sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Aquario

11 Aquário: - A busca do Santo Graal

Todos os anos, no dia 21 de janeiro, o Sol entra em Aquário e aí permanece até 21 de fevereiro. Aquário é o último dos quatro signos Fixos fortes, magnéticos, obstinados. Simbolicamente, Aquário é o homem ideal, representado artisticamente por um anjo, um mensageiro imortal enviado à humanidade pelos deuses, um ser evoluído que se libertou das limitações de tempo e espaço (as órbitas de Saturno e Júpiter), podendo assim voar entre o Céu e a Terra com suas idéias sublimes. 


Os anjos inspiram, guiam, instruem, guardam, protegem e às vezes lutam conosco para nos convencer a agir corretamente. Eles podem aparecer inesperadamente com uma mensagem importante, como Gabriel se apresentou diante de Maria; podem guardar os portões do paraíso, como fizeram com Adão e Eva; podem manifestar-se com espadas e trombetas no Dia do Juízo ou digladiar-se um ao outro como fizeram Lúcifer e Miguel. Eles definitivamente são seres superiores, intermediários entre Deus e o homem.

Na Ásia, o Bodhisattva é um ser evoluído, de aparência angélica, que é também um intermediário, um guia ou salvador da humanidade. Muitos aquarianos têm a disposição generosa de um sereno bodhisattva. Outros são anjos impetuosos que lutam por princípio. Reconhecemos neles a natureza corajosa da polaridade Leão. Aqui também, como com os demais onze signos, muito depende do nível de consciência e de outras energias do horóscopo individual.

Aquário é um signo Ar e como tal aborda a vida e a tomada de decisões a partir da mente, de modo especial nos estágios iniciais da jornada da vida. A idade com que Aquário entra na progressão de Peixes, um signo Água, é importante na determinação de uma mudança de enfoque da mente (Ar) para o coração (sentimentos de Água). 


Muitos alunos que chegam à astrologia depois de passar pelo Taro têm certeza de que Aquário deve ser um signo Água porque conhecem a carta Temperança. A Temperança se parece muito com Aquário. Um anjo alado derrama um líquido de um vaso mais alto (reino dos deuses) para um mais baixo (reino da humanidade). "Como pode este Carregador de Água, este anjo generoso com sua jarra sem fundo cheia das águas da vida, ser um signo de Ar e não um signo de Água?", pergunta o novato. E diz: "Você deve ter feito uma interpretação errada. Veja, eu tenho muitos amigos aquarianos reservados que têm habilidades de Água, como música, por exemplo. Com certeza Aquário é um signo de Água." Respondo:

"Não, confie em mim; ele é regido pelo Saturno Científico e pelo Urano mental; é um signo de Ar. Procure descobrir se seus amigos aquarianos entraram em progressão em Peixes. Há muitos aquarianos com cúspide de nascimento em Peixes que possuem também algumas habilidades de Peixes natal."

Durante a progressão em Peixes, muitos aquarianos não somente se dão conta de seu lado imaginativo, artístico e musical pisciano, mas também se envolvem em escapismos característicos de Peixes, como o alcoolismo e as drogas (escapismo negativo de Netuno). Em Esoteric Astrology, Alice Bailcy nos diz que a linha demarcatória entre Aquário e Peixes não está claramente estabelecida, que as duas tendem a formar uma única. 


Este fato está bem expresso também nos desenhos do Zodíaco feitos por Dendera, onde as principais estações do Solstício não são os signos Cardeais, mas os signos Fixos Leão/Virgem e Aquário/Peixes, os quais abrangem grande parte do zodíaco egípcio. De fevereiro a março decorria a estação das enchentes no Vale do Rio Nilo. 

Chuvas torrenciais asseguravam a fertilidade do delta e uma copiosa colheita nos meses subseqüentes do ano. Entretanto, nada podia ser plantado até que as águas baixassem, o que acontecia pelo final de março e início de abril. As pessoas protegiam-se dentro de casa enquanto o vento soprava e as águas formavam cascatas e redemoinhos em sua corrida descontrolada para o rio. A estação das enchentes significava afastamento do trabalho mundano.

Como os antigos egípcios, clientes nascidos em fevereiro ou março muitas vezes se sentem inundados pelo mundo que os rodeia - as sensações, percepções, informações, possibilidades e armadilhas. Esporadicamente precisam voltar-se para dentro, retirar-se do mundo e digerir; deixar que as águas saturem o solo e o fertilizem enquanto a torrente de estímulos se derrama sobre eles. 


Eles sabem que uma colheita abundante com certeza ocorrerá mais tarde, no futuro, como conseqüência deste período de pousio ou dormência. Não é de admirar que os intuitivos que estudam astrologia associem o Carregador de Água aquariano com o elemento Água e tenham dificuldade de considerá-lo um signo Ar mental. Existem muitas semelhanças com Peixes, o outro signo de estação chuvosa.

Peixes e Aquário são também os dois signos mais altruístas do zodíaco. Uma pessoa que nasceu com muitos planetas nesses dois signos pode muito bem ser um Buscador do Santo Graal, a taça bem-aventurada de Ornar Khayyam. Não é um Buscador por motivos pessoais e egoístas, porém. 


E claro que ele(a) deseja experimentar sua própria imortalidade, sua própria alma e o Divino, mas em geral também vê a si mesmo(a) como o guia mensageiro cuja motivação principal está em encontrar a taça e derramá-la sobre o solo ressequido em favor de todos nós, para que possamos nos revitalizar, para nos guiar em nosso caminho para o reino interior.

Embora Aquário, em geral, não se afaste da sociedade por longos períodos de tempo, por ser mais extrovertido do que Peixes, por interessar-se mais nas amizades, na interação social e nas atividades comunitárias voluntárias da 11ª Casa, os pais de Aquário muitas vezes se perguntam quando seu filho(a) irá encontrar seu lugar na vida, quando irá parar de representar, de rebelar-se, para reunir-se aos demais seres humanos da Terra. 


São freqüentes perguntas desse tipo feitas pelos pais de Aquário: "Por que meu filho(a) é tão rebelde? Será que vai ficar solteiro(a) para sempre? Não vou ter um neto? No processo de encontrar a si mesmo, ele(a) irá encontrar um trabalho, uma profissão? Por que é tão irrequieto(a)? Por que está sempre perguntando 'Por quê'? Todos aceitamos a vida como ela é. Ele(a) está fugindo da responsabilidade?"

Na mitologia grega, Urano é, literalmente, o Céu - o Armamento que está acima de nós, uma força impessoal da natureza. Sua mulher Ga, a Mãe Terra, equilibra sua natureza aérea e o firma na realidade. Aquarianos Urano olham para o alto e tendem a ser utópicos, a menos que tenham muitos planetas de Terra, Capricórnio Ascendente ou Saturno forte no mapa. 


Eles querem viver espontaneamente no aqui e no agora e geralmente expressam desdém pelas fastidiosas rotinas do mundo do trabalho diário com seus orçamentos bem planejados e seus planos de pensão. Aquarianos Urano, especialmente os que têm muitos planetas Ar no mapa, perguntam: "Por que é preciso continuar com um trabalho maçante? Para que casar-se e assumir toda essa responsabilidade - hipotecas, contas de dentistas das crianças, taxas de matrícula? Para que passar por tudo isso? Qual o objetivo disso?" Clientes com um Urano Angular (Casa 1, 4, 7 ou 10) também fazem essas perguntas, embora mais esporadicamente. 

O plano geométrico da Terra é um mundo Júpiter/Saturno, um mundo onde funcionamos no tempo e no espaço, mas os aquarianos parecem ser almas transaturninas de além da órbita de Júpiter e Saturno, anjos que vieram para uma visita oriundos de algum paraíso aquariano, do Céu de Urano além dos portões de Saturno. 

Como personalidades "fixas", as pessoas com Sol em Aquário e Aquário ascendente precisam de algum modo aprender a transigir com sua natureza rebelde, a submeter-se às leis do plano da Terra para sobreviver e funcionar aqui. A menos que façam isso, terão dificuldade de guiar a nós outros para o seu bem-aventurado Graal.

Como podemos nos aproximar do anjo rebelde? É mais fácil compreender Aquário depois de entendermos a dificuldade que esse signo tem de integrar seus dois planetas regentes mundanos, Saturno e Urano. Essas são duas energias muito diferentes - Saturno, com sua função limitadora e estruturadora, e Urano, com seus impulsos elétricos, sempre destruindo estruturas já decadentes e que precisam ser substituídas. A vida de Urano é um constante processo de demolição de velhos modelos, de abandono de conceitos obsoletos e de recriação de tudo a partir do nada.

A lentidão de Saturno pode dar apoio a Urano se ambos os planetas forem igualmente fortes num mapa com Sol em Aquário/Aquário ascendente. A natureza perfeccionista de Saturno (veja Capítulo 10) leva a responsabilidade muito a sério, e numa Casa Angular irá muitas vezes retardar o comprometimento, proporcionando a Urano tempo para experimentar a vida e perguntar "por quê?" - uma pergunta que, como veremos, é fundamental na Busca do Graal. 


Na história do Graal, conseqüências funestas se manifestam se o buscador esquece de formular a pergunta correta no tempo correto. Para meus clientes aquarianos, a vida é muito uma questão de fazer as perguntas certas; parece assim haver uma afinidade efetiva entre o signo da Taça (Santo Graal), Aquário e a lenda em si.

É de vital importância que os aquarianos escolham o guia certo e os companheiros adequados para a busca. Especialmente as crianças aquarianas querem ser amigas de todos e nem sempre escolhem bem seus companheiros. Quando chegam à adolescência, a influência e a popularidade se tornam preponderantes em sua vida. 


Sugiro aos pais de aquarianos privados da disciplina de um Saturno natal forte, de um signo Terra ascendente, ou de planetas Terra, que orientem cuidadosamente a escolha das amizades de seus filhos nesses anos. Um grande trígono em Ar com o Sol em Aquário pode fazer com que um adolescente fique muito vulnerável a deixar-se levar pela multidão, pois este trígono muitas vezes significa tomar o caminho do mínimo esforço.

Saturno, o princípio cósmico da ordem, do dever, da limitação, do Pai Tempo, das figuras de autoridade e da obediência aos padrões sociais, foi durante séculos o único regente mundano de Aquário. Ainda hoje, se observarmos até mesmo um aquariano Urano radical, um jovem que uma vez adotava um corte de cabelo à moda índio, quando se aproxima do Retorno de Saturno (na idade de 29-30 anos), provavelmente poderemos perceber o repelão inconsciente de Saturno, seu outro planeta regente. 


Os pais de aquarianos Urano acharão interessante observar as mudanças que ocorrem em seus filhos nessa época. O aquariano rebelde tende a tornar-se compenetrado, mais saturnino, menos uraniano. Peter Pan (Urano) encontra o Pai Tempo (Saturno) e procura acomodar-se (Saturno) em vez de escapulir-se através do ar (Urano). O Aquário/Urano próximo aos 29 anos de idade começará a pensar em termos de "deverias e terias", de propriedade (Saturno), de dever para com a sociedade e das opiniões que os membros da família têm dele.

O aquariano regido por Saturno, a criança conservadora, pode também passar por uma alteração de energia em torno dos 29 anos, porque nessa época Urano em trânsito em trígono com Urano natal pode pô-lo em contato com seu regente Nova Era. Se isso acontece, os pais podem ficar chocados ao ver seu até agora estável Aquário Saturno abandonar sua profissão especializada ou programa de graduação por alguma área Nova Era não muito lucrativa. 


Ou ele(a) pode sair de viagem com alguns amigos novos e pouco comuns - pessoas que parecem inovadoras, mas preguiçosas. Alguns aquarianos começam a estudar com músicos que usam drogas e dizem a seus pais que seus novos amigos são muito espirituais. Visto que os aquarianos Saturno tendem a ter pais pertencentes às religiões mais austeras, rígidas e dogmáticas, esta mudança de comportamento é para eles um choque, pois não acreditam que as pessoas da Nova Era sejam espirituais.

Se você, leitor, tem planetas aquarianos ou Aquário ascendente no seu horóscopo, mas não se identifica com o aquariano rebelde e inovador radical; se você não tem nenhum interesse em religiões Nova Era ou em cura Nova Era, você pode voltar atrás e reler o Capítulo 10 sobre o Girador da Roda Capricórnio. (Por favor, estude também as perguntas do final do capítulo.) 


Esse arquétipo pode descrever sua jornada da vida melhor do que Aquário, especialmente nos primeiros 42-45 anos. Entretanto, se você for um aquariano Saturno, ao chegar a Urano em oposição a Urano, seu regente da Nova Era pode, por meio de mudanças no mundo exterior, pô-lo em contato com seu Urano natal. Este capítulo pode significar muito mais para você nessa época de sua vida.

Se você tem dúvida em saber se é um Aquário Saturno ou Urano, especialmente se alguns de seus amigos são impetuosamente liberais e atualizados na escolha de seus trajes e outros são conservadores que se vestem como banqueiros, você pode repassar a lista de perguntas abaixo e definir se se identifica mais com Saturno ou com Urano:


1. a) Eu era um "aluno careta" no primeiro grau. Procurava agradar meus professores com todo empenho, 

    b) Como criança, eu era um tipo muito travesso (Peter Pan). Podia também ser muito rebelde se os adultos não me explicassem satisfatoriamente o porquê das coisas.

2. a) Quando meus pais encontravam meus amigos, minha preocupação maior era se eles aprovariam minhas amizades, 

    b) Quando meus pais encontravam meus amigos, minha maior preocupação era se estes considerariam meus pais enfadonhos ou não.


3. a) Meu gosto por roupas sempre foi conservador.
    b) Meu gosto por roupas tende a ser espalhafatoso, e sempre foi, pelo que posso me lembrar.


4. a) Títulos e credenciais são muito importantes para mim.
    b) Penso que a experiência da vida é mais importante do que um diploma.


5. a) Gosto de discutir idéias que têm aplicações práticas, 

    b) Posso sentar e ficar teorizando por horas.


6. a) Minha visão de vida é cautelosa e ponderada.
    b) Minha visão de vida é positiva - amanhã será melhor do que hoje.


7. a) Muitas vezes almoço com parentes aos domingos, mas preferiria não fazê-lo; faço isso porque penso que devo. 

    b) Muitas vezes digo aos parentes que não posso almoçar com eles aos domingos: tenho coisas a fazer com meus amigos.


8. a) Vejo-me como uma pessoa disciplinada. Quase sempre termino tudo o que começo, 

    b) Prefiro começar algo novo antes de terminar alguma coisa que vem se arrastando por muito tempo e que me aborrece.

Se você se identificou com (a) mais do que com (b), você é um aquariano Saturno. Sua natureza é tradicional, conservadora. Você se orienta pelo que as autoridades pensam - pais, professores, supervisor, comitês de concessão de honrarias. 


Se você se identificou mais vezes com (b), sua visão de mundo é mais progressista, uraniana. Você é irrequieto e se aborrece com facilidade; gosta de idéias novas e tem uma personalidade "mais livre". Você se identifica com seu trabalho (Saturno) apenas até o ponto em que ele lhe permite dedicar-se a algo novo e tirar dessa dedicação o máximo de proveito.

Se suas respostas foram meio a meio, você precisa encontrar uma maneira de dar atenção a ambos os regentes mundanos, Saturno e Urano. O primeiro representa a faceta de sua personalidade que valoriza a segurança; o segundo, a faceta que empreende a busca. Ambos são planetas científicos. 


Um modo de prestigiar os dois planetas seria através da psicologia clínica remunerada por uma agência governamental e não pela prática autônoma financeiramente arriscada. Outro modo seria a dedicação à pesquisa em laboratório anexo a um hospital ou universidade em que dinheiro orçamentado fosse acessível. Saturno teria segurança e prestígio e Urano, uma ampla faixa para a descoberta. 

Você poderia tornar-se uma autoridade (Saturno) humanitária (Urano), um ministro da Nova Era. Ou, durante seu tempo livre, poderia desenvolver um serviço comunitário (Saturno, comunidade) voluntário (Urano) e com o tempo chegar a ser uma respeitada autoridade da comissão (Saturno). Urano precisa ser honrado através da descoberta de novos conceitos, idéias, amigos, organizações. Saturno precisa das antigas raízes, amigos, propriedade, valores. E um equilíbrio delicado. 

Ambos os planetas são científicos e analítico-clínicos. Ambos têm relações com o social, mas de modos diferentes. Urano é ansioso por crescer, por viver no agora, enquanto Saturno procura proteger tradições passadas. Criar uma instituição ou estrutura elástica em sociedade com diversos tipos de amigos, obrigações e experiências de vida é uma iniciativa que contribui para este equilíbrio.

Embora muitos de meus clientes Aquário Urano prefiram não se estabelecer e não casar antes dos 40,45 anos, existe uma relação entre Aquário e o matrimônio. Urano é o regente esotérico de Libra. Através dessa ligação entre os dois signos, podemos ver uma mudança real na vida de aquarianos liberais depois do casamento. Eles tendem a ser mais equilibrados, menos nervosos, mais soltos e felizes de maneira geral. 


É difícil os aquarianos compreenderem como o casamento, sobre o qual pensam, na juventude, que os fará desistir de sua liberdade e de sua busca, pode na verdade preservar essa liberdade. No casamento, não apenas terão apoio moral para suas esperanças, sonhos, desejos e também um companheiro (um amigo para a jornada), mas encontrarão ainda suporte material. 

Em nossa época, o casamento em geral possibilita uma segunda renda familiar. Esse dinheiro extra possibilita ao aquariano a liberdade de desligar-se de um emprego enfadonho ou de deixar um ambiente de trabalho confuso que consome sua força exterior. Ele pode passar a viver momentos menos fatigantes escrevendo seus artigos, relatando suas experiências de laboratório ou, na progressão em Peixes, em substituição aos temas técnicos, dissertando sobre peças musicais, poesia ou filosofia. Como Urano, o Deus do Céu, "pôs os pés no chão" através do casamento com Ga, a Mãe Terra, assim também o matrimônio ajudou muitos clientes Aquário Urano a fazerem o mesmo.

Embora os astrólogos não sejam concordes sobre a exaltação planetária em Aquário, minha convicção sustenta que é Mercúrio. No ensinamento esotérico, Urano é a oitava superior de Mercúrio e os dois trabalham muito bem juntos. Mercúrio é rápido e objetivo em Aquário. Ele se acomoda para aprender (pois Aquário é Fixo) e acalma sua natureza irrequieta. Mercúrio é mais altruísta e desejoso de repartir - comunicar seus vislumbres intuitivos cm vez de mantê-los para si mesmo. 


O que mais chama a atenção, porém, é que as pessoas com Mercúrio no estimulante Aquário são impelidas a aprender, quase forçadas a trabalhar para se tornarem mais conscientes - a trabalhar para seu próprio desenvolvimento. Hermes (Mercúrio) é um guia à transformação alquímica, um planeta sexualmente neutro capaz de subir ao céu ou descer ao Hades para libertar as almas. 

