sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Capricornio


10   Capricórnio: - A busca do darma

O Sol entra anualmente em Capricórnio no Solstício de Inverno, dia 21 ou 22 de dezembro. À medida que os dias se tornam mais cinzentos e frios, o estado de espírito das pessoas vai ficando mais taciturno. Os comerciais de televisão e do rádio proclamam: "Depressa! Restam apenas 5 dias para as compras de Natal." Em todos os lugares, com a testa enrugada pela concentração sobre a sua lista, as pessoas esbarram umas nas outras, resmungando: "Preciso providenciar alguma coisa para minha vizinha, para o caso de ela aparecer com algum presente para mim." "Preciso encontrar um presente até dez dólares para o meu amigo secreto do escritório durante o horário do almoço, ou vai ficar muito tarde..." "Preciso encontrar um presente para a tia Edna este ano. No Natal passado esqueci dela, e me senti muito culpada. Ela já tem 92 anos e não estará entre nós para outros muitos Natais." "Nos feriados, me sinto muito dividido entre meus deveres para com meus pais e para com meus filhos. Meus parentes vão ficar chateados se não formos à Flórida, apesar de as crianças se divertirem mais estreando seus patins novos na semana do Natal, patinando no gelo com seus amigos. Eles não podem fazer isso na Flórida." "Nas épocas de feriado, gostaria de ser uma mãe que não precisasse trabalhar fora. As crianças estão crescendo rapidamente e deveriam vivenciar as tradições da família. Adoraria ficar em casa fazendo decoração, cozinhando e lendo para eles histórias de Natal, mas há tão pouco tempo."

No nível mundano, o arquétipo de Capricórnio pode ser reconhecido durante o ano inteiro em conversas sobre "deverias e terias", sobre deveres familiares conflitantes, tradições, envelhecimento e sobre aquela sensação sufocante de estar sob pressão porque "há tão pouco tempo". Pode-se quase ver Cronos, ou Saturno, como os romanos o chamavam (Pai Tempo), em pé, segurando sua ampulheta, ou sua foice, enquanto as pessoas fazem esses comentários típicos do Solstício de Inverno. Como arquétipo, Capricórnio tem relação com a continuidade da vida familiar, incluindo as lembranças e as tradições da família, as terras, posses e outras heranças, deveres, ambições pessoais e coletivas, e todos aqueles "deveria ter feito" no passado que emergem do inconsciente no caminho para casa ou condomínio da avó para um jantar de fim de semana. "Eu talvez devesse ter me associado ao escritório de advocacia de papai, em vez de ter me formado em jornalismo, há 30 anos. Papai teria ficado tão orgulhoso e feliz. Mas, pessoalmente, sinto-me mais feliz como jornalista" (conflito entre as ambições pessoais e familiares coletivas). Ou, "Talvez eu devesse ter esbanjado aquelas 20 libras que jurei desperdiçar no último Ano Novo. Sei que, de qualquer modo, tia Edna pensará que não tenho nenhuma força de vontade." Ou emergem velhos ressentimentos - "Tio Harry deveria ter me emprestado aquele dinheiro de que eu precisava para pagar a faculdade há 10 anos. Hoje eu seria economicamente independente. Agora, ele vai pedir um empréstimo a mim para aplicar num de seus empreendimentos arriscados - mas eu não terei nenhum dinheiro para emprestar-lhe. A culpa é toda dele."

A competitividade é uma parte tão importante do arquétipo de Capricórnio quanto a introspecção e as lembranças antigas. Muitos de nós podemos facilmente ver a competitividade familiar se observarmos os membros da família sentados à mesa do jantar entre a Matriarca e o Patriarca. Duas irmãs, que se encontram pela primeira vez no ano, perscrutam-se uma à outra, marcando pontos mentalmente. A mais velha continua solteira, e está agora com 29 anos. Está aflita porque a mais jovem teve outro bebê, encantando Mamãe e Papai com um novo neto. A mais jovem sente inveja da mais velha por suas roupas elegantes, sua recente promoção, seu verão na Europa, sua liberdade.

No nível mundano de Capricórnio, a riqueza material é uma medida importante do sucesso, uma ambição preenchida pelo signo mais batalhador do zodíaco. É a tia-avó Edna que, na ponta da mesa, marca no cartão os pontos de cada um. De repente, a titia fixa o olhar num rapaz em idade universitária e, clareando a garganta, "Ahem!" numa voz surpreendentemente alta para uma anciã frágil, diz: "Bem, Rogério, no ano passado você nos disse que faria 'tudo ao mesmo tempo' -formar-se na Faculdade, ter um contrato de trabalho promissor, casar-se com Angela e comprar uma casa. Você cumpriu sua promessa? Aposto que ainda está morando com seus pais e continua freqüentando a escola." "Er, sim, tia Edna", diz Rogério corando, a voz esmaecida, não condizente com alguém de um metro e noventa. "Mas as coisas estão se encaminhando, progredindo." "Hrummph", diz a matriarca, "No ano passado, meu neto e sua mulher compraram uma casa nova por 200.000 dólares, presentearam-me com mais um bisneto e me convidaram para acompanhá-los numa viagem ao Rio de Janeiro, um presente por ele recebido de sua empresa pela quantidade de apólices de seguro que vendeu. Estou um pouco velha para pular carnaval, mas Artur sem dúvida está se saindo bem." Infelizmente, a tia-avó é ela própria um símbolo da areia que escorre pela ampulheta da mortandade. Vários membros da família pensam assim a seu respeito: "Sem dúvida, ela está bem mais velha este ano."

O arquétipo de Capricórnio inclui todos os conceitos, sentidos e significados do tempo, desde as épocas mais abstratas dos deuses hindus, maias e gregos - o período eônico - até o calendário anual concreto e o período de vida de um indivíduo - a longevidade e mortalidade pessoal. Dois dos símbolos escolhidos para representar o Solstício de Inverno e Capricórnio, o crocodilo e a tartaruga, de vida longa e movimento lento, assim como de casca resistente (durável), refletem a relação de Capricórnio com a vida e a morte e com a sobrevivência. Até a descoberta da cultura de raízes e da refrigeração, nos últimos 200 anos, pessoas e animais morriam em grande número, durante o inverno, devido à escassez de alimento. Simbolicamente, as almas, que para os gregos desciam do Ventre, ou Portão de Câncer, no fértil verão, passavam em grande número pelo Portão da Morte de Capricórnio durante o Solstício de Inverno. Os mesmos conceitos prevaleciam nos trópicos, onde o calor e os ventos áridos ressecavam o solo na época do inverno. Assim, as pessoas diziam que Saturno, com sua foice, podia cortar os débeis e idosos no inverno, para realizar sua implacável colheita durante Capricórnio.

Este simbolismo permanece até hoje, para nós que vivemos neste mundo ocidental moderno, apesar de não mais estarmos vinculados aos ciclos de fertilidade como os povos agrícolas. Durante o Solstício de Inverno ainda celebramos a "morte" do ano velho do calendário. Se, por exemplo, lembrarmos o verso do canto de Natal, "A Terra em solene tranqüilidade repousa", reconheceremos um antigo estado de espírito que descreve o Solstício de Inverno... o Sol "faz sua estação", ou parece ficar parado no céu à medida que os dias vão ficando mais curtos, e a própria Terra manifesta um sentido silencioso de antecipação.

Há na liturgia de várias religiões cristãs um tempo chamado Advento. Durante essa época, todos os dias as famílias abrem uma janelinha no calendário do advento ou acendem velas na coroa de advento para simbolizar a esperança. Esta sensação de expectativa é um reflexo da fé com que o mundo antigo aguardava a chegada do degelo da primavera bem antes do cristianismo. Ainda são comuns as meditações de solstício praticadas pelos astrólogos de todo o mundo como meio de manter-se em harmonia com a quietude, a fé, a paz e a inspiração do silêncio solene.

Os que não compreendem a paciente e silenciosa espera da estação do Solstício freqüentemente aparecem nas leituras entre dezembro e janeiro queixando-se da solidão que sentem interiormente. Todos dão a impressão de correr para festas, de ceder ao consumismo e de endividar-se com compras dispendiosas. Parece que não há nada mais profundo do que o materialismo grosseiro que vêem a sua volta. Muitas pessoas ficam deprimidas com o vazio. De dezembro a janeiro, notei uma maior incidência de chamadas telefônicas suicidas entre meus clientes. Não é tanto por se perceberem alijados das festividades, mas sim por se sentirem desconectados da família e da tradição, cortados de suas raízes.

Uma cliente solitária fez uma afirmação realmente surpreendente: "O Natal é para crianças, para famílias. Acho que me sinto só porque não tenho filhos com quem celebrar." Perguntei, "Por que o Natal é somente para crianças?" "Porque elas são inocentes - espontâneas. Uma criança fica feliz simplesmente por ter um pacote para abrir. Um rostinho de seis anos de idade ilumina-se quando vê o embrulho. A criança não pára para analisá-lo como seus pais o fazem: 'Quanto será que titia pagou por isto?' Ela não pensa 'uh, oh, eu apenas lhe enviei um cartão que eu mesma fiz, e que custou bem pouco, e ela me comprou este presente tão caro'... nada disso. Para a criança, a mágica toda está na festa. Mas quando a mãe da criança abre o presente que lhe dei, sua testa fica enrugada, e posso quase ouvi-la pensando algo como, 'Ela pagou mais por isto do que eu paguei pelo presente que dei a ela. Isto é sinal de que seu salário é maior do que o meu.' E então, depois de toda essa análise, ficará deprimida e não aproveitará em nada o presente. Assim, como uma solteira que está feliz a maior parte do tempo, o Natal é a única época do ano em que sinto falta de algo em minha vida - filhos."

Esta cliente levantou uma questão importante, pois o Solstício trata da justaposição da velhice à juventude. C. G. Jung, por exemplo, viu os arquétipos do velho e da criança como opostos polares. Se Saturno não é um Velho Sábio, mas um símbolo rígido, senil, ele ficou muito preso ao chão, muito grudado no barro -depressivo. Como atitude, Jung recomenda que nunca percamos nosso sentido infantil de satisfação e alegria, que não nos tornemos academicamente cultos, o que equivale dizer, tolos, rígidos, superestruturados em nosso modo de pensar, incapazes de reagir com espontaneidade. Costumes e tradições podem tornar-se madeira petrificada - dura, quebradiça, limitante. O puer (jovem eterno) dentro de nós equilibra o senex (nossos traços saturninos rígidos) em sua impulsiva abertura e curiosidade, fé no futuro, flexibilidade. Quando pais Capricórnio ou Câncer queixam-se do burburinho da vida interferindo em seus hábitos nas épocas de festa, muitas vezes fico interiormente contente porque o puer, a criança da família, os põe em contato com a mudança e os força a se tornarem menos rígidos com relação ao planejamento dos feriados. Quando os pais, em seu próprio processo de crescimento pessoal, chegam próximo à metade da vida (40-45 anos, Saturno em oposição a Saturno) e alcançam um nível de sucesso material, eles tendem a ficar estultos - a tornar-se patriarcas e matriarcas, a resistir à mudança ou a sentir arrependimento por causa dela. ("Se pelo menos eu não precisasse trabalhar fora de casa... se pelo menos eu não precisasse levar as crianças para representarem autos natalinos em três escolas diferentes. Eu teria tempo de fazer as coisas à moda antiga.") Os filhos os mantêm jovens, vivendo no presente, e esperançosos no futuro. Senex e puer, como opostos polares, têm muito a aprender um do outro.

Há tanto senex no ar na época do Solstício, tantos planos por parte de autoridades, de professores e de pais que querem tudo perfeito para as crianças, que talvez nós adultos devamos fazer uma pausa nos zelosos preparativos que temos em mente simplesmente para observar o puer, a criança em si, sua impetuosidade, seu entusiasmo, sua antecipação, em vez de sobrecarregá-la com a decoração da peça de teatro da escola. Talvez o puer possa nos ajudar a não levar o Solstício, e nós mesmos, tão a sério. Deve haver uma mensagem espiritual importante aqui, porque Cristo disse, "A menos que vos torneis como crianças, não entrareis no Reino dos Céus."

Parece, entretanto, que esta mensagem já existia arquetipicamente bem antes da vinda de Cristo e da muito prática categoria puer de Jung. Em 25 de dezembro, uma semana depois do início do Solstício, era celebrada a festa de Mitra, a Criança Divina, desde a Pérsia até a Bretanha Romana. O Arcebispo de Canterbury tomou a decisão de construir igrejas nos locais de culto a Mitra e de fixar a celebração do nascimento do Menino Jesus em 25 de dezembro, preservando assim a Festa da Criança para nós. Além disso, para o culto mitraico, centrado na meditação e na iniciação espiritual, a festividade da esperança e da antecipação celebrada durante a escuridão do inverno era não apenas o evento externo da vinda de Mitra ao mundo, mas ainda o nascimento interior da criança divina na alma de cada iniciado. Temos um dever saturnino para conosco e para com nossas famílias, para com o mundo interior e também para com o mundo exterior, com relação ao Espírito e com relação à Matéria, nesta importante estação de solene quietude.

Quer acendamos velas do advento ou velas Hanukka para iluminar a escuridão com esperança, o importante é encontrar tempo para explicar às crianças o significado interno dos rituais; do contrário, os rituais tendem a se tornar formas vazias.

Como na tradição hebraica os irmãos macabeus acenderam velas e consagraram o templo no mundo exterior, nós podemos lembrar-nos uns dos outros, e nossas crianças especialmente, de que também consagramos nosso templo interior.

Carl Jung compreendeu isso muito bem quando disse que cada um é responsável por sua "manjedoura interior". Parece que deveria ser este o significado esotérico, verdadeiro, da época e das meditações do Solstício. É um tempo em que todos nos esforçamos para dar nascimento à criança interior, o Self, na manjedoura de nosso coração, e para alimentar a Criança Divina. Muito envolvimento com o mundo exterior pode distrair-nos deste trabalho interno neste momento de introspecção.

A mudança anual de humor do jovial Sagitário para o Capricórnio saturnino é um contraste admirável muito claro para o astrólogo que faz leituras do Retorno Solar (aniversário) entre o Dia de Ação de Graças e o Natal. Primeiro, ele se depara com uma longa sucessão de sagitarianos que afirmam, "Sei que este será o meu ano de sorte. Estou perto de concretizar todos os meus sonhos e ser muito feliz." Em seguida, aparecem os capricornianos, perto do dia de seu aniversário no Solstício de Inverno, afirmando exatamente o contrário: "Cara, estou deprimido. Esta época do ano é uma droga. Todos os anos, quando meu aniversário se aproxima, percebo que estou um ano mais velho; penso em todas as minhas ambições ainda não concretizadas e, comparada com a vida de outras pessoas, a minha parece seguir num passo de lesma. Não sei se sou de desabrochar tardio ou um fracasso. Se for para acontecer, quando minha sorte e ritmo vão melhorar? Por que aparecem tantos obstáculos e atrasos em minha vida quando tudo parece acontecer tão rápida e facilmente para as outras pessoas?"

A sorte e o ritmo são os temas dos planetas Júpiter e Saturno, respectivamente. Estes são os regentes de Sagitário e Capricórnio. A menos que os sagitarianos tenham Júpiter em aflição e Saturno seja mais forte do que Júpiter em seus mapas, eles tendem a identificar-se com o Grande Benfeitor e a ver a vida de uma maneira positiva. É deles o mote filosófico: "A despeito de tudo e de todos, a cada dia que passa, estou cada vez melhor." Os capricornianos, por sua vez, têm uma visão de mundo conformada em termos não de sorte ou progresso (Júpiter), mas sim de ritmo e com base em suas próprias limitações (Saturno). Quinze anos de observação desse contraste de atitudes enquanto fazia leituras entre o Dia de Ação de Graças e o Ano Novo convenceram-me, pessoalmente, da verdade do poder do pensamento positivo. Se, em espírito jovial, acreditarmos que o cosmos é uma cornucópia de coisas boas e que o Pai Celestial Jove oferece a nós, seus herdeiros merecedores, uma provisão ilimitada de fama, fortuna, saúde e alegria, então estaremos predispostos a atrair essas dádivas a nós. Porém, se nos considerarmos herdeiros esforçados e diligentes, mas indignos, de Saturno, um Pai frio que nos julga com severidade e que se fixa em nossas limitações, que se apega não àquilo que realmente desenvolvemos, mas ao que deveríamos ter realizado mais perfeita, completa e rapidamente, tendemos a atrair mais provações, dificuldades, atrasos e frustrações de Saturno, exatamente porque estamos buscando essas coisas - esperando-as com pessimismo.

Os gregos estavam conscientes do princípio de Saturno: "Conhece-te, aceita-te, sê tu mesmo." Eles estimulavam o indivíduo a encarar suas próprias limitações em termos de resistência física (nem todos podiam ser um campeão olímpico), talentos artísticos, destreza intelectual mas, como sua arte comprova, eles eram principalmente um povo jovial. Foi durante o Império Romano que a arte clássica tornou-se mais rígida, derivativa e estruturada, que o dever com relação ao coletivo se tornou mais importante do que a busca filosófica individual, que os cultos sancionados pelo governo tornaram-se a religião oficial e que Saturno parece ter superado Júpiter. Os estóicos fatalistas tinham maior afinidade com os limites do que com a expansão, com o destino mais do que com o crescimento, e lançaram uma mortalha saturnina sobre a filosofia e também sobre a astrologia. No período romano, os sofistas estavam mais ligados à forma retórica do que ao conteúdo e à verdade. Finalmente, o cristianismo, com seus rituais, dogmas e com sua estrutura eclesiástica, desenvolveu-se durante o Império Romano e impregnou-se com o sabor de Saturno - Deus Pai no seu Trono do Juízo. Como astrólogos, ainda hoje estamos lutando para recuperar o equilíbrio entre Saturno como dever e Júpiter como alegria. Os aspectos entre esses dois planetas no mapa natal são muito importantes. Suas oposições, signos e relações de Casa com o Sol, a Lua e o Mercúrio individual revelam se ele(a) está espontaneamente harmonizado com a filosofia do dever ou com a filosofia da alegria. Geralmente, uma pessoa Saturno/Mercúrio vê um copo com água como meio vazio, e uma pessoa Júpiter/Mercúrio como meio cheio. Obviamente, precisamos tanto de Júpiter como de Saturno em nossa vida; por isso viemos à Terra através do Tempo (Saturno) e do Espaço (Júpiter); mas a maioria de nós tem um padrão de sintonia com um e pouco desenvolvimento do outro.

Freqüentemente o astrólogo, especialmente o astrólogo principiante, se preocupa tanto em passar ao cliente informações sobre sorte e ritmo que acaba não se perguntando como o cliente irá receber a informação. Qual é a filosofia do cliente? É jovial ou saturnina? É importante ouvir o cliente. Se ele tem um stellium em Capricórnio com uma quadratura derivada de Saturno e o astrólogo lhe diz que existe uma ótima oportunidade (Júpiter em trânsito pela Nona/Décima Casa) no exterior, ele a aproveitará? Ou permanecerá na companhia de seu pai (Saturno) para o bem do Coletivo (família), como um filho respeitoso e bom provedor para seus filhos? Provavelmente, ficar ciente dessa oportunidade fará com que o cliente sinta frustração e ressentimento (quadratura de Saturno) com relação ao Coletivo ao qual se sente amarrado, em vez de movê-lo na direção da oportunidade no mundo externo.

A dimensão Saturno/Júpiter de um horóscopo também dará ao orientador uma sensação de introversão/extroversão. Astrologicamente, os signos Fogo, como Sagitário, são geralmente considerados extrovertidos, mas imagine um Sagitário em progressão por Capricórnio com uma quadratura natal Saturno/Júpiter. Ele pode dirigir sua energia social jupiteriana aos contratos de negócios e parecer muito sério e moderado para um Sagitário - introvertido, inclusive. Ele pode até mesmo estar numa fase de apego excessivo ao trabalho (quase uma contradição em termos do Sagitário brincalhão) e precisar ser lembrado de tirar um tempo para exercícios e passatempos. É importante examinar o arquétipo Saturno/Capricórnio antes de supor que signos Ar ou Fogo sejam pessoas muito extrovertidas.

Há uma boa discussão sobre ética do trabalho versus ética da diversão em Please Understand Me, de Bates e Kiersey; embora essa análise não receba o nome de equilíbrio Saturno/Júpiter, tem sem dúvida uma semelhança muito grande com isso. Uma pessoa que vê a vida através de Júpiter muito provavelmente irá primeiro divertir-se, adiando tudo o que se refere a trabalho; irá fazer o relatório na noite anterior à data programada para apresentá-lo. A pessoa que está sintonizada com a ética de trabalho de Saturno estará inclinada a começar o relatório logo que receba essa incumbência, fazendo muita pesquisa, preparando-se bem e deixando de lado qualquer tipo de divertimento. "Não posso sair socialmente; preciso ficar em casa e trabalhar neste relatório, que deve ser entregue em três meses." Se ele(a) tivesse um equilíbrio melhor entre diversão (Júpiter) e trabalho (Saturno), ele(a) provavelmente diria algo diferente, algo mais solto e relaxado. As pessoas de ambos os extremos, tanto de Júpiter quanto de Saturno, sentem estresse; aquela que adia descansa até a noite anterior à entrega do relatório, mas exige de seu corpo grandes esforços em curtos espaços de tempo; assim, nenhum desequilíbrio é saudável.

