Cancer
CÂNCER - A busca da Deusa-Mãe
Câncer, o Ventre Cósmico, é também o primeiro signo de Água. A relação entre Câncer e a água é muito importante. Como o processo do nascimento físico implica no rompimento das águas, do mesmo modo o processo de Câncer envolve a criatividade.
Muitas vezes surgem complicações durante o processo do parto; assim também algumas de nossas aventuras criativas não fluem tão suavemente como outras. Para liberar a criatividade de Câncer, precisamos antes cortar o cordão umbilical que nos mantém presos ao carma familiar, abandonar o ventre seguro do lar e escolher nossa própria direção na vida.
O glifo de Câncer é formado pelas sementes masculina e feminina. O arquétipo de Câncer é o Ventre Cósmico em que as sementes da criatividade germinam e de onde desabrocham de maneiras diversas - criatividade biológica, artística, intuitiva, imaginativa, e até mesmo criatividade nos negócios. Há também, no nível esotérico, criatividade mística - dar à luz a Criança Divina interior. A Magna Mater é a mais antiga manifestação pessoal da divindade encontrada em todo o mundo.
Este simbolismo arquetípico pode ser estudado através dos mitos da criação. Freqüentes vezes perguntamos: como a Terra começou a existir? A resposta que recebemos é: "O solo separou-se da água, e o firmamento da terra." (Antigo Testamento). O que era úmido ou que produzia chuva (o firmamento) separou-se do que era seco. Ou havia uma Deusa chamada Padma (Lótus) que permanecia sentada num córrego (água) enquanto a terra saltava de seu umbigo. Ou, na Suméria, a Deusa Inana dava nascimento ao mundo. Ou a Terra formou-se da gema de um ovo cósmico.
Os mitos da criação estão cheios de símbolos de Câncer. O Solstício do Verão é a época do ano em que a terra está madura. Câncer está no lado oposto ao Solstício do Inverno (Capricórnio), onde o terreno está seco, estéril. A Deusa-Mãe opõe-se ao Velho Inverno. O texto místico do Taoísmo chinês nos diz que o Tao é a "Mãe de todas as coisas; ela tudo permeia, e todavia não pode ser vista em lugar nenhum." Ela é a força e a energia que sustenta a própria vida.
Poder, energia, ou Shakti são os títulos da Grande Deusa na índia. Aos indianos basta apenas levantar os olhos ao céu noturno para ver Káli, a mãe negra. É suficiente dirigirem o olhar para a Lua para ver a Deusa Lakshmi, "nascida da Lua". Se fechássemos os olhos neste exato momento e visualizássemos o céu da noite com a pálida Lua acima em seu fundo escuro, teríamos uma imagem da Deusa Negra - misteriosa e noturna.
Na índia, todas as espécies de criaturas saem de seu esconderijo durante a noite. Um tigre emerge da selva no nordeste. Uma víbora despenca de uma árvore no sul. Ou os devotos menos conscientes de Káli, os tugues - casta de ladrões - podem aparecer. É fácil ver como a Deusa Negra podia ser temida por aqueles de consciência primitiva.
Para os que receberam educação, Káli é a deusa do tempo. Uma Yuga inteira recebe o seu nome - Káli-Yuga, a Era de Káli. Káli, por sua dança no Templo de Chidambarum, tem o poder de levar a criação para dentro e para fora da existência. Os hindus também acreditam que cada forma de vida tem sua duração de tempo determinada (número de respirações): quando seu dia fixado para mudar de forma chega, Káli a devora. O ventre cósmico de Káli lhe dará uma nova forma para um novo período de vida.
Há outros dois pontos importantes no mito da dança de Káli. O primeiro é que o ventre dá forma ou contorno à entidade. A Lua, regente de Câncer, foi chamada tanto na índia quanto no Ocidente (nos escritos de Platão, de modo particular) de Dadora de Forma.
A própria Lua passa por tantas alterações na forma - Lua Cheia, os quartos da Lua, Lua Nova ou negra, etc, que os antigos a relacionavam com o nascimento e morte das formas e plantavam suas sementes de acordo com suas fases. Além disso, muitos humores da Lua eram observados em relação com o trânsito lunar de 28 dias, as mudanças fisiológicas no corpo da mulher eram associadas à órbita da Lua, e os estados de ânimo emocionais relacionados com esse ciclo.
A deusa e suas sacerdotisas e oráculos eram considerados capazes de misteriosas intuições, como o poder da mediunidade em transe. A Lua era doadora dos dons do sentimento, da intuição, e dos instintos da nutrição que os homens pareciam não possuir.