Como curador mental, Mercúrio em Aquário muitas vezes opera uma espécie de magia alquímica, ultrapassando a lógica da mente finita do Hermes mundano e projetando-se em direção a vôos de pura intuição. A compreensão intelectual torna-se Fixa ou solidifica-se em comportamento mudado. Mercúrio em Aquário é muito Persuasivo e lúcido. É uma boa posição para a Nova Era - ou mesmo para qualquer era.

No Capítulo 10 estudamos o tema do arquétipo do exílio do bode expiatório na solidão do deserto. Analisamos a questão em termos da Casa de Saturno natal em nosso mapa e da Casa com Capricórnio na cúspide. Agora, em Aquário, abordamos um assunto igualmente sério e profundo - a mutilação de Urano. 


O próprio filho de Urano, Cronos, com sua afiada foice, cortou o órgão vital do pai, o falo, e jogou-o no mar. Sem dúvida, o falo simboliza a criatividade reprodutora, mas, mais do que isso, representa o poder. O tema de ser abrupta e repentinamente mutilado, sendo cortado na própria fonte do poder, separado do grupo, dos próprios amigos de confiança, surge renovadas vezes na vida de Aquário, Aquário ascendente e pessoas com Urano em posições de Casa fortes, como no Ascendente (perda repentina do poder pessoal no grupo), na Quarta ou na Sétima Casa (um dos pais, um filho ou o cônjuge isola a pessoa) ou na Décima Casa (o patrão "gela" o funcionário e inesperadamente o demite).

A primeira vista, poderíamos pensar: "Bem, se os aquarianos prezam tanto sua liberdade, se se mostram tão independentes, por que deveriam preocupar-se com o fato de ficarem isolados? Por que a multidão é tão dolorosa?" Há dois motivos que justificam a vulnerabilidade de Aquário. 


Primeiro, como signo Fixo, os aquarianos se preocupam profundamente com a lealdade, a fidelidade, a confiança. Segundo, devido à sua relação com o arquétipo da amizade (Casa 11), eles se identificam com aqueles que comungam nos seus ideais; sua identificação não se dá com pessoas antiquadas, tradicionalistas ou com a família de sangue (isso aconteceria com Capricórnio/Saturno), mas com os amigos e a família que eles mesmos escolheram, que compartilham sua opinião peculiar sobre a vida e sua visão Nova Era.

Uma cliente com um Urano muito forte comentou, "O quê? Eu simplesmente não entendo! Fiz parte da comissão durante muitos anos e quando estava fora do país os outros integrantes votaram por meu desligamento. Eles me cortaram sem qualquer explicação. 


E nem sequer estava por perto para me defender." É difícil responder ao "Por quê?" de um aquariano, como muito bem sabem os astrólogos. Apenas posso me reportar ao mito de Urano em si. Afrodite, a mais bela e adorável das deusas, surgiu da espuma, nascendo do membro criador amputado de Urano. 

Sua mutilação resultou no aparecimento de algo raro e belo - a Deusa do Amor. Uma nova oportunidade, um novo nascimento, um novo serviço humanitário estava se introduzindo na vida da cliente afastada da comissão por amigos em que ela havia confiado. Se ainda estivesse ocupada com os velhos amigos e com as antigas responsabilidades, talvez nem percebesse essa nova ocorrência e, se o fizesse, com sua dedicação aos velhos amigos, sem dúvida a teria rejeitado.

A Grande Mãe modelou a foice aguçada de Cronos e deu-lhe permissão para usá-la em Urano. A função intuitiva (ou a função do sentimento) autorizou o processo doloroso e sangrento. A mente racional, o lado inflado do Mercúrio exaltado em Aquário, procura entender esse processo, mas fracassa, porque a função intuitiva (Mãe Divina) não é lógica, e é Ela que está por trás de Cronos segurando a foice. Tudo o que podemos dizer é: fique atento - uma nova oportunidade está prestes a surgir.

Júpiter (oportunidade) 6 o regente esotérico de Aquário. Deus está por trás do golpe corrosivo e doloroso do amigo. Você pode não mais ser um dos integrantes da antiga comissão, mas, unindo a liberdade e universalidade de Júpiter/Urano, você pode criar seu próprio trabalho humanitário, destinado talvez a ser mais universal em amplitude do que a antiga atividade. (Júpiter/Sagitário é perspectiva universal.) A tarefa da Nova Era é combinar Júpiter e Urano (os regentes esotérico e mundano de Aquário).

O choque da traição de um amigo numa atmosfera de Nova Era machuca muito Aquário. Um cliente disse: "Eu esperaria um comportamento tão intolerante por parte da religião rígida em que fui educado, mas ser rejeitado pelos meus amigos Nova Era que sempre pensei que participassem de meus ideais..." (defrontar-se com a intolerância na Escola Montessori, no centro de saúde holística, ou no comitê da Igreja Nova Era) "... é inacreditável." Parece paradoxal até nos lembrarmos que as pessoas, mesmo num meio ambiente de Nova Era, são humanas e têm fraquezas humanas.

Quando provoca seus repentinos e inesperados choques elétricos, Urano em transição atrai nossa atenção com rapidez. Porém, em vez de isolar-se ou de pedir a Deus, "Por que eu? O que fiz para merecer isso?" como uma criança chorona, é importante desapegar-se e ficar alerta para a nova oportunidade. 


Na esteira da mudança de Urano, a alteração da antiga situação e o surgimento da nova oportunidade geralmente são concomitantes. Em The Astrology of Fate, Liz Greene nos fala da rápida mudança de Carl Jung da posição de herdeiro da psicologia freudiana à perda da amizade de seu mentor e figura paterna, Sigmund Freud. Num piscar de olhos, ele caiu de sua posição de discípulo mais eminente do grande homem para a de persona non grata no grupo. 

Solitário, inesperadamente sem amigos, isolado por suas idéias inovadoras e pela direção que decidiu seguir, Jung continuou sozinho. Como resultado de dez anos de estudos do oculto, ele devolveu ao mundo ocidental suas raízes alquímicas, astrológicas e seu simbolismo cristão esotérico. Tivesse ele mantido sua posição de honra e autoridade entre os freudianos, jamais teríamos tido a psicologia analítica ou psicólogos ocidentais dedicados ao Self e ao Divino. 

Jung era um Leão que tinha coragem de dizer "Eu não acredito que Deus existe; eu sei que Ele existe", e tinha também Aquário ascendente - a habilidade uraniana, de espírito aberto, para ir em busca da Verdade onde quer que ela estivesse, desde a filosofia oriental até os mitos dos índios americanos, e incluindo áreas que Freud considerava irrelevantes e até mesmo tabu. Foi exatamente essa perspicácia regida por Urano que paradoxalmente fez com que perdesse seus amigos, uma situação aflitiva para alguém com um ascendente Aquário. Que maravilhosa oportunidade, porém, seu afastamento abrupto do corpo freudiano trouxe para todos nós!

A fase aquariana da caminhada espiritual está simbolicamente descrita nos evangelhos. A história dos últimos dias de Cristo na Terra pode ser reconstituída a partir do que os evangelhos nos narram. Primeiro, temos a apresentação do arquétipo de Deus como o Amigo Divino, em João 15:13-15:

"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos... Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu senhor faz; mas eu vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer."

Ele pediu a seu Pai Celeste que desse a seus amigos a possibilidade de experimentarem o estado de consciência que Ele experimentava e de conhecerem o que Ele conhecia (João 17:24). Lucas nos diz que havia um Anjo no Jardim do Getsêmani, enviado para dar-lhe forças, e em seguida, usando o simbolismo do Cálice (Aquário), descreve a rendição de Cristo à vontade de seu Pai, seu sacrifício em beber o amargo cálice de seu destino por seus amigos e por todos os que virão depois.

" 'Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!' Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. E, cheio de angústia, orava com mais insistência ainda, e o suor se lhe tornou semelhante a espessas gotas de sangue que caíam por terra.

Erguendo-se depois da oração, foi para junto dos discípulos e encontrou-os adormecidos de tristeza. E disse-lhes: 'Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação'." Lucas 22:42-46.

Mateus conta a história de um modo um tanto diferente, dando maior relevo à paixão. Cristo diz: "Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo." Mateus 26:38.

Mas eles não conseguem ficar acordados. Na versão de Mateus, Cristo deixa sua meditação por duas vezes na tentativa de despertar seus amigos, e então na terceira vez decide deixá-los inconscientes porque é quase hora do amanhecer. No final da história, um outro "amigo", Judas, aparece e o trai, ali mesmo, no Jardim, com o beijo da paz.

Resumimos em poucas linhas o conjunto todo do arquétipo aquariano: o cálice amargo, representando a vontade de Deus, que nossa mente não pode compreender no momento - o sacrifício pela humanidade (pelos amigos, presentes e futuros), o anjo para fortalecer a vontade e a lição da consciência desperta. 


Desperta! Vigia! (A lição de Urano em trânsito.) Esta imagem, mesmo a que está ligada às gotas de sangue caindo por terra, foi mais tarde assimilada pelas lendas do Graal do cristianismo e do islã. Cristo como Portador da Taça, segurando o cálice do vinho vermelho de sangue e realizando a transformação mágica do vinho em sangue na Última Ceia, continua até o dia de hoje na Missa. 

O vermelho é a cor da coragem, do autodomínio, do herói que foi testado e se mostrou digno. É a intrepidez de Leão, a integração da polaridade Aquário. Mas a subordinação da própria vontade à vontade de Deus para o bem do grupo, a transição do humano obstinado ao Anjo, Avatar ou Bodhisattva - este é o trabalho de Aquário.

Existem outras lendas que poderiam ilustrar a história de Aquário. Poderíamos citar a do Néctar Divino na Taça (amrita) da índia Védica, da ambrosia dos Deuses na Taça de Zeus no Monte Olimpo e a do caldeirão mágico céltico, que permeia o Macbeth de Shakespeare, ao redor do qual as três bruxas entoam esconjuros e cujo conteúdo mexem e remexem para dar vida a seus encantamentos. 


É muito difícil, porém, encontrar cena mais pungente do que a rendição do Getsêmani. No fim, é somente em Deus, como Amigo Divino, que se pode confiar inteiramente. A humanidade precisa ser servida, é verdade, mas os amigos individuais podem ser muito instáveis no momento em que deles precisamos. Na história céltica do Rei Pescador (a versão com Gawain como herói), há duas Taças - a Taça do líquido amargo e venenoso e a Taça da Imortalidade. 

O herói deve livrar-se da ilusão ou alucinação (Maya) e fazer a escolha correta da taça. Se considerarmos Aquário um signo dual, como Peixes e Gêmeos, essas duas Taças (Graal) são símbolos bem apropriados.

Um trânsito de Urano, seja uma conjunção, uma quadratura, seja uma oposição, pode pegar-nos de surpresa e apresentar-nos um cálice amargo. Mas o Cálice da Vitalidade, da Bem-aventurança e da Imortalidade também nos aguarda. Como o Mestre Cristão, podemos temer o futuro e suar gotas de sangue, mas o Pai envia seu Anjo da Força para os que estão vigilantes.

Tenho muitos clientes que sentem o sabor do Cálice Amargo - o repentino desligamento do trabalho, ou a separação do cônjuge, do companheiro, do filho, ou do grupo profissional ou espiritual - e se sentem tão atordoados que preferem dormir e esperar que o pesadelo acabe, que o telefone toque é alguém diga, "Volte; eu errei." 


Ficar esbravejando contra amigos desleais não resolve o problema. Cristo na verdade teve de confiar toda sua missão a Simão Pedro, que o traiu por três vezes antes do clarear do dia. E apesar disso a missão continuou após a Crucificação, a despeito da fraqueza dos instrumentos humanos.

Ralph Waldo Emerson escreveu que se queremos ter amigos precisamos antes ser amigos. Embora possa ser difícil, parece importante estarmos prontos para nossos amigos que não estão agindo corretamente nos trânsitos de Urano. Um bom ouvinte é muito desejado quando um fusível elétrico de repente se queimou. 


Às vezes um amigo verdadeiro pode ajudar a iluminar a etapa seguinte da caminhada enquanto as pessoas tentam encontrar seu caminho através da floresta escura para o Castelo do Santo Graal. Um amigo que apóia pode ser como um Anjo do Graal que conforta.

O Rubaiyat de Ornar Khayyam está cheio de simbolismo sobre o Graal da Bem-aventurança, um gole do qual transforma nosso estéril deserto em Paraíso. É interessante que Khayyam decide começar seu longo poema com três versos sobre a importância do estar consciente, do estar vigilante. Antes do cantar do galo, o muezim conclama: "Despertem! Despertem todos! Onde estão os fiéis dormidores? Por que não estão invadindo a 'Taverna' que guarda o vinho sagrado?"

Mais do que qualquer outro planeta em trânsito, Urano nos força a ouvir a convocação do muezim para despertar. Às vezes parece que esse é o seu principal propósito cósmico. Em trânsitos como Urano em oposição a Urano, aprendemos a objetividade e o desapego rapidamente, através da Casa de Urano natal, da Casa com Aquário na cúspide e também na Casa transitada. Se não ficamos despertos, se dormimos ou fugimos, corremos o risco de perder o que os sufis chamam de Anjo Portador do Graal. Nesse caso, pode acontecer que vejamos apenas o cálice da amargura e percamos o da bem-aventurança.

Uma cliente irritada, nervosamente roendo as unhas, em Urano em oposição a Urano, falou-me dos seus temores com relação ao futuro agora que o marido a tinha abandonado. Ela havia decidido pela reação de fuga: "Vou vender a casa na cidade, tomar todo o seu dinheiro e viajar para a Europa para gastá-lo todo!" Esta reação de fuga acontece freqüentemente, mas na verdade não é um comportamento consciente. 


Também Peter Pan gostava de uma mudança de cena, mas só isso nem sempre resolve o problema. A mulher havia sido constrangida diante de seus amigos - casais com quem ela e seu marido haviam criado laços de amizade ao longo de vários anos.

O avião é um símbolo moderno de liberdade. Analistas junguianos me disseram que, nos sonhos, o avião representa liberdade. De minha parte, tenho-o visto com este simbolismo na vida real durante os anos da crise da meia-idade. O escapismo de Urano muitas vezes implica ir na direção das águas do Vaso de Aquário como se essas águas fossem a fonte particular da juventude - abruptamente deixar o passado para trás, fazendo mudanças através do país ou mesmo indo para o exterior. 


Por retrospecto, dois ou três anos depois, a pessoa que reagiu de modo extravagante à oposição de Urano pergunta-se admirada: "Por que razão desisti de tudo o que construí ao longo dos anos? De minha casa, de meu emprego, de meus amigos, de meu cônjuge, de meus filhos?" Especialmente se o mapa está cheio de planetas de elementos pesados, de Terra e Água, é importante refletir em vez de reagir impulsivamente num ano de Urano. O passado (o que Saturno construiu) é importante. 

Mapas fortes em elementos mais leves (de Ar e Fogo) têm menor possibilidade de arrepender-se por abandonar as coisas do passado e fugir com Urano, mas esses também podem perguntar-se "Por quê?" e "Como seria se eu tivesse ficado?" É melhor esperar até que Urano termine esse contato e mova um grau inteiro de afastamento antes de partir para um rompimento importante ou antes de uma mudança drástica de estilo de vida.

Meu próprio método de abordar a questão, quando um cliente está vivenciando Urano em oposição a Urano ou Urano em transição pelo Sol ou pelo Meio-do-Céu, é perguntar: "O que o vem excitando e estimulando nos últimos tempos? Deve haver um grupo, uma área de estudo Nova Era ou alguém que tenha encontrado recentemente que você gostaria de conhecer mais a fundo." 


Às vezes, um novo amigo que entra na vida da pessoa é um catalisador ou um guia ao Graal. Isso não significa que a nova pessoa ou interesse se constituirá numa parte permanente da vida do cliente. Ele ou ela pode desaparecer de repente, como o Anjo do Graal, depois de comunicar sua mensagem ou um vislumbre intuitivo. Todavia, o desafio, os contatos, a filosofia exposta pelo guia podem continuar importantes por muitos anos.

Se utilizados de modo construtivo, os trânsitos de Urano podem ser produtivos em períodos de tempo reservados somente para si, afastados do viver mundano e rotineiro, para desapegar-se, abrir os horizontes e observar mais objetivamente o mundo através de lentes diferentes e mais claras. 


Antigas amizades, hábitos, circunstâncias, empregos e ambientes inesperadamente nos parecem diferentes. Como conseqüência do tempo reservado para si e das novas pessoas encontradas durante o ano de Urano (em geral com a idade de 41-42 anos), muitos indivíduos podem recuperar o fôlego, entrever um segundo Graal pleno de novas esperanças, sonhos e desejos, e mudar de curso para a segunda metade da vida, explorando novos territórios.

Em "Stages of Life" (Collected Works, VIII), Jung afirma que muitas mulheres podem ir do lar e do foco interior para o mundo exterior e muitos homens podem fazer o oposto, ou seja, da carreira no mundo exterior sair em busca de um propósito para a vida, a busca interior. Muitos clientes arriscam correr riscos num trânsito de Urano que não ousariam assumir em qualquer outro ano. "De qualquer modo, eu estava demitido; não tinha nada a perder", disse um homem com um Urano Angular e Aquário em seu Meio-do-Céu. 


Ele trocou seu trabalho com comunicações de computadores por seu passatempo favorito, escrever histórias de ficção científica. E fez bem. Trabalhar em casa deu-lhe liberdade para organizar sua própria vida, ficar livre de supervisores e possibilidade de ter seu ganha-pão em suas idéias e iniciativas. Todas essas são vantagens de Urano.

Se considerarmos o ano como uma aventura, uma oportunidade para experimentar, para aprender, para correr alguns riscos, então a liberdade, a independência e um centramento em nossa própria habilidade ou originalidade podem realmente recompensar. Mas precisamos não ter medo, usar nossa confiança natal, integrar a polaridade Leão. Ir na direção do Futuro desconhecido sob os auspícios de Urano faz com que muitos clientes cautelosos de signo Terra e Água suem sangue por algum tempo, enfrentando o estresse e a ansiedade, mas no fim se alegram com a oportunidade não desperdiçada.

O trabalho comunitário é outra alteração da meia-idade que clientes homens e mulheres apreciam, visto que Urano rege a ação voluntária. Outros, mulheres do lar que procuraram realizar sua mudança de meia-idade indo para o mundo exterior e recebendo salário, passaram a aplicar sua experiência de voluntariado passada em comitês cívicos como meio de conquistar um emprego na Câmara de Comércio ou em outras organizações locais. Homens que chegaram ao Topo da Montanha (veja Capítulo 10) e se sentem aborrecidos ou estressados no ano de Urano podem desligar-se do trabalho monótono e ir em busca de algo mais interessante, desafiador ou prestativo a fazer. 