A atitude é muito importante na cura do corpo. Se aceitamos a doença como o nosso destino (Saturno) e nos resignamos, ela provavelmente vencerá. Mas se adiamos a mudança de nossos hábitos de saúde deficientes, os resultados deste modelo jovial também nos apanharão no final: "Vou deixar de fumar amanhã; tenho facilidade em parar de fumar; já fiz isso 200 vezes nos dois últimos anos." Boas intenções (Júpiter) sem disciplina (Saturno) podem provocar câncer no pulmão a longo prazo. Por todas as razões aduzidas, é importante avaliar a orientação Júpiter/Saturno no horóscopo dos clientes.

Os antigos compreendiam a importância de Júpiter e Saturno melhor do que nós porque se concentravam no significado do que para eles era o ponto mais afastado do sistema solar - as órbitas desses dois planetas. Desde o século XVIII, quando foi descoberto o primeiro dos planetas transaturninos, Urano, diminuímos a ênfase em Júpiter e Saturno no Ocidente à medida que nos esforçamos seriamente para compreender os significados sutis dos novos planetas "de massa" ou "impessoais". Na índia atual, poucos astrólogos usam os planetas transaturninos na interpretação do mapa, de modo que Júpiter e Saturno conservam seus significados mais profundos. Eles são vistos como forças impessoais, não apenas no sentido de que seus trânsitos regem o Coletivo (a Nação ou seu Regente), ainda que isto seja parte dele, mas também no sentido de que o tempo (Saturno) e o espaço ou latitude e longitude (Júpiter), através dos quais a alma de um indivíduo vem à Terra, determinam a realização do seu carma. Por que vir à Terra numa determinada época e numa certa cidade? Por que não em outro século, alguma outra cidade ou vila? A carta natal, com suas oportunidades e ritmo (limites), representa o mapa que a alma escolheu antes de sua vinda à Terra para trabalhar seu carma, numa tentativa de realizar uma ou mais aspirações deixadas em aberto em sua vida passada mais recente. Vários astrólogos indianos me disseram que se nos últimos segundos daquela vida uma pessoa pensasse arrependida, "Se pelo menos eu tivesse...", essa frase, concluída, delinearia o horóscopo seguinte. Talvez ele(a) escolhesse vir à Terra num lar onde a música fosse valorizada, onde fosse dada importância à educação, ou escolhesse uma família com poder político, ou riqueza, ou simplesmente um lar amoroso onde todos vivessem até a maioridade. O que estivesse faltando seria potencialmente alcançável. O apoio para o desejo estava nas circunstâncias da vida. Nesse ponto, perguntei, o que aconteceria se eu tivesse pensado, "Se pelo menos eu tivesse trabalhado mais ou fosse mais disciplinada?" O astrólogo respondeu: "Bem, há sua Primeira Casa Saturno, em quadratura com seu Sol." Esta foi uma importante descoberta para mim - fixamos nossos próprios limites e nossa própria disciplina quando escolhemos o lugar de nosso Saturno.

Vivemos numa época em que muitos tendem a incriminar o Coletivo. "Fui criada numa religião muito rigorosa - de pouca alegria." Ou "Minha família tinha expectativas enormes a meu respeito. Havia dois senadores na família, e todos esperavam que eu seguisse os seus passos." Ou, "Todas as mulheres da família eram professoras; assim, nunca pensei numa carreira diferente até os 30 anos de idade." Ou, "Na minha família, esperava-se que as mulheres tivessem filhos e ficassem em casa, afastadas do trabalho externo; é culpa deles eu estar tão frustrada aos 40 anos -  ainda em casa, com filhos com menos de 6 anos." Bem, de acordo com a filosofia
hindu, "Não é bem isso."

Carl Jung contribuiu para a nossa compreensão de Saturno no mapa da mulher com seu conceito do animus, o lado masculino da mulher e as expectativas desse lado masculino. Encarar o animus pode ser bastante deprimente para uma mãe que passa o dia todo com os filhos menores em casa. O animus quer estar ativo no mundo masculino - o mercado de trabalho - pensando, competindo, lutando, conquistando. As mulheres que ficam em casa o tempo todo freqüentemente chegam para uma leitura queixando-se de que "os homens, especialmente os maridos, são livres para realizar-se profissionalmente, enquanto as mulheres, especialmente as mães, não o são". Uma mulher com Sol em Capricórnio veio consultar na época do Solstício para sua releitura anual, apresentando-se muito crítica com relação ao marido. "Ele tem uma vida tão agradável, praticando sua profissão, enquanto eu, que tenho o mesmo nível de instrução, fico em casa, cuidando de três crianças resfriadas, vendo minhas próprias habilidades enferrujando dia após dia. As paredes estão se fechando sobre mim." Algumas também fazem observações críticas sobre mulheres profissionais que têm filhos, e apesar disso trabalham parte do dia ou o dia inteiro fora de casa: "Vejo minha irmã (ou minha colega de escola) -             seu lugar (dever) é em casa com seus filhos de idade pré-escolar, mas ela os deixa numa creche com estranhos e vai trabalhar. Por que os teve tão depressa, se não iria ser atenciosa com eles e se sabia que ia trabalhar?"

Enquanto o astrólogo pode fazer sugestões com base nos trânsitos de Júpiter que podem oferecer saídas para a claustrofobia (a impressão de Saturno sentindo as paredes se fechando durante o Solstício de Inverno - estação do resfriado) através do serviço à comunidade e contatos sociais com adultos, penso que a análise junguiana é também uma ajuda efetiva. Se uma mulher com uma formação assim se sente claustrofóbica e enferrujando em casa, isto em geral se deve tanto ao perfeccionismo do seu animus quanto à sociedade patriarcal que ela ataca e insulta - seu marido ou os outros. Uma supermãe dessas, ela mesma com gripe e com febre, insistia em fazer quatro trajes para as apresentações de Natal de seus filhos, além de cozinhar, decorar, fazer as compras e ajudar na igreja. Ela disse, "Minha mãe sempre teve tempo de fazer nossos trajes para as representações natalinas; então eu também devo fazê-los para meus filhos." A análise junguiana ajudou-a a fazer a distinção entre ela e sua mãe - entre os anos 1950 (sua própria infância) e os anos 1980 (a infância dos filhos dela) e a chegar a uma compreensão mais realista dos limites do tempo. Mais do que tudo, porém, a análise ajudou-a a distinguir entre o que o seu animus esperava dela e o que os membros de sua família esperavam dela. Os padrões deles para a Mãe Perfeita estavam muito abaixo dos próprios padrões dela. Agora, quando ela vem para sua atualização natalícia, ela critica menos seu marido e as mulheres que têm filhos pequenos e que trabalham fora. Ela ainda não se permite sair de casa para trabalhar, mas percebe que a Maternidade não será uma carreira para sempre e que num ciclo de vida diferente voltará a usar seus talentos no mercado de trabalho. Como uma mulher que pensa, ela foi ajudada tanto por seu trabalho junguiano com o animus quanto por sua compreensão dos ciclos de vida Saturno/Júpiter através da astrologia.

Na índia, onde a vida corre mais lentamente, parece mais simples compreender as qualidades positivas de Saturno. Mesmo o perfeccionismo saturnino tem seu propósito, se pensarmos em termos da evolução da Alma em sua jornada rumo à perfeição e se nos lembrarmos da admoestação bíblica, "Sede perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito." A Alma precisa de um tempo longo, muito longo - uma série toda de encarnações, para a mente indiana -, para realizar isso! O Darma, então, astrologicamente representado pelo Saturno esotérico, está associado à jornada evolucionária da Alma, ao longo do tempo, na direção da unidade com Deus e na liberdade do Divino. Nessa longa jornada, há períodos de vida saturninos para pagamento de débitos antigos e de desejos ambiciosamente satisfeitos, e também períodos de vida jupiterianos para colher os méritos das vidas passadas. Disseram-me na índia que uma encarnação jupiteriana "é uma encarnação de repouso". Freqüentemente penso nisso em horóscopos em que Júpiter está em Grande Trígono com o Sol e a Lua nas Casa de Terra e atrai sucesso, e em mapas em que Saturno está em formação de Quadratura-T nas Casas de Terra, significando trabalho duro e disciplina, mas, a longo prazo, sucesso. Na índia, a pessoa com Saturno na Quadratura-T seria considerada como de fato cumprindo seu darma e, no final, tendo uma vida mais vitoriosa do que a pessoa com a Tríade Júpiter, a menos que se torne muito deprimida e entre em desespero. Seu teste é freqüentemente de Fé, de Júpiter, o regente, na índia, de Peixes, o signo da fé que move montanhas. Existe então um equilíbrio esotérico entre Saturno (dever, ou Darma) e Júpiter como fé na graça do Guru. Ambos são necessários para ser vitorioso, para avançar, nesta encarnação, na direção do caminho espiritual.

Tanto Júpiter como Saturno são planetas orientados por metas, e se pudermos usar suas energias apropriadamente, se pudermos colocá-los em equilíbrio, as metas podem efetivamente ser atingidas. A fé e a autoconfiança de Júpiter, a atitude positiva e o impulso progressivo em direção ao futuro, combinados com a paciência de Saturno e com a aplicação constante do esforço, podem guiar-nos à libertação, e isto mesmo quando a caminhada se torna cansativa e a estrada parece ficar sombria ou quando a inquietação ou o aborrecimento se instalam. Pessoas cujos mapas são zelosos e esforçados, muito saturninos, muitas vezes esquecem isso que os hindus dizem, que "Deus é que faz". A realidade, este mundo, "os impregna demasiadamente", e tendem a esquecer que Júpiter, a graça de Deus e do Guru, é tão importante quanto cumprir seu darma com perfeição. No Ocidente, os teólogos cristãos têm longamente debatido sobre o que é mais importante para obter o Reino dos Céus, se a fé ou as boas obras. Na astrologia hindu, a fé jupiteriana e o darma saturnino são igualmente importantes.

Reunidos, Júpiter e Saturno regem os quatro signos mais extremos que representam o fim do ano astrológico - Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Esotericamente falando, os quatro últimos signos e as quatro últimas casas são considerados as áreas mais impessoais da vida. São também as áreas sobre as quais nosso ego tem o menor controle consciente. Esotericamente, diz-se que essas energias nos levam para além de nossos limites, de nossas ambições individuais egoístas, e nos capacitam a servir às massas e a tocar o Infinito. Diz-se que os planetas externos e os signos que regem representam a Verdade Universal (Sagitário), o Governo Universal (Capricórnio), a Humanidade Universal (Aquário) e o Amor Divino Universal (Peixes).

No último capítulo revimos a mitologia de Zeus/Júpiter, a Divindade do Espaço, e agora é hora de vermos o que pode ser extraído dos mitos de Cronos/Saturno, Senhor do Tempo. Macróbio, um escritor romano, conta-nos em The Saturnalia que Cronos, o deus grego, teve origem no distante Oriente, e que sua arte e mitologia estão intimamente associadas ao Deus-Sol persa, Mitra. Os gregos apreciavam o belo mais do que o grotesco, e é de admirar que tenham aceito essas estátuas funerárias disformes de leões com fauces devoradoras escancaradas, a ponto de o Leão de Mitra parecer-se com o seu deus do tempo, Cronos. Uma observação mais atenta, porém, nos revela que a estátua do leão devorador revela simbolicamente o poder da morte, a sina com que todos nós, mortais, precisamos lutar no final de nossos dias.

Macróbio explica a seus contemporâneos romanos o simbolismo do Leão Cronos como se a mensagem plena deste tivesse sido perdida antes de sua época, o Império Romano mais recente, embora os leões ainda fizessem parte das procissões fúnebres. Ele nos diz que o leão está sempre circundado por uma forma circular, seja pelo rio circular do tempo, Oceano, seja pela serpente que come o próprio rabo, Uroboros. O leão é a mortalidade, mas a forma circular é a imortalidade, o infinito. Na arte dos gregos e dos persas, Cronos sempre tem duas faces -o tempo e a eternidade. O período de vida de um ser humano é apenas uma face da eternidade, e portanto há esperança. De acordo com Macróbio, o Rio Oceano, na realidade, é a Eclíptica da Terra, o ponto onde o tempo encontra o infinito. Ele flui sem parar, carregando o zodíaco dentro dele.

Para os gregos e para os cultuadores mitraicos, a esperança repousava no fato de que depois de ser devorada pelo Leão (morte), a alma adotaria novas formas, como a serpente Uroboros mudando sua pele, e cairia na eclíptica, nos signos e elementos (o zodíaco), assumindo novas personalidades, novas oportunidades, e evoluindo. Penso que este quadro mais amplo do Leão cercado por Uroboros ou Oceano é uma boa imagem para meditação, não apenas para as pessoas nascidas durante o Solstício (capricornianos), ou para aquelas com Capricórnio ascendente que têm medo da passagem do tempo, mas também para todos nós na Casa em que o Saturno natal está posicionado. Quando nos deparamos com atrasos, frustrações, limitações a nossos desejos, ou quando nos sentimos oprimidos pelo tempo, como os pictoglifos dos Deuses Maias do Dia, carregando o tempo como uma carga em suas mochilas, podemos visualizar Uroboros em torno do Leão da Mortalidade -há tempo de sobra, pois tudo desabrocha no momento devido, ou, como diz o Livro do Eclesiastes, "Para tudo há um tempo debaixo dos Céus." Quando estamos no meio de um ano de Saturno e o tempo se arrasta, quando nossas ambições no mundo externo parecem frustradas ou desafiadas, quando nossos desejos são reprimidos pelo cosmos ou quando sentimos que o desânimo do Solstício de Inverno, a melancolia e a introspecção negativa se instalam... então é de enorme ajuda a contemplação desta face infinita do tempo.

Os gregos tinham outra representação artística de Cronos; gosto muito dela como símbolo de Saturno em trânsito: trata-se de uma libélula muito frágil, quase engraçada, mal e mal pousando na borda de uma superfície, prestes a voar. Duas de suas asas estão abaixadas, como se apoiadas, e duas movem-se na direção do céu. Temos aí a imagem da natureza transitória do Saturno mundano; sic transit gloria mundi (assim passa a glória do mundo). Este Saturno libélula é frágil e evidentemente seu destino não é permanecer para sempre. Se nos lembrarmos dessa libélula, poderemos conservar um certo humor durante um ano Saturno, embora talvez nos sintamos inseguros e temerosos com relação ao futuro. Ao terminar o ano, Saturno voará, mas Júpiter estará próximo. (A idade de 29 anos pode ser um ano de Saturno, mas a de 36 anos, um ano de Júpiter, também chegará.) Clientes com Saturno em Quadratura-T ou Casas Angulares, ou Saturno em oposição a Saturno (desafios do mundo exterior) ou depressão saturnina podem trazer de volta a Libélula Cronos, a transitoriedade da maioria das ambições terrenas: por que permitir-nos entrar em depressão? Podemos controlar nossas reações e nossas atitudes mesmo quando não podemos controlar o mundo exterior.

Este pano de fundo da arte e de Macróbio é muito útil para a compreensão de Cronos. Muitos de meus alunos e clientes ficaram apavorados quando o encontraram pela primeira vez nas Grandes Obras Clássicas - um pai que come seus próprios filhos parece bastante repulsivo, de fato, no século XX, caracterizado por uma mente literal. A idéia de um deus que destrona e mutila seu pai, como Cronos fez com Urano, é tão horrenda quanto a primeira. Apesar disso, porém, ambas as histórias são importantes na jornada de pessoas Capricórnio/Capricórnio ascendente, e para muitos de nós na Casa onde se encontra nosso Saturno natal. As obras de Carl Jung aclararam sobremaneira a psicologia da Paternidade de Cronos.

Há muitos tipos de paternidade; de algum modo, Cronos/Saturno representa todos. O Rei ou Imperador, por exemplo, historicamente, era o Pai de seu Povo. Essa era uma crença tão universal que se ele cumprisse bem seu dever, se elaborasse e fizesse cumprir leis sábias e se protegesse seus subalternos de ataques externos, seu reino prosperaria. O czar russo era conhecido como Paizinho, e o primeiro presidente dos Estados Unidos, como Pai de seu País. Na arte indochinesa, a idéia da Realeza Divina parece mais gráfica; entretanto, visto que os imperadores de Khmer permanecem próximo à Roda do Darma e a giram para seus súditos. Se cumpriram bem seu dever, as inscrições se referem a eles como Darma Rajas, ou mesmo Deva Rajas (Reis Deuses, Reis Divinos) após sua morte.

Saturno, então, tem relação com o Governo e com a Lei Divina em sua forma paternal. O paterfamilias romano, que administrava uma grande comunidade de famílias com poder absoluto, era também uma figura paterna de grande abrangência, assim como o Barão medieval, considerado o pai e, às vezes, o tirano, dos que viviam em suas terras. O mecenas de um artista da Renascença era para ele um pai tão generoso quanto, num sentido mais amplo, um professor universitário de hoje que não apenas treina seus alunos em suas capacidades, mas ainda encontra recursos financeiros para eles durante o curso e mesmo depois.

Embora ainda tratemos com Saturno através de figuras de autoridade como políticos, policiais, fiscais de renda, licenciadores de veículos, administradores universitários e professores que parecem ter poder sobre nós nos anos Saturno (ou banqueiros solícitos que podem rejeitar nossos empréstimos), a primeira associação que muitos de nós fazemos ao ler o mito de Cronos destronando seu Pai, o Rei, é com nosso próprio pai.

O parricídio era um crime horrendo para os antigos gregos, como o é para nós no século XX. As Fúrias o puniam severamente e o consideravam tão grave como o perjúrio. Por que então Cronos, o Titã, o sétimo filho felizardo, depôs e mutilou Urano, seu pai e rei dos deuses? Qual é a mensagem psicológica que está por trás disso? Jung tem um capítulo excelente - "Stages of Life", Vol. III de seus Collected Works - que esclarece muito bem essa sombria questão de Cronos. Cronos era o filho mais jovem de Urano com a Mãe Terra. Ela deu a seu filho Cronos uma foice mortal, incentivou-o a libertar os rebeldes Ciclopes, e aconselhou-o a evitar injustiças futuras matando Urano.

Jung nos diz que um reino não pode prosperar sob um governante senex (um tirano senil, decrépito, rígido), ou um governante cujos súditos o percebem como senex. Nos mitos sobre reis e rainhas, parece que o tirano dispõe de duas alternativas depois de ser desafiado pelo jovem rebelde - o herdeiro ao seu trono ou o jovem herói que passa pelo reino. Sua primeira alternativa implica aprender pela experiência, recuperando sua força física e capacidades mentais perdidas, em conseqüência da luta e mudando sua atitude em direção à justiça, tornando-se um Ancião Sábio. A segunda alternativa, mais comum no mito e na vida, envolve a derrota do tirano senex pelo jovem herói ou herdeiro e o início de uma Nova Era para o Reino.

A época estava propícia para Cronos. O reinado de 2.400 anos de Urano tinha chegado ao fim e o Monte Olimpo estava pronto para uma Nova Era, para um novo rei, o herdeiro do trono. Sua intuição (a Mãe Terra) lhe disse para prosseguir e entrar em ação; Cronos também recebeu sua ferramenta, a foice. Todavia, seu modo de proceder parece sangrento para o leitor moderno. Ele cortou o falo de Urano e jogou-o no mar com o resto de seu corpo. Na psicologia ocidental, costumamos pensar no falo como um símbolo de potência sexual e, por extensão, como um símbolo de poder em geral. No Oriente, porém, o significado primeiro do falo é o Poder Criativo, e criatividade Divina mais do que humana. No Oriente, o desmembramento simboliza a extensão da criatividade da divindade no mundo. A multiplicidade emerge da Unicidade. O desmembramento possibilita que o Um, a divindade, viva a vida sob formas diversas.

O Fim de uma Era é sempre caracterizado pelo declínio da criatividade; assim, Cronos, liberando o fluxo criativo de Urano, realizou uma tarefa muito útil. Ele causou o nascimento de Afrodite. Fertilizada por Urano, ela foi chamada Aquela que Nasceu da Espuma, e mostrou ser exatamente o que Cronos precisava, e também o que qualquer cliente com planetas Capricórnio, com Capricórnio ascendente, ou com aspectos fortes de Saturno, precisa até hoje em dia - suavidade, afeto, sentimentos fluentes, valores estéticos, habilidade para relacionar-se e para amar (eros). Na tradição esotérica, Isabel Hickey, Alice Bailey e outros escreveram que Afrodite/Vênus é o antídoto para Saturno no horóscopo individual. Mais adiante retomaremos o fio deste tema.

O Rei Cronos não foi mais gentil com os Ciclopes do que o foi com seu Pai. Eles foram mandados de volta ao inferno assim que começaram a criar dificuldades para o novo rei. No fim da era ele relutou em renunciar ao poder graciosamente em favor de seu herdeiro, Zeus/Júpiter, chegando a usar sua função de Pai Tempo contra os deuses e contra os mortais, e devorando seus filhos e herdeiros potenciais. O mais jovem, Zeus/Júpiter, foi resgatado por sua mãe e enviado para a segurança de uma Caverna em Creta.

