Ela não precisa atuar no tempo e no espaço. Ela faz da casa um santuário aprazível e sereno. É também uma deusa universal, pois as noivas prestes a constituir seu próprio lar tinham o cuidado de levá-la consigo no dia do casamento conduzindo uma chama da lareira da casa dos pais para a casa onde iriam morar. Além disso, os colonizadores que saíam da Grécia e se dirigiam à Itália e a lugares ainda mais distantes levavam consigo o fogo da lareira como sinal de seu vínculo com a cultura familiar. Héstia era uma catalisadora internacional. Apesar disso, porém, e segundo Shinoda-Bolen, ela preferia ficar anônima, oculta. Ela ficou afastada, distanciada dos mexericos e intrigas dos deuses do Olimpo, não se envolveu no resultado da Guerra de Tróia. Quando chegou o tempo de Dioniso, eus da Nova Era, assumir seu lugar no Monte Olimpo, Héstia humildemente cedeu-lhe o lugar sem nenhum alvoroço.

A impressão que se tem é que Héstia é a alma em nosso interior, o nosso centro, a centelha de fogo da lareira. Embora o fogo de Héstia fornecesse calor e luz à família grega; embora Héstia fosse uma deusa familiar compassiva e alentadora, ela permanecia autocontida, satisfeita no interior de si mesma. Sua felicidade não dependia da conduta dos outros ou da hipótese de que os desejos dela fossem satisfeitos no mundo exterior: ela usufruía de uma serenidade interior, de um estado de paz interior, de um saber interior que nada nem ninguém podia perturbar. Héstia parece representar o amor divino universal, impessoal, altruísta, e por isso tem todas as condições de ser o símbolo do Peixe Espiritual.

Muitos de meus clientes parecem estar tateando para cá e para lá, procurando Héstia nos trânsitos de Netuno. Eles querem ficar em casa e cuidar da lareira. Uma resposta comum dada pelos que conhecem as obras de Jung é: "A psique não está mais colaborando com o que estou fazendo no mundo externo. Estou recolhendo minhas economias, deixando meu trabalho e submetendo-me à análise. O mundo interior me acena. É tempo da jornada do mar noturno." Vários clientes com stelliums na Décima Segunda Casa já se recolheram a clínicas de saúde mental para acostumar-se com Netuno. (A Décima Segunda Casa é a casa do confinamento.) Outros, buscadores espirituais, me disseram: "O mundo material não tem valor para mim. Quem precisa dele? Estou indo a um ashram" ou "Estou me mudando para a índia."

Outra resposta comum para as pessoas que não estão familiarizadas com Jung, com ioga ou com algum outro sistema de introspecção e de desenvolvimento da consciência é deixar-se levar pela corrente. A rendição não é consciente da parte delas; elas podem vegetar diante da TV com comida sobrada e bebida alcoólica, usar drogas por capricho e ir ao trabalho com ressaca. Pessoas de todos os níveis de consciência chegam à leitura sentindo-se confusas, especialmente se Netuno se move transversalmente a um ângulo do mapa ou se transita por um planeta pessoal.

O recente livro de Tracy Marks, The Astrology of Self-Discovery1, tem uma parte muito interessante sobre essa confusão. Não vou ser repetitiva transcrevendo sua informação aqui. Ela faz boas reflexões sobre a necessidade que a psique tem de repousar nesses nossos tempos estressantes. E a televisão, naturalmente, não é de todo ruim; ela pode ser a forma mais mitigada do escapismo netuniano, mas... pode viciar.

Minha própria clientela tende para personalidades motivadas, impulsionadas até. Refiro-me aqui não somente aos ansiosos por alcançar sucesso material, mas também aos movidos espiritualmente. "Preciso entrar no Castelo Interior durante esta existência." Esse tipo de personalidade apreende a verdade de Netuno com dificuldade, porque a mensagem deste planeta é "Relaxe. Deixe as coisas acontecerem e reserve um lugar para Deus. Resigne-se à idéia de que talvez você não chegue lá nesta vida, pare de lutar tanto; talvez, então, você consiga chegar lá." É difícil para os ocidentais de nossa época ouvirem a mensagem de fé e de resignação de Netuno. Embora as religiões mais importantes ensinem a prática da sintonia com a vontade de Deus - fé, devoção e submissão -, estamos de certo modo muito ocupados para ouvir essa vontade até que os trânsitos de Netuno cheguem e nós estejamos numa dimensão diferente; nossos esforços no tempo e no espaço não funcionam mais, e então nos lembramos da fé. "Ah, sim. Estou tentando muito. Estou correndo pela floresta encantada procurando o Castelo do Graal, mas ele é invisível. Se me sentasse quieto por um tempo e simplificasse minha agenda, talvez a névoa desaparecesse e eu pudesse vê-lo!"