Todas as palavras-chave de Urano são utilizadas quando se orienta um cliente de meia-idade. O Urano natal e a Casa que ele rege (cúspide de Aquário) podem dar ao astrólogo muitas idéias sobre coisas que podem estimular o cliente e prepará-lo a usar a energia nervosa de Urano produtivamente para desenvolver os objetivos, as esperanças, os desejos e as aspirações da 11ª Casa. Os planetas dessa casa e o planeta natal que rege a cúspide dessa casa também devem ser estudados.

Estou admirada com o número de mapas com o hemisfério inferior introvertido (mapas com todos os planetas no hemisfério de baixo) que se deslocam para a extroversão no início dos quarenta anos, quando Júpiter, Urano e Saturno se opõem às suas posições natais nesse hemisfério inferior. Por outro lado, muitas pessoas extrovertidas com a maioria de seus planetas nas Casas do Zênite (9 e 10) descobrem o gosto por noites sossegadas passadas em casa lendo. 


Alguns inclusive pensam em transferir o escritório para casa para passar mais tempo com a família durante as oposições dos planetas exteriores em trânsito pelo hemisfério inferior no meio dos seus quarenta anos. Alguns pensam em aposentar-se cedo porque atingiram o topo nas Casas do Zênite e querem "viver bastante para usufruir meu sucesso", ou perguntam, "Quem precisa de pressão alta e possíveis ataques cardíacos provocados por toda essa loucura que nos rodeia?"

Muitos clientes, homens e mulheres, me perguntam sobre treinamento para se tornarem psicólogos, no ciclo de Urano em oposição a Urano, especialmente se ele aconteceu num ano de Plutão em quadratura com Plutão (psicologia profunda). Embora a mente possa assimilar conceitos com rapidez nos trânsitos de Urano, este não é um período paciente. 


Programas acadêmicos de longa duração podem motivar de início, mas as pessoas que estão na faixa dos 40 anos tendem a ser impacientes e a abandonar o curso depois do arrefecimento do entusiasmo inicial. É importante avaliar a força de estabilidade no mapa todo - a disciplina de Saturno, os signos fixos, as Quadraturas em T versus Grandes Trígonos, e assim por diante - antes de aconselhar para um programa longo. Contar com habilidades e experiências passadas e acrescentar alguns seminários em novas áreas de interesse operam de modo favorável para muitas pessoas neste ciclo.

Para clientes muito presos e muito estressados na meia-idade, pode-se sugerir um período de tempo num ambiente sossegado. A busca do Graal da Bem-aventurança do poeta sufi Ornar Khayyam pode envolver a permanência numa casa de retiro com um jardim (muitos poetas sufis falam de jardins, até mesmo nos títulos de seus livros) para refletir sobre as possibilidades da etapa seguinte da jornada, o segundo Graal que traz esperança e vigor renovado ao corpo e à alma. 


A pessoa pode levar consigo livros sobre assuntos do momento, filosofias e ciências da Nova Era, cura, comunidades fraternas do mundo, enfim sobre qualquer interesse aquariano que o indivíduo possa ter. É difícil sentar quieto e meditar depois de um choque de Urano, mas, se conseguimos fazer isso, a visão do Anjo e do Graal (que pode aparecer como um ser humano com uma idéia ou oportunidade) não deve tardar muito a chegar. Devemos então aprofundar ainda mais nossa reflexão até a última passagem de Urano por oposição e perguntar-nos: "Eu de fato quero esta oportunidade, esta ruptura com o passado?"

Assim, os trânsitos de Urano nos trazem consciência da necessidade de tomar uma nova direção na floresta do Graal da vida, rupturas ocasionais com antigos sócios de modo a podermos encontrar novos, e Cálices, às vezes amargos às vezes suaves. Num nível mais profundo, esses trânsitos simbolizam nossa fé em Deus ou Deus como Amigo Divino, e Guia durante períodos de mudança e às vezes de convulsão. Simbolizam também um novo alento ou um segundo nascimento.

Uma palavra de advertência sobre os trânsitos estressantes de Urano: o corpo também é um cálice, um recipiente. Ele abriga a Mente (tão importante para os aquarianos) e o Espírito! Nos anos de Urano precisamos dar ao que Ornar Khayyam chamou de pote de argila, o recipiente do corpo, o que lhe é devido em termos de repouso e relaxamento e também de exercícios moderados. Urano rege o sistema nervoso central junto com Mercúrio, exaltado em Aquário. As vitaminas B são boas para o balanceamento do sistema nervoso, e seria bom acrescentarmos alimentos ricos nessas vitaminas em nossa dieta.

Como Deus do éter ou do Ar, Urano também rege a oxidação do sangue e sua circulação. Muitas pessoas com Sol em Aquário intuitivamente sabem quando precisam adicionar alho ou tabletes de clorofila (purificadores do sangue) a seu alimento ou colocar uma pitada de pimenta-malagueta em sucos de fruta. Se temos sorte bastante de viver perto do mar, podemos sempre fazer uma caminhada rápida e respirar profundamente, trazendo oxigênio para o sistema. 


A dança aeróbica é excelente para o coração e para a circulação, mas se a pessoa está na meia-idade e fez pouco exercício, é melhor obter permissão do médico antes de impulsivamente inscrever-se num programa rígido num clube de saúde. Exercícios de alongamento também ajudam a manter os vasos sangüíneos flexíveis e elásticos. 

Devido à sua energia repentina e drástica, Urano está associado a câimbras, espasmos e mesmo epilepsia. O Hatha Ioga relaxa os músculos e ajuda a evitar problemas circulatórios e de câimbras. Se você se interessa por ioga, pode também pesquisar sobre o pranayama. Esta técnica ajuda a purificar e a oxidar o sangue, o corpo, e é boa também para a alma.

Numa recente conferência sobre astrologia, Eileen Naumann, a astróloga médica, mencionou que o sangue precisa de bastante oxigênio para metabolizar o amido, e que uma alimentação com pouco amido tende a dar bons resultados para o aquariano. 


Esclareceu também que muitos aquarianos gostam de sal, o que é esotericamente interessante, porque na tradição alquímica o sal representa a sabedoria (veja Capítulo 9). Talvez a ansiedade seja sintomática da busca da sabedoria, o presente de Júpiter. De qualquer modo, ela recomenda um exame para detectar a presença de glaucoma se os aquarianos sentem pressão no globo ocular e têm ansiedade de sal.

Aquário rege também os tornozelos. Observei muitos clientes que, em Urano em oposição a Urano (ou em Urano em transição em quadratura com Marte), ao correrem desarvoradamente caíram e torceram ou quebraram um tornozelo. A chave aqui é: esteja alerta, esteja consciente. Tornozelos torcidos ou quebrados também podem ser associados à negação psicológica, embora eu não tenha como provar isso. Clientes que me dizem "Meu marido e eu estamos apenas temporariamente separados", em vez de encarar a verdade de frente - a convivência dele com a namorada -, tendem a ter torcedura do tornozelo nos trânsitos de Urano. 


Estes são, definitivamente, trânsitos de consciência. Precisamos nos tornar conscientes, quer queiramos quer não. Resistir à nova direção ou ficar preso ao passado pode levar a um acidente num ano de Urano. Se não avançamos, o mundo exterior parece empurrar-nos à frente, de qualquer modo, contra nossa vontade.

À medida que envelhecem, aquarianos Saturno podem sofrer de enrijecimento das artérias, osteoporose ou outras doenças geralmente ligadas a Capricórnio (veja Capítulo 10). Aquarianos Urano têm maior probabilidade de aceitar bem o progresso e de lidar positivamente com a mudança e por isso sofrem menos de problemas de saúde relacionados a atitudes rígidas (Saturno).

Retiramos agora nossa atenção dos eventos e mudanças no mundo exterior, mundano, de Aquário, e a dirigimos para o mundo interior, a Busca do Graal. Esta Busca começa com um cavaleiro puro (atitudinalmente puro, não necessariamente fisicamente puro no sentido de celibato) em busca de sua alma. Intrínseca à busca da alma está a experiência da imortalidade, do Divino, e um desejo de salvar o reino, que é árido, infértil e moribundo juntamente com o Rei Senex, cujo vigor mental, físico e espiritual está se esvaindo.


Há duas cores (em versões diferentes da história do Graal) para este estágio inicial da jornada. Às vezes, o cavaleiro puro é branco, às vezes é verde. O verde simboliza o fato de que é totalmente novato na tarefa; não faz a mínima idéia da dificuldade que terá para levá-la a cabo; e tem muito a aprender. As cores provêm da alquimia ocidental influenciada pelos alquimistas islâmicos. Como Indries Shah disse, o esquema de cores é muito mais vivido no Oriente do que no Ocidente, e nos ajuda a visualizar a caminhada.

Peredur, o menino galés (antecedente de Perceval na história francesa e de Parsifal na versão alemã), vivia com a mãe na orla de uma floresta espessa e escura. Certo dia, ele entrou um pouco na floresta e viu um clarão de prata. Ansioso, correu para a cabana da mãe e lhe disse: "Anjos! Eu vi uma multidão de anjos a cavalo!" Ela riu e disse, "Não, querido, eram cavaleiros, não anjos. Os Cavaleiros do rei Artur da Távola Redonda habitam a floresta. É um lugar perigoso e encantado onde as coisas não são o que parecem. Quero que você fique longe de lá."

"Bem, então fale-me dos cavaleiros. O que um cavaleiro faz? Aonde ele vai?" A curiosidade e imaginação de Peredur não conheciam fronteiras. Mas tinha de esperar vários anos para fugir de casa e entrar na floresta, porque era muito novo. Ele sabia que sua mãe jamais aprovaria que fosse sozinho à floresta, qualquer que fosse sua idade. Ele assim precisaria ir sem sua permissão e sob o protesto dela.

Peredur não tinha outros amigos além de sua mãe. Por isso estavam muito ligados um ao outro e era muito difícil para ele separar-se dela. Enquanto ele cruzava a ponte que dava para a floresta, sua mãe correu atrás dele, chorando; mas acabou desfalecida sobre a ponte. Ele nem sequer olhou para trás. Estava livre. Na floresta, encontraria amigos, aventuras, e alguma espécie de busca, embora na verdade nada compreendesse de buscas naquela época. Peredur era um cavaleiro aprendiz muito verde.

Ser verde é ser inocente, viver o dia-a-dia, o momento presente. Em The Grail Legend, as autoras Emma Jung e Marie-Louise von Franz nos dizem que os inocentes, as crianças e os povos primitivos vivem para o momento, por seus instintos, e não estabelecem para si objetivos de longo prazo nem seguem um plano de ação. 


Eles vivem a situação do momento, decidindo espontaneamente o que fazer em seguida, prontos a deixar de lado a vara de pescar e ir caçar num dia ensolarado se um amigo chega e os convida. Se o clima está bom, a caça abundante e a época propícia, por que não? São somente os adultos e os povos civilizados que se sentem impelidos a fazer planos e a segui-los.

Os aquarianos Urano têm a inocência, a espontaneidade e a inquietação do jovem Peredur. Eles também vêem a vida como uma aventura que terá um resultado positivo. (Sempre dirão que a Nova Era será maravilhosa e não que o futuro irá trazer a guerra nuclear.) Como Peredur, os primitivos e os Grandes Sábios de todos os lugares, eles vivem o momento. Esta perspectiva da vida permite-lhes fazer muitas descobertas científicas porque vêem coisas hoje que nós outros perderíamos por ficarmos planejando a longo prazo, ou amarrando as pontas soltas do passado. Omar Khayyam, ex-professor de matemática e reformador do calendário, assim escreveu no Rubaiyat (LVII):


"Tuas cogitações, murmura a multidão,
O ano reduzirão a melhor curso? Não.
Um aviso somente o calendário deu:
- O ontem já se extinguiu e o amanhã não nasceu."


Por sua associação com a aprendizagem, o verde é uma boa cor para Aquário. As autoras do The Grau Legend relacionam o verde com a função da sensação, porque é um tom terra. Simbolicamente, o verde representa a vegetação saudável, a vida animal e a vida em geral. O verde é o oposto da terra árida, que é um seco marrom vermelho ou seco preto, simbolicamente morto. Quando os reis doentes das lendas e mitos eram magicamente curados, a terra ao redor do castelo imediatamente voltava a enverdecer.

Se o verde está associado à Terra e à eletricidade-terra de Urano, não é de admirar que tantas pessoas Urano Angular tenham dificuldade em terminar seu aprendizado como professores medíocres; a corrente elétrica resiste a ser aterrada. 


É difícil para crianças alertas e inteligentes de Aquário permanecerem em situações de aprendizagem em que outros avançam a um passo mental vagaroso e muitas são tentadas a abandonar a educação formal e a prosseguir seu aprendizado com as experiências da vida. Existe aqui uma semelhança com Sagitário (veja Capítulo 9), que também é regido por um planeta expansivo, livre e irrequieto.

Mas o leitor aquariano Urano provavelmente estará interessado em conhecer mais o significado esotérico da cor verde do que seu sentido mundano. (A vida mundana, com suas competições, provações, objetivos de longo prazo, sua necessidade de estar com os pés no chão e sua responsabilidade, lhe é enfadonha.) Esotericamente, o verde é a cor da esmeralda, a mais importante das pedras preciosas. 


Para o alquimista, a esmeralda é o equivalente do ouro entre os minerais. Hermes Trismegisto, legendário sábio egípcio e patrono da alquimia, escolheu a esmeralda como sua pedra e registrou seus ensinamentos secretos em tabuletas de esmeralda. A cura é facilitada pela cor verde. Assim, sempre que Gawain ou Peredur/Perceval tentava consertar uma espada mágica quebrada ou curar um rei, uma capa verde era colocada sobre eles no Castelo do Graal.

Em sua relação com a busca da verdade objetiva, o verde é uma cor muito importante na alquimia islâmica. Na tradição islâmica do Graal, a pedra do Graal era originalmente uma esmeralda no meio da testa de Lúcifer, na posição do terceiro olho. (Era semelhante à pérola preciosa no terceiro olho de Shiva, no hinduísmo.) Quando o Anjo da Luz, Lúcifer, lutava com o Arcanjo Miguel, a esmeralda se soltou e caiu na Terra ao mesmo tempo que o próprio Lúcifer caía no Hades. 


Na tradição persa, ele fora depositado num templo giratório, uma espécie de edifício astronômico posto em movimento com as estações e as constelações. Foi, porém, roubado e levado a Gales, onde supostamente foi escondido numa caverna ou num castelo invisível. A Pedra do Graal era a pedra alquímica do filósofo dotada de poderes mágicos; ela podia conceder sabedoria e imortalidade, como também propiciar a juventude eterna aos que tinham o privilégio de fitá-la. Os corações ansiavam pelo Graal. 

Ele era carregado por uma formosa donzela sobre uma toalha verde, o almarach, a qual, por sua vez, pousava sobre uma pátena dourada (e não dentro do cálice). A pedra, a Ka'aba e o almarach representavam a esperança da humanidade. O cristianismo também considerava o verde a cor da esperança e do Espírito Santo, através de quem o poder, a sabedoria, a imortalidade e muitas outras dádivas espirituais são alcançadas.

Falando em termos práticos, como representativa de Hermes mutável, que passa por três mundos (céu, inferno e terra) com suas mensagens, o verde é uma cor de transição. Podemos usá-la em qualquer lugar - na floresta introvertida ou fora dela, no mundo real extrovertido. Quando entra na floresta como um Cavaleiro Verde, Peredur realiza uma passagem de vida fundamental. 


Anos mais tarde, depois de andar em círculos em busca de um castelo localizado a apenas alguns minutos do seu ponto de partida, superando o encantamento (Maya, ilusão) e encontrando seu Centro Psíquico (Self, Propósito Espiritual, Voz Interior), ele sai da floresta vestindo o Manto Verde da Esperança. 

Outra transição de vida importante acontece quando apresenta à humanidade a mensagem de esperança: "Todos podem fazer o que eu fiz." A verdadeira mensagem do Graal parece ser a mensagem da esperança. Não precisamos ser um rei, um cavaleiro de sangue real ou um grande mestre; todos somos filhos de Deus. O homem comum pode tornar-se o Anjo do Graal. Esta também é a mensagem da Nova Era.

Peredur, portanto, como um inocente presenteado com o talento de fazer boas perguntas, era bastante verde. Em pouco tempo ele iria sentir-se submerso na sofisticação e na vida suntuosa do coletivo, a Sociedade da Távola Redonda. Mas, quando entrou na floresta, ele esperava saborear seu aprendizado como um cavaleiro verde. 


Como Peredur, a personalidade Aquário Urano/Aquário ascendente acolhe com prazer uma nova situação de aprendizagem, segura de sua habilidade de fazer as perguntas corretas e de sua capacidade de aprender com rapidez. A fase verde contém em si o estímulo de encontrar novas pessoas, situações, idéias e conceitos e a motivação de prestar serviço altruísta e de fazer descobertas. 

Quando entra em sua floresta, o aquariano Urano pensa: "Tudo o que se tem a fazer é encontrar o grupo certo - amigos que pensam de modo semelhante - e aprender tudo o que o grupo decide estudar." Realizar feitos arrojados com os cavaleiros de Artur, como resgatar donzelas em perigo e corrigir os erros, é, afinal de contas, serviço altruísta. A etapa de aprendizado verde é sempre divertida no início; é somente quando a novidade se dilui e quando o aquariano quer ser livre para pôr à prova suas próprias idéias que o aborrecimento se instala.

À medida que nos adentramos na escura floresta verde do inconsciente com Peredur, é útil nos lembrarmos da Casa de Urano natal, seus contatos com outros planetas no mapa, e da Casa com Aquário na cúspide. Urano é nosso Peredur interior, nossa consciência que desperta. Urano representa nossa curiosidade, nossa necessidade de responder a novos desafios e estímulos mentais, nossas esperanças, sonhos e desejos pessoais, nossos ideais altruístas em favor da humanidade, nossa inquietação, nossa rebelião, a resposta instintiva contumaz da mente humana. "Não vou dar ouvidos ao Sábio Mestre. Se ele disser que devo tomar a esquerda, tomarei a direita. É sempre mais excitante percorrer uma terra desconhecida."

Peredur esperava encontrar cavaleiros imediatamente e ficar amigo deles, mas logo percebeu que a floresta é um lugar solitário. Quer gostasse quer não, na floresta do inconsciente cada cavaleiro é solitário com sua própria Busca. Para enfatizar este ponto, os monges cistercienses que reelaboraram a lenda e cristianizaram o simbolismo introduziram uma nova condição. 