Em Câncer (Capítulo 4), tínhamos o dever para com o feminino, especialmente para com a Mãe. Em Capricórnio, encontramos o dever para com o masculino, o conflito de aspirações, metas e expectativas entre Pai e o Filho, ou, no caso de uma mulher que tem Capricórnio/Saturno forte em seu mapa (especialmente na Décima Casa), Pai e filha. Embora à primeira vista o mito da reivindicação do trono do Pai pareça ser uma repetição da Busca de Leão (veja Capítulo 5), há aí uma diferença importante. Arquetipicamente falando, o Leão regido pelo Sol tem desde a mais tenra infância muita confiança em si mesmo e em sua direção; interiormente, ele não é tão dependente da aprovação do Pai quanto Capricórnio. Ele não tem disposição para ficar pacientemente esperando que o Pai se aposente ou morra, ou que a Mãe Terra se apresente com os meios e a permissão para agir. Ele não sente o mesmo conflito de deveres vivido pelo Capricórnio regido pelo Darma. Pessoas Capricórnio/Capricórnio ascendente e Saturno Angular estão freqüentemente em conflito interior entre o que percebem como dever para com o Self, dever para com o Pai, e dever para com o coletivo (Sociedade).

Filhos e filhas deste arquétipo Capricórnio fazem observações como as seguintes: "Tive uma ótima oferta de uma outra empresa quando vieram fazer recrutamento na faculdade, mas meu pai ficaria muito desapontado se eu aceitasse. Ele pagou por toda minha formação e, bem, ficou sempre subentendido que um dia eu deveria trabalhar em sua firma. É uma firma pequena, sem muitas oportunidades para pôr em prática tudo o que aprendi, sem muito estímulo, mas eu vou ficar lá por alguns anos e ver o que acontece" (Capricórnio ascendente). (Ele ainda está lá, depois de 15 anos. Tem muito pouco poder de decisão e será sempre o filho do patrão, ou o júnior, para os empregados. Seu pai tem 75 anos e ainda está no comando.)

"Eu sei que é engraçado encontrar uma mulher de 50 anos contadora. Meu Pai sobreviveu à depressão, e dizia a seus filhos, 'Sejam contadores como eu, e jamais passarão fome, não importa o que aconteça com a economia.' Bem, eu nunca passei fome, mas vejo que minhas amigas fazem coisas interessantes, criativas. Sempre quis tentar decoração de interiores... Eu sou libra... mas esse trabalho não é seguro." (Saturno na 10ª Casa. Depois da morte de seu pai, ela estudou decoração, e agora trabalha em tempo parcial para lojas de móveis, sentindo maior prazer na vida.)

Um outro Saturno na IO3 Casa, um cliente masculino, tinha uma figura de pai, e não um pai verdadeiro:

"O Professor X tem sido um pai para mim. Quando eu era um assustado aluno de graduação numa enorme universidade, ele me tomou sob sua proteção e me recomendou para todos os tipos de bolsa de estudo. Chegou até a conseguir-me dois empregos depois da minha formatura. Foi ele quem me ensinou tudo o que eu sei. Fiz a revisão de seus dois últimos livros e meu nome consta no prefácio, mas nunca serei reconhecido como especialista enquanto ele viver. Serei sempre visto como aluno do Professor X. Se ele se aposentasse, eu poderia ser contratado por sua universidade, mas não vejo como isto possa acontecer." (O professor X está aposentado, mas continua forte aos 77 anos.)

É difícil para um Capricórnio adulto continuar sendo visto como "júnior" depois do retorno de Saturno, quando muitos parecem entrar em contato com suas próprias expectativas e aspirações. Recentemente, um cliente teve que se esforçar bastante para desligar-se do restaurante de seu pai nessa época (29 anos), mas conseguiu. Trabalhamos com a Casa em que estava seu Urano (sua singularidade, sua originalidade). Saturno e Urano dividem a regência da casa com Aquário na cúspide, a qual é ativada ou aberta com a casa de Capricórnio no ano de retorno de Saturno. Ele decidiu administrar uma estação de águas termais, aplicando sua antiga experiência (Saturno) a seu novo (Urano) ambiente. Ele se sente mal pela desavença com seu pai, mas seu sucesso no novo emprego é grande e, aos 33 anos, seus fregueses e articulistas de revistas especializadas já o reconhecem por suas próprias habilidades criativas.

O reconhecimento do Público é tão importante quanto a aprovação do Pai: alguns tipos de compromisso podem ajudar Capricórnio a encontrar ambos. Naturalmente, esta ainda é a busca do mundo externo; a busca interna parece manifestar-se durante os últimos anos de progressão por Aquário/Peixes. A criatividade é uma chave, embora o passo seguinte pareça ser através da Casa com Aquário na cúspide ou da Casa do Urano natal. Há uma mensagem real no mito da mutilação do falo - provar ao pai que a pessoa é tão talentosa, original e criativa quanto ele era.

No Volume III, Jung dá um exemplo da aprovação do Pai (ou da falta dele) interrompendo o crescimento adulto semelhante ao que tenho muitas vezes encontrado em clientes femininas. A paciente de Jung não conseguia encontrar um marido porque nenhum homem alcançava os padrões de seu Pai. Encontro seguidamente essa situação em Saturno Angular, especialmente o Saturno na Décima Casa. Aparentemente, as mulheres parecem casadas com seu trabalho; por fim, muitas delas encontram um homem bastante parecido com o querido Papai, mas outras ficam solteiras até a morte do pai. Mulheres com a conjunção Saturno/Sol tendem a seguir o mesmo modelo - forte identificação com o pai, uma carreira pessoal que o Pai aprovaria ou, eventualmente, casamento com um homem da mesma área profissional do Pai.

Se Saturno está mais fortemente posicionado por Signo, Aspectos, ou posição de Casa do que Afrodite no mapa de um Capricórnio ascendente, então parece que se faz presente este padrão de antigas questões de vidas passadas que devem ser resolvidas com o Pai. Pendências que Capricórnio ascendente deve ajustar com o Pai antes de entrar no mundo do romance e dos relacionamentos de Afrodite parecem existir mesmo nos mapas em que o signo Sol é romântico - Libra, Touro, Peixes.

No Volume VIII dos Collected Works, Jung escreve sobre a triste situação do filho ou filha cujo pai vive por muito tempo, como o Velho Rei. Essa pessoa está na fase puer da vida, incapaz de chegar à maturidade, de formar uma nova família, de encontrar Afrodite, de descobrir aspirações pessoais distintas das expectativas da família, enfim, de mover-se em direção a metas pessoais. Todavia, se o arquétipo Capricórnio é forte no mapa, ele deseja progredir e ocupar seu lugar na sociedade como uma pessoa cardeal, um líder, um pagador de impostos responsável, embora se sinta preso ao papel infantil dentro da família em que nasceu. Como bem percebeu Jung, as pessoas agora vivem mais tempo. Há muitos pais passando pelo terceiro retorno de Saturno, poucos dos quais estiveram dispostos a abdicar o poder e a se aposentar depois do segundo retorno de Saturno, próximo dos 60 anos.

Pais de filhos do arquétipo Capricórnio/Saturno com freqüência descrevem seus filhos e filhas como aplicados, mas de desabrochar tardio, pessoas não muito criativas, bastante dependentes financeiramente do Papai, mesmo nos seus 40 anos. Esses pais parecem sentir o que Jung disse no Volume V, que há algo de parasita no puer. Num grande número de situações, porém, o dever para com o pai limitou tanto a faixa de criatividade da criança, ou sua experiência no trato com o dinheiro (Papai toma as decisões na empresa), que o filho nunca teve a oportunidade de provar ser uma pessoa Capricórnio/Saturno responsável. Se as amarras foram atadas ao apoio financeiro, ou a qualquer outra ajuda que Papai providencie, como por exemplo um cargo na empresa, em geral essas amarras precisam ser cortadas com a foice de aço temperado do mito de Cronos.

Às vezes, no retorno de Saturno ou Saturno em oposição a Saturno, um cliente Capricórnio/Saturno Angular apresentará o mapa de seu pai com o objetivo de tentar compreendê-lo melhor e para começar a tratar da sua necessidade de cortar as amarras de seu desejo de fazer parte de um mundo mais amplo. Muitas vezes o pai passa a ser o Ancião Sábio que foi erroneamente percebido como um Senex rígido. Se ele realmente for um Senex, então é necessário desvencilhar-se dos ressentimentos. Na época de Saturno em oposição a Saturno, na faixa dos 40 anos, é mais fácil perceber o Pai não como o Rei Todo-Poderoso, mas como um ser humano que está envelhecendo e que, muito provavelmente, se sente ele mesmo dependente. Ele não quer perder seu herdeiro. Duas dádivas de Saturno são a impaciência e a introspecção. Se pai e filho estão ambos passando por seus retornos (29 e 56 anos de idade) ou dentro de um ano um do outro, os dois sentindo-se solitários e isolados, uma conversa séria pode ajudá-los a começar um novo ciclo juntos como dois adultos.

Para as pessoas de Saturno na 10ª Casa, Saturno em oposição a Saturno pode significar a morte do Pai, especialmente se ele estiver gravemente doente na época. (Saturno em trânsito faz sua oposição a partir da 4ª Casa, a Casa das autoridades da infância.) Alguns clientes sentiram-se libertos e imediatamente mudaram seu rumo de vida (10ª Casa), romperam com o modelo do pai e empunharam sua própria bandeira. Às vezes, porém, verifica-se um atraso de Saturno porque o filho ou filha da 10ª Casa de Saturno se identificou tanto com o padrão paterno, que o internalizou no inconsciente. A mulher libriana citada acima, por exemplo, havia desejado produzir algo artístico durante anos, mas precisou de sete longos anos desde Saturno em oposição a Saturno e da morte de seu pai para gradualmente superar cada etapa de sua profissão de contadora.

Em geral, o ato de deixar, abandonar, cortar é difícil para nós na Casa natal de Saturno. Admiro aqueles dentre meus clientes que podem renunciar ao trono e fluir suavemente para as mudanças daquela Casa durante Saturno em oposição a Saturno. (Certamente, o ato de desligar-se se torna menos doloroso se o Saturno natal estiver num signo mutável.) Quase todos nós nos estabelecemos tarde na vida na Casa de nosso Saturno natal (fomos levados pelo atraso de Saturno), enfrentamos lá muitos medos e inseguranças como adultos pouco experientes, e trabalhamos duro para conseguir um travesseiro, ou um cobertor de segurança, naquela Casa. (São poucas as pessoas que não têm aspectos desarmônicos com relação a Saturno natal.) Muitos subiram a montanha como a cabra montesa Capricórnio na Casa de Saturno e também na Casa regida por Saturno (aquela com Capricórnio na cúspide). Então, durante Saturno em oposição a Saturno, na metade da vida, o mundo exterior nos instiga a desatar, mais ou menos como o herói do mito é desafiado pelo Velho Rei. E muitos de nós dizemos, "Não quero ceder o trono ou dividir o poder. Investi muito esforço nessa área da vida - e meu Darma. Estava apenas começando a 'curtir' o controle que tinha." Outros, geralmente aqueles com Saturno em Mutabilidade, ou Saturno num signo de pensamento voltado ao progresso como Fogo ou Ar, dizem, "De qualquer modo, estava ficando aborrecido. Novas portas se abrirão. Tenho muita fé no futuro desconhecido." Muitos intuitivos começaram a desatar seus velhos laços mesmo antes do trânsito começar.

Algumas pessoas vivem com medo dos trânsitos de Saturno, em parte porque não gostam de abandonar o passado, em parte porque vivem mais no nível mundano de Saturno do que no esotérico (serviçal, dármico). Clientes que leram textos de astrologia em livros de culinária chegam à leitura preocupados: "Estou passando pela fase de Saturno em oposição a Saturno da meia-idade", ou "Estou passando por Saturno em trânsito em oposição a meu Sol, ou Lua, ou Mercúrio. Será que vou perder dinheiro, poder, posição, propriedades, cônjuge?" Saturno Como a Cruz de Matéria pode significar que o apego a essas coisas mundanas interfere na verdadeira felicidade. "É claro que odeio meu trabalho, nas não o deixaria por nada. Ganho bem, e se continuar por mais 15 anos vou me aposentar com ações e bônus da companhia, com boa pensão e com uma apólice de seguro. Mesmo se ficar apenas mais alguns anos, terei um mês de férias em vez dos atuais 15 dias. Se começar tudo de novo, na minha idade, não vai ser fácil conseguir um emprego equivalente. Vou ficar três meses sem seguro médico..." Este é o Saturno mundano trabalhando contra a felicidade, planejando como se todos fôssemos ficar aqui na Terra para sempre. A esposa de um médico disse, "Admito que continuo com meu casamento principalmente por causa do estilo de vida. As crianças e eu dificilmente vemos meu marido, e quando isso acontece ele surge como uma figura autoritária; mas dependemos dele financeiramente e a estrutura (Saturno) da família é importante."

O primeiro cliente foi despedido por ocasião de uma reorganização departamental da empresa durante Saturno em oposição a Saturno, e sentiu-se péssimo durante 6 meses; depois, encontrou algo de que gostava bem mais. No segundo caso, o médico abandonou sua esposa quando Saturno estava em oposição ao Sol da Sétima Casa dela, e agora ela está muito mais feliz com seu segundo marido. Saturno simplifica nossa vida dissolvendo coisas a que nos agarramos, mas que realmente não nos fazem felizes, para que assim possamos dar seguimento à nossa vida. O astrólogo vê isso com freqüência. Saturno é o melhor dos professores para os que são observadores. A maneira como reagimos aos trânsitos de Saturno indica o nível de nossa sintonia. Vemos Saturno como um Darma esotérico ou como um maligno mundano?

Podemos todos analisar muitos anos sentindo como o mestre cristão carregando sua cruz colina acima, escorregando e caindo, mas levantando para prosseguir na caminhada, na Casa do Saturno natal. A imagem cristã vem à mente porque o glifo de Saturno (U) é a Cruz, e o mundo material parece um lugar desagradável nesses anos, especialmente se o Saturno natal está numa casa Terra (negócios). Como Cristo, podemos sentir-nos perseguidos pelo mundo. Mas, se cometemos erros, podemos aprender a refletir, a olhar para dentro e a reavaliar nossa conduta e nossas atitudes nos anos de Saturno. Estamos dormindo sobre nossos louros? Somos tentados a dizer, "Afasta de mim este Cálice; quero continuar bem acomodada como estou agora. Não quero mudanças?" Deixamos acontecer e aceitamos o desafio do futuro, a Busca do Cálice (o Graal, a progressão por Aquário)? A agonia de Cristo no Jardim do Getsêmani e sua submissão à vontade de Seu Pai Celeste (não de seu pai pessoal, mundano) são fases importantes do desenvolvimento na jornada da vida que é Capricórnio - a jornada que todos empreendemos na casa de Saturno. Da angústia capricorniana com freqüência brota um período de reflexão, de introspecção sobre nosso Darma, sobre aquilo que Cristo chamou "a necessidade de cuidar dos assuntos do Pai". Talvez a aflição tenha ocorrido porque nos concentramos exclusivamente em nossos próprios assuntos mundanos. Também Jung vê um período de depressão como o precursor de um insight ou de um período de criatividade intensificada.

Os trânsitos de Saturno amiúde mostram ao estudante de astrologia esotérica a natureza de seu verdadeiro Darma. Este pode muito bem ser sua função cósmica genuína. Se temos Saturnos fortes, fazemos muitas comparações capricornianas, em termos de preto e branco, certo e errado, concretamente nivelando a nós mesmos e às pessoas que estão à nossa volta - "Estou trabalhando mais do que X" ou "Já aprendi com esta situação; não preciso repeti-la; que alguém mais jovem faça isso." Saturno em trânsito muitas vezes nos assenta recolocando-nos numa antiga ocupação, numa velha amizade, numa situação passada, de modo a podermos nos libertar de nossa presunção e das comparações que às vezes fazemos em detrimento de outras pessoas. A habilidade de fazer essas comparações saturninas é útil, porém, mesmo que por retrospecto, para examinar a si mesmo com relação ao passado quando nos encontramos diante de uma decisão de Saturno (especialmente profissão); podemos então dizer, "Eu costumava pensar com menos tolerância (ou mais criticamente) quando conheci essas pessoas ou trabalhei naquele ambiente 7 anos atrás, ou 14 anos atrás, etc." Muitas vezes podemos ver nosso avanço por retrospecto se nos compararmos conosco mesmo em vez de com outras pessoas. Alguém com uma verdadeira sabedoria saturnina disse-me certa vez em meu consultório: "Esta oferta de trabalho que recebo agora poderia ter sido a ideal há sete anos. Ela teria preenchido todas as minhas aspirações e desejos naquele estágio da vida. Mas não sou mais aquela pessoa (persona). Não é isto que eu espero fazer agora." Ele recusou essa oferta de emprego, mas aceitou outra que pagava menos: preferiu a que o realizava mais - uma posição desafiadora. Era uma posição em que se sentia menos seguro porque não tinha conhecimento de todas as áreas, mas onde havia futuro, com muitas coisas a serem aprendidas.

A tentação de Cristo no monte, depois da Transfiguração e manifestação de seu Pai Celeste, é significativa não apenas para as pessoas com planetas na 10ª Casa, "topo do monte", mas para todos nós. Os presentes que o demônio lhe ofereceu eram nitidamente mundanos. Depois da experiência com Seu Pai Celeste, Cristo sabia que governar o mundo não era o seu Darma: ele tinha muita clareza com relação à natureza do seu Reino e do Seu trabalho. Nós outros, que carecemos daquilo que os Vedas chamam de raio da iluminação, não estamos tão certos de nosso darma quanto Cristo estava do seu; mas, se desenvolvermos a nossa intuição (polaridade Câncer na 4ª Casa) através da meditação, poderemos chegar a um conhecimento maior dele. Saturno em oposição a Saturno natal ou a nosso Ego (Saturno em oposição ao Sol) ajuda-nos a aclará-lo também pelo processo de comparação. "Sou agora a pessoa que costumava ser? Há ainda crescimento ou alegria na direção da vida presente ou da vida passada?" Saturno, como Júpiter, oferece uma perspectiva, mas faz isso mais concretamente.

Precisamos arrancar raízes muito cedo na vida para construir alicerces na Casa de Saturno natal. Precisamos adotar uma posição firme para nos sentir confiantes, para vencer as inseguranças ou sentido de limitação. Em seu livro The Grail Legend (p. 207)1, Emma Jung e Marie-Louise von Franz nos informam que os artistas medievais retratavam Saturno com uma perna de madeira oca. Como exemplo, elas nos remetem à Figura nº 223, "Saturno", do Psychology and Alchemy, de Carl Jung. Nessa ilustração, a perna de madeira de Saturno começa no joelho, o qual apresenta interesse particular para o astrólogo esotérico. Na astrologia médica, o joelho é a parte do corpo mais diretamente ligada a Saturno, e portanto fundamental para a mensagem do arquétipo. (Saturno também tem relação com os ossos, com as cartilagens em geral e com coberturas e substâncias duras como cabelos e unhas - mas o joelho é a conexão principal.)

A pergunta, então, é: Assumimos na meia-idade uma posição tão firme (talvez, também, uma posição defensiva, movediça) na Casa onde está Saturno, que não mais podemos nos "dobrar", como o Saturno da Figura 223? Ficamos calcificados, rígidos como madeira petrificada naquela área da vida que a casa de Saturno representa? Em Cosmic Science, Isabel Hickey relaciona a flexão com a humildade cristã. Ela menciona que os cristãos se ajoelham em oração. Assim fazendo, eles simbolicamente reconhecem a participação de Deus em seu sucesso e deixam de dar ênfase ao orgulho em seus próprios méritos. Penso nisso freqüentemente quando alguns de meus clientes mais competitivos se queixam de dores importunas nos joelhos desde os tempos de escola quando jogavam futebol. São homens do tipo Saturno ou Capricórnio/Capricórnio ascendente fortes.

A realização na Casa de Saturno (ou Décima Casa, a Casa de Capricórnio no zodíaco natural) cumpre seu propósito de satisfazer os desejos e de prover segurança e confiança na vida e na personalidade, mas na meia-idade podem manifestar-se o orgulho, a presunção, o julgamento dos outros e as comparações negativas com os menos afortunados ou com os mais indolentes. Se precisamos assumir uma posição firme na juventude, temos também de dobrar-nos na meia-idade. Se nossas atitudes se tornam incompreensivas, severas, auto-suficientes, podemos ficar sensíveis a doenças de enrijecimento de juntas e artérias. (Como co-regente de Aquário, Saturno afeta o sistema circulatório.) Com o passar dos anos, uma atitude rígida pode trazer como conseqüência fragilidade física.

Todos podemos refletir sobre o que nos deixa orgulhosos no signo e na Casa em que Saturno está colocado, sobre se reconhecemos ou não que Deus e outras pessoas nos têm ajudado a chegar lá e assim expressar nossa gratidão, ou se somos presunçosos e nos vangloriamos naquela Casa ou com as questões daquele signo. Em termos médicos, se observarmos nosso signo Saturno, poderemos indicar a parte do corpo susceptível de fraqueza se formos muito orgulhosos. (Saturno em Áries - "Posso fazer isso sozinho; não preciso de ajuda." Enxaquecas, sinusites, etc. Saturno em Câncer - orgulho na família, ou embaraço porque a família não é tão influente, educada ou socialmente respeitável como gostaríamos que fosse. O estômago, os órgãos femininos, etc.) Para muitos de nós, isto merece introspecção.