Quando nosso modo de planejar e de pensar e nossa visão segundo os padrões mentais de Hermes fracassam, podemos tentar obter respostas da psique e da intuição (Netuno/Peixes). Podemos passar a aceitar essas respostas como tão práticas quanto as que o intelecto oferecia e como mais úteis no ciclo de Netuno do que as idéias de Hermes. Os gregos colocavam Hermes (o pilar ou a coluna) fora de casa e Héstia dentro de casa. Ambos eram necessários, mas a mente racional é o último guardião que deve ser vencido antes do castelo interior. Teresa de Ávila discute essa necessidade de transcender o guardião mental durante o ciclo de Netuno.

O cliente confuso que aparece no ciclo de Netuno pode não ser um buscador espiritual, mas precisamos responder às perguntas que apresenta, perguntas essas provenientes do seu nível de consciência, e não tentar convertê-lo à nossa filosofia contra a sua vontade. Em geral, menciono que uma nova dimensão da personalidade está surgindo, que a energia está se recolhendo para algum propósito criativo (em vez de dizer a um cético que a alma está se manifestando), e em geral pergunto: "Há alguma coisa que você sempre quis fazer mas não se deu ao trabalho de destinar tempo para levá-la a efeito? Um passatempo relaxante ao qual poderia dedicar-se? Seu filho já tem idade suficiente para conduzir os negócios da família e você já comprovou ser um homem bem-sucedido - por que não tomar uma nova direção? Faria bem melhor a você do que todo esse álcool, que é prejudicial à saúde." Se os indicadores da astrologia médica apontarem para o fígado, posso fazer referência a isso nessa parte da sessão.

Se o astrólogo age desse modo, possivelmente a esposa do cliente pode telefonar mais tarde para queixar-se: "O que você sugeriu a meu marido? Ele deu responsabilidades ao nosso filho de 40 anos e comprou um iate. Estou furiosa com você. Eu detesto água." Ou, "Ele comprou vários pincéis, tinta, tela e alugou um apartamento à beira do mar. Faz 25 anos que não pinta, desde os tempos de colégio." Portanto, corremos riscos quando incentivamos pessoas nos trânsitos de Netuno. Mas Netuno tem relação com o correr riscos e com o abrir-se para novas dimensões interiores. Existem muitos diferentes modos de entrar em contato com a psique. C. G. Jung demonstrou a utilidade da arte de unir-se ao Self em seus trabalhos sobre as mandalas.

Muitas mulheres profissionalmente ativas que não estão em contato com seu sentimento também passam por muitas mudanças nos trânsitos de Netuno. O romantismo as pode tocar pela primeira vez perto dos 40 anos (Netuno em quadratura com Netuno) quando Netuno faz trígono com Capricórnio solar ou com a Lua ou entra em sextil com planetas Escorpião. "O que está acontecendo comigo? Não me preocupo mesmo com a carreira. Eu poderia casar-me com essa pessoa e ser 'apenas' uma dona-de-casa." (Uma Héstia.) Essa lhe é uma mudança assustadora. Ela pensa que está perdendo o juízo, pois não é seu hábito submeter-se à emoção, deixar-se guiar por seus sentimentos e neles confiar. Ela sempre esteve "sob controle". Profissionais de Escorpião e Escorpião ascendente e pessoas com stelliums na 10ª Casa tendem a passar por mudanças semelhantes nos trânsitos de Netuno. Uma das lições de Netuno é compreender como aproveitar a vida mais adequadamente com menor controle, mas em geral esses indivíduos têm uma natureza perfeccionista e temem cometer erros. Não compreendem o sentir-se preguiçoso, o sentir-se romântico ou mesmo o não sentir nada. Netuno de repente os inunda com sentimentos de todos os tipos. Pessoas energéticas com uma base metafísica compreenderão que a Alma está progredindo, mas o vice-presidente (ou outro administrador de carreira) Capricórnio pode ter dificuldade ou mesmo assustar-se com essa informação.