Em sua versão, os Cavaleiros do Graal tinham de dispersar-se antes de entrar na floresta. Cada um tinha de encontrar seu próprio caminho que levasse ao lugar escuro e sufocante e também seu próprio caminho de saída. No meio da floresta, eles se juntariam num único grupo e passariam por experiências comuns, cada um trabalhando com suas próprias habilidades e características de personalidade. (Veja Joseph Campbell,Flight of the Wild Gander.) 

Assim, os Cavaleiros do Graal tinham apenas uma ligação tênue com o grupo através de seu juramento de lealdade ao Rei Artur e aos valores do Código de Cavalaria. Essa visão cisterciense tem muita semelhança com o limiar da Era de Aquário. Há muitos diferentes Buscadores da Verdade, cada um seguindo seu próprio caminho solitário para a floresta, cada um com sua própria personalidade, habilidades, idéias e ideais, e todavia cada um participando do plano global para um aperfeiçoamento do conhecimento humano, da consciência humana na Nova Era.

Depois de muita andança, Peredur encontrou um velho. "Onde estão os cavaleiros?", perguntou Peredur. O velho respondeu que o rei Artur estava oferecendo um banquete em seu castelo e que todos os cavaleiros e damas estavam festejando, assistindo a justas e divertindo-se como príncipes. Embora estivesse ansioso para participar dos festejos, Peredur decidiu ficar com o velho e aprender sobre o Código de Cavalaria. O que esperariam dele no castelo? Qual era a Busca? O que era o Graal?

O velho observou Peredur e viu um jovem rusticamente vestido, sem qualquer requinte, um diamante em bruto que iria exigir muito trabalho para ser lapidado e apresentável na corte. Assim, convidou Peredur a ficar e estudar com ele. Explicou-lhe a seguir que a pessoa precisa fazer jus a seu lugar na corte. Era útil conhecer alguém lá, ter um padrinho, naturalmente (o padrinho de Peredur iria ser Gawain), mas também era fundamental conhecer e compreender o Código. 


De acordo com o Código de Cavalaria, se o aspirante tem necessidade de uma armadura, de um cavalo (Peredur não tinha nenhum dos dois) e de uma espada, ele precisava conquistá-los. Ele não pode tomar essas coisas emprestadas enquanto seu proprietário está dormindo ou em casa. Isto não seria digno nem justo. Cortesia e justiça eram duas das principais virtudes ligadas ao juramento de Cavalaria. Outra virtude era a obediência. Sob juramento, Peredur seria obrigado a obedecer ao Rei Artur. No momento, ele pode exercitar a obediência seguindo as instruções de seu instrutor, o velho.

Peredur podia conquistar sua armadura, sua espada e seu cavalo obedecendo à ordem de Artur de fazer o bem. Se Artur exigisse que Peredur punisse um cavaleiro indisciplinado e este fosse vencido numa luta de espadas justa, Peredur teria o direito de apropriar-se das posses do homem. Vingar o rei, um cavaleiro, virtuoso ou uma dama era, enfim, restaurar a Ordem Cósmica. (Veja The Grau Legend, de Emma Jung e Maria-Louise von Franz.) 


Para a Busca do Graal, a sinceridade e a lealdade à missão eram essenciais. Cavaleiros que não fossem sinceros, cujos motivos para a busca não fossem absolutamente puros, não eram escolhidos. Um egoísta nem sequer podia ver o Castelo do Graal, envolto em neblina; ele(a) passaria pelo castelo sem percebê-lo. Assim, a sinceridade e a lealdade (recusa a desviar-se da meta) eram as virtudes mais importantes do Graal. A integridade também era importante. Praticar ações piedosas, como proteger as donzelas e os pobres, ajudava a merecer o direito de entrar no Castelo do Graal. O aspirante também precisava dizer a Verdade e cumprir suas promessas.

"Mas como vou reconhecer o Castelo do Graal se o vir ou saber que estou me aproximando dele, se está oculto na neblina?"

"O Rei Pescador geralmente está fora, no meio de um lago. Embora se sirva diariamente do Graal da Imortalidade, ainda assim sua ferida não cura e eleja não consegue ficar de pé, andar ou deitar com conforto. Seus súditos o carregam para o lago, não longe de seu castelo, onde ele gosta de pescar. Se você o vir lá e lhe passar uma impressão favorável - embora seja improvável que possa fazer isso nesse momento -, ele o convidará a entrar. Tenha boas maneiras à mesa do banquete e não se deixe levar pela abundância que estará vendo pela primeira vez. E não o importune com perguntas sobre a ferida e sobre o Graal. Ele será seu anfitrião; seja um convidado gentil e amável. Não fale muito; procure ouvir. Procure aprender."

"Como ele chegou a ter a ferida?", perguntou Peredur.

"Diz a lenda", respondeu o instrutor, "que em vez de casar-se com a Donzela cujo nome estava no Graal, sua companheira predestinada, ele foi envolvido pelo encantamento da Dama do Castelo do Orgulho (Chateau Orgeuilleuse), ficando sem condições de libertar-se dela. Um dia, um estrangeiro pagão apareceu e transpassou o lado do Rei Pescador com sua seta envenenada. Desde então, a única maneira de estancar o sangue e aliviar a dor é colocar a lança mágica sobre a ferida. Ela extrai pequena porção do veneno e o Graal Imortal o mantém vivo, mas sua condição geral não melhora. Ele é um rei inválido. Um Cavaleiro Perfeito aparecerá um dia e curará sua dor ou o substituirá como Rei do Graal."

"Donde vieram Graal e a lança mágica?", perguntou Peredur.

"Diz a lenda que José de Arimatéia, o mesmo homem que ofereceu seu sepulcro a Cristo, levou o Cálice usado na Última Ceia para o local da Crucificação e, depois que os soldados romanos se foram, segurou-o debaixo da ferida de Cristo para apanhar algumas gotas de sangue. Em seguida, levou a lança que o soldado romano Longino havia usado para ferir o lado de Cristo, juntamente com o Graal, para a ilha de Patmos. Lá, seu filho Josephus supostamente os deu a um Santo inglês que os trouxe para cá e os escondeu em Gales, primeiro numa caverna, e depois no Castelo do Graal."

"Como o Cavaleiro Perfeito será capaz de curar o Rei, se o Graal e a lança, essas relíquias mágicas, não podem fazê-lo?", voltou a perguntar Peredur.

"Através da simpatia e da compaixão", disse o velho. "Vá dormir agora. Temos muito a estudar amanhã."

Mas Peredur levantou-se durante a noite e ficou andando a esmo, tentando lembrar-se de qual caminho o velho havia dito que devia pegar quando chegasse à encruzilhada. Até que o Castelo do Graal apareça no nevoeiro, pensou, eu posso bem procurar o castelo do Rei Artur e continuar com minha aventura. Não há sentido em permanecer para sempre com o Velho Instrutor. Como a mãe de Peredur, ele provavelmente jamais deixaria que o rapaz se separasse dele. Ou esta deve ter sido a impressão do irrequieto cavaleiro verde.

Na encruzilhada, Peredur tomou o caminho errado e perdeu-se. Nessa estrada, encontrou uma bela mulher, uma jovem prima do lado materno. Ela acreditou reconhecê-lo e pediu-lhe o nome. Peredur pensou muito: "Minha mãe me chama de bon fils (bom menino) e às vezes beau fils (belo menino)", ele respondeu.

Ela riu. "Não, não. Qual é o teu nome, teu próprio nome?" Ele pensou de novo. "É Peredur, o Gales", lembrou ele finalmente, sorrindo à intuição de sua identidade.

"Oh, Peredur. Eu sou sua prima, sobrinha de sua mãe. Você está perdido?"

"Sim, estou procurando o Castelo do Rei Artur. Por acaso peguei o caminho errado na encruzilhada?"

"Sim, mas este é um encontro auspicioso. Tenho informações de que o Castelo do Graal está por perto, embora eu mesma não o tenha visto, e que se localiza nesse caminho. Você deve apressar-se a ir para lá, Peredur, pois não nos resta muito tempo. Como pode ver, a terra está morrendo. Meu Cavaleiro, a quem estou prometida em casamento, está muito doente. Você deve encontrar o Castelo, pois sua mãe me disse que você é puro de coração. Lembre-se de perguntar: 'O que é o Graal e a quem ele serve?' " (Outras versões registram: "O que são essas gotas de sangue na lança?" Visto que Peredur não faz nenhuma pergunta, não é importante conhecer a versão "autêntica".)

"Ó, não", disse Peredur, "você não compreende. Meu instrutor, a quem devo permanecer obediente, disse-me para guardar minhas perguntas para mim mesmo no Castelo do Graal e concentrar-me na simpatia e compaixão, pois estas são as virtudes que curarão o Rei Pescador."

"Bem, ele está errado", disse a moça com total confiança em si. "Você deve fazer a pergunta mágica e ele estará livre. A terra irá recuperar-se e meu cavaleiro viverá; nós nos casaremos e viveremos felizes para sempre." Ela deu a Peredur orientações para chegar ao castelo de Artur e os dois se despediram. Em vez de voltar à encruzilhada, Peredur prosseguiu pela Estrada do Graal, perguntando-se, "Quem está certo? A moça ou o Instrutor?" A ambigüidade que advém de muitas fontes de informação é tão difícil para os signos Ar quanto o é tomar decisões precisas. A análise do glifo de Aquário (x) nos mostra que ele é duplo como Peixes e Gêmeos. A questão da integração ou equilíbrio de opostos é assim importante na Jornada de Aquário.

De repente, Peredur levantou o olhar e divisou um lago no meio da floresta; e, no meio do lago, um bote. Havia no bote um homem elegantemente vestido, mas de aparência muito doentia, segurando uma vara de pescar. Peredur concluiu que devia estar nos arredores do Castelo do Graal. Criados em vestes de seda com adornos dourados acorriam para atender a qualquer necessidade do rei. Se se aproximasse deles, Peredur poderia ser convidado a entrar no castelo. 


Ele poderia ter a oportunidade de curar o rei. E foi isso mesmo que aconteceu. Antes que pudesse adaptar-se à surpresa de tudo, Peredur se percebeu no interior do castelo, sentado a uma longa mesa de banquete e atento a uma procissão de 26 donzelas introduzindo o Graal. (Em algumas versões célticas há dois Graais e duas Donzelas do Graal na procissão.) A mesa automaticamente supria qualquer alimento que estivesse sendo ingerido e um dos Graais enchia automaticamente toda taça que ficasse vazia, sem ele mesmo nunca esvaziar-se. 

Cada convidado degustava o tipo de vinho que preferia, embora fosse sempre servido da mesma fonte. Peredur estava maravilhado com a visão do Castelo Encantado. (Joseph Campbell diz que Peredur estava à Mesa lendária do Rei Celta, Manaddwyn, o equivalente galés de Netuno. Até mesmo os animais serviam essa mesa mágica em que o prato principal se reconstituía e era reapresentado no dia seguinte. O Graal de Manaddwyn era a ambrosia da Imortalidade.) (Veja Flight of the Wild Gander.)

Houve um momento de silêncio e expectativa quando uma donzela colocou um manto de seda verde sobre Peredur e a atenção de todos foi posta sobre ele. Peredur sentiu enorme simpatia e compreensão, mas não disse nada. A caminho de seu quarto no Castelo, quando os outros já haviam se retirado para seus aposentos, ele viu o mais sábio, mais bondoso e mais notável velho num diva real num quarto secundário, o Verdadeiro Construtor do Castelo, o Verdadeiro Rei do Graal, em perfeita saúde. Assim, havia dois reis também na versão celta. Era um estudo num mundo de ilusão mágica.

Assim termina a versão galesa, com a inferência de que Peredur não praticou o mal e de que o Rei havia sido curado através de sua simpatia, pureza de coração e compaixão. T.W. Rolleston, autor de Myths and Legends of the Celtic Race, acredita que Peredur era um rapaz obediente e que, para um jovem curioso, fez um bom trabalho em passar no teste de domínio de si. 


Peredur mostrou cortesia, simpatia e compaixão. Segundo fontes celtas, essas assim chamadas virtudes cavalheirescas eram bem conhecidas em Gales muito antes que os ingleses introduzissem Códigos de Cavalaria e outros artifícios na crença de que estavam civilizando bárbaros pagãos. Mais tarde, as versões francesa e alemã tratam a narrativa galesa como um fragmento da história do Graal e, como tal, um fragmento pagão e supersticioso.

Joseph Campbell, em Creative Mythology, acredita que Peredur abafou seus próprios instintos; ele deveria ter feito a pergunta do Graal do Castelo, a despeito da advertência em contrário de seu Instrutor. Esse também é um aspecto útil de abordar porque, no caminho da Consciência (Individuação), espera-se que estejamos alertas e façamos perguntas, que vivamos conscientemente. 


Em The Grail Legend, Jung e von Franz nos lembram que os valores da Cavalaria Cristã eram os valores do social, do coletivo, e que na época Peredur/Perceval desejava desesperadamente ser aceito na Távola Redonda, queria pertencer ao Grupo. A obediência era uma virtude importante que ele havia aprendido. 

Não teria sido apropriado rebelar-se ou, como diriam os astrólogos, comportar-se ao modo de Urano, uma vez que uma atitude dessas o impediria de ser aceito, ou pelo menos assim pensou na ocasião. É só mais tarde que se irrita com a regra da obediência e com os que lhe deram as perguntas para fazer; e também é só a partir daí que começa a procurar o Graal a seu modo\ É apenas mais tarde que Peredur manifesta raiva contra o deus da Cavalaria e contra o julgamento coletivo de seu fracasso no Castelo do Graal, se afasta de tudo, presta seu próprio juramento, formula suas próprias perguntas e continua sua caminhada sozinho.



Ornar Khayyam escreveu sobre sua juventude no Rubaiyat (XXXI):

"Eu mesmo freqüentei nos meus tempos de moço
Muito Doutor e Santo e, cheio de alvoroço,
Ouvi suas razões sobre o universo para
Pela porta sair por onde eu, crente, entrara.
Com eles eu semeei a semente da Ciência.
Minha mão ajudou-a após o crescimento.
E eis o que, vinda a safra, eu colhi em essência:
Eu como a água vim e passo como o vento.
Passei por Sete Céus para fugir do pó
Da terra; mas Saturno eis enfim alcançado.
Na ascensão desatei não sei mais quanto nó,
Mas jamais o Nó-Mestre, o nó do Humano Fado."


Peredur/Perceval deve ter tido pensamentos parecidos sobre seu Instrutor ao despertar sob um arbusto no local onde na noite anterior havia estado o Castelo do Graal. No castelo, ele havia mantido silêncio e agora a terra ao seu redor se apresentava árida. Sentada no chão, não muito longe do arbusto, estava uma donzela, totalmente calva, amparando um cavaleiro morto em seu colo. Sem dúvida, a compaixão e cortesia de Peredur não haviam conseguido curar o pobre Rei Pescador. Esta parte da floresta estava morrendo.

"Não se aproxime", gritou ela, "este é um lugar perigoso."

Ambos imediatamente se reconhecem... "Você?!... donde você está vindo?", perguntou a moça.

"Prima!?", exclamou Perceval, "Você me ajudou a lembrar meu nome. Você tinha um cabelo castanho ondulado tão bonito! O que lhe aconteceu? Estou vindo do Castelo do Graal", respondeu ele.

"Não minta para mim. Se o castelo estivesse aqui por perto, eu já o teria visto", disse ela soluçando.

"Nem sempre encontramos o que procuramos como esperamos encontrar", acrescentou Perceval.

"A terra está morrendo; meu noivo está morto. Meus cabelos caíram. Você não fez a pergunta do Graal enquanto estava lá? Você não teve piedade daquele rei e nem de nós?"

"Bem", disse Perceval, "fui orientado a não fazer perguntas. Será que o Instrutor estava errado? De qualquer modo, posso fazer a pergunta do Graal em minha próxima visita ao Castelo. Deixe-me contar-lhe sobre a mesa do banquete. Eu vi as coisas mais maravilhosas..."

"Oh, não suporto sequer olhar para você; simplesmente o odeio. Você não vê? Cada Cavaleiro dispõe de apenas uma oportunidade de entrar no Castelo do Graal. Você não pode voltar lá; essa é a regra. Você está desonrado. Todos lhe terão aversão." Ela virou-lhe as costas e retirou-se para embalsamar seu cavaleiro.

Estas eram notícias ruins para um homem que valorizava a amizade e que esperava ser benquisto na corte. Peredur continuou a andar em direção ao castelo de Artur, pois Gawain havia conseguido um convite para ele. A bem da verdade, o Cavaleiro Branco correu ao seu encontro para saudá-lo, abraçou-o e o envolveu num manto de seda com um colchete de esmeralda.

Mal tinham entrado no castelo quando Cundrie, a Feiticeira, entrou montada em seu cavalo castelhano. Ela era uma velha bruxa repugnante que estava ansiosa para dar más notícias a Artur. "Filho de Uther Pendragon", gritou ela. O rei voltou a olhar. "Hoje a Távola Redonda foi desonrada. O Código não existe mais. Perceval, filho de pais honrados, será condenado pelo conselho quando esta notícia for divulgada. Aquele louco foi ao Castelo do Graal e não teve o mínimo cuidado com o Rei doente. Nem ao menos perguntou sobre sua saúde." E dirigindo-se a Perceval, disse: "Seu irmão Feirefiz, que é branco e negro (de sangue europeu e árabe), está realizando proezas de cavalaria de maior nobreza do que as suas. Ele está vindo para o Castelo do Graal e irá humilhá-lo."

Estendendo a todos um convite para o Castelo das Maravilhas, onde os combates podiam garantir o coração de 400 famosas donzelas, "porque toda aventura é vento comparada com o que pode ser lá obtido através do amor", ela se retirou. Gawain e alguns outros decidiram ir ao Castelo. Mal-humorado, Perceval declarou que não tinha tempo para coisas do tipo.

Per-ce-val (francês para 'através do centro') sentia-se envergonhado e embaraçado pelas palavras de Cundrie e muito se admirava de que as pessoas acreditassem nela, mas não se sentia culpado. Apenas tinha raiva por seu Instrutor orientá-lo erradamente. A obediência então não era tão importante quanto formular perguntas. Sua prima estava certa. 


Estava também confuso. E se perguntava: "Por que eu? Realizei muitos feitos nobres; certamente mereceria algo melhor do que isto!" Gawain, ainda seu amigo, pediu que o acompanhasse ao Castelo das Maravilhas e deixasse tudo o mais de lado. Perceval, entretanto, tornou-se soturno e jurou: "Não dormirei duas noites consecutivas no mesmo lugar até encontrar o que estou procurando. 

Acharei minhas próprias respostas (seguirei meus próprios instintos), retornarei àquele Castelo que se oculta e curarei o Rei. Não me interessa se existe uma regra que dá ao cavaleiro o direito de uma única visita." Perceval assim tornou-se um autêntico cavaleiro errante, um peregrino, como muitos de meus clientes aquarianos que estão confusos ou raivosos, ou ambos, com relação às soluções propostas por seus conselheiros - abordagens "antigas" que aparentemente fracassaram. Espíritos livres, eles perambulam em busca de seu Graal pessoal.