Outra pergunta interessante a ser feita sobre os assuntos da Casa de Saturno ou da Casa com Capricórnio na cúspide é: Sinto-me à vontade ao admitir que estou errado? Aqueles dentre nós que viveram durante a administração Nixon, puderam ver o desfiar de uma presidência porque um Capricórnio com um Saturno no Zênite (de fato, um Saturno na Nona Casa, mas ainda assim um Saturno na posição Zênite, de acordo com a pesquisa de Gauquelin) não podia admitir publicamente que "Um erro foi cometido. As pessoas próximas do poder, os conselheiros que eu mesmo escolhi, cometeram um erro." Leitores de mapas que não têm políticos Capricórnio entre seus clientes podem estudar o arquétipo nos livros de Noel Tyl, The Expanded Present e Integrated Transits. Essas obras contêm comentários extensivos sobre o início da carreira de Nixon, a presidência e a renúncia. O consultor do Presidente, John Dean, escreveu um livro sobre a administração Nixon chamado Blind Ambition, um título apropriado para uma presidência regida por Saturno.

A angústia sentida por Nixon quando de seu malogro em vencer a sra. Helen Douglas na disputa pelo governo da Califórnia desencadeou uma gama de obscuras emoções capricornianas - negação, defensiva, paranóia. Ele se excedeu em ataques contra a imprensa, essa eterna sombra do candidato que o persegue em toda parte. "Agora vocês não mais terão Richard Nixon para escoicear por aí" tornou-se uma frase famosa, e é semelhante à observação infantil que meus capricornianos adultos muitas vezes fazem quando o sucesso não se concretiza no mundo exterior. A Sombra o atacou com ferocidade, principalmente nos depoimentos prestados às Comissões pós-Watergate do Congresso. Ainda assim, Nixon negou ter usado de má-fé ou ter acobertado o caso. Em sua declaração de renúncia, seu último discurso, ele mencionou seus conselheiros Haldeman e Ehrlichman como "dois excelentes servidores públicos", perseguidos pela imprensa sem razão aparente. Os depoimentos revelaram que ele tinha uma lista de inimigos (comportamento paranóico) com vários nomes de jornalistas. Depois da renúncia, Nixon foi hospitalizado para tratamento de flebite. A postura rígida que ele assumiu, sua inabilidade para enfrentar a realidade e sua falta de base levaram sua administração ao colapso. Finalmente, há uma reviravolta no final da história, pois membros importantes de seu partido político consideram Richard Nixon como o estadista experiente - um Ancião Sábio que deve ser consultado como especialista em política exterior envolvendo a China.

Algumas lições do trânsito de Saturno pelo Meio-do-Céu são: "O orgulho antecede a queda"; não tome atalhos em direção ao poder, nem proteja os que estão em erro. Admita os seus erros. O que está oculto provavelmente será descoberto.

Deixamos a Cabra Montesa e passamos a considerar outro símbolo de Capricórnio, Pã, o brincalhão. À primeira vista, a impressão que se tem é que essas duas formas contrastantes da Cabra Capricórnio são extremidades polares; que o mesmo signo não poderia abranger os dois tipos de comportamento; que o mesmo ser humano (o cliente Capricórnio) não poderia oscilar de um para outro no curso de uma única vida. Mas não é este o caso. Em geral, Pã se esconde sob a aparência da Cabra Montesa que com zelo e lealdade cumpre suas obrigações todos os dias; e a cobiçosa Cabra Montesa, revestida da pele de Pã, pode espreitar o adolescente perene que recusa aquietar-se. O Retorno de Saturno (29-30 anos de idade) pode induzir a um deslocamento de Pã para a Cabra Montesa. A progressão em Aquário, ou um trânsito de Urano, pode significar uma mudança na outra direção, da Cabra Montesa para Pã.

Quem é Pã, a divindade da floresta tão amada pelos gregos, pelos romanos, e especialmente pelos vitorianos reprimidos? (Seus admiradores na Inglaterra do século XIX constituíam uma multidão - dentre todos, Elizabeth Barrett Browning escreveu sobre ele.) Pã é tudo o que a Cabra Montesa tipo Nixon não é; nas ocasiões em que Nixon era controlado, reprimido, amargo, defensivo, negando seu lado humano (sua capacidade para errar), Pã é espontâneo, age compulsivamente com base em seus instintos, é alegre e espirituoso. Pã não se importa nem um pouco com o Topo da Montanha e optou por não fazer parte do mercado competitivo. Ele evita a cidade e vive fora de seus limites, em cavernas, grutas e florestas.

Pã é a Natureza. Em todos nós, Pã é o corpo, com seus impulsos e sua sabedoria. Vivendo fora dos limites da cidade, Pã também vive além dos limites da moralidade convencional, da ética mental de um mundo linear. Parece não ter nenhuma importância para ele o fato de ser totalmente irrelevante. Ele não é cioso da imagem como a mundana Cabra Montesa Capricórnio. A opinião que a sociedade tem dele não lhe importa em absoluto. O que importa são as ninfas; Pã está sempre perseguindo essas formações de nuvens em que ele projeta substância ou realidade, mas elas não conseguem satisfazê-lo. Ele também se apaixona pela Deusa Eco, mas fica frustrado quando descobre que ela é apenas o som de sua própria voz. Assim Pã, como a Cabra Montesa, frustra-se no reino de Afrodite, Eros, frustra-se no Amor.

Embora Pã como Corpo da Natureza aparentemente deseje relacionar-se com o Espírito (as ninfas das nuvens etéreas), na realidade ele optou por perseguir aquilo que jamais poderá alcançar, aquilo a que ele nunca poderá entregar-se. Pã preservou assim sua própria liberdade, não assumindo responsabilidade, como o puer. Em "An Essay on Pan", James Hillman nos diz que Pã e Afrodite (o amor verdadeiro) são dois níveis de consciência que não podem se encontrar. Pã, diz Hillman, "conhece apenas o que seus cinco sentidos lhe transmitem. Ele está na consciência da cabra". Afrodite é Amor; Pã é luxúria. Eles não podem se relacionar. Isto está claramente representado na arte por uma estátua existente no Museu da Acrópole, em que Pã se aproxima de Afrodite buscando um abraço. Com desdém e mente confusa, ela bate nele com sua sandália. Afrodite não o leva a sério; ela não tem medo dele. Ela é delicada, de pele suave, refinada, untada com perfumes do Olimpo. Pã tem chifres aguçados, pele escura, coxas peludas, um falo ereto, e um forte cheiro de bode, de acordo com Homero (Ode to Pan). Em comum com a Cabra Montesa, portanto, ele tem frustrações com a esquiva Afrodite (relacionamento), solidão e sensibilidade ao descaso.

Pã é aberto, honesto, seu verdadeiro Self desinibido. Quando não tem perspectiva de alcançar seu insubstancial amor, ele se revela um amigo verdadeiro, oferecendo alívio através da sabedoria curativa da natureza, qualidade peculiar sua entre todos os deuses. Sua amiga Psique (a alma humana), por exemplo, sofria de um amor não correspondido por Amor, que a ela parecia perdido para sempre. Estava prestes a se afogar; ela não queria um compromisso com Pã; por isso, ele estava totalmente seguro para ficar algum tempo com ela. Seu conselho sábio tirou-a do desespero, porque Pã (corpo) conhece a alegria de simplesmente estar vivo, de viver o momento. Em contato com Pã (seu corpo), Psique convenceu-se de que o Sol voltaria a brilhar, de que o amanhecer do dia seguinte traria um dia melhor, de que sua ligação com o Amor era profunda, mas não o suficiente para fazê-la desistir da vida. Todos os que passam pela situação sofredora de Psique tirarão muito proveito com a leitura da história do conselho do Corpo para a Alma, de Psique, Amor e Pã. Ela pode ser encontrada na tragicomédia O Asno de Ouro, do sofista romano Apuleio, que se tornou discípulo do culto a Ísis. (É uma obra bem escrita e cheia de trocadilhos, como quando Apuleio se desculpa com o leitor pelas vezes em que seu personagem principal se torna "um asno pretensioso".)

A cabra Pã demora-se então com pessoas do sexo oposto que não esperam um comprometimento. Ele ouve seus problemas e oferece-lhes bons conselhos instintivos. Às vezes ele(a) vive fora dos limites da sociedade convencional freqüentando bares de homossexuais (se o Ascendente está em Ar ou Fogo, o Sol em Capricórnio e Saturno não é Angular, esta é uma possibilidade definitiva). Outra maneira de viver além dos limites e entrar em contato com o Corpo é experimentar o chamamento da natureza, deixar a cidade para trás e passar a viver a vida bucólica do campo. Em geral, Pã é mais um solitário do que um participante de comunidades rurais, até a progressão aquariana, quando então comunidades Nova Era começam a interessá-lo. Muitas vezes ele constrói uma cabana a quilômetros de distância de outras pessoas e entra em sintonia com sua natureza interior e com a natureza à sua volta.

Sua sintonia, então, é com a Mãe Natureza. Como a Cabra Montesa, ele se decepcionou com seu relacionamento com o Pai. Enquanto muitas Cabras Montesas parecem sentir que as expectativas do Pai são muito grandes, a maioria delas foi beneficiada com um modelo de função masculina responsável, madura, para a vida mundana e para as aspirações mundanas. Em minha experiência, a Cabra Pã quase nunca teve um Pai forte que lhe servisse de exemplo na infância. Seu pai pode ter sido um tipo Hermes, impacientemente vagando pela vida, com grandes sonhos mas não realizando nenhum. Pã cresceu atabalhoadamente, podendo confiar apenas em seus cinco sentidos e em seus instintos. Todavia, a sabedoria do corpo não é pouca coisa. Com muita freqüência o Pã/Capricórnio me confidencia que seu corpo lhe disse para deixar uma determinada situação ou para mudar-se de um determinado lugar geográfico, e ele seguiu essa orientação. Nesse sentido, nossa parte Psique precisa dar ouvidos à parte Pã - a Saturno como nossas reações corporais, instintivas, nas áreas da vida regidas pelo Saturno natal.

Um cliente que ouviu a flauta de Pã chamando e agiu de acordo com seus instintos - com resultados positivos - contou esta história: "Um dia, eu dirigia do trabalho para casa, na hora do tráfego mais intenso. 1ª pensando na observação feita por um sócio mais antigo de minha firma que dizia que eu estava destinado a me tornar juiz ainda muito jovem; isso se continuasse a ter o desempenho que tinha no momento - meu potencial era grande. Então lembrei de meu velho amigo do tempo de faculdade de direito convidando-me a associar-me a ele em sua firma. Ela tinha uma capacidade financeira ilimitada, oferecia-me oportunidades para aplicação dos meus talentos, e também muita responsabilidade e muita pressão, é claro. De repente, senti-me tomado pela depressão. Minha perna começou a ter câimbras. Liguei o rádio numa estação de música clássica. A minha volta, fumaça de diesel escurecia o céu. Repentinamente, tive um ataque de ansiedade, uma experiência não exatamente de claustrofobia, mas de pânico real. Eu imediatamente soube que tinha que sair da cidade, encontrar uma cabana na floresta, cortar lenha para o fogão, sair da competição desleal por status social. Ouvir música, apenas ser por algum tempo - descobrir quem realmente sou, penetrar no sentido da vida. Assim fiz. Minha mulher, meu amigo da faculdade, o sócio mais velho, todos pensaram que eu estava completamente maluco. Mas esta foi a melhor decisão que já tomei. Estou convencido de que meus instintos salvaram minha saúde, talvez até minha vida, naquela ocasião. Mas, agir por impulso era algo que não fazia parte de minha natureza; sempre fui um planejador, um estrategista com relação à vida."

Ele ouviu a chamada do "Grande Deus Pã", para usar a expressão de Plutarco. Depois de seu encontro, ele deixou para trás os limites do mundo convencional - o topo da montanha, a imagem ou persona (antes tão importantes para ele) para entrar em contato com a Natureza, com Pã. O ambiente de Pã, repleto de árvores e plantas, lagos e céus claros, é realmente terapêutico. O interessante, entretanto, é que Pã falou na hora do tráfego mais intenso, e "aterrorizou-o" com um ataque de ansiedade. A despeito da lógica, ele seguiu seus instintos, ouviu o seu corpo. No seu caso, e em vários outros semelhantes, a vida bucólica foi uma fase temporária. Foi uma ocasião para introspecção e reflexão sobre valores pessoais. Ele se sentiu menos como uma cabra mecânica escalando o topo da montanha. Ele entrou em contato com sua imaginação, com sua criatividade. Mais tarde, artigos e até um romance resultaram da experiência vivida.

Para outros, o chamado de Pã é mais permanente. A natureza de suas aspirações muda. Eles buscam uma vida simples como ambiente mais propício à escalada da montanha espiritual mais do que a subida mundana. Durante a progressão em Aquário, encontram pessoas que comungam de valores semelhantes em comunidades Nova Era, onde seus talentos de liderança vêm à tona no novo meio, e eles têm uma ótima oportunidade para contribuir com a estruturação, organização, e educação dos outros. Se estas pessoas voltam à cidade por alguns dias para visitar parentes, o Corpo (Pã) imediatamente se ressente do ar, da água e da poluição sonora. Elas falarão da cura pelas árvores, campos ou córregos das montanhas. Elas continuam a alimentar tanto Pã quanto a Cabra Montesa na área rural.

O que dizer do voluptuoso Pã que parece prosperar na vida noturna urbana como um solteiro disponível? A velha cabra libidinosa identificada com os desejos do corpo em seu nível mais baixo - ânsia compulsiva levando ao vício do álcool e das drogas? O Capricórnio que tenta matar de fome as aspirações de sua cabra montesa por anos infindáveis e que se comporta como um vitoriano reprimido quebrando todas as convenções, fora de seu molde arquetípico? Se esse estado de coisas continua por muito tempo, há riscos e perigos definitivos, porque, na companhia que ele mantém, Pã é muito parecido com Dioniso (veja Capítulo 12, Peixes), deus do vinho, do sexo e do canto. Casos amorosos inexpressivos, amores insubstanciais como Eco ou as ninfas não são realmente satisfatórios. A solidão segue o Pã urbano como segue o Pã ermitão no campo. Pã, a criança sem mãe, sente-se vazio, sente que lhe falta alguma coisa. O ano do Retorno de Saturno, do encontro com o Pai Tempo, com freqüência traz uma mudança na direção da Cabra Montesa. A ambição aflora.

O corpo dos clientes que adotam o estilo de vida da "cabra velha" disse-lhes para abandonar o ambiente de bar na idade dos 29-30 anos, pois esse cenário tem mais a ver com a juventude. Muitos me disseram, "Meu cabelo está ficando mais ralo e estou me sentindo em cima do topo. Agora há todos esses adolescentes com corpos jovens e músculos firmes. Olho-me no espelho e me pergunto: aonde você está indo? Você não tem raízes, nem propriedades, nem uma relação duradoura. Você não tem provas de que pode alcançar o sucesso em alguma coisa. Sinto-me muito deprimido."

Na palavra "sucesso" pode-se ouvir a voz da Cabra Montesa. No restante da exposição ouve-se a voz do Pai Tempo (Saturno) tentando acomodar a pessoa para a longa jornada, em oposição a Pã, que a quer vivendo em liberdade, no agora. Esta não é uma mudança que ocorre da noite para o dia. Se o cliente tem um Saturno Angular, ou vários aspectos de Saturno natal ásperos no mapa, a depressão pode levar à busca do aconselhamento, que produz uma mudança completa. O cliente começa a descobrir seu trabalho, seu serviço ou Darma no início dos 30 anos. Ele se torna o seu próprio Saturno, desenvolvendo a disciplina, procurando ser responsável e bem alicerçado. Saturno também significa ser realista - parar de perseguir ninfas^ Saturno procura persuadir a Cabra Pã a assumir compromissos maduros durante o Retorno e nos anos seguintes, não apenas no trabalho mas também nos relacionamentos.

Há perigo de permanecer muito tempo no mundo de Pã. Os gregos o consideravam o Deus da epilepsia e da loucura. O livro de Hillman traça a conexão entre Pã e o pesadelo no sentido de sonhos. Mas na realidade consciente do estado desperto a pessoa pode também viver um pesadelo de Pã se as aspirações espirituais da cabra montesa se perderem devido à dedicação exclusiva a Pã.

Tem sido um padrão entre meus clientes capricornianos de Pã a hospitalização por abuso de substâncias perto dos 29 anos. Outros têm lidado com memórias do papel do Pai em sua infância, memórias essas que emergiram no Retorno de Saturno e os encaminharam à terapia. Um desses clientes, descrevendo suas impressões (projeções?) do Pai, parecia estar descrevendo seu Saturno em aflição. Soava como o próprio Senex.

"Meu pai era um viciado em trabalho, uma pessoa introvertida, com uma expressão carrancuda em seu rosto e que parecia nunca ter tido uma alegria. Ele estava sempre me corrigindo por alguma coisa de menor importância que eu cometesse. Era um perfeccionista. Um pequeno tirano no escritório e um grande tirano em casa. Se é impossível estar à altura, não importa o quanto você tente, por que então tentar? Vejo agora que desisti, que optei por sair da competição."

Aqui, o pai parece externamente bem-sucedido, mas internamente infeliz. Os pais de outros tinham menos sucesso exteriormente: "Papai parecia pensar que ele era um fracasso; a vida passou por ele. Como eu, ele era sensível, não conseguia ser desumano com as pessoas. Ele bebia e ficava ruminando. Eu também tenho essa tendência."

Na grande maioria dos casos, a depressão, a introspecção e a reflexão têm caracterizado o ano de Retorno e tiveram um resultado favorável no caso da cabra Pã. Outros demoram mais para livrar-se dos antigos hábitos e para integrar novas atitudes ao comportamento. E, todavia, a depressão é uma fase importante da jornada. Dar ouvidos ao corpo é também importante para pessoas com aspectos ásperos de Saturno. Se Saturno está na Sexta Casa (saúde), ou a rege, ou se está próximo do Ascendente ou na Primeira Casa, e há aspectos severos, o corpo geralmente força a pessoa a tirar um tempo e refletir sobre as perguntas que muitos clientes têm feito: "Para onde estou indo?" "Por que este vazio?" O fato de lidar com o corpo - ouvindo-o - mostra que há semelhança na experiência do Retorno de Saturno da Cabra Montesa e da Cabra Pã. Quer totalmente compelida (Cabra Montesa) quer aparentemente desmotivada (Pã), ambas as cabras tendem a encontrar o Pai Tempo através do corpo e a procurar fazer as pazes com ele. Tanto no caso de os velhos hábitos estarem relacionados com Pã como no caso de o estarem com a Cabra Montesa (perfeccionismo de dedicação excessiva ao trabalho), passos largos podem ser dados para ir além dos seus próprios limites.

São também poucos os que transcendem o Saturno mundano e se movem na direção do Saturno esotérico entre a idade de 29 e 34 anos. Esses capricornianos fazem afirmações como, "A aprovação de Papai ou a aprovação da sociedade não contam mais. Sei agora que meu Pai verdadeiro é o Divino. Minha relação com o Divino é a fonte de minha força; é a Sua aprovação e a Sua vontade que importam." O Pai, a figura do pai ou mentor perderam seu poder, sua autoridade. Durante esses anos, os limites de Saturno no Inconsciente - culpa, medo, deveres conflitantes, falta de confiança na direção da vida começam a desaparecer para o Capricórnio esotérico.

Mulheres com o signo Capricórnio Ascendente e Sol em Capricórnio e mulheres com Saturno Angular muitas vezes passam por uma versão de busca da aprovação do Pai, ansiando por um relacionamento com ele; mas ele quase sempre carece de sentimento para oferecer a elas. Devido à tendência de Capricórnio de ser conservador, tradicional de coração, elas freqüentemente casam perto dos 29 anos e escolhem um homem que Papai definitivamente aprovaria. Se esperam até a idade de 29 anos para casar, amiúde escolhem um homem mais velho, um homem "estabelecido" em seu trabalho, um homem idôneo ou saturnino. Mas seu julgamento nem sempre é preciso. Às vezes, um homem que parece ser um pilar da comunidade (Saturno) acaba sendo imperfeito, decepcionante. Muitos astrólogos tiveram a oportunidade de ouvir mulheres que casaram perto dos 30 anos relatarem que o marido tornou-se frio, negligente, ou "ocupado demais para mim", com a conseqüência de sentirem-se emocionalmente despojadas, embora tivessem optado por segurança financeira. Por retrospecto, tendem a observar, "Se pelo menos eu não tivesse casado por causa da solidão; se pelo menos eu tivesse esperado."