Durante os trânsitos de Netuno, muitas mulheres administradoras Capricórnio ou Escorpião aparecem para leitura; em outras épocas seriam céticas com relação à astrologia ou não teriam nenhum interesse nela. Agora que Netuno atrai sua atenção e se vêem evitando reuniões de fim de tarde, elas se perguntam o que está acontecendo e percebem-se abertas a coisas estranhas e ocultas como astrologia, e através dessas coisas procuram esclarecimentos. E bom sondar a base metafísica dessas pessoas e, depois de estimar seu grau de abertura, sugerir-lhes alguns livros sobre a jornada interior. Se os sonhos forem assustadores, ou pelo menos ativos, a análise junguiana é uma boa opção, sem dúvida. E bom dispor de uma listagem de analistas aptos a trabalharem com essas profissionais dinâmicas durante o ciclo de grande mudança.

Cheguei à conclusão de que as pessoas compulsivamente viciadas em trabalho são também compulsivas em outras áreas de vida. Se os anos de Netuno não transcorrem de uma maneira espiritual, criativa e introspectiva, podem tornar-se anos vividos no alcoolismo, mesmo para alguém muito controlado até aí. Quando observo um cliente compulsivo que de repente se recolhe, passando o tempo sozinho em casa e evitando o resto do mundo, meu enfoque pessoal dessa tendência dionisíaca é dizer: "Você sabe, faltam-lhe dois anos nesse trânsito. Se você continuar comendo e bebendo desse jeito durante dois anos e se ficar aí sentado em vez de praticar seus exercícios, você vai se arrepender em 1990. Você será obrigado a assistir às reuniões da AAA para poder recuperar-se. Por que não ficar em casa fazendo decoração em lugar de empanturrar-se? Em 1990, sua sensação então seria de realização; toda sua casa estaria terminada. Seu sentido de cor e disposição está muito bom no momento."

Personalidades ativas nas profissões estruturadas de saúde podem encontrar uma trégua sob os trânsitos de Netuno em programas de saúde não-estruturados da Nova Era, participando de workshops rápidos sobre cristais e saúde, leitura da aura, frenologia, etc. Isto tem boas condições de acontecer se os planetas da Décima Segunda são transitados. As pessoas com planetas piscianos natais e na Décima Segunda Casa podem querer terminar o projeto literário que ficou na gaveta por anos. A jornada do mar noturno dispõe de muitas opções que podem não ter sido levadas a sério em nenhum outro momento de sua vida - se estiverem psicologicamente preparadas para correr alguns riscos e se tiverem coragem suficiente para realizar a descida.

Muitos piscianos reconhecem que há pérolas de sabedoria no oceano cósmico do inconsciente e que certamente gostariam de mergulhar para resgatá-las, como Gilgamesh (ou Hiawatha, que desceu várias vezes), mas têm medo de perder a razão e de não mais voltar ao estado de consciência desperto. O inconsciente é a polaridade extrema da mente racional, seu complemento natural, como Héstia complementa Hermes na mitologia grega. Muitos piscianos agem no curso do seu dia de trabalho quase exclusivamente a partir da polaridade Hermes/Virgem - isto é, os que não estão nas profissões de Peixes, como os artistas, músicos, promotores de diversões, donas-de-casa de tempo integral. Eles têm uma aspiração secreta a demorar-se no mundo tranqüilo, simples, não-competitivo de Héstia, mas vivem na polaridade Hermes a maior parte do seu dia.

Um funcionário de um hospital com Sol em Peixes disse: "Acho que estou ficando maluco. Não consigo lembrar de fatos e de detalhes. As horas passam e eu não sei aonde foram. De repente, não tenho vontade de sair da cama de manhã e ir trabalhar. Este não sou eu, de jeito nenhum. Sempre sigo meu esquema. Quando isso vai terminar?" A desorientação no tempo, no espaço e na memória irá continuar por algum tempo, porém.