Onde quer que fosse, Perceval encontrava pessoas que o ridicularizavam. Mesmo nas proximidades da floresta, num eremitério afastado, o anacoreta, enquanto era alimentado por Anjos que tiravam a comida de um cálice, disse: "Ouvi uma história das mais estranhas sobre um desventurado cavaleiro estulto que entrou no Castelo do Graal e não fez as perguntas corretas. 


Você ouviu essa história?" O embaraço de Perceval, sua sensação de mutilação, de separação do corpo do grupo, é também um tema na vida de muitos jovens Aquário Urano: "Todos os meus amigos foram convidados a uma certa festa (ou foram aceitos num certo colégio) e eu não fui. Sinto-me como a 'ovelha negra' do grupo." Entretanto, a pedra que é rejeitada se transformará na pedra angular, de acordo com a tradição alquímica e também com a cristã ortodoxa.

Perceval disse ao eremita que estava furioso com Deus. Deus devia permitir que um cavaleiro pudesse entrar mais do que uma vez no Castelo do Graal. Ele nada tinha a confessar em termos de pecados, nada que devesse sentir-se culpado. Depois de alguns dias, todavia, admitiu ser o cavaleiro insensato do Castelo do Graal.

"Nada de que sentir-se culpado? O que dizer de minha falecida irmã, sua mãe?", ele perguntou. "Ela morreu no dia em que você a deixou para embrenhar-se na floresta, há cinco anos. É claro que você nada sabe a esse respeito porque nunca voltou a visitá-la, apesar de muitas vezes ter estado a menos de mil metros de sua cabana." De repente, Perceval sentiu uma enorme tristeza.

Com relação a encontrar o Graal, seu ânimo tornou-se menos negligente, e mais circunspecto, fervoroso e combativo. E o castelo tornou-se mais e mais difícil de ser visto. Por alguns dias, entretanto, ele tentava descobrir se havia sido sorte de iniciante o ter encontrado o castelo com tanta facilidade. Talvez ele jamais o visse novamente.

Perceval pôs de lado sua credulidade, sua crença ingênua de que Deus devia recompensá-lo imediatamente por seus feitos nobres e de que as pessoas deviam amá-lo naturalmente apenas por poder entrar no Castelo do Graal. Através de seu sofrimento, aprendeu uma lição uraniana muito importante: deve abdicar dos louvores e das recriminações dos outros e ao mesmo tempo continuar praticando ações generosas, fazendo o melhor possível.

Muitos clientes uranianos chegaram à leitura protestando: "Passei por tantas situações difíceis pelos outros, e me sinto tão pouco reconhecido. Distribuí toda minha herança a amigos necessitados em menos de três meses depois de tê-la recebido. 


Eu tinha certeza de que mais tarde, quando precisasse de dinheiro para alguma coisa, algum deles imediatamente se prontificaria a me ajudar. Todos recusaram. Alguns deles sempre serão pobres, e nada podem fazer, e eu entendo isso. Mas outros vão muito bem financeiramente e estão agora em condições de ajudar; apesar disso, porém, se recusarão. Isto é muito desanimador."

Ou, "Quando doei vários milhares de dólares à fundação, pensei que me ofereceriam um cargo na comissão, ou pelo menos algum tipo de trabalho. Mas responderam, 'Obrigado pelo seu dinheiro, mas achamos que você não tem a habilidade de que precisamos - desculpe!' Estou estupefato, e muito, muito desapontado."

Ou, "Quando dei todo meu dinheiro ao grupo espiritual, tinha certeza de que poderia participar de seus workshops e retiros gratuitamente daí por diante, e talvez até ir à Ásia em excursão, mas me disseram que preciso entrar com mais dinheiro para conseguir pagar por essas coisas. Se você desse todo seu dinheiro a Deus, Ele não iria cuidar de você através de Sua organização, através de seus amigos?"

"Aí é que está o busílis", diria Shakespeare. No fim, o uraniano acabará recebendo sua recompensa, mas aqui na Terra vivemos nos limites do espaço e do tempo e enfrentamos muitos traços de Saturno. Como Perceval disse à sua prima, quando ela lamentou não ser capaz de ver o castelo do Graal, "as coisas não estão onde você espera que estejam". As coisas não acontecem quando esperamos que aconteçam, sempre, ou através de pessoas que esperamos que nos apóiem. Apenas podemos prosseguir cumprindo nosso darma, como o Bhagavad Gita nos diz, sem esperar saborear os frutos de nossos labores.

No entretempo, temos de prover nossa sobrevivência e reservar parte de nossas contribuições caritativas para satisfazer nossas necessidades de autodesenvolvimento por meio de cursos de cura holística, leituras astrológicas, peregrinações, workshops criativos, retiros, terapia junguiana. 


Uma aquariana dupla contou-me em detalhes seu sonho com "um castelo envolto em nevoeiro". Ela disse que, no sonho, queria desesperadamente cruzar a ponte que dava para o castelo, "mas havia todas essas tarefas mundanas triviais que tinha de fazer primeiro, como pôr o lixo fora e puxar o saldo do talão de cheque. Você pode imaginar uma coisa dessas?" Sim, eu podia, e sugeri que apresentasse esse interessante sonho a um analista junguiano, que com toda certeza poderia esclarecer e ampliar a temática.

"Hraram", murmurou a cliente, "terapia é coisa cara. Eu precisaria trabalhar em tempo integral para conseguir dinheiro para isso. Mas não posso imaginar me submeter a uma situação dessas por muito tempo!"

Liberdade e independência são aspectos intrínsecos a Urano. Qualquer aquariano financeiramente dependente de alguém há muito tempo quer ver-se livre, pelo menos temporariamente. A fase verde (Terra) reforça a prudência e o planejamento para o futuro. Muitas vezes a parábola bíblica das virgens prudentes e insensatas esperando a chegada do Noivo Divino se concretiza em mim quando penso em meus clientes uranianos. 


Nessa parábola, havia cinco virgens prudentes que dispunham de óleo suficiente para manter suas lâmpadas ardendo e cinco imprudentes ou insensatas que não se preveniram. Certa noite, à meia-noite, alguém anunciou: "O Noivo vem aí! Saí ao seu encontro!" As virgens levantaram-se e trataram de preparar suas lâmpadas.

As virgens imprudentes disseram às sensatas: "Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando."

As prudentes responderam: "De modo algum; o azeite poderia não bastar para nós e para vós. Ide antes aos que vendem e comprai para vós."

Enquanto foram comprar o azeite, o noivo chegou e as que estavam prontas entraram com ele para o banquete de núpcias. E fechou-se a porta. Finalmente, chegaram as outras virgens, dizendo: "Senhor, Senhor, abre-nos!"

Mas ele respondeu: "Em verdade vos digo: não vos conheço." Vigiai, portanto, porque não sabeis o dia nem a hora. (Mateus 25:8-13.)

Esta parábola salienta não apenas a vigilância, mas também a necessidade de nos ocuparmos com as coisas triviais e mundanas, para termos azeite bastante à mão. Os que não investem energia suficiente no mundo externo muitas vezes são tratados como virgens insensatas por outros que se recusam a suprir as necessidades dos primeiros. Paramahansa Yogananda também abordou essa questão de uma vida equilibrada quando falou da importância de mantermos nossa cabeça nas nuvens mas nossos pés no chão.

Nesse ponto da história, o espectro de cores muda do verde ao vermelho. Um dos motivos pode ser que a Terra próxima do Castelo do Graal está morrendo, passando a um marrom avermelhado seco. Outro, que desde a morte de sua mãe, cuja falta sentia, mas a quem não procurou visitar, Perceval havia negligenciado sua função do sentimento. 


The Grail Legend nos diz que, na mitologia, o vermelho é a cor da função do sentimento não integrada. Quando Perceval se puser mais em contato com seus sentimentos, seu mau humor se dissipará e o mundo lhe parecerá um lugar mais feliz. Relaxando, ele descobrirá que a Busca também se torna mais fácil.

O fato de estarmos indo do verde (Terra) ao vermelho (Fogo) e à integração da polaridade Leão exige um certo conhecimento do simbolismo da etapa do vermelho. É importante na jornada aquariana porque os aquarianos são muito independentes. Seu Cálice não tem fundo e verte suas generosas dádivas sobre todos. Eles dão a impressão de não precisar da ajuda de ninguém para enchê-lo novamente. 


O Leão, porém, a extremidade polar, não é uma criatura solitária. O apaixonado Leão precisa de um companheiro (veja Capítulo 5, Leão). Aquário parece ouvir o rufar de um tambor diferente, mas se o caminho que segue o conduz ao árido Logos, ele pode sentir parte do mesmo vazio discutido no Capítulo 10. 

Para os aquarianos que estão se aproximando do Retorno de Saturno e que se sentem solitários, recomenda-se de modo especial a narrativa poética feita por Wolfram von Eschenbach do encontro de Perceval com Conduire Amour. Na versão que Wolfram nos apresenta, Conduire promete a si mesma ser "amiga e companheira eterna" de Perceval. 

Este é o tipo ideal de parceiro para Aquário, uma pessoa da Décima Primeira Casa que é amiga e companheira na Busca. Ao longo dos anos, muitos aquarianos têm-me confidenciado que o cônjuge (ou, se são muito impacientes para acomodar-se com o casamento, o ex-cônjuge) "será sempre meu melhor amigo". Voltaremos a falar de Conduire Amour mais adiante.

Enquanto a fase verde, uma Fase Hermes mental, tratava do aprendizado, a fase vermelha trata do fazer, do agir, do sentir e do transformar-se. É a fase em que acontece a integração das virtudes de Leão, sem, porém, incorporar seus excessos. Depois de dominado o Código de Cavalaria (ou pelo menos depois de memorizado), o escudeiro aperfeiçoa sua esgrima e demais habilidades, presta seu juramento ao Rei e à sua Busca e dá início à conquista de sua espada, armadura e título de cavaleiro. Na alquimia, a fase vermelha está associada à purificação das impurezas para sua transformação final em ouro, o resultado último do trabalho.

Na vida real, a fase vermelha representa o entregar-se à luta com paixão e entusiasmo, competindo, realizando feitos nobres, conquistando o respeito dos companheiros pela demonstração de sua coragem. Às vezes o cavaleiro é ferido e sangra ou faz com que outros sangrem enquanto ele tenta impor-se a si mesmo (daí a ligação da fase vermelha com o sangue). 


Esotericamente, se o cavaleiro possui uma consciência superior, ele sangra pelos outros, como Cristo o fez, sentindo a dor da humanidade sofredora e abrindo-lhe o caminho do Paraíso. Às vezes, como o Rei Pescador, sua ferida sangra devido a seu próprio orgulho e obstinação. Há na vida períodos de dor e tristeza, como também fases de grande alegria e felicidade; portanto, o vermelho, a cor do sangue, é simbolicamente usado para indicar as emoções humanas, os sentimentos exaltados.

Os objetos vermelhos com freqüência simbolizam desejo, anseio, e são interpretados de acordo com o nível de consciência do leitor. O vinho vermelho do Rubaiyat de Ornar Khayyam, por exemplo, pode ser interpretado como induzimento à bebedeira e ao esquecimento dos problemas ou como símbolo de uma alma em estado alterado de consciência, ébria no êxtase da união com Deus. 


Para os leitores vitorianos o Rubaiyat recendia a hedonismo, mas um leitor bengali (hindu), familiarizado com o simbolismo do vinho e do arrebatamento da poesia mística, entenderia a intenção do autor sufi. A rosa vermelha aparece como símbolo do desejo de amar, humano e Divino. Sua forte fragrância sensual pode sugerir paixão sexual ou abertura de suas pétalas (o coração humano) ao espírito. Em ambos os níveis temos um expressivo símbolo do sentimento.

A cor vermelha está também associada com os poderes espiritual e material. Na índia, o poder é Shakti, a Grande Deusa, que mantém vivo o mundo de Maya através de sua dança sensual, criativa, selvagem. Às vezes, é chamada Káli, a Negra, mas quando sua força e poder se revelam, os artistas a retratam de vermelho-escuro. Foi esta intensidade de encantamento de Maya que Perceval encontrou na Dama da Estrela envolta no manto vermelho que procurou enfeitiçá-lo com seus artifícios sedutores.

O cavaleiro adquire esse poder depois de passar pelo forno alquímico ou pelo campo de batalha, depois de encarar suas emoções mais fortes e de entrar em contato com suas paixões mais profundas. Desejo, dor, prazer, raiva e outras emoções fortes são muito poderosas. O aquariano cerebral torna-se humano, Inteiro, quando vivência essas emoções durante esta fase vermelha no campo de batalha e quando entra em contato com sua anima, seu lado feminino. Na fase verde, a mente é aguçada, mas na vermelha é o coração que se abre.

O cavaleiro perde sua inocência na etapa vermelha. Como Perceval, ele pode sentir vergonha, embaraço, ou raiva. Se, como Gawain, sempre foi um Cavaleiro Branco sem mancha, pode ficar espantado ao defrontar-se com a imagem da anima e cair sob o domínio de seu encantamento. 


O ciclo de emoções intensificadas pode ser não apenas confuso, mas também pernicioso, em total oposição à sua natureza, a seu controle mental. Muitos aquarianos se parecem mais com Gawain do que com Perceval, puramente cerebrais. Cientistas, professores universitários, ministros angelicais tendem a viver numa torre de marfim mental. 

Nunca integraram a polaridade Leão; ainda não entraram em contato com o Coração (Leão), as emoções. Assim, quando a Feiticeira aparece, os adula e apela a seu lado messiânico com um "Ajude-me! Sou uma donzela em desgraça", não lhes custa nada desviar-se do objetivo, esquecer os votos de cavaleiro e abandonar a Busca - a estrada do Castelo do Graal; e porque têm agilidade mental, racionalizam seu comportamento. As provações da fase vermelha são as do orgulho, da lealdade, da fidelidade, do mau uso do poder, da sensualidade e da coragem de Leão.

O Rei Pescador e Gawain estavam submersos em suas emoções e ficaram enfeitiçados pela Dama do Castelo do Orgulho. Ela lhes ofereceu poder, deu a impressão de estar indefesa ou apelou à sensualidade deles - suas artimanhas são inumeráveis. Antes, eles eram desapegados, buscavam com objetividade. Mas logo perceberam estar enredados, prisioneiros no Chateau Orgeuilleuse. 


Por causa da Dama em Vermelho, o Rei Pescador não quis casar com a Dama cujo nome estava inscrito no Graal, sua companheira predestinada. Devido a seu orgulho e arbítrio obstinado, sua ferida doía e sangrava. Não podia caminhar nem ficar de pé nem cavalgar nem deitar confortavelmente. Somente um cavaleiro absolutamente puro poderia livrá-lo do encantamento, formulando as perguntas certas, mas também estando atento aos ardis e magia da Dama. O imaculado Gawain demorou-se tempo demasiado na alcova dela, distraído de sua Busca.

Muitos aquarianos, de ambos os sexos, foram bajulados e fascinados por alguém fora do casamento e acabaram indo pelo desvio. Mais tarde, muitos, com tristeza, disseram, "Se eu não tivesse feito aquilo. Meu companheiro(a) era o que me estava destinado." Isto se parece muito com o Rei pescador, que tinha o nome predestinado em seu Graal e continuou a sangrar por não admiti-lo. 


A Feiticeira parece apresar pessoas com sentimentos não integrados, aquelas que vivem em sua cabeça, excluindo seu coração. O aquariano Saturno prático em geral mantém o controle, o autodomínio, e conserva a estrutura de seu casamento. Ele quase sempre resiste à Feiticeira, mas ainda precisa trabalhar com a função do sentimento. O aquariano Urano com probabilidade cai vítima do engodo da Feiticeira, mas também tem melhores condições de abrir seu coração no decorrer do processo.

Perceval, o jovem cavaleiro verde, tinha pressa de mostrar-se valoroso e de ter seu próprio cavalo, espada e armadura. O arrogante Cavaleiro Vermelho tinha condições de derrotar Perceval, mas cometeu o erro de não levá-lo a sério. O Cavaleiro Vermelho derrubou Perceval de um cavalo emprestado, mas antes que pudesse afastar-se o ágil Cavaleiro Verde o feriu através do visor do elmo. Esta foi a primeira proeza de Perceval em favor de Artur. Em seguida, ele vestiu a armadura sobre seu traje galés, pois se recusava a renegar seu sangue. Tinha agora uma nova máscara, uma nova identidade a desenvolver.

O Cavaleiro Vermelho fora corajoso, mas arrogante. Segundo Joseph Campbell em Creative Mythology, o Cavaleiro Vermelho possuía quase tanta terra quanto o Rei Artur, e litigiosamente tentava apossar-se de parte do território de Artur. Ele havia participado de um banquete no Castelo de Camelot e, com um gesto de desafio que todos pudessem ver, retirou-se do salão com sua taça. Esta era uma maneira simbólica de dizer, "Minha intenção é tomar posse do que acredito ser meu." Perceval o viu sair precipitadamente e o seguiu, adivinhando ser essa uma ótima oportunidade. Se garantisse seu sucesso em vingar a honra de Artur, ele passaria a ser admirado.

A notícia de sua vitória demorou muito a chegar aos ouvidos de Artur, porém. Ninguém havia testemunhado a cena (exceto um dos muitos primos do lado materno de Perceval). Sempre que era visto na floresta, as pessoas o confundiam com o cavaleiro cuja armadura envergava. Depois de seu fracasso no Castelo do Graal, Cundrie, a Feiticeira, diria, "O Cavaleiro Vermelho é uma fraude disfarçada de cavaleiro corajoso. Ele desonra a Távola Redonda. Um insensato nas vestes de um Cavaleiro."

A ação, portanto, está associada à fase vermelha. Ações praticadas em benefício da humanidade, especialmente das esposas em desgraça. Uma onda de energia voltada para fora. E também, sem dúvida, de raiva. Raiva contra o Cavaleiro Vermelho em nome de Artur, raiva contra Deus por não ajudá-lo apesar de todas as suas boas ações. Raiva contra a regra de que um cavaleiro dispõe apenas de uma oportunidade no Graal. 


Mais tarde, na vida, a extroversão arrefece com a progressão em Peixes e a fé substitui a necessidade de realizar boas obras. Os sentimentos e a intuição passam a ser pelo menos tão confiáveis quanto o intelecto, o Graal interior torna-se mais importante do que o objeto externo.