Por isso, muitos astrólogos recomendam a mulheres solteiras com Saturno forte, planetas Capricórnio e Capricórnio ascendente, "Espere até ter 31 ou 32 anos." Quando a acomodação solitária do ciclo de Saturno termina, o discernimento melhora. Há outros arquétipos no horóscopo que requerem satisfação; Capricórnio/Saturno não é o único fator da personalidade, embora pareça ser assim quando se está perto dos 30. O que dizer da cordialidade - o arquétipo Libra/Touro/Vênus? O que dizer da sagacidade, da amabilidade, da comunicação? O arquétipo Mercúrio/Gêmeos/Urano/Aquário? O que dizer da paixão? Arquétipo Marte/Áries/Plutão/Escorpião? Para alguém com muitos planetas em signos Ar, o parceiro saturnino pode parecer frouxo já no primeiro ano de retorno. Por retrospecto, sete anos depois ela pode dizer a uma amiga, "Ele é tão enfadonho; ele nunca tem tempo para fazer as coisas. Acho que casei com ele por causa da solidão. Não posso imaginar o que mais poderia ter tomado conta de mim." Isto é triste.

Às vezes, o Retorno de Saturno possibilita que uma mulher com um animus bem desenvolvido, como uma professora organizada, perfeccionista, entre em contato com a natureza - com Pã. Não recomendo que ela faça isso num cenário de bar, certamente; a conseqüência seria mais vazio - o sentimento de estar só em meio a uma multidão. Melhor do que isso, ela poderia reservar-se um tempo durante as férias de verão para trocar o mundo do Logos pelo campo. Se existe natureza em abundância, uma mudança de ambiente ajuda a pôr os pés no chão e é curativa. Isolar-se num ambiente de jardins aprazíveis e de quedas-d'água, visitas a amigos residentes em áreas rurais ou a parentes benévolos que vivem fora de grandes cidades, que bem podem ser um Ancião Sábio ou uma Anciã Sábia, em geral produzem um efeito curador, tranqüilizador. O indivíduo, num ambiente próprio de Pã, tão positivo, pode devotar-se à introspecção e refletir sobre o que é importante para si e para sua personalidade e não para a Sociedade, para Mamãe ou Papai. Identificar os próprios valores adultos é parte intrínseca do retorno -conhece-te a ti mesmo, advertia a mensagem do templo de Apolo. De outro modo, uma pessoa solteira Capricórnio/Capricórnio ascendente tem a tendência de escolher um companheiro ideal para a comunidade, para projetos profissionais conjuntos, para participação no grupo socioeconômico, mas que pode ser desajustado para ela - e, afinal de contas, é ela que vai se casar.

O ambiente simples e natural de Pã pode reforçar a habilidade para entrar em contato com os instintos, com o corpo, como um antídoto ao constante pensar, analisar, planejar e classificar do animus. Pã não quer que ela siga pela vida como uma perfeccionista reprimida, obstinada, constantemente lutando, que evita o passatempo e que nunca se permite cometer um erro.

Pã é um deus importante porque a integração de Corpo, Mente e Espírito é uma busca importante para todos nós e não apenas para pessoas de Capricórnio/Saturno. O próprio Sócrates considerou Pã importante em sua busca do autoconhecimento, e supostamente escreveu esta oração:

"Amado Pã, e vós todos Deuses outros que habitais este lugar, concedei-me a Beleza da alma interior; e que possa o homem interior e exterior ser um." -- Citado do Fedro, de Platão

Mesmo para a Cabra Capricórnio que está em contato com seus instintos, Afrodite pode parecer enganosamente frustrante até em torno dos 35 anos, a menos que o arquétipo Vênus/Libra/Touro seja fortemente influente no mapa. (Pessoas com Vênus em conjunção com o Sol em Capricórnio, ou em conjunção com Capricórnio ascendente, por exemplo, aparecerão aos outros como mais afetuosas, amorosas e agradáveis, como também mais bondosas do que a Cabra comum.) É importante que o astrólogo encontre os aspectos Saturno/Vênus no horóscopo e determine se há um conflito na mente do cliente entre o Amor (Vênus) e o Dever (Saturno). Se há um aspecto natal áspero, então o mapa em progressão pode dar um vislumbre sobre a época apropriada para fluir com o romance. Quando Vênus progride para fora de inconjunção, quadratura ou oposição para formar tríade ou sextil com Saturno, a tensão diminui e a pessoa com freqüência sente como se o portão para o reino de Afrodite estivesse se abrindo para ele(a) no mundo exterior. As progressões estão ligadas à nossa disposição interna para dizer sim à vida, para transcender nossas inseguranças, medos e autolimitações natais, para nos abrirmos ao que o mundo exterior nos oferece.

Clientes solteiros com aspectos severos em Saturno/Vênus natal muitas vezes pensam, "Eis uma pessoa atraente; eu gostaria de conhecê-lo(a), mas no momento tenho obrigações com meus velhos pais (Saturno), minha carreira (Saturno), ou com o filho do meu casamento anterior (Saturno) - com meus estudos de especialização (Saturno), ou com minha busca ascética, solitária, do Deus Único (Saturno). Meu tempo é curto para ser desperdiçado com futilidades como relacionamentos nesta etapa da vida." Não há tempo para Afrodite porque Saturno sente a necessidade de centrar toda sua energia num Dever superior. Ou, como uma voz inconsciente do passado, ele sussurra, "Não vai dar certo. Não deu certo na primeira vez, por isso não vai dar certo nem agora." Ou, "Seus pais não tinham um relacionamento feliz; por que você teria?" Ou, como um perfeccionista, "Você precisaria perder uns 10 quilos para que alguém o considerasse atraente. Você precisaria de um transplante de cabelos; você tem de esperar, pôr Vênus de molho por um tempo." Pobre Afrodite, Saturno a supera.

Uma autora esotérica, Isabel Hickey, diz que a maior lição para um Capricórnio/Capricórnio ascendente é a do amor altruísta, de Vênus exaltado em Peixes. Falando logicamente, as condições nunca serão perfeitas: o cliente nunca será um 10 perfeito nem encontrará uma pessoa 10 perfeito no mundo exterior, para com ela casar. Vivemos num mundo humano imperfeito, mas não há razão para nos isolarmos dos outros erguendo muros resistentes e cavando fossos profundos (defesas de Saturno). Isabel Hickey descreve a busca de Capricórnio ascendente de uma companheira simpática, como a busca da mãe ideal. (Capricórnio ascendente tem Câncer, a Grande Mãe, na cúspide da Sétima Casa.)

Tenho procurado este padrão de vida de meus clientes com o Ascendente regido por Saturno e descobri que é singularmente verdadeiro. Entretanto, mulheres com Capricórnio ascendente tendem a ser ambiciosas pelo companheiro e também por elas mesmas. Elas podem apaixonar-se por um homem delicado, que é amoroso, espiritual, bondoso e apoiador, e que gosta de tê-la por perto. Mas se esse homem se mostrar demasiadamente suscetível a críticas, à competição e ao sucesso no mundo exterior, sua mulher Capricórnio ascendente pode também achar difícil respeitá-lo. Se eles têm filhos, é especialmente importante para ela que o casal tenha segurança financeira. Muitas mulheres com este Ascendente colocam sua energia em seu próprio trabalho; elas realmente casam com Câncer na cúspide da Sétima Casa sob a forma de sua profissão nutritiva.

Se Saturno é um planeta crítico, perfeccionista, por que ele é exaltado em Libra e na Casa do casamento (Sétima Casa), os quais são ambos regidos por Afrodite? Talvez este chamado ao amor altruísta seja um desafio para combinar e equilibrar (Libra) os mundos do amor e do dever; pensar e planejar (Saturno), e todavia estar pronto a fluir com a proximidade de outra pessoa, estar disponível ao compromisso, à cooperação (Vênus); ser receptivo (Vênus); ser agradável (Vênus), ao mesmo tempo que com paciência aprende por meio do relacionamento (Saturno em Libra ou na Sétima). A verdade da exaltação, o poder na posição de Saturno em Libra ou na Sétima Casa vem repetidamente sendo demonstrado em meu trabalho com clientes que aparecem para uma leitura perto do primeiro, do segundo, ou mesmo do terceiro Retorno de Saturno.

Parece difícil equilibrar os mundos interior e exterior de Vênus e Saturno -da felicidade subjetiva e do sucesso objetivo. A intensidade e a força obsessiva com que clientes com Saturno na Sétima Casa fazem a pergunta, "Está faltando alguma coisa em minha vida. Onde está meu companheiro?", próximo a um desses retornos é espantoso de ver (clientes com Sol em Capricórnio e Capricórnio ascendente também fazem essa pergunta por volta dos 29, 56, ou 86 anos, mas sua intensidade é bem menor em comparação com as pessoas de Saturno exaltado). A busca do companheiro é muito semelhante ao que Jung chamaria de busca da Plenitude, e os iogues, de busca do Darma verdadeiro (Saturno). Visto que, naquele ano, levam ao astrólogo vários mapas de relacionamento, eles expressam tanto a necessidade de continuar cientificamente como seu medo de cometer um erro sobre alguma coisa muito importante. O Saturno exaltado procura garantias para que o casamento dê certo, para que dure. Saturno busca contratos gravados em granito. Objetivamente, o astrólogo pode analisar o relacionamento com base num sistema de pontos e concluir, "Este mapa de relações é melhor (ou pior) do que o último que você fez", mas é um tanto inconveniente classificar as pessoas no domínio romântico de Afrodite. O astrólogo pode quase sentir a própria Deusa nos bastidores, cobrindo os lábios com sua mão, e dando risadinhas quando o cliente com Saturno na 7ª Casa pergunta, "Numa escala de 1 a 10, como será esse relacionamento? E o dia do casamento está totalmente livre de aspectos difíceis?" Talvez sejamos todos diretos assim na casa onde Saturno se encontra, mas a exaltação parece especialmente forte. Maturidade e aprofundamento de valores pessoais caracterizam o ano que segue ao retorno de Saturno. O que os outros pensam, incluindo a própria família, torna-se cada vez menos importante, aparentemente, em cada Retorno.

A exaltação de Saturno na 7ª Casa está também associada a um ego inflado. Isto em geral acontece pelas manifestações das comparações de Saturno. Meu marido é médico, dentista, vice-presidente ou um oficial das forças armadas. Uma cliente precisou esperar menos de cinco minutos na ante-sala antes de sentar-se para a leitura. Suas primeiras palavras foram, "É claro que meu marido é um general de quatro estrelas." É claro! Quem mais ela escolheria, tendo ela um Saturno na 7ª Casa? Saturno na 7ª Casa busca status através do Outro, através do companheiro.

Homens com Saturno na 7ª Casa também tendem a sentir-se orgulhosos de suas esposas. "Posso deixar tudo por conta dela; é certo que fará bem feito. Ela é a pessoa mais organizada que já encontrei. Ela é uma anfitriã, esposa e mãe perfeita" (outra vez o papel social). Mas quem ela é como ser humano, ele já percebeu? "Você descreveria sua esposa como uma pessoa feliz, afetuosa, amorosa, realizada?" Após uma longa pausa, ele pergunta: "Como? Afetuosa? Não sei. Nunca pensei nisso. Acho que poderia perguntar às crianças para ver o que elas pensam. Ela é uma mulher forte. Tem um grande espírito cívico. Ela é do tipo bom-coração - faz uma porção de trabalho comunitário, esse tipo de coisas, se é isso que você quer saber." (Este homem tem uma quadratura Vênus/Saturno, nenhum planeta ou Angulo em Touro ou Libra, e um stellium na 10ª Casa com Saturno na 7ª, de modo que é quase um homem Saturno arquetipicamente exaltado. Interessante, porém.)

Marte é o planeta exaltado em Capricórnio. Esta posição num mapa individual pode significar níveis diferentes de aspiração em diferentes estágios da vida do indivíduo. Na juventude, por exemplo, pode indicar que sua energia (Marte) é aplicada ambiciosamente (Capricórnio) na persecução de uma meta puramente materialista, egoísta, no estilo Cabra Montesa. Então, mais tarde, no mesmo período de vida, a pessoa pode redirecionar sua energia a uma área social, tal como desistir de uma prática advocatícia lucrativa e aceitar um cargo político local de baixa remuneração. Esta alteração de ênfase pode ocorrer na progressão de Aquário. Então, ainda mais tarde, durante a progressão de Peixes, Marte em Capricórnio pode voltar-se para o interior e a ambição pode transformar-se em aspiração espiritual, enquanto, concomitantemente, se verifica o desenvolvimento de um interesse pela psicologia junguiana ou pela meditação. Essa posição de Marte fornece energia aos outros planetas do indivíduo em Capricórnio, o que dará tempo para ponderar sobre as coisas com mais cuidado.

Esotericamente, precisamos lembrar que Marte é um tipo de energia "eu primeiro". Com esta posição, é bom perguntar-se, "Quem, além de mim, se beneficiará com minha chegada ao topo?" Ou, no caso de mulheres que têm a exaltação e não trabalham fora de casa, "Meu marido realmente compartilha minhas ambições? Estou talvez usando meu Marte em Capricórnio para forçá-lo a desempenhar papéis com os quais ele não tem nenhuma relação apenas para satisfazer meu próprio Marte? Ele quer ser um vice-presidente?" Mais tarde, se a mulher não está usando Marte em sua própria profissão, talvez ela precise fazer essas mesmas perguntas com relação a seus filhos adultos. "Eles são felizes? Estou esperando para eles um sucesso que eles mesmos não desejam?" Felizmente, as mulheres do Ocidente são capazes de trabalhar com esta energia e ambição em suas próprias vidas, em vez de projetá-la sobre seus maridos e filhos.

Alunos de astrologia que têm filhos do arquétipo Capricórnio/Capricórnio ascendente muitas vezes fazem esta pergunta muito prática, "O que posso fazer para pôr essa criança em contato com Afrodite o mais cedo possível, de modo que ela não tenha um despertar romântico tardio? Posso apressar a sintonia com o reino de Afrodite? Meu filho(a) é tão sério." Uma maneira é ser afetuoso com a criança, mesmo que ela não demonstre reagir ou fique envergonhada por ser afagada na frente de seus coleguinhas. Mostre à criança que é normal demonstrar afeição e que ela é amada por existir tanto quanto por ter bons resultados na escola ou sair-se bem em atividades extracurriculares. Se o pai (ou mãe) tem algo de Libra/Touro, ou um Vênus fortemente colocado, isto surge naturalmente como acontece expondo a criança à beleza e às artes. O pai (mãe), com o arquétipo de Afrodite forte em seu próprio mapa, manterá uma casa atraente, bem suprida. Provavelmente o pai (mãe) terá amigos que, em torno da criança, falarão sobre o mundo artístico, da música às artes visuais, fotografia, arquitetura, e assim por diante. A criança certamente será levada a vernissages, concertos, museus, teatro e bale. Ela crescerá acreditando que os adultos consideram o mundo estético de Afrodite um reino de valor, um reino que vale a pena conhecer, que merece que lhe reserve seu tempo. Essa criança logo se sentirá relaxada, revigorada e estimulada por esse reino.

Outro método é trabalhar com a Casa em que está o Vênus da criança - o Signo e os Aspectos. Descubra uma área artística em que a criança possa obter sucesso (importante para Capricórnio) e de que goste. Valorize o sucesso. Deixe-a fazer experiências com cores na decoração do quarto de dormir ou na escolha das roupas. Não deixe que o Pai passe à criança a idéia de que o mundo artístico é uma coisa efeminada, e que ela deveria, em seu lugar, praticar beisebol todas as noites, porque Capricórnio é muito sensível à aprovação do pai. Não a deixe transformar-se num robô de desempenho tecnicamente perfeito. Dê ênfase ao estilo e à originalidade. Em The Pregnant Virgin, Marion Woodman previne contra a tendência a tornar-se um realizador, um empreendedor, um competidor, porque a pessoa perde o contato com o Corpo e com os instintos. Isto pode levar à anorexia ou à bulimia. Enfatize a alegria e o relaxamento.

Seu pequeno Capricórnio muito provavelmente terá uma memória excelente. Se lembrar ter passado muitas noites com você, seu pai, em concertos e em teatros, ele provavelmente terá prazer em acompanhar sua esposa, mais tarde, como adulto. Se essas memórias não existirem, se o mundo da estética não lhe for familiar, ele poderá sentir-se desconfortável em ter essa atitude. Ele poderá olhar sua pasta de trabalho com tristeza no caminho do concerto, com sua esposa, e considerar a noitada como um dever a ser suportado.

Minha experiência com Capricórnio/Capricórnio ascendente comprova que aqueles cujos pais os introduziram no reino de Afrodite ainda na infância tiveram maior tranqüilidade na segunda fase do desenvolvimento - o convívio social do adolescente com o sexo oposto. Eles também tendem a escolher amigos mais refinados (venusianos) e, através de suas amizades, a desenvolver os valores espirituais de Afrodite - a harmonia, a cooperação, a amabilidade, a habilidade de considerar os outros inocentes, o encanto e a consideração pelos outros.

Seu filho desfruta seus momentos de recreação, ou esse tempo é gasto em batalhas com um desafio competitivo, algo a ser aperfeiçoado? Se ele(a) constantemente escolhe o desafio, este padrão pode instalar-se mais tarde na vida - os esportes poderão ser mais desgastantes do que relaxantes. (Todos conhecemos o Capricórnio adulto que, enquanto nos divertimos com o jogo, aperfeiçoa suas jogadas - o homem que parece nunca comprazer-se com o jogo e deixar a quadra revigorado.) Estava visitando uma amiga num determinado sábado, quando sua filha de dez anos estava saindo, raquete de tênis na mão, e um olhar determinado no rosto. Perguntei à jovem Capricórnio, "O que você realmente pensa do tênis?" "Eu o odeio", ela disse, "mas pratico bastante para ficar cada vez melhor." Fiquei contente em saber que ela se sentia um sucesso, mas de algum modo desejei que quando tivesse tempo livre de sua rigorosa escola paroquial ela o usasse para dedicar-se a algo que lhe desse prazer.

Outro exemplo é o de um Capricórnio adolescente que subiu os degraus de sua casa, com sua bicicleta, desceu da mesma e começou a desembrulhar dez livros de ciências que trouxera num cesto. Ele parecia entreouvir a conversa de sua mãe e de uma vizinha, na soleira da porta. A vizinha fez o seguinte comentário sobre seu jovem filho, "Custou-nos caro substituir o vidro da varanda do sr. Smith que Jerry quebrou com sua bola de beisebol, mas crianças são crianças..." O adolescente voltou-se para sua mãe, e perguntou, "Mamãe, eu já fui criança alguma vez?" Aqui vemos a filosofia saturnina, "A vida é real e é séria", expressa muito cedo na vida.

Parece particularmente importante para os pais de crianças com Capricórnio ascendente expô-las às artes, porque estes indivíduos, com sua praticidade inata, tendem a especializar-se precocemente em campos áridos (menos imaginativos) como medicina, pesquisa, negócios, planejamento urbano e ciência política. Uma familiaridade com as artes criativas ou com a música ajudá-los-á a compreender e conviver com pessoas que estão fora dos limites de seu campo estreito, assim como os enriquecerá pessoalmente.

Muitos de meus clientes têm se beneficiado com a leitura de The Holy Science, de Sri Yukteswar Giri. Neste belo livro ele desenvolve o tema de que, embora o Darma seja uma virtude mental importante para a saúde e a felicidade da mente e do corpo, há uma virtude ainda mais importante - Shraddha, ou amor do coração. Pelos esforços no mundo externo da carreira, essas mulheres já cumpriram o dever coletivo - ou darma, as expectativas próprias e as de seus pais, mas sua vida pessoal tem a sensação de que está faltando alguém. Swami Sri Yukteswar diz que os que se sentem atribulados pela vida e pouco satisfeitos não estão em harmonia com a natureza, e portanto não atraem o companheiro adequado ou as circunstâncias propícias para o desenvolvimento espiritual e pessoal. Às vezes o corpo não tem capacidade para curar a si mesmo; o sistema nervoso central fica excessivamente excitado, e não há paz de espírito. Se esta é a condição, a virtude a desenvolver (que soa como Vênus em Peixes) é Shraddha, a sintonia com Deus e com o Guru pela realização do que é natural, acompanhando o fluxo. As pessoas têm uma vida muito estruturada, muito rígida ou saturnina, perderam o hábito de fluir com a natureza.

O enfoque junguiano é similar. Se nos identificarmos com a persona ou com o papel que desempenhamos no curso de nosso trabalho, ficamos inflados e infelizes. Perdemos nossa espontaneidade, nossa sintonia com a natureza. Perdemos nosso contato com o Self e, com isso, nossa paz inata. A persona pode ser tanto a supermãe como o superchefe - não importa. Ainda assim é uma persona, uma direção externa que absorve a interna. Se, em vez disso, de acordo com Jung, ouvirmos uma orientação interior de nosso Self e começarmos a segui-la, observaremos uma cura de corpo e de mente, e em pouco tempo também o mundo exterior, através da sincronicidade, começará a suprir nossas necessidades. Nesta visão de movimento do mundo interior em direção ao mundo exterior, a psicologia ocidental e a espiritualidade oriental estão muito próximas.

Depois de falar da necessidade de desenvolver Shraddha através da sintonia com Deus e com o Guru, Sri Yukteswar volta ao assunto do Darma. Ele diz, "Siga os ensinamentos do Guru com afeição." Ele continua com uma discussão prática sobre a dieta ióguica e sobre os "faça" e "não faça" (Yamas e Niyamas) das escrituras hindus. O que ele diz é muito parecido com o ensinamento do Novo Testamento, "Se você me ama, guarda meus mandamentos", ou com a observação de Paramahansa Yogananda, "Aprende a proceder corretamente." Estas duas coisas são necessárias: amor (Vênus/Afrodite) e observância dos mandamentos (Saturno) por amor. Mas, no final de seu livro, Sri Yukteswar novamente dá primazia a Shraddha: "Aquele que cultiva o amor... está no caminho correto."