No Livro VI da Ilíada, Homero se refere ao "demente Dioniso" e aos seus delirantes seguidores. Aristóteles falou da tênue linha divisória entre a genialidade e a loucura. Em seu livro Dionysos, Karolyi Kerenyi menciona que as pessoas que desceram às profundezas do inconsciente para trabalhar criativamente muitas vezes têm um olhar desvairado, não diferente do olhar abstrato das mulheres na arte de Dioniso. Elas estão num estado alterado de consciência. Não é de admirar, portanto, que os piscianos que vivem na polaridade racional de Virgem sintam medo da loucura quando seus planetas regentes, Netuno e Plutão, lhes acenam para iniciar a Jornada do Mar Noturno no ventre da baleia de Jonas, através de um mar infinito e não mapeado.

Em Symbols of Transformation, Carl Jung fala da necessidade que a mente consciente tem de abrir seu caminho de retorno ao mundo material depois de sua permanência no inconsciente. Astrologicamente, isso faz bastante sentido porque Plutão, Senhor dos Infernos, dissolveu o cordão que une os dois peixes, o material e o espiritual. O peixe espiritual está assim livre para nadar em seu próprio ambiente, o que o torna enlevado, extático. (Isto se aplica no caso de Peixes considerar o ambiente tanto criativo quando espiritual.) Portanto, muitas vezes ele não está nada feliz por retornar ao que nós outros chamamos de mundo real da matéria.

Jung descreve seu próprio retorno da jornada do mar noturno nos três capítulos finais de Memories, Dreams and Reflections. Ele flutuou sobre a índia e sobre o Oriente Médio e teve muitas visões maravilhosas. Também se aproximou de um templo, mas lhe foi dito que não podia ficar aí, porque tinha sido decidido que seu trabalho ainda não terminara. Ele deveria voltar à Terra, a seu corpo físico. A idéia de retornar não o deixou contente. A maioria dos heróis luta para retornar ao estado de consciência desperta. Na mitologia, eles acendem um fogo no ventre escuro da criatura do mar, lançando luz sobre o inconsciente e iluminando-o. Ou, como Hiawatha, golpeiam o coração do Grande Peixe. Este os expele para a terra seca, e eles estão de volta entre nós com suas percepções intuitivas. Entretanto, realizar muitas viagens ao mundo bem-aventurado do inconsciente enfraquece o desejo de retornar, porque há alegria, beleza, paz, luz, sabedoria e descanso no outro lado.

Na tradição iogue, a personalidade, quando presa ao êxtase da alma, vê a si mesma como uma onda no oceano da vida e deseja dissolver-se nele para sempre. Nos seus escritos iniciais, Jung rejeitava a filosofia oriental da extinção do ego como algo que não tocaria o coração de um ocidental (ou, seguramente, de um Leão, interessado acima de tudo na individualidade). Suas visões são recontadas com detalhes em Memories, Dreams and Reflections, publicado postumamente. Nos capítulos finais de Memories, Jung analisa o nadar na corrente da vida e o perder todo o medo da morte. Baseado em suas próprias experiências do pós-vida e de Deus, ele está tão certo quanto os iogues da índia de que a consciência nunca morre.

A permanência de Jung no hospital havia começado com um ferimento no pé (Peixes) seguido de um ataque cardíaco. Quando despertou de suas experiências do pós-vida, estava furioso com seu médico por salvá-lo. Jung sentia falta do outro mundo, onde ele e os outros não sofriam limitações e haviam conversado simplesmente intercambiando pensamentos. Todas as noites Jung entrava em êxtase e todas as manhãs acordava em sua cama de hospital sem ter nenhum interesse pelo que acontecia no outro lado de sua janela, neste mundo. Desagradava-lhe ter de ajustar-se a um "mundo compartimentalizado", em que pessoas "parecidas com caixas" se agitam, cada uma cuidando dos seus afazeres. Ele não conseguia fazer com que o médico por quem tivera um grande respeito o ouvisse. Jung havia visto o corpo sutil do médico no outro lado e sabia que, se ele não descansasse e não cuidasse mais de si mesmo, em breve morreria. O médico, de fato, morreu antes de Jung, que se recuperou e entrou num dos seus ciclos mais produtivos de produção escrita.