No fim da fase vermelha surge o vermelho e o branco. Para que Perceval se transforme numa pessoa integral, esta dualidade de coração e mente, paixão e pureza, macho e fêmea deve ser de algum modo harmonizada ou, como diriam os junguianos, integrada. Na Cavalaria, o Cavaleiro Perfeito não era um sábio ou monge ideal, mas um herói de carne e sangue que havia encontrado uma nobre dama para amar e um inimigo valoroso contra quem devia medir-se. (A excelência de seu inimigo era vista como um indicador da qualidade do nível de consciência do próprio cavaleiro.) 


Os alquimistas egípcios e também os povos celtas viam a necessidade de um Buscador da Verdade Pura (Luz Branca) estar em contato com seu sentimento (o vermelho). Também o sufismo sublinha que se deve buscar a luz da Verdade Objetiva e ao mesmo tempo desenvolver o coração de um verdadeiro amante.

Um símbolo da integração do vermelho e do branco muito conhecido de todos nós desde a infância é a Branca de Neve. No conto de fadas, ela tinha uma pele branca clara (pureza) e faces e lábios vermelho-rubi (paixão). Conduire (conduzir, guiar) Amour (amor), a Dama de Perceval, também tinha a compleição de uma brancura perfeita e bochechas de um vermelho-brilhante. Quando a encontrou, Conduire estava abatida porque seu pai havia dado sua espada a um cavaleiro que ela não amava mas que lhe estava prometido em casamento. 


Ela era uma verdadeira donzela em desgraça, pois o cavaleiro estava prestes a tomar posse do castelo quando Perceval chegou. Perceval realizou uma façanha que vi muitos aquarianos Urano levarem a efeito em favor de amigos. Ele a libertou em seu tempo de necessidade, e imediatamente continuou sua jornada antes que qualquer laço de apego pudesse se desenvolver entre eles, ou assim pelo menos pensou. 

Ela, porém, jurou ser sua amiga e companheira para sempre; jamais se casaria com nenhum outro cavaleiro que não fosse Perceval. Enquanto ele se pôs a caminho na busca do Graal, ela esperava. Sua fé nele era total, com a certeza de que no fim ele retornaria para casar-se com ela, embora muitas bruxas e ninfas sedutoras interpor-se-iam entre eles antes de poderem ver-se novamente.

Perceval teve maior sucesso na integração do vermelho e do branco do que Gawain ou do que o Rei Pescador. Embora se sentisse bastante atraído pelo feitiço da Dama de Estrela, ele a converteu para sua busca. Em vez de ficar prisioneiro no castelo dela, ele a convenceu a usar sua intuição e conhecimento esotérico em favor da causa dele. No fim, ela não apenas lhe indicou a direção do lago do Rei Pescador mas ainda providenciou-lhe um bote.

The Grail Legend nos diz que, como Natureza personificada, a Dama vestida com o manto vermelho-brilhante, depois de tê-lo testado e concluído que não se desviaria de seu objetivo, desejava que sua busca fosse bem-sucedida. Perceval passou no teste quando permaneceu leal à sua Guia no Amor (Conduire Amour), a única imagem da anima humana que ele encontrou, por interessante que pareça, a quem não estava ligado por laços sangüíneos maternais. Os instrutores masculinos com toda sua sabedoria não podiam ajudá-lo como ela. Ela era a sua Sophia, a sua sábia guia em direção ao Coração.

A qualidade da imagem da anima de um homem, seu Guia ao Amor, como a qualidade de seu melhor inimigo, é um indicador de seu nível de consciência. A lealdade e amizade de Conduire Amour falam muito bem por Perceval. Por seu turno, sua lealdade a ela foi parte importante de sua transformação interior.

Imediatamente depois de prestar seu serviço a Conduire Amour, Perceval devia encontrar seu segundo amigo, Gawain. Wolfram criou uma cena pungente para o encontro do Cavaleiro Branco com Perceval, agora o Cavaleiro Vermelho. Depois de deixar Conduire Amour, Perceval embrenhou-se na floresta, embranquecida pela neve. Olhando para o alto, viu um gavião agarrar um ganso e viu uma gota de seu sangue vermelho cair sobre a neve branca. Hipnotizado por esta visão do vermelho sobre o branco, Perceval entrou num transe profundo.

No entretempo, a notícia havia chegado ao acampamento de Artur, distante alguns quilômetros da floresta, de que o Cavaleiro Vermelho, o inimigo jurado de Artur, havia sido visto nas redondezas. Artur determinou a Gawain que matasse o Cavaleiro Vermelho para que servisse de exemplo aos outros. 


Ao aproximar-se de Perceval, Gawain percebeu que o Cavaleiro Vermelho estava "num transe de amor". Por isso, não o atacou. Não teria sido uma luta justa. Em vez disso, cobriu a área vermelha com uma manta amarela. (Primitivamente, o amarelo era uma fase separada do processo alquímico, mas já havia sido abandonada ainda antes da Idade Média. 

O amarelo, a cor da discriminação (Virgem tem relação com pedras amarelas, por exemplo), fez com que Perceval voltasse à realidade. Retirou seu elmo e sacudiu a cabeça ao sol. Quando Gawain viu seu rosto, deu-se conta de que esse não era o verdadeiro Cavaleiro Vermelho; que era um cavaleiro mais jovem vestido com a armadura do Cavaleiro Vermelho. Os dois saíram caminhando juntos e logo se tornaram amigos.

Perceval, assim, passou da solidão soturna para o encontro de dois amigos muito bons, Conduire Amour e Gawain. Certamente isto era melhor do que alcançar a popularidade com os numerosos Cavaleiros da Távola Redonda. Esta é também uma descoberta aquariana comum: uns poucos bons amigos é melhor do que muitas amizades. O autor alemão parece significar que a fase vermelha e branca chegou ao fim, que o sentimento foi integrado. Perceval se recupera de sua raiva contra Deus, mas não volta a praticar a religião de sua mãe. Ele passa a confiar em seus dois novos amigos e em sua voz interior à medida que avança para a fase seguinte de sua jornada, a integração do negro e do branco.

Antes de tratarmos desse dilema, entretanto, enquanto ainda abordamos o assunto das relações estreitas e da polaridade de Leão, é importante inserir algumas considerações sobre os sentimentos e sobre a coragem de que os aquarianos precisam para discuti-los numa linguagem que não seja a analítica. 


Apresentamos dois comentários feitos por adolescentes filhos de aquarianos sobre seus pais -comentários que falarão por si mesmos. Em seguida, abordaremos a etapa seguinte da caminhada de Perceval. Se você for um pai (mãe) aquariano e essas narrações o tocarem, é aconselhável que leia o capítulo de Leão (5) sobre o quinto signo e a Quinta Casa - os filhos.

A história a seguir foi contada por uma adolescente de 14 anos:

"Minha mãe me deixa louca. Ela é Aquário duplo. Ela se recusa a falar de qualquer coisa que envolva sentimentos e emoções. É como se ficasse assustada ou coisa parecida, e então muda de assunto. Ela convida pessoas estranhas, esquisitas, para jantar em nossa casa e acho que faz isso para sua própria proteção - assim se desobriga de falar assuntos de caráter pessoal conosco.

Um dia eu tive um problema que queria a todo custo resolver a sós com ela. A propósito, mamãe é uma pessoa maravilhosa - tenho em alta conta suas idéias e sugestões. Assim, durante o café da manhã, pensei: 'Vou marcar uma hora com ela para que possamos conversar.'

'Mamãe', eu disse, 'já que todos vão sair hoje à noite, eu poderia falar com você em particular sobre um assunto de meu interesse? Poderíamos jantar apenas nós duas?'

Ela pôs de lado sua torrada e disse: 'Parece sério.'

'De maneira alguma', respondi. 'Apenas gostaria de falar enquanto estivéssemos sozinhas.'

Bem, para encurtar, às 16 h ela telefonou: 'Você pode preparar a mesa para 3 e colocar a comida no microondas, por favor? Enquanto esperava na fila, no banco, encontrei uma mulher extraordinária. Quero que você conheça minha nova amiga, porque ela teve uma vida muito interessante. Até já, querida.'

Alguém que ela acabou de encontrar sempre lhe parece mais interessante do que seus próprios filhos. Coloquei a comida no microondas, arrumei a mesa para as duas e fui à casa de meu namorado jantar com ele."

Pequena variação do mesmo tema é a história a seguir, contada por um adolescente cujo pai tem Sol em Aquário:

"Eu não deveria ter ciúmes de todas as pessoas que papai está sempre ajudando, mas, caramba, eu tenho, sim. As lembranças mais antigas que tenho são de pessoas de entidades cívicas batendo nas costas de meu pai e agradecendo-lhe por sua atividade de arrecadação de fundos. Ele ajudava a angariar alimentos para os filhos de pessoas que viviam nas embarcações, a conseguir bolsas de estudo para filhos de pais pobres e a procurar padrinhos para crianças órfãs. Mas o que dizer de seus próprios filhos? Por acaso, nós tínhamos oportunidade de vê-lo? Não! Ele sempre saía à noite para uma reunião ou outra para salvar o mundo. Mas o que se pode dizer em detrimento de alguém que todos consideram um Anjo de Luz?"

Ao completar a fase vermelha, o Anjo aquariano Urano demonstrou sua humanidade desenvolvendo o coração, afinando-se com os sentimentos e a emoção. Ele também deu mais um passo na direção da Plenitude, ou da Individuação, em termos junguianos, pela integração de seu lado feminino quando se apaixonou pela imagem de uma anima humana, Conduire Amour, e ela prestou juramento de lealdade como sua Guia.

Na versão de Wolfram, Perceval vive a integração do humano e do angélico, ou de Leão e Aquário, a ponto de ter filhos com Conduire Amour. Joseph Campbell (Creative Mythology, p. 565) diz algo a respeito da energia de Perceval que é importante para todos nós na busca da individuação, no limiar da Era de Aquário, a Era do Homem: "Não há lei fixa, não há conhecimento de Deus estabelecido que tenha sido apresentado por profeta ou sacerdote que possa sustentar-se quando confrontado com a revelação de uma vida vivida com integridade no espírito de sua própria vontade..."

Foi a percepção desta verdade, mesmo durante as trevas da Idade Média, que popularizou tanto a lenda do Graal e de suas ordens secretas, como a própria Ordem dos Cavaleiros Templários de Wolfram. Campbell refere que embora muitos sacerdotes, em toda a parte, realizassem a transformação do vinho em Sangue de Cristo para as massas, assim mesmo essa delegação do serviço de transformação ao clero não era suficiente para os buscadores. Isto parece aplicar-se também hoje, quando entramos na Nova Era e verificamos o decréscimo da participação nos atos religiosos. Há um tremendo magnetismo, um enorme poder ligado à personalidade que realizou a integração dessa polaridade, que transcendeu o Tempo e o Espaço, e que se encontra no último limiar - o portal do Castelo do Graal.

Sabemos que Perceval tinha perdido toda a noção de Espaço e Tempo na floresta encantada; ele ficou andando em círculos durante cinco anos sem visitar sua mãe, de quem sentia falta, embora estivesse a apenas alguns quilômetros de sua cabana na orla da floresta. 


Foi também repreendido por um grupo de cavaleiros e damas por não se dar conta de que era Sexta-Feira Santa, por não embainhar sua espada e ir de pés descalços confessar seus pecados. Ele lhes disse que por um longo, muito longo tempo, ele já não sabia de que dia ou semana se tratava; tinha apenas uma vaga idéia de que fazia mais ou menos cinco anos que tinha se embrenhado na floresta.

Entretanto, o último limiar que o ego deve cruzar é o mais difícil para o aquariano Urano - a mente finita. O caminho aquariano é o caminho da palavra interrogativa "Por quê?" e dos subterfúgios intelectuais, da análise e da categorização em branco e preto. Os Upanishades, porém, nos informam que a Alma não pode unir-se com o Espírito ante a Visão do Uno até que esses limites mentais tenham sido transpostos. Como as órbitas de Saturno e Júpiter, a órbita mental de Urano interpõe-se entre nós e a experiência do Castelo do Graal: imortalidade, vida, amor, energia, felicidade, sabedoria e beleza. 


Conseguir acesso ao Castelo do Graal, recuperar o Paraíso para a humanidade requer uma rendição, uma fé, uma espécie de apalpadela intuitiva que está além da órbita dos uranianos mentais. O Castelo Mágico com suas pontes levadiças em ruínas e seus portões giratórios que confundem a mente humana é um mundo netuniano. É bom que Perceval ainda esteja usando a roupa do simples Peredur galés sob sua sofisticada armadura. Seus instintos primitivos, sua fé supersticiosa em sua intuição e sua compaixão pelo reino mais do que seu interesse por seu próprio status na Távola Redonda estarão a seu favor numa segunda oportunidade. Todavia, ele aprendeu também a estar alerta e a seguir sua própria voz interior - a ser honesto consigo mesmo.

Ao dirigir-se da unificação do estágio Masculino/Feminino ou do Pensamento e Sentimento (o vermelho e o branco) à reconciliação da dualidade preto e branco, Perceval dá início a um trabalho bastante assustador para a pessoa Urano científica. Ele encontra entidades impossíveis de se classificar eticamente como negras ou brancas, entidades que estão aí para ajudá-lo a avançar a despeito do que digam ou façam. 


Este encontro com o que Jung denomina de "Conteúdos do inconsciente irracional" é bastante perturbador para uma mentalidade que preferiria desvencilhar-se de tudo aquilo com que seu intelecto não consegue lidar como sendo mera superstição, tola e irreal. (Muitas mentes científicas evitam o oculto por causa de seus próprios medos supersticiosos, criticam áreas que nunca estudaram, e comportam-se de um modo que eles mesmos, em outras circunstâncias, classificariam como não objetivo quando discutem, por exemplo, astrologia.)

Quase imediatamente depois da integração alquímica do vermelho e do branco, o esquema de cor muda para o preto e o branco. Emma Jung e Marie-Louise von Franz vêem nisto um dilema cristão. E verdade que o cristianismo não admitia ter culpa, mas projetava todo seu lado negro nos muçulmanos durante as Cruzadas e lutava contra um mal que dizia ser inteiramente oriundo de outras fileiras, e não das suas. Poder-se-ia, porém, dizer o mesmo do islã, do judaísmo e do zoroastrismo, pois todos separam o bem (branco) do mal (preto) em suas teologias. 


Como Indries Shah indicou em The Sufis, somente os místicos são capazes de ver que o bem e o mal, o preto e o branco estão entrelaçados em toda a parte, nas mesmas pessoas, nos mesmos acontecimentos e circunstâncias. Para o místico, sem a noite jamais poderíamos apreciar o Sol e a luz do dia. É pelo contraste de luz e trevas que aprendemos.

Perceval, entretanto, não compreende isto de imediato. Ele procura agir de acordo com o que o coletivo lhe ensinou. Afinal, este é o modo racional de proceder. Na Era da Cavalaria, quando um cavaleiro encontrava um Cavaleiro Negro ele era quase obrigado a parar e lutar, do mesmo modo que quando encontrava um Cavaleiro branco a pessoa podia, logicamente, confiar nele. 


Uma Feiticeira Negra como Cundrie supostamente não teria nada de positivo a dizer; seria sempre um mau presságio. E a Donzela do Santo Graal seria sempre uma aliada na Busca. Perceval passaria a aprender de outro modo, como acontece com as pessoas Urano forte, quando esta abordagem categorizativa falhasse. Felizmente, ele foi suficientemente perspicaz para compreender, desviar-se da lógica e seguir sua intuição no que se refere ao preto e ao branco à medida que se aproximava do Castelo, onde, como Alice através do Espelho, descobriu que as coisas não são o que parecem ser.

Muitos aquarianos perguntam, "Por que aquela sensitiva me deu um conselho tão bom há dois anos e uma orientação tão ruim este ano? Eu tinha certeza de que era uma boa sensitiva. Hoje, fico pensando se ela não procurou desorientar-me deliberadamente?!" Muitas vezes os aquarianos Urano recebem como um choque a informação de que o preto e o branco estão entrelaçados; a mesma pessoa pode estar num dia bom e mais tarde ter um dia ruim quando sua intuição está fora do centro. 


Ou, há dois anos, talvez o indivíduo estivesse límpido como o cristal (branco transparente), mas neste ano está passando por mudanças em sua própria compreensão, em sua própria consciência, e parece mais negro. Isto tudo não tem nada a ver com intenções negras, com o bem ou com o mal, pois o branco e o negro coexistem em todos nós.

Esta etapa - a da reconciliação do branco e do negro - é uma etapa alquímica importante, não apenas para aqueles de nós que herdaram uma visão religiosa ocidental, em que os teólogos classificaram as trevas e a luz como bem e mal, mas ainda para todos os que estão no limiar da Era de Aquário, uma era de energia mental. A mente tende a um julgamento preto e branco e nós precisamos aprender a confiar em nossa intuição com relação às pessoas e às circunstâncias (e mesmo às mesmas pessoas em diferentes circunstâncias) tanto quanto em nossa lógica.

Se nos desfazemos do negro como mal, então nos afastamos de nosso lado sombra e achamos difícil aprender com os acontecimentos da vida. Com toda sua educação e cultura alquímicas, Wolfram inventou muitos parentes de sangue meio preto (meio muçulmano) para Perceval; todos tinham algumas coisas muito importantes para dizer a ele; foi ótimo que ele lhes deu ouvidos em vez de responder, "Vocês são um empecilho para mim. O que aconteceria se um cavaleiro da corte de Artur descobrisse que somos meio parentes? Vão embora imediatamente." 


A tolerância racial é uma característica positiva importante da personalidade aquariana. Mas tolerância da negritude, quando interpretada como uma opinião eticamente errada, é outra coisa. Ao longo dos anos, tenho ouvido aquarianos dizerem: "Posso tolerar que ela sustente opiniões erradas, mas certamente não gostaria que ela ficasse perto de meus filhos. Poderia influenciá-los. Foi por isso que me separei dela totalmente. Não há nada a aprender com ela." Isso é lamentável, porque então não há nada que o próprio aquariano possa aprender.

Na jornada de Perceval, as aparições totalmente negras, como o Cavaleiro Morto que esporadicamente levantava do túmulo para praticar ajusta com pessoas que por ali passavam, não se constituíam em ameaça verdadeira para Perceval, mas apenas em distrações. Vendo o Cavaleiro Negro, Perceval seguiu o Código e parou de enfrentá-lo. 


Essa distração deu a um Cavaleiro Branco, enviado do próprio Castelo pela Donzela do Graal, a oportunidade de apossar-se do veado branco e do cão de caça da Dama da Estrela. A própria Donzela do Santo Graal podia conspirar para prolongar sua busca. Ela pode ter considerado Perceval despreparado e indigno a essas alturas por ele ter fracassado em fazer a pergunta. Ela não queria outro rei indigno no Castelo do Graal, pois o reino havia sofrido bastante sob o governo do atual monarca ferido!