A filosofia de Jung e dos sábios orientais é reparadora porque dá valor a Eros numa época preocupada com o sucesso material e com o mundo externo. O que fazemos (nosso trabalho externo) é freqüentemente considerado mais importante do que o que somos (nosso eu interior). Jung vê a meia-idade - o período que começa a partir dos 40-45 anos - como importante para redirecionar nossa atenção para o que somos, visto que sentimos o "fazer" exterior como insuficiente para nossa felicidade. Julgo isto particularmente verdadeiro nos mapas de pessoas Capricórnio/Capricórnio ascendente e Saturno Angular. Da meia-idade em diante Eros começa a ser levado mais a sério. Eles parecem presidir, como Cronos sobre o nascimento de Afrodite, sua própria natureza sentimental.

Embora a mitologia grega de Cronos contribua bastante para nossa compreensão do arquétipo de Capricórnio, o Império Romano se relacionou com ele mais do que os gregos. Como um povo devotado à busca do Bem, da Verdade e da Beleza, os gregos expressaram os valores de Zeus e Afrodite, os planetas benéficos, em sua arte e filosofia. Eles não pregaram as excelentes qualidades de Cronos à custa de Zeus. Basta-nos apenas ler Platão, Plotino e Pitágoras, e compará-los com os escritores romanos, os estóicos, os sofistas e os céticos - com Cícero e Lívio -para ver isto. Obviamente, temos também o legado de monumentos, vasos, esculturas e colunas, em contraste nítido com as estradas, aquedutos e arcos militares utilitários dos romanos, o estético versus o funcional ou prático.

Enquanto a classe alta grega lia escritores estimulantes como Jâmblico, o principal discípulo de Pitágoras, sobre a alegria da alma na presença de Deus, as classes altas dos romanos davam suporte a uma religião oficial "prática, sem imaginação, patriótica, desenvolvendo virtudes civis e domésticas." Esta era uma religião estatal "fria e formal" da qual cada família era uma pequena igreja, de acordo com o Professor S. Angus, em Mystety Religions (Páginas 31-45). O conjunto familiar, que incluía não somente pais e filhos mas também os servos, ou libertos, e os escravos, obedecia a decisão do paterfamilias nos litígios. O chefe da família tinha o direito de vida e morte sobre todos, exceto sobre sua própria esposa, de acordo com a lei romana. Havia um santuário para os espíritos guardiães da família, os manes, e a celebração formal era obrigatória. Esta aridez religiosa da Roma patriarcal, como também seu governo burocrático, é bastante saturnina em sua natureza. Embora houvesse muitos deuses no calendário ritual e na lista estatal de cultos permitidos, o principal festival romano eram as Saturnálias, celebradas no Solstício de Inverno.

Quem era o Saturno romano, então? Qual era sua mitologia, e o que podemos nele encontrar para ampliar nossa compreensão do arquétipo Capricórnio?

No mito romano, Saturno chega à Itália por mar. Jano, o rei italiano, vai ao encontro de seu navio e lhe dá as boas-vindas na praia. Saturno presenteia Jano (do qual deriva nosso mês de janeiro) com um conjunto de leis e com o dom da profecia. Daí em diante, Jano se torna conhecido como um líder judicioso e sábio; suas decisões são vistas não mais como baseadas na tradição e no passado, mas sobre seu conhecimento profético do futuro. Alguns artistas romanos representaram Jano com duas cabeças. Eles não queriam passar a idéia de que o rei era astuto ou ambíguo, mas sim que, como explica Macróbio, ele possuía o controle da continuidade do tempo, uma cabeça olhando para trás, para o passado, e outra olhando para a frente, para o futuro. Outras estátuas ainda retratavam Jano com o olhar voltado para as quatro direções, os quatro pontos cardeais da bússola, contemplando o espaço como uma deidade hindu que-tudo-vê.

Para expressar sua gratidão a Saturno pelos dons da profecia, das técnicas agrícolas e das leis, que o deus havia trazido à Itália, o rei Jano cunhou uma moeda. O símbolo escolhido para celebrar Saturno foi o navio em que ele chegara. Jano poderia ter escolhido uma tábua de leis ou uma espiga de milho, mas ele preferiu o mar para enfatizar, talvez, o nexo original do Senhor da terra árida e das leis áridas com as águas férteis do oceano, com a profecia e a criatividade. Temos no simbolismo uma espécie de reconciliação ou equilíbrio dos opostos Terra e Água.

Assim, tanto na Grécia como em Roma, a mitologia de Cronos/Saturno está associada à continuidade do tempo (passado, presente, futuro), uma Idade de Ouro regida por boas leis, por um tipo de criatividade (Afrodite, presente no mar, e o dom da profecia) e pela criação da ordem a partir do caos. Este duplo tema da consciência do tempo e do anseio pela ordem é instintivamente importante para o arquétipo de Capricórnio, como testemunha a vida de meus clientes. Depois de perguntas sobre planejamento a longo prazo e distribuição do tempo, são feitas perguntas sobre como instalar a eficiência e a ordem em sua própria vida e Ordem Cósmica no mundo à sua volta. O leitor astrólogo que tenha observado o mapa não só de pessoas com Sol em Capricórnio e de Capricórnio ascendente mas também o daquelas com o trígono Saturno/Ascendente ou Saturno/Meio-do-Céu saberá o que quero dizer por talento natural para organizar, administrar e gerenciar que os aspectos favoráveis de Saturno acrescentam à personalidade. E saberá também das dúvidas e frustrações que administradores assim têm no relacionamento com outras pessoas a quem falta a habilidade de organizar, em casa ou no trabalho.

Quando, por exemplo, uma pessoa com traços de personalidade Capricórnio/Saturno vê pela primeira vez meu pequeno apartamento, com livros, cadernos e papéis espalhados em desordem, a única pergunta que lhe pode ocorrer é, "Como você consegue viver nessa confusão toda?" Depois de ouvir a explicação, "Isso é provisório - é apenas por causa do livro que estou revisando; em dois anos tudo estará terminado", ela diz, "Oh, entendo." O que ela entende é que a desordem temporária é dolorosa, mas que, se houver um propósito que a justifique, será suportável. (Um período de dois anos à frente é muito longo para uma personalidade irrequieta, mas curto para a Terra Cardeal.)

Uma pessoa com Sol em Capricórnio, com Capricórnio ascendente ou com Saturno Angular (Saturno nas Casas 1, 4, 7 ou 10) pode sentir dificuldade em controlar sua tendência a organizar a vida sem que seja através de projetos, a organizar a agenda do cônjuge nos mínimos detalhes ou a organizar a rotina das crianças tão minuciosamente que elas têm pouco tempo para relaxar e observar a formação de nuvens ou parar e cheirar as rosas. A urgência em manifestar a ordem cósmica e em estabelecer a eficiência, a simplicidade e a perfeição à sua volta de modo que as outras pessoas possam aprender mais, desempenhar melhor e atingir suas metas pode ser tão forte que elas dão a impressão de ser mandonas.

Minha anedota favorita sobre a propensão de Capricórnio para a lei e para a ordem é a história contada por uma mulher sagitariana: "Para mim, como para muitas pessoas de signo Fogo que conheço, dirigir um carro é divertido; é uma aventura. Todavia, conheço vários Capricórnio que pensam que é uma atitude arriscada cheia de lições de moral. Eles conseguem ser de uma jactância intragável atrás da direção.

"No mês passado, fui passageira num carro dirigido por um amigo capricorniano. Ele esperava num estacionamento - parecia uma eternidade - por vaga. Quando, por fim, ela ficou disponível, algum imbecil de repente entrou pelo outro lado e se apossou dela. Você pode imaginar?

"Bem, eu teria gritado 'Idiota', 'posto a boca no trombone' e dito para ele 'esse espaço é meu; eu cheguei aqui primeiro e tenho direito. Isso não é justo.' Mas essa não é a atitude de um capricorniano. Ele voltou-se para mim calmamente e perguntou, 'Você viu isso?'

" 'E claro que é uma desfeita. Vamos, grite com ele. Você vai se sentir bem melhor', eu disse a meu amigo, para apoiá-lo.

"Mas, em vez de xingar o idiota, ele me fez ouvir um longo e monótono sermão sobre as regras de trânsito - quem cede a quem e três outras regras que o carro infringiu além de ocupar a vaga no estacionamento. Incrível como esses capricornianos podem ser."

Muitas vezes Sagitário e Capricórnio reagem dessa maneira à mesma situação; a personalidade regida por Júpiter tende a ver a questão como se fosse de direito e de justiça, enquanto Capricórnio tende a vê-la como de dever ou de obrigação legal.

A associação da lei com o topo da montanha nos chega muito fortemente através do Antigo Testamento. Um bom exemplo é a entrega da lei por Iahweh (os 10 Mandamentos) gravada em pedra no Monte Sinai. Devido ao papel de Iahweh como Legislador Supremo e Proponente da Aliança, Jung e outros autores viram nele um deus saturnino. Entretanto, em todo o mundo, os deuses são considerados como habitantes das montanhas e divulgadores de seus decretos. Os reis rivalizam com os deuses construindo seus palácios, como também seus templos, em terrenos elevados, mesmo em regiões desprovidas de montanhas. No Camboja, por exemplo, templos e palácios eram construídos sobre colinas. Nas inscrições mortuárias dos monumentos, os Imperadores Khmer eram esculpidos em pé, próximos à Roda da Lei (Darma) e aparentemente girando-a; e eram chamados Darma Rajas se o reino tivesse vivido em paz e prosperidade durante seu reinado. Alguns dos imperadores mais importantes foram chamados Deva Rajas (reis deuses) ou, tendo alcançado a Unidade com o Vazio, Chakra Vartin Buddhas (Budas Giradores da Roda). Outra vez o simbolismo - a Lei, o Legislador e o Topo da Montanha (a 10* Casa).

A dificuldade com o Rei Deus, todavia, é que "o poder absoluto pode corromper absolutamente", como supostamente disse Lorde Acton. A Justiça estrita não temperada pela misericórdia pode ser um fardo muito pesado para os súditos carregarem. Capricórnio tem Câncer como seu signo de polaridade, regido pela Grande Mãe, a Lua. Um dos aspectos principais da Mãe é a sua Misericórdia (veja Capítulo 4, Câncer, Kwan Yin) que equilibra a Justiça capricorniana cega. Os gregos e os romanos a veneravam através de seu filho Pã, entre outras formas. Onde Saturno estava associado com a realeza, o pastor arcadiano deus Pã estava ligado às pessoas comuns, aos instintos do corpo e às travessuras.

Macróbio também nos informa que a semana da Saturnália era um grande nivelador social. Os servos comiam à mesa com o seu senhor e eram servidos pela esposa dele. A morte do Tirano Inverno era celebrada, e os deveres eram substituídos por dias de descanso e festividades religiosas. Isto tinha o impacto de inverter os papéis e convenções sociais saturninos de modo que as classes superiores se davam conta de que dependiam "da misericórdia da fortuna tanto quanto seus escravos". Um plebeu era escolhido para representar o papel do Rei Saturno por uma semana, mas não sabemos qual a verdadeira extensão de seus poderes. Na antigüidade, Saturno provavelmente era morto no fim do festival, mas por volta do primeiro século depois de Cristo os sacrifícios animais tinham sido substituídos. O tema era a fertilidade e a renovação da Terra com a chegada da primavera.

Os romanos, por exemplo, acreditavam que "o meio-dia em ponto é a hora de Pã". Isso significava que tudo podia acontecer nesse período; era um momento de surpresas. Se houvesse uma aquietação das conversas, os romanos diriam, "Pã está por aqui; deve ser quase meio-dia." Pã, que podia atrapalhar os planos mais bem elaborados do homem com a música de sua flauta e induzir uma multidão ao pânico, parece ter funcionado como uma força natural equilibradora para o sério Saturno, regente da energia planejadora na Décima Casa. Astrologicamente, as pessoas nascidas ao meio-dia são nativos do signo Sol na Décima Casa, e como tal fazem parte do arquétipo de Capricórnio. E, no entanto, parece que elas especialmente passam a submeter-se à autoridade de Pã, regente da hora de seu nascimento. Tenho observado que, a despeito do local do zodíaco em que uma pessoa com Sol na 10ª Casa tenha nascido, se ele(a) se leva muito a sério, se se torna muito crítica, controlada demais, austera demais, muito instável ou rígida em seus padrões com relação a si mesma e aos outros, ele(a) provavelmente será influenciado pela interferência de Pã em seus planos. Este é o cliente que diz, "Bem, quando tudo estava perfeito para mim e fui nomeado vice-presidente, um árabe comprou a cadeia de hotéis e me substituiu." Ou, "Exatamente quando por fim consegui poder para fazer política, fui transferido para outro Estado e precisei recomeçar tudo do início." Pã com freqüência espera pelo momento certo, pelo momento culminante, arquetipicamente, porque a Casa Zênite se relaciona com a culminação. O primeiro ano da progressão aquariana, se coincide com algum trânsito de Urano pela Casa Dez ou pela Onze (esperanças e sonhos pessoais), pode muitas vezes atingir duramente o Sol em Capricórnio natal na 10ª Casa (uma correspondência dupla com o arquétipo), frustrando seus planos há muito preparados. Quanto mais rígida a pessoa, mais fortemente ela é atingida pelos golpes de Pã, ou assim parece.

Conhecemos duas cabras Capricórnio - a ousada e ansiosa Cabra Montesa, e a aparentemente desanimada Cabra Pã. Além dessas, existe uma terceira, igualmente importante, e um tanto mais esotérica - trata-se do bode expiatório. Sua existência está implícita na história do banimento final de Cronos no final da Idade do Ouro. Como os demais senhores eternos antes dele, Cronos recusou-se a retirar-se de cena de boa vontade no fim de seu reinado de 2.400 anos e teve de ser deposto por seu filho, neste caso Zeus (Júpiter). Como resultado de meu trabalho com clientes, cheguei à conclusão de que o banimento de Cronos está relacionado com o arquétipo junguiano Bode Expiatório, e é de fundamental importância na jornada da vida do arquétipo Capricórnio/Saturno. Em Saturnalia, Macróbio nos diz que há várias versões sobre o local do banimento. Algumas fontes, por exemplo, deportam Cronos para o Norte (o frio?), enquanto outras mencionam "a selva", ou "as Ilhas dos Bem-Aventurados". O tema do banimento é sólido em todas as versões.

O conceito do bode expiatório como recurso de projeção coletiva é muito antigo, especialmente na África, na Ásia e no Oriente Próximo. Tribos primitivas capturavam um animal selvagem e, através de um ritual, projetavam suas culpas e medos sobre ele numa tentativa de aplacar uma deidade local, ou para com ela reconciliar-se. Às vezes, o animal era abatido no altar do deus ou da deusa; outras vezes era banido, como Cronos, para a Selva, levando consigo os pecados da tribo. As pessoas esperavam que, depois disso, a divindade ficasse apaziguada e as protegesse.

Os conceitos de sacrifício e reparação associados ao ritual do bode expiatório eram importantes, por exemplo, para os israelitas. No décimo dia de um certo festival de colheita, eles abençoavam e expulsavam um bode sacrificial depois de projetar sobre ele todos os seus pecados coletivos. Os gregos e os romanos também conheciam o bode expiatório, cujo sangue sobre o altar era aceito por Cronos/Saturno em substituição ao das pessoas.

Em minha prática astrológica, tenho encontrado paralelos claros entre a vida da cabra Capricórnio e a do bode expiatório dos psicólogos. Se prestarmos atenção ao vocabulário do cliente Capricórnio ou Capricórnio ascendente, ou do cliente com Saturno no eixo da paternidade (na Casa Quatro ou Dez), ouviremos muito sobre o sacrifício de interesses, metas e modo de vida pessoais pelo bem da tribo (família), sobre o sofrimento que parece injusto para a pessoa e muitas vezes até sobre o desterro voluntário. Como astróloga sediada na Califórnia, encontrei muitos clientes com Saturno na Quarta Casa que desistiram de esperar o reconhecimento de sua terra natal, pararam de falar com sua família e fugiram para a ensolarada Califórnia (as "Ilhas dos Bem-Aventurados"?), jurando nunca mais retornar à sua ingrata terra natal.

O bode expiatório se sente rejeitado, isolado, desamparado e indesejado em sua infância, muito à semelhança da personalidade Saturno na 4ª Casa em cujo mapa os elementos mais pesados (Terra e Água) dominam. Afinal, presume-se que recebamos nossa nutrição na infância. A 4ª Casa é o domínio da Lua, mas com um Saturno na 4ª Casa a criança geralmente acaba tendo a responsabilidade de prover o seu sustento, de alimentar sua família, de conseguir um trabalho fora de casa ainda em tenra idade e de contribuir com o orçamento doméstico, se homem; se mulher, cabe-lhe fazer grande parte do serviço da casa ou servir de arrimo emocional para o pai ou a mãe com alguma disfunção.

A reação mais comum que tenho visto ao longo dos anos por parte de clientes com Saturno na 4ª Casa é, "Pobre mamãe. Ela teve uma vida dura. Tentei de tudo para tomar conta dela." Ou "Pobre Papai, ele não conseguia discutir. Sua integridade pessoal era impecável, mas ele sempre fugia da controvérsia. Estávamos sempre nos mudando - eu não tive uma vida familiar sólida nem amigos. Sinto-me sem raízes."

Um grande número de meus clientes com Saturno na 4ª Casa pesquisam textos de psicologia procurando compreender a experiência do bode expiatório, e fazem isso com toda dedicação. Eles normalmente levam à consulta o mapa do pai ou da mãe ou de ambos, juntamente com suas próprias teorias. Mulheres filhas únicas apresentam esta teoria, "Uma filha única é como um filho homem: carrega uma grande carga de ambições paternas. Poder-se-ia até escrever 'júnior' depois de seu nome." Outro cliente disse, "Este livro trata do filho do meio. Filhos que nascem entre dois irmãos são negligenciados e pouco queridos. O irmão mais velho é mais inteligente, e o mais novo é mais esperto. O que você acha disso?" Ainda outro cliente, o mais jovem da família, disse-me, "Deveria ser colhido um número maior de dados estatísticos sobre pessoas como eu. Os filhos mais jovens sofrem muitas pressões. Meus irmãos mais velhos me forçam a me formar em medicina, quer eu queira quer não. Eu tenho de ser 'o meu filho doutor', 'o meu irmão médico'."

Uma mulher Capricórnio ascendente com Saturno na Quarta Casa contou-me que, depois do nascimento de sua irmã mais nova, sua mãe teve uma depressão pós-parto, e por isso não tinha condições de fazer o trabalho de casa. "Meu pai não nos ajudava de modo nenhum. Ele poderia ter contratado uma diarista, pois tinha bastante dinheiro. Mas eu é que fazia todo o trabalho, e que servia de apoio emocional para todos. Tudo o que recebia em troca era que a goma da camisa não estava como devia." Esta cliente ficou em sua terra natal por muitos anos, mas agora que seus irmãos estão adultos, ela não tem nenhum laço familiar. "Não quero me casar. Dá muito trabalho. Já criei uma família." Neste caso, o arquétipo do bode expiatório é claramente visível - o sacrifício pessoal, a dedicação a seus irmãos devido à negligência dos pais e o retiro voluntário a um lugar ermo, ao agreste da solidão do deserto. (Ela literalmente mudou-se para o deserto.)

Um homem com Saturno na 4ª Casa que também fixou residência na Califórnia e que não mais falava com sua família, disse, "Garanti o estudo de meus parentes mais jovens. Mas eles vivem de uma maneira totalmente irresponsável. Se soubessem meu endereço, me procurariam para pedir dinheiro e para morar comigo." Também ele tentava compreender a existência do bode expiatório, as dificuldades de dar e receber afeição que pareciam ser conseqüência de sua infância.

Um cliente resumiu bem a experiência. "Com meu Saturno Angular sentia-me amado apenas por fazer coisas para as pessoas ou por alcançar êxito profissional; nunca me senti amado por ser eu mesmo. Ninguém se oferece para me ouvir ou para fazer alguma coisa para mim." Este é um padrão familiar que as pessoas podem achar difícil de reverter nos relacionamentos adultos depois que o tenham internalizado. Descobri que o ano do retorno de Saturno é um momento preciso para entrar em contato com este padrão de comportamento. Como o bode expiatório adulto emite sinais! "Dê a mim a responsabilidade! Farei um bom trabalho. Eu posso dar conta." Um grande Mestre, Paramahansa Yogananda, disse, "Estamos todos enraizados na reciprocidade." As pessoas precisam de uma oportunidade para inter-cambiar, para fazer coisas para nós. Entretanto, se nos sentimos constrangidos com cortesias e as barramos ou embaraçamos, elas desistirão e deixarão de tentar nos agradar, nos nutrir, de nos ajudar com o trabalho doméstico. Elas pensarão, "Bah, estou no caminho dela; ela prefere fazer isso sozinha." Por sua própria eficiência e capacidade, ou por não querer ver alguém fazer o trabalho malfeito, a pessoa com Saturno na Quarta Casa pode metamorfosear-se num tirano com relação a seus familiares, quando for mais velha, naquele mesmo tirano que tanto procurou servir na sua infância.