Em seu estado de recolhimento, com seu interesse por este mundo evanescendo, Jung parecia estar num estado mental semelhante ao de Hiawatha quando fez sua última descida consciente aos infernos, além do horizonte, no pôr-do-sol do pós-vida. Antes de partir, Hiawatha disse à mãe, Nokomis, a Grande Mãe das Águas Eternas:
"Estou indo, ó Nokomis,
A uma longa e distante jornada,
Aos portais do pôr-do-sol,
Às regiões da casa do vento,
Do Vento do Nordeste, Keewaydin.
Um longo rasto de esplendor,
Correnteza abaixo, como um rio caudaloso,
Para o oeste, para o oeste, Hiawatha
Navegou para o ardente pôr-do-sol,

Navegou para vapores purpúreos,
Navegou para o lusco-fusco do anoitecer.
Assim partiu Hiawatha,
Hiawatha, o Bem-amado,

Na glória do pôr-do-sol,
Nas névoas purpúreas do anoitecer,
Para as regiões da casa do vento,

Do Vento do Noroeste, Keewaydin,
Para as Ilhas dos bem-aventurados,
Para o reino de Ponemah,
Para a terra da Vida Futura."


Questionário

Como o arquétipo de Peixes se expressa? Embora se refira de modo especial aos que têm o Sol em Peixes ascendente, qualquer pessoa pode aplicar esta série de questões à Casa em que seu Netuno está localizado ou à Casa que tem Peixes (ou Peixes interceptado) na cúspide. As respostas a estas perguntas indicarão até que ponto o leitor está em sintonia com o compassivo Netuno/Dioniso.
1.  Numa conversa, muitas vezes respondo mais ao que uma pessoa está pensando
ou sentindo do que ao que está de fato dizendo
a.    a maioria das vezes.
b.    algumas vezes.
c.    quase nunca.
2.  Entre meus pontos fortes eu incluiria a empatia, a sensibilidade e a generosidade. Essas características se aplicam a mim
a.    80% das vezes.
b.    50% das vezes.
c.    25% das vezes, ou menos.
3.  Prefiro relacionar-me com pessoas que são
a.    refinadas e ricas.
b.    bondosas e deferentes.
c.    inteligentes e bem informadas.
4.  Algumas pessoas me consideram hipersensível - sempre com meus sentimentos feridos. Percebo-me como
a.    muito sensível à crítica.
b.    moderadamente sensível à crítica.
5.  Quando fico amuado permaneço nesse estado
a.    todo o dia.
b.    algumas horas.
c.    não fico nesse estado.

6.  Meu maior medo é
a.    que meus piores medos se realizem.
b.    que alguém de minha família fique ferido.
c.    que eu fracasse em atingir meus objetivos.
7.  O maior obstáculo a meu sucesso provém
a.    de eu me sentir culpado.
b.    da complacência.
c.    de uma atenção excessiva aos detalhes.
8.  Depois de sacrificar meus próprios projetos criativos para ajudar os outros,
sinto-me ressentido
a.    a maioria das vezes.
b.    algumas vezes.
9.  Quando estou deprimido também minha energia e vitalidade são baixas
a.    80% das vezes, ou mais.
b.    em torno de 50% das vezes.
c.    25% das vezes, ou menos.
10.  Quando minha intuição me diz para agir, eu a sigo
a.    a maioria das vezes.
b.    algumas vezes.
c.    quase nunca.
Os que assinalaram cinco ou mais respostas (a) estão em contato estreito com Netuno, o planeta do inconsciente. Embora seja sensível, intuitivo e compassivo por instinto, você pode estar seguindo o caminho do mínimo esforço. É importante desenvolver o controle consciente dos estados interiores e dos sentimentos para ter uma saúde e vitalidade permanentes. Se respondeu (a) à pergunta (3), você pode ser um pisciano material que está compensando por infância carente buscando Júpiter em seu sentido mundano de abundância. Os que marcaram cinco ou mais respostas (c) estão em movimento na direção da extremidade polar (Virgem) no nível instintivo. Seu Netuno não está se manifestando. A sintonia com Netuno é desenvolvida por meio de atividades criativas como música, artes, literatura, meditação e visualização.
Onde se encontra o ponto de equilíbrio entre Peixes e Virgem? Como Peixes integra o fato e a lógica? A fantasia e a realidade? A imaginação criativa e a rotina disciplinada? A fé e o discernimento? Embora diga respeito de modo particular aos com Sol em Peixes, Peixes ascendente ou Netuno proeminente por posição de Casa, todos temos Netuno e Mercúrio em algum lugar em nossos horóscopos. Muitos temos planetas na Sexta Casa ou na Décima Segunda. Para todos nós, a polaridade de Peixes a Virgem implica a habilidade de ir do intuitivo ao concreto.