Jung e von Franz interpretam os vultos brancos como defensores do status quo do final da Era da Cavalaria. Eles têm interesse absoluto em manter as coisas como são, até que por fim apareça o cavaleiro forte que aguardam. (Até essa época, Gawain também fracassou no Castelo do Graal, mas essa é outra história.) O coletivo procurará manter-se unido para resistir à Nova Ordem até que esta seja suficientemente forte para assumir a responsabilidade. 


Perceval precisava aprender essa difícil lição, refugiando-se em sua consciência (Urano) e em sua intuição (Netuno - progressão em Peixes). Ele não podia permitir que as aparências o iludissem e distraíssem ou o impedissem de continuar sua Busca. Ele chegou a compreender que tudo, visto e não visto, racional e irracional, se apresenta para aprofundar a Busca, e que uma vez tivesse ajudado o Rei Doente, tudo estaria bem. A Donzela do Graal seria novamente sua amiga.

O jogo de xadrez representa o jogo da vida. Poderosas forças brancas enfrentam igualmente fortes forças negras no campo branco e preto denotando um transparente dilema ético. Em seu primeiro encontro com um jogo de xadrez mágico que anteriormente pertencera à feiticeira Morgana, Perceval recebeu três xeques-mates consecutivos, cada vez pelo mesmo oponente invisível. Frustrado, correu à janela para atirar as peças longe. Não queria mais jogar. A Dama da Estrela entrou e o impediu de completar seu ato.

Encontrei muitos aquarianos Urano que queriam livrar-se das peças de xadrez e eximir-se do jogo da vida, sentindo-se frustrados por um xeque-mate temporário (um revés no mundo externo). Muitos sentiram impulsos suicidas diante da incapacidade da mente de lutar, ou de compreender por que os eventos aconteciam, por que suas esperanças e ideais pareciam fadados ao fracasso. 


Diferentemente de Perceval, eles não estavam prontos a continuar o jogo imediatamente; não estavam prontos a arriscar outro xeque-mate. Mas no arquétipo do Anjo do Graal, a esperança é constantemente renovada pelo Cálice, e depois de certo tempo ausentes da vida já voltavam ao jogo, encarando as áreas cinzentas que a mente jamais abarcará inteiramente. Pareciam então mais submissos, mais humildes, mais preparados para a etapa seguinte. (Devido à sua humildade, Perceval, contrariamente a Gawain, não se deixou seduzir pela bajulação e por isso não ficou preso no Castelo do Orgulho. Assim, no final, ele teve êxito.)

Durante a progressão em Peixes, relacionada com a rendição ao Guia e a Deus, e também ao Graal, o aquariano pode relacionar-se com o Vinho enquanto intoxicação de Netuno inferior ou com a Bem-aventurança Divina do êxtase espiritual. Quer se trate de um caso quer de outro, ele geralmente deixa de formular suas perguntas e diz com Ornar Khayyam:

"Sabei, Amigos, que com Alegria
Contraí Novas Núpcias no meu Lar;
De meu leito apartei a Razão fria
Para a Filha da Vinha desposar.
O Mistério indaguei do Ser e do Não Ser
E fui investigar não sei quanta grandeza.
De quanta coisa enfim eu procurei saber
Só no vinho encontrei alguma profundeza."
Rubaiyat, LV, LVI


A passagem da razão (Urano) para Netuno (vinho ou êxtase) tem muito a ver com a introvertida mudança da Casa Onze (objetivos, metas) para a Casa Doze (solidão, meditação) e às vezes ocorreu quando Netuno em quadratura com Netuno natal segue imediatamente a Urano em oposição a Urano, ou durante o movimento do Sol em progressão de Aquário a Peixes. 


O próprio Ornar Khayyam mudou de profissão na metade da vida, passando de matemático e reformador de calendário a sufi místico, muito para decepção de seus colegas professores, que não podiam imaginar o motivo de seu afastamento para ir sentar-se aos pés de algum Sheik (guia espiritual) pouco esclarecido. Esta busca do Paraíso perdido, este retorno do exílio não precisa coincidir literalmente com Urano em oposição a Urano na vida de aquarianos científicos, mas acontece muita vezes.

Perceval também vê uma dama montada num cavalo branco e preto (os instintos são de dois tipos - bons e maus), aves pairando no ar, algumas brancas e pretas (as almas são de ambos os tipos), e humanos de várias raças. Talvez a figura mais interessante seja a da Feiticeira negra Cundrie, que tem poderes mágicos negros, dentes amarelos, é corcunda e bisbilhoteira. 


É ela que diz a Artur e sua corte que Perceval fracassou na sua primeira tentativa no Castelo do Graal e que de fato não é o poderoso Cavaleiro Vermelho mas um embusteiro disfarçado. E, entretanto, é a mesma Cundrie que aparece na última ponte (transcendência) de Perceval ao Castelo do Graal. Em seu capuz preto estão doze rolas brancas e um Cálice dourado. É quando vêem Cundrie montada em seu corcel árabe cavalgando com o jovem herói que os súditos do Rei Doente bradam: "Estamos livres!" Cundrie é o lado oposto da adorável Donzela do Graal, o lado mais idoso, mais sábio.

O ensaio de Caitlin Matthews "Sophia, Companion on lhe Quest" (em Table of the Grail) apresenta Cundrie como Dama Realeza, a terra em si, a Mãe Terra e o reino que realmente interessa a Perceval. Ela é o tipo da velha bruxa enfeitiçada que, nos contos de fada celtas, é transformada numa jovem e bela princesa por um herói de coração puro que vê através das aparências e a ama. Intuitivamente, Perceval valoriza a ajuda dela na Busca do Graal apesar de seu modo rude para com ele na corte. 


Ele confia na sua ajuda na perigosa travessia da ponte e na derrota dos guardiões da Velha Era que tentam impedir sua entrada no Castelo. É parcialmente devido à sua confiança em Cundrie, como também a seu amor por Conduire Amour, que ele vence. O encantamento será retirado do castelo se ele fizer a sua pergunta - se estiver, ao mesmo tempo, consciente e pleno de compaixão.

Chama a atenção o fato de Perceval ter permanecido fiel à sua herança galesa e também ao que era útil no Código de Cavalaria Bretão. Ele dá valor à magia de Cundrie e não tem medo de pontes rotativas perigosas que giram enquanto ele tenta cruzá-las ou de pontes que desabam depois de ter passado por elas. Ele conserva sua simpatia céltica, e todavia em sua segunda entrada, depois de transcender (passar pela ponte) os opostos, está determinado a formular a pergunta correta. 


Na versão alemã, o poeta Wolfram faz com que encontre seu nobre e branco e preto (muçulmano) meio-irmão Feirefiz na última passagem sobre a ponte refletida que dá ao Portão do Castelo. (O espelho é também nossa visão do Self, objetivamente falando. É um bom símbolo Urano para a consciência. O mundo externo é nosso espelho em qualquer etapa de nossa jornada - a perspectiva exterior de nosso progresso, ou a confirmação deste.)

Perceval vê um cavaleiro branco e preto e começa a lutar com ele. De repente, ele reconhece seu nobre meio-irmão, o muçulmano, Feirefiz. Feirefiz também conquistou o acesso ao castelo do Graal. Uma vez no interior do castelo, Perceval se dá conta de que pode ver a pedra do Santo Graal (na versão de Wolfram, trata-se de uma pedra, não de um cálice, e repousa sobre o almarach e este sobre uma pátena dourada segurada pela Donzela do Graal). 


Feliz por não ficar cego por sua luz, como aconteceu com Sir Lancelot, que ainda não estava preparado para a experiência, Perceval quer ansiosamente partilhar a visão sublime com Feirefiz. Seu meio-irmão, entretanto, é incapaz de ver o Graal. Ele está enfeitiçado pelos olhos azuis da donzela do Graal - totalmente encantado.

Uma segunda donzela se apresenta para explicar a Perceval que Feirefiz não foi iniciado (batizado cristão) e por isso não pode ver o Graal. Cautelosamente, Perceval explica que o muçulmano deve aceitar a Santíssima Trindade (que deve ter parecido politeísmo para ele) antes de poder ver o Graal. Feirefiz apenas pergunta, "É ela cristã? (significando a Donzela do Graal). Se ela for, e se ela puder casar-se comigo, com alegria aceito ser batizado." A Pedra do Graal inclina-se, enche uma pia batismal e Feirefiz é iniciado. É interessante que no interior do Castelo apenas o amor é importante.

É muito semelhante ao que Ornar Khayyam escreveu sobre seu estado de consciência alterado, sua intoxicação com o Vinho Divino, que o fez ir além do mundo dos teólogos islâmicos:

"Há pouco apareceu, bem pela hora do Ocaso,
E entrou, pela Taverna, um Anjo, de mansinho.
Ao ombro ele trazia um borbulhante Vaso
De que me deu um trago... E senti que era Vinho.
Pois a Uva e nada mais, com lógica absoluta,
Quantas Seitas houver, decidida, refuta;
Soberana alquimista e que, em sua ciência,
Sabe mudar em Ouro o Chumbo da existência."
LVIII e LIX


Feirefiz e Perceval, juntos, dirigiram-se à Mesa do Graal e ficaram olhando a procissão do Graal. Desta vez, Perceval insistiu que lhe fosse dada permissão para formular sua pergunta antes da refeição ou antes de ser envolvido em alguma outra coisa. O Rei doente havia mandado trazer seu manto verde para ele, mas insistiu que primeiro deveria consertar uma espada mágica quebrada. (Gawain, em outra versão, havia anteriormente estado no Castelo e não conseguira restaurar a espada.) 


Perceval reparou-a, mas o Rei disse com seriedade, "Parece que a rachadura ainda aparece onde você fez o conserto. Você não se saiu bem!" Com tristeza, mas humildade, Perceval começou a fazer sua pergunta. Depois de sua demonstração de humildade, o soberano riu e pulou, curado. A terra ao redor do Castelo imediatamente se tornou verde, mesmo antes que Perceval terminasse de perguntar. 

Ele fora consciente, humilde e misericordioso. Ele fora leal à sua Guia (Conduire Amour), transcendera a dualidade e conquistara a resposta à sua pergunta, a qual incluía o segredo de que ele era o herdeiro do Trono do Graal com todos os seus poderes. O Rei doente era irmão de sua mãe. Embora fosse seu destino, Perceval não podia simplesmente herdar o castelo do Graal e seus tesouros; devia merecê-lo, ser digno dele. De outro modo, o castelo teria outro Rei ferido, doente, que não havia transcendido o vermelho e o branco ou o branco e o preto. Mas Perceval, por sua transformação interior, não apenas havia herdado o tesouro do Castelo, mas ainda evitado a ferida do Rei doente.

Chegamos agora àquela que talvez seja a pergunta mais interessante para a Nova Era. O que fez Perceval com o Poder, com o Tesouro do Graal, a pedra (ou cálice) mágica? Na perspectiva de Wolfram, ele prestou serviços num Conselho da Fraternidade do Graal, constituído por outros Reis do Graal que haviam se auto-realizado antes dele, em benefício da humanidade - isto é típico do aquariano. 


O austero autor francês fez com que se recolhesse num convento por alguns anos, até a morte do tio, o Rei que ele havia curado e livrado. Perceval então governou do Castelo e depois de certo tempo subiu ao céu levando consigo o Graal. Jung e von Franz acreditam que este foi o final porque o autor não tinha outro modo de concluir a lenda se não fazer com que os conteúdos do inconsciente (o Graal) retornassem ao inconsciente (céu), em vez de permanecer na Terra como poderes a que todos poderíamos ter acesso. Em outras palavras, a Idade Média não estava preparada para a mensagem. (Wolfram escreveu vários séculos depois do monge francês.)

Em versões de séculos posteriores, uma nova minilenda foi acrescentada à estrutura. O assento de Judas, permanentemente vazio desde a morte de Cristo, estava esperando a chegada do Cavaleiro do Graal e do Tesouro (o Graal) para restaurar a harmonia. Perceval deixou o castelo do Graal e levou o tesouro de volta para a Távola Redonda da Última Ceia, seu lugar de origem. Temos assim uma mandala completa, a mesa circular, com o tesouro no centro. Em Psychology and Alchemy (p. 181, figura 88), Jung nos oferece uma representação dessa Mesa. A humanidade irá beneficiar-se com a conclusão da Mesa; assim julgamos.

No limiar da Nova Era, novamente os conteúdos inconscientes do Graal procuram tornar-se conscientes de modo que a última ponte transcenda o dogmatismo religioso e conduza a uma experiência mais direta do Divino. Anjos do Graal sobejam e, através de canais, trazem à humanidade parcelas de mensagem. 


Devemos, porém, desenvolver nossa percepção uraniana e permanecer vigilantes e alertas ao significado disto tudo, pois com toda certeza o preto e o branco estão entrelaçados. A sinceridade, a integridade, a coragem, a humildade e as outras virtudes de Leão/Aquário são duplamente enfatizadas, e devemos decidir quando formular perguntas e quando abafar a necessidade estreita e limitada da mente de compreender tudo ao longo do caminho. 

As virtudes netunianas da fé, intuição, compaixão e simpatia pelos reis moribundos da era antiga também são importantes. No interior do castelo estamos num mundo netuniano totalmente além da órbita mental de Urano. (Veja Capítulo 12, Peixes.)

A progressão em Peixes é importante na vida de um aquariano. Ele pode desenvolver habilidades psíquicas e de meditação nesse período, ou pode pôr tudo a perder no ciclo inferior de Netuno - com drogas, álcool e fuga. Através das artes, ele pode desenvolver um gosto do valor estético por Netuno e alcançar o Castelo do Graal a partir disso. 


Por ser a progressão em Peixes um ciclo mais aquietado, mais introvertido, Aquário, que quer ajudar a humanidade (seus amigos), pode não compreender como conduzir-se durante essa época, pois está habituado a uma energia mais extrovertida. Durante a progressão em Áries, ele geralmente se sente mais à vontade, por ser esta uma progressão mental, ativa e extrovertida.

Os aquarianos que passam por este ciclo muitas vezes mencionam que dispõem de uma energia física como nunca antes, embora já tenham bastante idade. Isto lhes dá forças para serem Anjos do Graal. Encontrei poucos aquarianos esotéricos que viveram na progressão de Touro, mas todos me disseram que ele(a) "se sentiu privilegiado por ter experimentado a concretização do sonho - a implantação de forma sólida (Touro) de um programa de bolsas de estudo para pesquisa científica, de uma fundação de serviço comunitário aos pobres ou da organização espiritual a que dedicaram sua vida". Na progressão taurina, Aquário retorna à sua Fixidez natal, revive aquela sensação familiar de convicção com relação a seus princípios, à qualidade de seu trabalho e ao caminho de vida escolhido, que dá gosto de se ver.

É durante a progressão em Peixes que o trabalho interior se completa; assim, nesse estágio, é importante que Aquário se cerque de amigos e guias bons - pessoas que dão o melhor de si em Aquário. É nessa fase que os aquarianos se interessam menos pelas ciências da Antiga Era e procuram envolver-se com estudos da Nova Era. 


Muitas vezes os guias são encontrados na progressão de Peixes. O artigo de Caitlin Matthews em Table of the Grail conclui que Sophia, ou Sapientia, a Guia Sábia, irá permanentemente lembrar-nos do Paraíso Perdido, do tesouro interior de que estamos afastados, e irá intensificar nossa busca desse tesouro, não permitindo que nos desviemos com objetivos secundários e com veleidades. A intuição fortalecida na progressão de Peixes permite a Aquário escolher um guia que lhe indicará o que precisa saber, embora às vezes possa ser doloroso de ouvir.

Aquário, com seu desejo inato de servir a humanidade e de ser popular, precisa ser cuidadoso com guias ansiosos por bajulação. Cundrie, a bruxa negra com as rolas brancas em seu capuz, merecia respeito porque, não obstante sua natureza mexeriqueira, dissera a verdade como a percebera, de modo embotado. 


Conduire Amour personifica um Ideal, uma orientação para a vida, para as qualidades do coração. A donzela do Graal, que controla o tesouro, representa a pureza da intenção. A pessoa deseja encontrar o Graal para os outros, mas também para sua própria realização. É esse altruísmo e essa humildade que não tem interesse em estados elevados do Ego, ampliada pela compaixão pisciana, que no final acabam vencendo.

Enquanto na Antiga Era o fazer e o realizar eram valorizados pelo coletivo (o antigo ideal do darma, definido pelos pais e pelas autoridades religiosas), a Nova Era salienta a Realização Individual e respeita o que Joseph Campbell chama de "pessoas íntegras que seguem sua própria verdade". O Graal, como recipiente, caldeirão ou pedra, é um símbolo feminino. A expectativa é que os valores femininos sejam importantes na Era do recipiente Graal; que quem somos seja tão importante quanto o que realizamos, cientificamente ou de qualquer outro modo.

O Castelo do Graal é o "céu interior" do ensinamento bíblico. As parábolas de Cristo sobre o Reino Interior fazem uso freqüente de imagens que têm forte semelhança com o budismo - por exemplo, a "pérola de grande valor", e a "jóia de lótus" (do coração). Em ambos os sistemas, o tesouro interior é o mais importante, e está oculto. (Na parábola, ele está enterrado no campo. Este campo, com absoluta certeza, é o coração humano, que é também a "taverna" de Ornar Khayyam, segundo Bjerregaard, o comentador sufi.)


Relativamente ao tema 'castelos', o Chandogya Upanishad assim se expressa:

"No Centro do Castelo de Brahma,
Nosso próprio Corpo,
Existe um pequeno santuário em forma de flor de lótus
e dentro deste há um pequeno espaço.
Precisamos descobrir quem aí está e
Procurar conhecê-lo... pois o universo inteiro
está nele, e ele está em nosso coração."

Podemos simpatizar com o francês que tentou concluir a lenda do Graal depois da morte de Chretien de Troyes! Como os sufis colocam muito bem, é uma busca pessoal do Amor, da Luz e da Verdade objetiva - essa meta uraniana aparentemente ilusória. Como o Rei Pescador com sua vara de pescar no lago, precisamos entrar (no lago do inconsciente) e pescar, e também formular perguntas a nossos Guias do Mundo Exterior.

Sri Yukteswar, em The Holy Science, nos diz que desde o tempo de Galileu até o começo do Dwapara Yuga em 1899 (o Skanda, ou interstício de 200 anos entre Káli Yuga e Dwapara Yuga), a humanidade aprofundou seu conhecimento da eletricidade e das possibilidades da corrente elétrica. Ele predisse que no novo Yuga (depois de 1899), os cientistas avançariam rapidamente em sua compreensão da eletricidade e de seus usos. 


No mesmo livro, ele fala do revestimento elétrico intelectual do corpo. Existem cinco revestimentos que precisamos atravessar para encontrar o Self e o penúltimo é o elétrico mental. Além desse revestimento está Chitta, o amor do coração, o Self. Como Yukteswar predisse, desde 1899 a humanidade de fato ampliou seu conhecimento da eletricidade e com rapidez inventou muitas coisas úteis.