Talvez o herói que se apodera do trono na juventude e acaba como um rei tirano na velhice seja um tema que todos devamos observar em qualquer Casa em que se encontre nosso Saturno. Os astrólogos hindus aconselham as pessoas com Saturno na 4ª Casa a não esperar demais de seus filhos a fim de que não terminem a vida solitariamente. Em Autobiography of a Yogi, Sri Yukteswar diz que nunca esperou nada de seus discípulos, e por isso nunca ficou desapontado com eles. Creio que isto se aplica também aos pais; se nada se espera de um filho, então este não pode desapontar os pais. Certamente que isto é mais fácil de ser dito do que praticado. O dr. Bruno Bettelheim, um psicólogo infantil, sugere que os pais resistam ao impulso de criar o filho que eles gostariam de ter e que em vez disso se dediquem ao desenvolvimento das habilidades do filho ajudando-o a tornar-se o que ele quer ser (A Good Enough Parent, 1987). Astrologicamente, trabalhar com o mapa natal da criança facilita este processo.

No Oriente, as pessoas ainda consideram uma honra ser o filho que tem a oportunidade de cuidar de seus pais na velhice. Na índia, pessoas com Saturno na 4ª Casa ou Capricórnio ascendente recebem esta informação do astrólogo: "Tenho a grata satisfação de dizer-lhe que você terá o privilégio de ter seus pais em sua casa até o último suspiro deles, embora eu tenha certeza de que outros parentes seus disputarão com você essa honra!"

A maioria de meus clientes norte-americanos não sentiria isso dessa forma. Eles sentem necessidade de ser independentes, de seguir seu próprio caminho, ou seu próprio processo em seu próprio núcleo familiar. A tendência é sentirem que seu sucesso no mundo exterior, material, é um pagamento suficiente aos seus pais pelas vantagens que receberam na infância. De acordo com Jung, uma certa independência do Coletivo favorece nosso desenvolvimento em direção à consciência. Ainda assim, uma de suas alunas, Marie von Franz, tanto em The Way of the Dream, uma entrevista em filme, como em seu livro The Grail Legend, observou que em nossa época padecemos da falta de raízes. A ligação com a família, com a terra (Capricórnio é também propriedade), como também contato com o Self, favorece o desenvolvimento de nossa consciência. O sentido positivo de Capricórnio ascendente ou do Saturno natal no eixo da hereditariedade (Casas Quatro a Dez), ou um Sol em Capricórnio, é o embasamento da Terra Cardeal, os alicerces sólidos dos relacionamentos familiares - as memórias duradouras.

Procuro o maior número possível de informações sobre o mapa dos pais de um cliente que está passando pelo Retorno de Saturno, e às vezes mesmo pelo segundo Retorno de Saturno, nas Casas 4 e 10. Isto me dá uma idéia não apenas do modo como o cliente vivenciou sua infância, mas ainda de como seus pais realmente eram, de como de fato foram suas raízes. Muitas vezes o cliente está submerso em memórias durante o segundo e o terceiro Retornos e acha importante escolher o padrão cármico. Se os terapeutas podem tirar proveito não apenas da observação do paciente, mas também de possível entrevista com um de seus pais, então certamente os astrólogos podem se beneficiar com o conhecimento da data de nascimento, pelo menos, do pai ou da mãe do cliente, dependendo de a qual deles ele acredita estar ligado carmicamente ou de qual conserva memórias mais dolorosas que precisa liberar.

Clientes com o arquétipo Saturno/Capricórnio forte na personalidade tendem a usar o vocabulário do pagamento de dívida quando falam sobre sua infância e início da vida nesta encarnação: "Devo ter trabalhado meu carma dos últimos 500 anos antes dos 28 anos", é uma atitude comum. "Li um livro sobre reencarnação que me ajudou muito a aceitar uma porção de coisas", disse um cliente. "Ele diz que se eu me concentrar realmente posso começar a atrair pessoas e circunstâncias positivas para minha vida." Isto é verdade. A concentração é um aspecto importante, e Saturno se sobressai nisso. Mas a fé de Júpiter também é importante - fé em si mesmo e no divino. Se o subconsciente fica repetindo, "o passado deprimente vai se repetir; por isso, de que adianta pensar positivamente, ser assertivo, quando se está condenado (em qualquer casa em que Saturno esteja)?" - então o passado tende de fato a se repetir, e o mesmo tipo de pessoas e circunstâncias negativas tende a reaparecer.

É também importante lembrar de relaxar e de deixar um certo espaço para a ação de Deus, ou para as surpresas da vida. Se através de um planejamento tão completo como o que Saturno faz (construindo para a eternidade), a pessoa se sente como Atlas com o peso do mundo sobre os ombros, não há muito espaço para que Deus e o Guru entrem! Alguém com uma quadratura Mercúrio/Júpiter (e muito pouca Terra) poderia dizer, "A responsabilidade não é minha. Se eu falhar, a culpa é de outro. Deus deveria fazer tudo por mim. Quando minha sorte vai mudar?" Mas a pessoa pessimista com uma quadratura Mercúrio/Saturno assume demasiada responsabilidade, culpa-se muito e com freqüência não deixa espaço suficiente para a ação de Deus. Todavia, ela tem algumas vantagens sobre a pessoa com quadratura Mercúrio/Júpiter - a paciência, uma boa memória, a consciência de como passar da fase A para a B e daí para a C, e ser prática; estar embasado na realidade ajuda muito no dia-a-dia.

Jung diz que quando uma pessoa está cheia de amargura não há nela sabedoria. Ela realmente não aprendeu nada do passado, de seu sofrimento e de seus erros. Os alquimistas tinham um processo aquoso chamado solutio, que dissolvia formas, obstáculos, limites, frustrações. Em Anatomy of the Psyche, Edward Edinger analisa sonhos em que pessoas passaram pela solutio alquímica, estiveram numa inundação, nadaram, ou tomaram banho, e dissolveram os obstáculos do passado. A solutio era seguida por um processo contrário, terrestre em sua natureza, chamado coagulado, ou solidificação da solução.

O sal é um símbolo de sabedoria nas tradições pitagórica e alquímica. Os alquimistas evaporavam a água salgada e degustavam o sal que restava. Se ele fosse branco puro e sem amargor, o alquimista tinha a verdadeira sabedoria, mas se fosse amargo, ele o jogava fora e começava tudo novamente. Cristo certa vez disse a Seus discípulos, "Vós sois o sal da Terra. Se o sal perder sua força, com o que a Terra será salgada?" Eles tinham a sabedoria e, apesar das perseguições, dos obstáculos, de todas as espécies de sofrimento, tinham de evitar que perdesse sua força e/ou que se tornasse amargo. Acredito que Capricórnio é o sal da Terra, mas freqüentemente luta muito para soltar o resíduo da amargura. Ele(a) passa por períodos de depressão ou melancolia (especialmente durante o Solstício de Inverno); se no final seu sal for puro em vez de amargo, sua existência terá sido realmente vitoriosa. Todos nós temos Saturno em alguma casa de nosso mapa e Capricórnio em alguma cúspide, de forma que este tema é universalmente importante. Todos podemos ser sábios ou espertos pelo uso apropriado de nosso Saturno: basta que o desenvolvamos como nossa parte Ancião Sábio (Anciã Sábia), em vez de nos solidificarmos como o rígido, duro e amargo Senex.

A concentração, a meditação e a discussão de sentimentos (polaridade Câncer) com um analista podem ajudar nas questões levantadas pela Casa de Saturno. É interessante ler, no Saturnalia, sobre o dia durante o festival do Solstício em que a deusa Angerona era venerada. Em honra àqueles que sofriam silenciosamente e suportavam seu sofrimento, ela mantinha a boca fechada. Ela eliminava a ansiedade e angústia mental, e aqueles que ocultavam seu sofrimento sentiam grande alegria no seu dia, no templo de Volupte, quando sua estátua era desvelada no fim da semana das Saturnálias.

No The Scapegoat Complex1, Sylvia Perera aborda vários pontos psicológicos importantes. A semelhança de uma criança, o bode expiatório vive sob a sombra de seus ancestrais; é difícil para seu ego separar-se do que percebe como necessidades e expectativas dos adultos de sua família. A criança tenta ser perfeita, para compensar tudo o que os adultos à sua volta insinuam que lhe falta. Ela carece de sentimento de pertencer, de ter raízes na família. Através de sua luta perfeccionista, a criança tenta agradar um dos pais, talvez esperando pelo impossível, porque aquele pai ou aquela mãe pode também ser um bode expiatório, uma pessoa emocionalmente subnutrida, incapaz de expressar aprovação ou afeição. Mais tarde, o bode expiatório adulto parte para a solidão carregando em seu inconsciente a carga da culpa e do sofrimento coletivos - tentando redimi-la com seus esforços no mundo externo, mas sentindo internamente que não alcançou os padrões estabelecidos.

Perera observa que o tema do bode expiatório que carrega em suas costas os pecados coletivos da raça humana é central na civilização ocidental. Temos os exemplos de Cristo e da deusa babilônica Inana. (Para Inana, veja Descent of the Goddess, de Perera.) Cristo andou pelo deserto e foi sacrificado na cruz em expiação a Iahweh pelos pecados de seu povo, e a deusa babilônica foi espetada numa estaca pelo dela. Todavia, o bode expiatório não é somente um arquétipo ocidental. Sabemos pelo Bhagavad Gita que os hindus acreditam que o Senhor Vishnu encarna na Terra para resgatar a humanidade do mal da ignorância sempre que há uma Época Negra. Há também a história do sacrifício de Buda, que repudia seu reino terrestre para ir em busca da solidão, praticar o ascetismo, e encontrar para a humanidade um caminho que a livre do ciclo de desejo, sofrimento, velhice, morte e renascimento. No entanto, a mais comovente descida do Salvador/Bode Expiatório talvez provenha do Budismo Mahayana. O Bodhisattva faz o juramento de não buscar sua libertação final até que a última folha de grama sobre a Terra tenha sido redimida. Assim, parece que o arquétipo do bode expiatório tem uma amplitude universal (para o Oriente e para o Ocidente, pelo menos).

Perera vê o perfeccionismo como uma chamada ao Espírito. Somos chamados a encontrar nossas raízes no interior de nossa própria alma. Todavia, muitas crianças bode expiatório interpretam o chamado interior como a necessidade de realizar as aspirações de um dos pais no mundo externo. O padrão de desnutrição do bode expiatório no nível do sentimento (nas raízes ou Nadir da personalidade) pode ser transmitido de pais para filhos ao longo de várias gerações. Já tive ocasião de ver o arquétipo Capricórnio - especialmente o Ascendente e Saturno no eixo da hereditariedade - trabalhar desse modo. É muito importante desenvolver a auto-estima e acalentar a Criança Interior pessoal; de outro modo, batalhar constantemente pelo sucesso externo pode resultar em sentimentos de vazio a despeito das vantagens que a pessoa atraia na 10ª Casa - fama, dinheiro, poder.

Perera interpreta o deserto como um lugar seguro para onde o bode expiatório foge para liberar suas emoções negativas como culpa, medo de rejeição ("As outras pessoas não vão me tratar como minha família me trata?"), uma sensação de fracasso por não estar à altura, ou mesmo raiva do coitado por quem o bode expiatório vem compensando - o pai/mãe que não consegue se impor. Perera diz que o lugar seguro, amiúde, é o consultório do terapeuta, por ser ali onde o bode expiatório recebe a empatia e o suporte emocional para lidar com esses sentimentos. Acho que poderia também ser a casa de um bom amigo ou o consultório de um astrólogo. (Vários clientes com Sol em Capricórnio, Ascendente ou Saturno Angular já me disseram que se sentiram seguros em meu consultório.) Sem este lugar seguro, uma árvore Bodhi moderna sob a qual ele possa sentar, sem o tempo gasto na solidão, o perfeccionista pode adiar indefinidamente a entrada em contato com suas emoções (polaridade Câncer). De outro modo, ele pode continuar cumprindo seus deveres no mundo exterior, mantendo sua personalidade coesa na superfície da realidade, praticando a negação de que nada está errado até que ocorra a queda do topo da montanha.

Por retrospecto, anos depois desta queda na 10ª Casa (ou no mundo exterior) Capricórnio às vezes admite que foi "a melhor coisa que já me aconteceu". Na época da queda, porém, quando o astrólogo ou orientador vê o cliente, ele(a) sente como se fosse precipitado do Zênite ao desconhecido, e que a queda é muito longa até chegar ao solo. No Nadir (Câncer), ele(a) tem tempo para entrar em contato com seus sentimentos, emoções, intuição, instintos (o Feminino), e para experimentar a empatia, o apoio e a nutrição de que precisa. Um confinamento temporário às vezes é necessário. Pessoas encorajadoras em hospitais, em clínicas para tratamento mental, ou em programas contra o uso de drogas são parte da nutrição. Uma mãe institucional pode representar o arquétipo da Grande Mãe na nossa sociedade, e grupos de assistência podem igualmente substituir as famílias incentivadoras. Na escuridão do Solstício, antes do alvorecer, o processo de queda pode assemelhar-se a um pesadelo de inverno. Capricórnio, acostumado a pensar em termos da imagem que a sociedade tem dele (persona), fica sabendo, depois da queda, quem ele(a) é sem essa imagem, e conjectura sobre como a sociedade o considerará sem seu título ou sem sua aura de autoridade. No lugar seguro e durante o tempo de isolamento, ele(a) pode encontrar sua direção interior (Câncer), ou embasamento (Nadir) enraizado na psique. Com freqüência ele(a) perderá seu medo da vulnerabilidade e finalmente será capaz de expressar seus verdadeiros sentimentos aos outros.

Como exemplo, tenho uma história quase arquetípica de um cliente com Sol em Capricórnio passando pela progressão de Aquário, que o tornou mais susceptível aos choques repentinos dos trânsitos de Urano. Ele havia investido sua herança paterna num pequeno negócio. Durante quinze anos (dois ciclos de Saturno de sete anos) ele tinha prosperado, mas de repente a falência assomou no horizonte. Os empréstimos não eram acessíveis e não havia comprador à vista. Apesar de seu trabalho árduo e das muitas horas de agonia, parecia não haver saída para seu sentimento de fracasso - a perda do seu patrimônio hereditário.

Além disso, ele parecia se considerar um Darma Raja, de pé junto à roda da responsabilidade e girando-a para assegurar a prosperidade de seu pequeno reino, protegendo seus súditos. Estas são suas palavras, ou uma paráfrase muito próxima delas:

"Eu me senti horrível no dia em que tive de dizer a meus empregados que o negócio estava falindo. Eles deveriam procurar emprego em outro lugar. Eu só poderia pagar a folha de pagamento no 1º dia do mês. As pessoas tinham a liberdade de me pedir adiantamentos de salário quando precisassem; elas estavam acostumadas a receber bônus de Natal e realmente dependiam de mim. Eu me sentia mal.

Mas, sabe, tudo saiu bem. Os empregados me animaram e vários deles chegaram a dizer-me que estavam pensando em mudar de emprego mas que não tinham coragem para isso. Eles sabiam o quanto eu valorizo a lealdade, e sentiam que estavam em débito para comigo; de modo que não podiam deixar o emprego justamente quando os pedidos estavam caindo e eu estava numa espécie de colapso. Eu achava que eles iriam desanimar, mas apenas sacudiram os ombros, e alguns deles estavam... não alegres, mas aliviados, mesmo quando não pude garantir-lhes que haveria um novo comprador logo, e, se houvesse, que ele(a) os conservaria na firma. Tudo terminou bem para mim. Pude guardar US$ 100.000, os quais usei para fazer uma nova sociedade com um amigo. No entretempo, fiquei 6 meses sem fazer nada; assim, pude participar de alguns seminários sobre o produto do meu amigo, li alguns livros junguianos de minha esposa que estavam lá por casa, e participei de um retiro num mosteiro beneditino. O que tornou tudo isso mais fácil foi a reação da minha família. Minha mulher e filhos acreditavam plenamente em mim, mais do que eu mesmo. Eles eram muito diferentes da família que tive quando criança, quando ninguém acreditava em mim. Eu tinha esquecido o quanto são importantes as coisas intangíveis na vida, como a religião e a família, e o aprendizado através dos erros.

Quanto tive tempo para refletir, pude ver o quanto tinha sido tolo - tão ocupado que não podia usufruir a vida e apreciar as coisas intangíveis. Também compreendi que não havia perdido nada importante. No início, eu sentia como se tivesse traído meu pai, mas eu havia trabalhado arduamente durante 15 anos; cuidara de meus irmãos dependentes, dobrara o dinheiro que ele me havia deixado. O capital na nova sociedade é todo meu. Agora não há ligação com papai. Sinto-me livre."

Muitos capricornianos expressaram essa sensação de liberdade durante a progressão aquariana. É quase como se Urano, regente do Sol em progressão, os libertasse dos sentimentos inibidores da cautela e da insegurança exageradas, que retardaram seu ritmo cedo na vida; de uma necessidade importuna de provar a si mesmos; de prioridades mundanas que tomavam demais do seu tempo; de estreiteza mesquinha. Urano parece torná-los mais receptivos para novas oportunidades, tanto interiores quanto exteriores.

Parece que o bode expiatório de Capricórnio tem uma vantagem definitiva sobre a Cabra Montesa, puramente mundana, que sem piedade pisou em seus competidores na ansiedade de satisfazer suas ambições de glória pessoal. Desde a infância, o bode expiatório desenvolveu o hábito de servir os outros. Sua ferida, como a designa Jung - a falta de nutrição na infância que deixou nele um 'buraco' - fará com que seja menos crítico dos outros do que a Cabra Montesa, que pode ser bastante arrogante com relação às pessoas malogradas deste mundo. Jung tem razão. O curador ferido é um orientador melhor e mais compassivo do que o curador que nunca sofreu em sua própria vida.

Quando o bode expiatório sai da solidão com a sua auto-estima intacta, em contato com seus instintos, emoções e intuição, ele estará mais bem preparado do que a externamente bem-sucedida Cabra Montesa para a fase aquariana da jornada, à qual Isabel Hickey chamou de "serviço à Grande Órfã, a Humanidade". O bode expiatório, que sempre procurou fazer do mundo um lugar melhor para sua própria família, pode ir além dele para um círculo maior de influência, de acordo com a natureza de seus talentos, e não apenas de sua persona; conforme a plenitude de sua personalidade - quem ele(a) é - de acordo com os conteúdos de seu próprio Graal Aquariano (veja Capítulo 11).

Minha experiência com clientes Capricórnio/Capricórnio ascendente que se movem pela progressão aquariana é que eles tendem a construir sobre experiências passadas, habilidades e credenciais, refletindo o significado de continuidade e da duração além do tempo em Saturno, em vez de escolherem um campo totalmente diferente, embora isto, sem dúvida, dependa dos outros arquétipos presentes no mapa individual. Capricórnios com credenciais para trabalho social tendem a se tornar conselheiros Nova Era; aqueles com experiência de magistério, a tornar-se professores da Nova Era (muitos de astrologia); aqueles com conhecimento de pesquisa tendem a substituir uma companhia de petróleo por um movimento ecológico, mas continuando com a pesquisa; os que eram gerentes em trabalho corporativo tendem a entrar em entidades não lucrativas, ou a se tornar líderes de comunidades Nova Era; os envolvidos com a cura mental ou física continuam com este trabalho (mais com a medicina holística do que com a tradicional, porém), aprendendo massagem, alimentação vegetariana, ou cura através da visualização.

Embora essas mudanças se estruturem sobre interesses passados, elas tendem a refletir a natureza da Décima Primeira Casa, mais do que da Décima. Na fase de Capricórnio natal o cliente pensava em termos de provar-se competente e de atrair fama, riqueza e poder. No ciclo da progressão aquariana ele se move na direção de questões específicas da Décima Primeira Casa como serviço humanitário ou voluntário, comunidades espirituais, trabalho com amigos, arrecadação de fundos para escolas, organizações cívicas, promoções culturais, grupos escoteiros. Interesses mundanos como status ou segurança financeira não mais estão entre suas prioridades, visto que a ênfase é posta sobre recompensas intangíveis. Esperanças, sonhos e desejos pessoais têm mais probabilidade de se concretizarem quando Capricórnio deixar de se preocupar com o que as outras pessoas pensam e estiver disposto a relaxar.

Meu exemplo preferido da felicidade que tem origem no abandono dos padrões dos outros e no viver o que é próprio de cada um é o do viúvo com Sol em Capricórnio que avançou o suficiente na progressão de Aquário de modo a que o Sol em progressão formasse aspectos com planetas natais de Ar. Com sua recém-descoberta habilidade para conviver com pessoas dos mais diversos backgrounds socioeconômicos e educacionais, e a recém-descoberta independência aquariana, ele decidiu contrair novas núpcias. No seu segundo Retorno de Saturno (56 anos) ele falou de sua decisão a seus filhos adultos, a seus netos e a seu pai de 80 anos. Todos ficaram horrorizados com a idéia de um casamento com alguém de nível inferior ao deles, uma pessoa sem instrução, totalmente inadequada, alguém que destoaria no country club. Ele a conhecia havia três anos, e pensou, "Esta é a minha escolha. Eu é que me casarei com ela. Mas acho que sempre fui muito inseguro. Até agora, teria sido muito difícil para mim casar com alguém que minha família, meu chefe e meus amigos desaprovassem - a opinião deles realmente interessava. Hoje imagino - quem se importa com o que eles pensam!"