Durante a Era do Bronze, os cultos da Deusa da Fertilidade tiveram grande desenvolvimento e eram presididos por sacerdotisas que, acreditavam as pessoas, tinham poderes ocultos sobre a vida e a morte.
A temática que aborda a vida e a morte (os hindus diriam a vida, a morte e o renascimento) é importante porque temos a 4ª Casa, a raiz do horóscopo, o ponto Alfa e Ômega do mapa.
Câncer é o 4º Signo e a 4ª Casa do zodíaco natural. Câncer é a casa da pedra angular; os planetas na 4ª Casa descrevem muito o carma da pessoa - as circunstâncias que a rodeiam no princípio e no fim de sua via.
Eles indicam a natureza do carma familiar. Os trânsitos dos planetas transaturninos sobre o nadir deixam a pessoa tremendo como se estivesse prestes a ter um encontro com Káli, a Deusa Negra, como se tivesse sorte de ter sobrevivido ao encontro e de ainda estar na Terra.
Revendo o simbolismo, temos as sementes (o glifo de Câncer), o ventre, Shakti (ou o poder sobre a vida e a morte), e a Lua, a que dá forma, como regente mundano. A Lua representa os sentimentos e as emoções. Ela é um planeta instintivo, intuitivo, nutritivo, mas também um planeta que cultiva o apego emocional à forma que cria.
Já encontramos a exaltação lunar em Touro como apego à segurança emocional e financeira. O Caranguejo, a criatura que tenazmente agarra com suas pinças, é um símbolo adequado para o apego de Câncer. Há duas personalidades distintas no arquétipo da Grande Mãe - a Mãe Amorosa como Kwan Yin, a Mãe Misericordiosa e Compassiva da mitologia chinesa, e a Mãe Terrível, como a Mãe Káli da índia e a grega Medusa.
Em "The Dual Mother" (Symbols of Transformation), CG. Jung discute os aspectos mais claros e mais obscuros da Grande Deusa-Mãe, tendo como ponto de referência as mitologias indiana e grega. As fases clara e escura da Lua se relacionam com a experiência do indivíduo com sua mãe, o que por sua vez está na raiz de seu complexo materno positivo ou negativo.
Às vezes a mãe não participou da formação do complexo - ele se estruturou pela projeção da própria criança sobre a mãe, por projeção ou por fantasia; outras vezes, a mãe participou ativamente. Jung também se refere a Nokomis, a mãe-avó, do poema "Hiawatha", de Longfellow. Embora Nokomis tivesse morrido e ido para a Lua, "a terra das avós", ela ainda fazia parte da psique de Hiawatha, de sua anima.
Como herói jovem, ele assumiu empreendimentos impossíveis para apaziguá-la, e para vingar sua honra.
Em Symbols of Transformation, Jung cita a fantasia do herói alimentada pela Sra. Miller como fonte da Grande Mãe. A Sra. Miller não teve coragem de cortar o cordão umbilical e deixar sua Mãe, mas fantasiava um herói, um corajoso índio americano de nome Chiwantopel, que disse o seguinte sobre o Amor materno:
"Não há ninguém que possa me compreender, ninguém que se pareça comigo ou que tenha uma alma irmã da minha. Não há ninguém entre eles que conheça a minha alma, ninguém que possa ler meus pensamentos - longe disso, ninguém que seja capaz de buscar comigo os cumes reluzentes, ou capaz de soletrar o excelso mundo do amor." Ele deixou seu lar e partiu à procura da mãe.
É deste mundo excelso do amor que as pessoas sentem falta quando ocorre a morte da mãe positiva, porque ninguém jamais a substituirá, ninguém nunca os amará tanto novamente. No mesmo livro, Jung analisa o amor materno, "compreende", em francês, "begreifen", em alemão. "Erfassen" originalmente significava "segurar" nas mãos, e depois "agarrar firme nos braços".
É isto que o lado positivo da Deusa/Mãe faz - segurar e agarrar. Embora Jung não tenha analisado a palavra inglesa "understand" (compreender), citada na fantasia da Sra. Miller. "Quero um companheiro que me compreenda [understands me]..." Creio que essa palavra possibilita associações com a idéia que temos de Mãe, ou de pessoas de Câncer, no sentido de serem pessoas que ouvem com simpatia e tolerância. [Understand ou stand-under], creio eu, é uma referência a dar suporte ao desenvolvimento, às habilidades e objetivos de alguém.
Isto pode ir longe demais e provavelmente vai, se levarmos em conta a Mãe que persiste em prover recursos financeiros a seu filho desempregado de 40 anos e à família dele(a).