1.  Se perguntado(a), meu cônjuge diria que eu sou
a.    desorganizado e intuitivo.
b.    intuitivo e organizado.
c.    organizado, mas não intuitivo.
2.  Quando entro numa loja, eu
a.    me sirvo do que me parece bom para mim.
b.    me sirvo do que está na lista de compras e alguma coisa extra.
c.    pego somente o que está na lista.
3.    Com relação aos projetos de trabalho, sou
a.    um artista.
b.    um técnico e um artista.
c.    um técnico.
4.  Em minhas relações, sou
a.    nutritivo.
b.    amoroso e realista.
c.    realista.
5.  Meus companheiros de trabalho provavelmente me consideram
a.    vago com relação aos detalhes.
b.    competente em análise e em síntese.
c.    analítico.
Os que marcaram três ou mais respostas (b) estão desenvolvendo um bom trabalho na integração da personalidade na polaridade Peixes/Virgem. Os que têm três ou mais respostas (c) precisam trabalhar mais conscientemente no desenvolvimento de Netuno natal em seu horóscopo. Os que têm três ou mais respostas (a) podem estar fora de equilíbrio na outra direção (Mercúrio fraco ou pouco desenvolvido). Estude ambos os planetas no mapa astral. Existe algum aspecto entre eles? Qual é mais forte por posição de Casa ou localização em seu signo de regência ou de exaltação? Está um ou outro retrógrado, interceptado, em queda ou em detrimento? Aspectos relativos ao planeta mais fraco podem indicar o modo de integração.
O que significa ser um Peixe esotérico? Como Peixes integra Plutão, seu regente esotérico, na personalidade? Todo Peixes tem tanto Netuno quanto Plutão em algum lugar em seu horóscopo. Netuno e Plutão operando em harmonia ajudarão a alma a manifestar-se para tomar conta da personalidade. Agindo em conjunto, esses dois planetas externos trabalham para dissolver os apegos a pessoas, a lugares e a posses, a liberar a Alma submissa dos grilhões da Matéria.
1.    Para mim, resignação significa
a.    submissão à vontade de Deus.
b.    aceitação do que não se pode mudar.
c.    expectativa do pior.

2.  Tenho uma fé firme
a.    em Deus e em mim mesmo.
b.    em Deus.
c.    nem em Deus nem em mim mesmo; sou um fatalista.
3.  Lido com meus medos e inibições interiores praticando
a.    meditação, orações, assertividade e/ou participando de celebrações religiosas.
b.    pensamento positivo sempre que a negatividade se manifesta ao meu redor.
c.    francamente, quero me esconder debaixo da cama.
4.  Quando se trata de ter controle sobre minhas preocupações e ansiedades,
posso honestamente dizer que
a.    Faço isso bem. Estou bem menos perturbado do que costumava estar.
b.    Tenho feito certo progresso e continuo trabalhando sobre mim.
c.    Poderia dizer que houve certo progresso, mas não o suficiente.
5.  Mudanças drásticas (morte de uma pessoa amada, divórcio, transferência de
lugar de trabalho, perda de posses muito queridas) me afetam profundamente
a.    mas por retrospecto posso entrever o bem último que se manifesta.
b.    e acho difícil ajustar-me, mas depois de certo tempo volto a viver e a fazer
o melhor possível com o que tenho.
c.    a ponto de que tudo o que quero é fugir.
Os que assinalaram três ou mais respostas (a) estão em contato com o regente esotérico. No nível esotérico, a função de Plutão é libertar Peixes do apego durante a jornada do mar noturno. Os que marcaram três ou mais respostas (b) estão trabalhando sobre si mesmos, mas precisam continuar. Purificar lembranças/ressentimentos passados é de vital importância durante a jornada do mar noturno de Plutão. Analistas junguianos podem proporcionar uma ajuda eficiente, objetiva e profissional durante esse processo. Os que marcaram três ou mais respostas (c) realmente precisam conscientemente compreender a energia de Plutão em seu mapa. Plutão deve favorecer-lhe o contato com seus recursos interiores em tempo de crise, ajudá-lo a enfrentar seus medos e a transcender. Embora você possa considerar Plutão um planeta maléfico, seus objetivos prioritários são a transformação e a transcendência. Plutão favorece a compreensão de que a mudança é inevitável e de que a resistência alonga o processo de cura psíquica que ele está procurando desenvolver.