Capricórnios que não pertencem a grupos de nível educacional ou socioeconômico elevado freqüentemente têm uma forma de esnobismo às avessas que, eles também, parecem superar em Aquário. Eles tendem a fazer observações como, "Eu não gostava dos amigos de minha mulher - esses intelectuais que lêem esses livros sobre metafísica e Jung. Mas agora vejo que são legais. Estou me sentindo mais tolerante, sabe?" Em Aquário, eles tendem também a adquirir a capacidade de se relacionar com pessoas que não pertencem a seu ambiente cultural e social.

Embora a tolerância que desenvolve em Aquário seja positiva, este é ainda um signo regido por Saturno, e um signo Fixo. O crescimento parece tão externo em Aquário quanto o era em Capricórnio, embora menos egoisticamente motivado. Na progressão através de Peixes, Água Mutável, a direção do crescimento é interior. O Fogo introspectivo ou reflexivo do Capricórnio natal é acentuado. A personalidade é removida do olhar público (10ª e 11ª Casa) para o Self (12ª Casa, solidão). Muitos clientes de repente escrevem poesia, começam a gostar de música, ou perguntam ao astrólogo onde podem estudar técnicas de meditação e de visualização. Eles parecem mover-se decididamente da circunferência da Roda do Darma para seu cubo, seu silencioso centro. Por ser, em muitos casos, o último estágio da jornada da vida para as pessoas Capricórnio/Capricórnio ascendente, ele está associado com a preparação para a pós-vida, a transição do tempo para a eternidade, da Dança da Criação de Káli para o estado de meditação beatífico de Shiva no Monte Kailash.

Durante a progressão de Peixes muitos clientes Capricórnio começam pela primeira vez a levar sua intuição mais a sério, do mesmo modo como anteriormente faziam com a lógica. É óbvio que isto terá condições de se concretizar com maior probabilidade se o cliente tiver planetas na Décima Segunda Casa ou um Netuno natal forte - intuição confiável. Saturno é um planeta que se apóia nos sentidos, colhendo os dados do mundo da experiência, do mundo fenomênico. Peixes tende a não levar esse mundo dos fenômenos muito em conta. Assim, a progressão aquosa em Peixes dissolve um pouco a estreiteza do enfoque saturnino na tomada de decisão.

Em seu livro Alchemy, Marie-Louise von Franz vê Saturno como Sol Niger, a sombra alquímica do Sol real, um Sol negro de mente literal e fragmentada, de pensamento concreto, e que se inclina à justiça sem misericórdia. Lendo Alchemy, tem-se uma espécie de quadro mental de Saturno/Capricórnio em oposição a Kwan Yin (Deusa da Misericórdia)/Câncer. Nas águas da progressão de Peixes muitos Capricórnios começam a acreditar, a confiar no mundo não-literal de Netuno, a visualizar, a meditar, a abandonar a função da sensação o suficiente para entrever a eternidade através do tempo. Como resultado, eles são capazes de abrir mão do código de justiça estrita de considerar os outros inocentes por meio da complacência de Peixes - quer dizer, eles podem integrar Kwan Yin e Saturno, vendo que a regra pode ser modificada em casos individuais.

Von Franz também menciona que os tipos que se apóiam na sensação levam o tempo do relógio muito a sério, se preocupam com a pontualidade e com o passar do tempo, demonstrado, diz ela, pelo fato de que ficam olhando para o relógio o dia inteiro. Os intuitivos, por sua vez, têm muito pouca consciência da passagem do tempo convencional. Particularmente, acredito nisso, pois muitos de meus clientes com Netuno forte ou muitos planetas Peixes dão a impressão de viver na eternidade. O tempo passa enquanto eles trabalham em seus projetos, sem qualquer preocupação. Muitas vezes, nem sequer usam relógio. Sem dúvida, muitos clientes Capricórnio/Capricórnio ascendente já estão afastados de suas atividades na época da progressão em Peixes, e por isso não têm necessidade efetiva de se grudarem ao relógio. Mesmo assim, é interessante observar as diferenças de atitude com relação ao tempo quando se envolvem com passatempos mais criativos.

Como Peixes é o último signo do zodíaco, a Jornada do Mar Noturno (veja Capítulo 12), parece natural que muitos clientes que passam por ele leiam livros que tratam da pós-vida - reencarnação, sonhos com a morte e com o ato de morrer e visões da eternidade tidas por aqueles que morreram na mesa de cirurgia e voltaram à vida. Meus clientes que estão passando por esta progressão, entretanto, preferem o Livro Tibetano dos Mortos e o Livro Egípcio dos Mortos.

O crocodilo, um símbolo egípcio do tempo e da eternidade, e também um símbolo hindu, está associado a Capricórnio. Alice Bailey o interpreta como um nível superior de evolução para Capricórnio, acima da Cabra Montesa, embora isto não esteja muito claro para mim. As pessoas de Capricórnio parecem mover-se para a frente e para trás integrando muitos níveis de cabra e de crocodilo no decurso de uma vida. Uma Cabra Montesa pode ser cobiçosa, cruel, egoísta em sua ascensão da montanha mundana, mas depois pode tornar-se um Pai crocodilo devorador que mantém os filhos em estado de subserviência com promessas de vantagens financeiras ou de poder. Assim, nem sempre o crocodilo representa uma fase superior. O crocodilo é um símbolo complexo, e se ajusta à progressão de Peixes devido à sua ligação com a transformação espiritual e com a última etapa da jornada. Este é também o seu significado no sonho. Ele ainda ocorre no sonho dos clientes como guardião do Mundo Inferior, exatamente como aparece no Livro Tibetano dos Mortos. Tanto na mitologia egípcia como na hindu, há dois crocodilos, um ainda não transformado (mundano) e outro que está unido ao Divino.

Na índia, Capricórnio era simbolizado por Makara e por Kumara. Makara é o número 5 - os cinco sentidos. O crocodilo Makara é semelhante a Pã - cúpido, preso ao nível do desejo sensual. Ele também tem fome de poder, como a Cabra Montesa a caminho do topo. Através da transformação, da iniciação, da receptividade ao Divino, ele se torna Kumara, o Crocodilo Dragão Branco. Como as deusas lunares, o sábio Crocodilo branco pode assumir qualquer forma. Ele perdeu sua pele grossa, resistente - seu corpo. O Dragão é um símbolo de sabedoria na índia e no Extremo Oriente. Através de sua transformação, o Sábio Dragão Branco, Kumara, conquistou Maya e com ela, o renascimento. Rejeitando o mundo dos sentidos, ele entrou na Bem-aventurança da Unidade eterna com Shiva, sentando silenciosamente na postura de meditação. No Ocidente, a tradição de Capricórnio incluía um Unicórnio branco puro, um símbolo semelhante ao do Dragão Branco. O Unicórnio era um tipo de Pã transformado cujos chifres duplos, ou natureza de desejo, tinham se transformado num chifre único pela prática da meditação. O unicórnio tinha poderes ocultos relacionados com sua pureza de consciência e seu chifre mágico.

O Livro Egípcio dos Mortos, como a história hindu da transformação de Capricórnio, tem dois crocodilos. Eles estão postados junto aos portões do inferno, a pós-vida. O glifo para o crocodilo redimido e para o não transformado é exatamente o mesmo.

Os símbolos de Capricórnio estão associados com o Feminino em todas as culturas que estudei; parece quase um ultimatum psicológico. Integre Câncer! No tempo do Império Romano mais recente, o culto da Grande Mãe, Cibele, foi introduzido por insistência das massas. Quando as tropas imperiais foram duramente pressionadas durante as Guerras Púnicas, seu meteorito mágico, de cor preta, foi levado a Roma por mar, em 209 a.C. Oficiais romanos e mulheres devotas foram ao encontro do navio. Os adeptos de Cibele instaram que lhe fosse erigido um templo dentro da cidade até 191 a.C, ano em que foi concluído. Devotos provenientes de todas as partes do império peregrinavam ao Templo de Cibele no Monte Palatino, anualmente. Estabeleceu-se assim o equilíbrio entre Saturno e a Lua.

A Cabra Pã torna-se um Unicórnio que é sempre retratado de pé junto com uma Virgem ou com a cabeça aconchegada no colo dela. O crocodilo vive nas Águas (Feminino) e também na terra seca (Capricórnio Terra). Esotericamente, ele pode mudar de forma como uma deusa lunar. Tem também relação com o conhecimento superior, ou iniciação, com a Deusa da Sabedoria.

Da Grécia ao Egito, à China e à índia, a verdadeira Sabedoria é simbolizada pela Deusa, a que muda de forma lunar. Sophia, a Mensageira do Graal, a que conduz o herói céltico em sua passagem pelos Portões em direção ao castelo, é um lado da Sabedoria, jovem e bela. Ela também muda de forma. Entretanto, ela é também a velha feia bruxa (a terra está em seu estado de aridez e infertilidade durante a doença do rei). Ela é sabedoria na adversidade. O herói precisa abraçar a bruxa, o lado escuro da Lua, a parte da sabedoria que nos diz coisas sobre nós mesmos que preferiríamos não ouvir. Nós também precisamos aceitar todos os lados e poderes do Feminino, todas as fases da Lua, a verdade de Káli e a misericórdia e compaixão de Kwan Yin. Este é o caminho para a Sapientia, para a deusa que era a guia e a meta da transformação alquímica. Von Franz vê a Sapientia como a alma feminina presa na matéria, como o espírito habitando na natureza, em cada um de nossos corpos, que deve ser buscado e, em termos alquímicos, libertado. Na alquimia, Saturno era visto como um planeta andrógino como Mercúrio. Embora em nossos dias tenhamos dificuldade em compreender Saturno/Capricórnio como Feminino, isto faz sentido se considerarmos a Terra como os alquimistas a consideravam, isto é, como sinal do aprisionamento da Sapientia no mundo material, onde ela esperava para ser encontrada e liberada. O passo seguinte da jornada para a personalidade Capricórnio, Aquário, centra-se exatamente sobre este tema da liberdade.

Obviamente precisamos honrar Saturno e também a Lua em nosso mapa e em nossa vida e não apenas quando representamos o papel da paternidade para nossos filhos. O equilíbrio entre a disciplina e a compaixão é muito importante, porque sem as águas criativas do feminino, nosso lado lunar, o trabalho de Saturno pode parecer seco e deteriorado. Mas sem nossos saturninos prazos fatais, rotinas, estruturas, senso de realidade prática, e sentido de ritmo do tempo, nosso lado criativo não tem condições de manifestar-se. Saturno prove o canal para a avalanche da imaginação canceriana. Uma pessoa impetuosa pode tratar-se como um tirano Senex, mas um tipo lunar que vive inteiramente em seus humores e sentimentos pode tratar-se como uma mãe auto-indulgente. Nenhum dos dois é o caminho da sabedoria.

Alice Bailey considera Capricórnio, esotericamente, como o signo do iniciado. Em Labours of Hercules ela explica que por iniciação ela não quer significar um ritual que requer a presença de um orientador espiritual, mas sim os sacrifícios cotidianos a que os testes de Saturno nos submetem (trabalho de Capricórnio). No mundo de Maya, vivendo a dança de Shiva e Káli, do eremita Saturno isolado e da fase escura da Lua, encaramos nossos medos inconscientes, nossas limitações interiores e nossos conflitos exteriores com os outros. O resultado é a liberdade (simbolizada pelo filho de Shiva, Ganesha, o removedor de obstáculos). À medida que os obstáculos são retirados do mundo interior e exterior, a liberdade é conquistada a partir do interior e, com ela, o poder. O arquétipo aquariano manifesta um poder que é baseado na liberdade da alma. Dane Rudhyar diz que Aquário pode muito bem ser o signo mais poderoso do zodíaco.

No mesmo livro, Bailey também diz que um verdadeiro iniciado, aquele que passou pela escuridão e encontrou a luz interior, jamais dirá aos outros que é um iniciado. Este sentido de silêncio sobre seu progresso é característico do Capricórnio esotérico, cuja vida consiste de serviço e sofrimento. Em nossa própria jornada através da Casa em que Saturno se encontra ou que rege, podemos passar por várias fases no nível de nossa aspiração, mundana e espiritual. Se chegamos ao topo da montanha espiritual, onde o Corpo satisfaz seu anseio pelo Espírito, onde a Sapientia é libertada, então talvez compreendamos o misterioso glifo esotérico para o signo - o Peixe-Cabra (golfinho-cabra, em grego). Estaríamos além da dança de Kálí, do mundo da forma e de Maya; teríamos girado a Roda do Darma, do tempo. Não mais precisaríamos voltar à Terra e girar a roda como os karma iogues, vida após vida, tomando a nós mesmos e ao nosso trabalho muito a sério. Escritores esotéricos têm como tradição que o glifo para o signo de Capricórnio ( V5) é velado, e que não podemos entendê-lo até nos tornarmos iniciados. Como o Peixe-Cabra, ele talvez represente a receptividade, a total abertura ao divino. Com certeza, ele combina as qualidades do peixe de Peixes com a dedicação diligente da Cabra Montesa, uma aspiração espiritual que envolve totalmente a fé de Peixes no divino.


Questionário

Como o arquétipo de Capricórnio se expressa? Embora diga respeito de modo particular às pessoas com Sol em Capricórnio ou Capricórnio ascendente, qualquer pessoa pode aplicar esta série de perguntas à casa em que seu Saturno está localizado ou à casa que tem Capricórnio (ou Capricórnio interceptado) na cúspide. As respostas indicarão até que ponto o leitor está em contato com seu Saturno (disciplina, percepção das limitações, ambições, ordenamento do tempo).
1.   Quando fico sabendo de uma oportunidade para um cargo de gerência com uma boa dose de responsabilidade, embora não conheça o serviço completa mente, eu
a. envio um curriculum vitae atualizado depois de pensar sobre todos os detalhes da proposta.
b. geralmente deixo a oportunidade passar.
c. ignoro a oportunidade totalmente. Não quero muitas responsabilidades.
2.   Quando volto para casa depois de uma discussão no trabalho eu
a. analiso a situação por alguns minutos, talvez fale a meu cônjuge sobre o caso para saber o que ele(a) pensa, mas não fico remoendo por muito tempo.
b. passo a noite revendo a cena em minha mente. Penso no que deveria ter dito para defender minha posição.
c.  esqueço a cena toda, saboreio um bom jantar, assisto à TV, tomo alguns drinques, ou saio para me distrair.
3.   Sinto-me mais seguro socialmente com
a.  pessoas de minha própria profissão ou que tenham o mesmo nível social e cultural que o meu.
b.  pessoas conservadoras - tipos que não me criam embaraço.
c.  pessoas originais, criativas, divertidas.
4.   Se fosse fazer uma lista das pessoas que mais admiro e respeito, eu incluiria uma maioria de
a. pessoas sensatas, dignas de confiança.
b. velhos amigos, pessoas com quem me sinto à vontade.
c. pessoas que tivessem imaginação, excitantes, embora eu mesmo não me considere assim.
5.   Acho que sou excessivamente cauteloso
a. 50% das vezes.
b. 80% das vezes.
c. 25% das vezes, ou menos.
6.   Meu maior medo é
a.  perder o status, o poder, o respeito dos outros.
b.  tudo.
c.  ser considerado uma pessoa maçante.
7.   No meu dia de folga, eu
a. sigo os planos previamente feitos, de modo a obter a maior satisfação possível.
b. limpo a garagem ou corto a grama, etc.
c. deixo as coisas acontecerem naturalmente.
8.   Acho que a parte mais fraca de meu corpo é
a. geralmente tenho um corpo forte.
b. os ossos, especialmente os joelhos e a região lombar (cóccix).
c. pego infecções facilmente.
9.   Mais importante para mim é a
a. organização
b. segurança.
c. diversão.
10. Meu padrão usual é
a. chegar ao topo da organização.
b. permanecer numa posição segura.
c. Evitar a responsabilidade.
Aqueles que marcaram 5 ou mais respostas (a) estão em contato estreito com Saturno como disciplina e ambição - se 8 ou mais, próximo a Saturno inflado no nível mundano. Você precisa se divertir mais. Aqueles que marcaram principalmente respostas (b) estão mais em contato com Saturno como princípio de limitação ou inibição. Você precisa trabalhar mais com o Fogo (elemento confiança) em seu mapa, ou com seu Marte e seu Júpiter (regente dos signos Fogo e signos de confiança). Aqueles que marcaram principalmente respostas (c) estão em contato com Pã mais do que com a Cabra Montesa e provavelmente precisam trabalhar mais com Saturno como disciplina e aspiração prática. As pessoas (a) e (b) precisam integrar Pã com mais profundidade para viver de modo mais equilibrado - dar ao corpo algum repouso e exercício.

Onde está o ponto de equilíbrio entre Capricórnio e Câncer? Como Capricórnio integra seus mundos interior e exterior? Embora diga respeito particularmente ao Sol em Capricórnio ou Capricórnio ascendente, todos temos Saturno e a Lua em algum lugar em nosso horóscopo. Muitos de nós temos planetas na Décima ou na Quarta Casa. Para todos nós a polaridade de Capricórnio e Câncer implica equilibrar a disciplina com a nutrição, a satisfação dos outros com a nossa própria, a responsabilidade pela profissão com a vida pessoal.
1.   Quando estou em desavença com um de meus pais ou com um parente de mais idade sobre algo que de fato desejo fazer
a. acato a opinião dele se sua desaprovação é realmente forte.
b. levo em consideração o que a pessoa diz, mas no final tomo a minha decisão.
c  faço o que me parece melhor sem levar em conta as objeções da pessoa.
2.   No relacionamento com familiares próximos e amigos
a. penso que o amor é o mais importante.
b. penso que o amor e o respeito andam juntos.
c. penso que o respeito é o mais importante.
3.   Na infância (antes dos 7 anos) eu considerava um adulto de minha família como
a.  um "coitado" que não podia rivalizar com a realidade e precisava de minha ajuda.
b.  um disciplinador amoroso.
c.  uma pessoa que tinha todas as respostas e devia ser obedecida.
4.   Como pai/mãe eu
a.  colocaria o amor acima da disciplina.
b.  temperaria disciplina com amor.
c.  colocaria a disciplina acima de tudo.
5.   Se fosse um empregador, o que mais valorizaria em meus empregados seria
a.  a lealdade, a sensibilidade, a compaixão.
b.  a lealdade, a confiabilidade, a sensatez.
c.  a lealdade, a organização, a adequação com a imagem da companhia.
Os que assinalaram três ou mais respostas (b) estão fazendo um bom trabalho com a integração da personalidade na polaridade Capricórnio/Câncer. Os que marcaram três ou mais respostas (c) precisam trabalhar mais conscientemente no desenvolvimento da Lua natal em seu horóscopo. Os que assinalaram três ou mais respostas (a) podem estar fora de equilíbrio na outra direção. Eles podem ter um Saturno fraco ou pouco desenvolvido. Aqueles que marcaram (a) para as perguntas (1) e (3) podem ter tendência ao arquétipo do Bode Expiatório.
O que significa ser um Capricórnio esotérico? Como Capricórnio integra Vênus (amor) e Saturno (dever) na personalidade? Todo Capricórnio terá um Saturno e um Vênus em algum lugar de seu horóscopo. Um Vênus bem integrado acrescenta cordialidade e amabilidade ao Saturno mundano e ajuda no desenvolvimento do Saturno esotérico. Qual é o nível de aspiração (Saturno) no horóscopo? As respostas às perguntas abaixo indicarão até que ponto Vênus suaviza e expande a personalidade.
1.   Tomo minhas decisões baseado
a. em fatos pesados pelo interesse de todos os envolvidos.
b. na adesão concreta à letra da lei.
c. no que é mais conveniente para mim.
2.   Na casa de Saturno natal ou na casa com Capricórnio na cúspide, acho principalmente que
a. conscientemente faço uso da concentração, da paciência e da persistência de Saturno.
b. os outros me consideram um especialista ou uma figura autoritária.
c. estou ciente de todas as delongas, frustrações, limites e obstáculos.
3.   Sou alguém que gira a roda
a. em meu mundo interior através da meditação.
b. tanto no meu mundo interior quanto no exterior.
c. no mundo exterior através de minha carreira.
4.   Percebo os trânsitos de Saturno em minha vida como
a.  uma oportunidade para aprendizagem e avanço espiritual.
b.  algo que compreenderei mais tarde por retrospecto.
c.  algo que devo suportar até a chegada de Júpiter.
5.   Quando me dizem que devo fazer mudanças drásticas na casa de Saturno ou na casa regida por Saturno, minha resposta inicial é
a. procuro receber com prazer as mudanças como uma manifestação da Ordem Cósmica.
b. sinto uma resistência inicial mas depois me adapto à mudança.
c. resisto à mudança e considero a adaptação extremamente difícil.
Os que marcaram três ou mais respostas (a) estão em contato com o regente esotérico. Os que marcaram três ou mais respostas (b) precisam trabalhar mais conscientemente na compreensão de Saturno como um planeta de oportunidade. Aqueles que assinalaram três ou mais respostas (c) precisam trabalhar na identificação com Saturno esotérico.

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