É significativo que Urano tenha sido descoberto em 1781 e que rege a eletricidade e o corpo elétrico mental. Em termos de sincronicidade, Benjamin Franklin efetuou experimentos com a eletricidade do solo com pára-raios e pipas por volta da época da descoberta de Urano.

Netuno foi descoberto em 1846, quando os cientistas observaram que algo (Netuno) estava atraindo Urano e provocando irregularidades em seu padrão orbital. Essa atração que Netuno exerce sobre Urano é muito interessante esotericamente. Significa que o errático mas intuitivo planeta, Urano, tem sua energia mental atraída por um planeta psíquico, um planeta que desde os tempos primordiais está associado ao oceano (o inconsciente), desde o mundo celta, passando pela Grécia e chegando ao Oriente. A energia mais consciente, mais racional é atraída por Netuno. E todavia, um é altruísta (Urano) e o outro compassivo (Netuno), de modo que existe, também aqui, um fator comum.

Netuno talvez tente abrir a órbita de Urano (em que muitas pessoas Nova Era residem) ao psíquico, ao imaginativo, ao poder dos conteúdos inconscientes. O glifo de Peixes (c) representa dois mundos, a esfera do Céu de costas para a esfera da Terra e ambas ligadas por um cordão de prata. 


A energia psíquica e a energia racional podem assim influenciar-se mutuamente, ou escoar-se talvez pelo cordão que as liga. Essa atração pode ser vista se observarmos a vida e a visão de mundo das pessoas com alguns planetas natais tanto em Peixes quanto em Aquário, ou com contatos de ambos esses planetas externos com o Sol, com a Lua e com Ascendente forte na personalidade. 

Em tais casos, temos uma alma que não é deste mundo, um Anjo do Graal, que pode não entender a Antiga Era, mas que poderá viver uma vida produtiva na Nova. No castelo do Graal, o Céu e a Terra se reuniram e Deus desceu para entrar em contato com a Humanidade. Esperamos que a ponte da Era de Peixes à Era de Aquário também testemunhe isso. Em Labours of Hercules (Aquarius), Alice Bailey diz que o décimo primeiro mandamento de Cristo, "Ama a teu próximo como a ti mesmo por amor a Deus" representará a ponte entre as duas Eras.

Em que signo Urano é exaltado? Qual é a melhor posição de Casa, sem considerar sua própria Décima Primeira Casa? Como indicaram os astrólogos hindus, decorreram apenas 200 anos desde a descoberta do planeta, um tempo quase insuficiente para tomar uma decisão. Entretanto, é sempre interessante especular. Minha própria experiência com clientes me levou a concluir que a Terceira Casa é bastante forte (exaltada) para Urano. Ao longo dos anos, encontrei muitas pessoas brilhantes e inovadoras com Urano na Terceira Casa, que, naturalmente, é Gêmeos no zodíaco natural.

Poder-se-ia postular a exaltação de Urano em Gêmeos com base no impacto social da geração dos anos 60. Essa geração verbal chegou à idade adulta durante os anos idealísticos da presidência de Kennedy e voluntariava-se para programas como o Peace Corps e o Vista. Um pouco depois, durante a administração Johnson (programas domésticos da Grande Sociedade), a juventude freqüentava o segundo grau e a faculdade em números recordes, preparando-se para fazer do mundo um melhor lugar através do serviço social, do ensino, e de outras profissões ligadas às comunicações (Gêmeos). 


Muitos jovens eram liberais ao ponto do radicalismo. Os não-liberais foram lutar no Vietnã com idealismo e convicções semelhantes. (Essa geração ainda está fazendo a guerra através da indústria cinematográfica americana vinte anos depois, procurando entendê-la intelectualmente agora que a poeira assentou.) 

Muitos clientes Urano em Gêmeos buscaram uma saída para o idealismo humanitário em Comunidades de Fraternidade Universal durante os anos 70. O espírito de grupo era avançado nessas comunidades onde pessoas de mente arejada ("amigos" Urano) se reuniam para meditar e servir. Muitos ainda vivem em áreas rurais, mas, nos anos 80, um número cada vez maior está retornando à cidade para comunicar sua mensagem na cúspide da Nova Era. Os conteúdos psíquicos do Graal provavelmente se derramarão sobre a humanidade como conseqüência dos esforços dessa geração.

Clientes com Urano na 3ª Casa (Gêmeos no zodíaco natural) manifestam muitas das mesmas características do Urano na Geração de Gêmeos. Eles tendem a ser idealistas, orientados pelo futuro, pensadores positivos (a menos que Saturno esteja envolvido por aspecto ou que Capricórnio seja forte no mapa natal), interessados na consciência e alternativas da Nova Era. Este é um posicionamento clínico, científico. 


Muitos estão pesquisando e desenvolvendo projetos, descobrindo novidades alternativas em educação, em psicologia e em ciências Nova Era. Outros se interessam por pesquisas sobre a estrutura dos cristais como técnica de cura mais sutil. Essas pessoas lideram as inovações e as descobertas da Nova Era. 

O efeito negativo de exaltação na Terceira Casa é inquietação (a menos que Urano esteja num signo Fixo), impaciência com as coisas da Antiga Era e uma tendência a desperdiçar energia. No horóscopo individual, planetas em Terra ou em Fixidez irão ajudar a corrente uraniana a pôr os pés no chão.

Embora os astrólogos não tenham tido a oportunidade de estudar pessoas com Urano em Virgem, com base na força de Urano na 6 Casa, podemos dizer que esta também tem possibilidade de ser uma posição de exaltação. Aqui, as percepções intuitivas de Urano podem fortalecer uma casa mundana, contribuindo com engenhosidade para uma área de serviço. 


A combinação de Urano e Virgem, de altruísmo e serviço, é auspiciosa. Terra Virgem (Casa 6 no zodíaco natural) dá base às correntes errantes de Urano e facilita a aplicação prática de seus ideais e intuições melhor do que a posição do aéreo Gêmeos. Muitos clientes com Urano na Sexta Casa tiveram tensão nervosa (o aspecto saúde da Casa 6) na aura até encontrar, de fato, uma maneira de aplicar seu Urano à educação ou curas alternativas, até encontrar um produto ou serviço que provesse uma saída para Urano.

Qualquer que seja a posição de Urano no mapa, as pessoas agora consultam o astrólogo mais freqüentemente para perguntar, "Qual deve ser meu trabalho na Nova Era?" Esta pergunta é o equivalente moderno de "O que é o Graal e a quem ele serve?" Até certo ponto, a Casa, o Signo e os aspectos de Urano no horóscopo individual podem ajudar a formular a pergunta. 


Mais importante do que isso, porém, é o nível intuitivo, o nível de consciência de quem pergunta. A pessoa perguntou qual deveria ser seu trabalho, por exemplo, ou qual deveria ser seu importante trabalho, querendo dizer que esperava que o Anjo do Graal descesse, através do astrólogo ou de um sensitivo, e lhe desse condições de tornar-se reconhecido como um líder da Nova Era da noite para o dia. 

Se a segunda alternativa é a que prevalece, pode acontecer que a pessoa conserve resíduos de materialismo e de mentalidade competitiva da Antiga Era. A despeito de sua grande inteligência e idéias estimulantes, ele pode estar prestes a ter um despertar abrupto. Os outros provavelmente não o levarão a sério, pelo menos não por muito tempo.

Em Labours of Hercules, Alice Bailey afirma que aqueles que sofreram pouco, os uranianos que tiveram muito conforto, não estão preparados para superar o egoísmo da Antiga Era. Eles ainda estão à procura do reconhecimento pessoal como líderes; não estão pensando impessoalmente a respeito do que é bom para o grupo, para a humanidade. 


Fascinados consigo mesmos, continuam presos à natureza do desejo. (Veja "Aquarius", p. 88 do Labours.) Esses precisam transcender a filosofia de Leão ou Solar em que são o Sol e os outros são os planetas que orbitam ao seu redor para expandir-se na direção de uma harmonização universal para o bem maior. (Os psicólogos junguianos disseram a mesma coisa com relação aos curadores. Pessoas que sentem a ferida na própria pele têm melhores condições de orientar outras pessoas que sofrem.) 

Apesar disso, parece também que os uranianos em sua expansividade humanitária ainda precisam da habilidade de Leão para perceber as necessidades dos outros - a exceção à Regra Universal. Às vezes, a linha divisória entre o desapego uraniano e a indiferença é muito sutil.

Júpiter, regente esotérico de Aquário e da Nova Era, acrescenta bondade e compaixão aos princípios mentais elevados e à objetividade científica de Urano. É bom que Urano expanda sua mente brilhante numa direção positiva em vez de expandir ou inflar seu Ego. Como regente clássico de Peixes antes da descoberta de Netuno, Júpiter é um planeta espiritual, de uma natureza generosa. 


Ele traz amor e luz. Mas Júpiter e Urano são orientados pelo futuro, de espírito livre, espontâneos e interessados na Verdade objetiva. Ambos operam num nível universal, de consciência de massa. Ambos têm ligação com a iluminação. (Zeus com o raio; Urano com a corrente elétrica.) Júpiter, entretanto, é o Guru, na astrologia hindu. 

Júpiter enche a Taça de Aquário com Ananda (alegria, felicidade) e lhe propicia paz de espírito - liberdade das evasivas intelectuais. (Veja o Rubaiyat, in totum.) Vivemos um período excitante, pois esses dois planetas movem-se em trígono de um com outro em 1987. Estamos rapidamente nos adentrando na Era de Aquário.

Com esses dois regentes de Aquário em trígono no Armamento, a Alma está se revelando em muitos Buscadores e assumindo o controle sobre a personalidade. As massas também dão sinais de uma maior consciência da idade que chega e também de um maior interesse por ela. Há vários anos, as pessoas vêm se interessando por mensagens oníricas, pela mitologia e pela meditação. 


Mas foi um filme notável, muito do agrado popular, que revelou a receptividade da consciência de massa aos símbolos da Nova Era e especialmente do Graal. Os Caçadores da Arca Perdida tem sucesso não apenas nas salas de cinema, mas ainda milhares de cópias são vendidas para uso em videocassete. O tema é muito semelhante ao da Busca do Graal. 

A Arca é um tesouro que une a Humanidade com o Divino, uma fonte espiritual de poder e abundância, uma espécie de Graal. Ela é também um elo entre Deus e seus escolhidos, anteriormente guardada num lugar sagrado, o Templo de Salomão (semelhante ao Castelo do Santo Graal). No filme, o herói e a heroína enfrentaram grandes perigos com ainda maior coragem para recuperar o tesouro. Como conseqüência de sua busca, os personagens também passaram por algumas mudanças interiores.

Atualmente, o chanelling é muito popular. Muitos médiuns põem as pessoas em contato com entidades de várias Eras, planetas, e mesmo níveis de consciência, incluindo Anjos. O Arcanjo Miguel é uma Fonte. Isto também é reminiscência do Anjo do Graal e de sua mensagem de esperança para o futuro da humanidade e da alegria que ele trouxe. 


As pessoas parecem muito mais abertas agora à busca de uma experiência direta de Deus, ou pelo menos a um contato indireto com um Mensageiro celestial. Elas têm todos os tipos de perguntas a fazer, à semelhança de Aquário, perguntas que abordam temas que vão desde a finalidade última da vida até o nome de sua alma gêmea e o futuro de suas finanças. Isto é muito mais excitante do que o Serviço Dominical na igreja da "Antiga Era".
1.   Ao pé da letra canalização, nova palavra para mediunidade.

A dificuldade, se existe, com um trígono ocorrendo entre dois planetas educativos como Júpiter e Urano, é a abundância de mensagens e de mensageiros, alguns dos quais parecem conflitar com outros. Depois de certo tempo, é importante distanciar-se, afastar-se de toda informação exterior, voltar-se para o próprio centro e ouvir a própria Voz Interior. Somente isto pode validar a informação externa; então pode-se assimilá-la e aplicá-la. Para as pessoas da Nova Era que estão em contato com a Voz Interior, o tempo está maduro para participar, segundo seus talentos uranianos, no serviço da Nova Era, porque a consciência de massa, a prontidão e a receptividade estão se compondo.


Questionário

Como o arquétipo de Aquário se expressa? Embora diga respeito de modo especial aos que têm o Sol em Aquário ou Aquário ascendente, qualquer pessoa pode aplicar esta série de perguntas à Casa em que seu Urano está localizado ou à Casa que tem Aquário (ou Aquário interceptado) na cúspide. As respostas a estas questões indicarão até que ponto o leitor está em contato com seu Urano, sua mente inventiva/caprichosa e suas tendências altruístas.


1.  Como criança, os adultos me achavam rebelde porque eu perguntava "por quê?"

a. quase sempre.
b. algumas vezes.
c. quase nunca.
2.  Dou valor à liberdade
a. no mais alto grau.
b. medianamente.
c. não muito.
3.  Relaciono-me bem com pessoas provenientes de qualquer nível social, educacional e econômico. Meu comportamento é orientado por uma mente aberta
a. 80% das vezes.
b. 50% das vezes.
c. 25% das vezes, ou menos.


4.  Quando minhas idéias são desafiadas, os outros me vêem como intransigente e voluntarioso

a. 80% das vezes.
b. 50% das vezes.
c. 25% das vezes, ou menos.

5.  Quando estressado, a parte de meu corpo que mais me causa problemas é
a. Em geral tenho boa saúde.
b. O sistema nervoso central.
c. Os tornozelos ou a circulação.
6.  Meu maior medo é
a. ser rejeitado pelos meus amigos.
b. não ser convidado a participar de algo que a maioria de meus amigos faz parte.

c. não ser bem compreendido.
7.  O maior obstáculo a meu sucesso provém
a. de circunstâncias fora do meu controle.
b. de dentro de mim mesmo.


8.  De grande importância para mim são os interesses de Aquário, como projetos de grupo, amizades e liberdade. Estes são

a. muito importantes.
b. bastante importantes.
c. pouco importantes.
9.  Sou considerado criativo e original por
a. 80% das pessoas que encontro.
b. 50% das pessoas que encontro.
c. 25% das pessoas que encontro.
10. Quando jovem, imaginava realizar grandes coisas pela humanidade através de alguma descoberta científica, de uma organização filantrópica ou do exercício do ministério pastoral, etc. Este era
a. um desejo forte.
b. um desejo moderado.
c. não lembro de ter tido um desejo semelhante.


Os que marcaram cinco ou mais respostas (a) estão em contato significativo com Urano no nível mundano. Os que assinalaram cinco ou mais respostas (c) precisam trabalhar na Casa em que Urano faz seu domicílio ou que rege. Os que responderam (b) à questão 7 precisam trabalhar na formulação adequada de suas perguntas à medida que prosseguem em sua busca.

Onde está o ponto de equilíbrio entre Aquário e Leão? Como Aquário integra o Coração de Leão em seu reino analítico? Como ele integra o altruísmo cósmico e a habilidade de relacionar-se com a pessoa que mora a seu lado? Embora se refira de modo particular aos que têm o Sol em Aquário ou Aquário ascendente, todos temos Urano e o Sol em algum lugar em nosso horóscopo. Muitos temos planetas na Quinta e Décima Primeira Casas. Para todos nós, a polaridade de Aquário a Leão implica a habilidade de nos relacionarmos tanto no nível universal quanto no pessoal.

1.  Quando algo me aborrece,
a.  guardo para mim mesmo.
b.  às vezes analiso a questão com meus amigos.
c.  falo sobre o assunto até que pare de doer.


2.  Embora seja o primeiro a dispor de meu tempo para uma atividade caritativa ou cívica, tenho tendência a fazer olho grande para as necessidades dos que estão mais próximos de mim
a.  80% das vezes.
b.  50% das vezes.
c.  25% das vezes, ou menos.
3.  Aproveito a oportunidade de utilizar meus talentos criativos
a.  raramente.
b.  medianamente.
c.  quase sempre.
4.  Considero que minha habilidade de relacionar-me com as crianças é
a.  fraca.
b.  razoável.
c.  boa.
5.  Meu enfoque da vida se baseia
a.  principalmente na análise.
b.  numa mistura de análise e sentimento.
c.  no sentimento.


Os que assinalaram três ou mais respostas (b) estão desenvolvendo um bom trabalho com a integração da personalidade da polaridade Leão/Aquário. Os que marcaram três ou mais respostas (c) precisam trabalhar mais conscientemente no desenvolvimento do Urano natal em seu horóscopo. Os que têm três ou mais respostas (a) podem estar fora de equilíbrio na outra direção. Estudem Urano e o Sol no mapa astral. Qual deles é mais forte por posição de Casa, por localização em seu signo de regência ou exaltação? Está um ou outro em detrimento, interceptado, ou em sua queda? Existe algum aspecto importante relacionado com o Sol? Aspectos relativos ao planeta mais fraco indicarão o modo de integração desse planeta.

O que significa ser um aquariano esotérico? Como Aquário integra o expansivo Júpiter, seu regente esotérico, na personalidade? Todo Aquário terá Urano e Júpiter em algum lugar no horóscopo. O bem-integrado Júpiter acrescenta a compaixão à personalidade aquariana analítica. As respostas às questões que seguem ajudam a mostrar até que ponto Aquário está em contato com Júpiter.




1. Procuro conscientemente ser amável e também analítico em meus relacionamentos pessoais
   a. a maioria das vezes.
   b. algumas vezes.
   c. quase nunca.

2. Tomo minhas decisões baseado na intuição e também na lógica
   a. 80% das vezes.
   b. 50% das vezes, ou mais.
   c. aproximadamente 25% das vezes.

3. Se sou cortado (amputado) de meus amigos, eu

a. continuo indo em frente com fé.
    b. retiro-me por certo tempo e fico remoendo sobre a volubilidade humana.
   c. conservo minhas "idéias criativas" para mim mesmo daí por diante.
4. No trabalho pela humanidade, minha motivação é
   a. resultado de meu contato com o Self.
   b. em parte por vaidade pessoal e em parte pelo bem em si mesmo.
   c. para impressionar os outros e conquistar amigos.

5. Quando presto serviço a uma organização, eu
    a. trabalho bem com todos para o bem comum.
    b. procuro comprometer-me.
    c. sempre presto o serviço a meu modo.

Os que marcaram três ou mais respostas (a) estão em contato com seu regente esotérico. Os que assinalaram três ou mais respostas (b) precisam trabalhar mais na integração da flexibilidade e consideração de Júpiter. Precisam entrar mais em contato com sua intuição através da Casa que serve de domicílio a Júpiter e das Casas regidas por Júpiter - Sagitário e Peixes. Os que marcaram três ou mais respostas (c) devem estudar seu Júpiter natal. Está ele interceptado, retrógrado, em queda, em detrimento? Júpiter rege dois signos mutáveis e facilita o comprometimento e a cooperação num signo fixo, Aquário.
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