A mãe de Câncer positiva pode ser vista em ação quando seu "filhinho(a)" é levado pela primeira vez ao maternal. Ela diz, "Eu chorei. Ele chorou. A professora acabou me empurrando para fora e batendo a porta. Fiquei olhando para o relógio o dia inteiro, contando os minutos até poder estar de novo com meu primeiro filho.
Eu esperava que ele corresse para mim e me agarrasse. Eu o seguraria firme em meus braços. Novamente juntos depois de um dia terrível desses! As três horas pareceram uma eternidade. Fui buscá-lo no maternal, mas encontrei-o brincando na caixa de areia com seus coleguinhas. Ele disse, 'Ah, mãe, quero terminar de fazer meu castelo.' Tive que arrastá-lo de lá!" Mas a mãe de Câncer não lhe passou um sermão. "Você não sentiu falta da mamãe?"... e nem fez com que ele se sentisse culpado.
Ela tratou de sua própria hipersensibilidade de modo adequado. Mais tarde, quando se tornou mais e mais difícil arrancá-lo dos projetos escolares, ela aceitou o fato de não ser mais a única estrela no seu céu, a única deusa em seu panteão.
Mães devoradoras são muitas vezes mulheres autoritárias que "mandam no galinheiro" com firmeza. No "The Process of Individuation", Marie-Louise von Franz fala de uma mãe que estava constantemente dizendo a seu filho pequeno que fosse menos ativo e agitado, "Não bata a porta. Não se suje. Não brinque com esse brinquedo dentro de casa." Esse filho pode crescer muito efeminado, ou ser um Don Juan, sempre voltando de seus casos amorosos para viver com a Mamãe.
O lar parece ter o mesmo efeito que teve a ilha de Calipso sobre Ulisses - feitiço. Ele se mostra incapaz de ficar longe por muito tempo. Muitos homossexuais com Câncer ascendente parecem ter tido esta espécie de Mãe-Sereia cujo canto ficou o tempo todo chamando-o de volta. Nenhuma outra mulher poderia competir ou medir-se com a Mãe.
Uma mãe positiva, entretanto, pode formar uma anima positiva num jovem. Mais tarde na vida ela pode aparecer em seus sonhos como um guia espiritual ou como uma Anciã Sábia. É mais fácil para ele relacionar-se positivamente com seu feminino interior se sua mãe lhe serviu de apoio, em vez de ser uma mãe devoradora. Em seus sonhos, ele pode ver Kwan Yin ou a Virgem Maria como um guia positivo e confiável da anima.
Beatriz mostrou ser esse guia para o poeta Dante no "Paraíso". Se refletirmos sobre a amável Kwan Yin ou a Virgem Maria de pé sobre a lua crescente no quadro de Dürer, chegamos ao significado do Feminino como guia nutritivo, simpático e compreensivo do Self.
Na teologia católica, a Virgem Mãe é conhecida como a Mediadora de todas as Graças. Este parece um título adequado para uma intercessora tão poderosa como a Deusa. Como disse o poeta bengali Ramprasad Sen, uma criança se sente mais confiante rezando a uma Deusa-Mãe do que a uma Divindade-Pai, mais rigorosa e austera.
Isso é particularmente verdadeiro na índia, onde as crianças gostam da maternal Deusa familiar, Lakshmi, que a todos propicia uma abundância de bênçãos. Em várias regiões da índia, a Grande Mãe é venerada sob vários nomes e formas.
Káli é a mais poderosa das Grandes Mães. Sua Shakti supera o poder que os teólogos consideraram adequado a uma Deusa no Ocidente, desde o momento em que o patriarcado da Idade de Áries entronizou Medusa e que Zeus matou a dragoa Tifão. Pela época da Idade dos Heróis (Idade do Bronze posterior), a Deusa tinha sido banida de seus bosques sagrados, suas sacerdotisas expulsas, e suas máscaras e estátuas sagradas destruídas. As Mães terríveis como Medusa, Durga, a Destruidora, Hera, e a devoradora Medéia começaram a expressar sua fúria na mitologia.
Káli também se tornou mais violenta. Certo dia, participando da aula de língua tâmil, tive de repente a percepção de toda raiva, frustração e poder oculto projetados sobre Káli no sul da índia. Estávamos repassando uma lista de provérbios tâmis, todos passando um tom geral de tristeza. Um em particular sobressaiu-se aos demais:
"Na infância, a mulher está sujeita ao pai; depois da puberdade, ao marido; e quando viúva, ela está sujeita ao filho."
Depois da invasão ariana, essa "sujeição" deve ter resultado no aumento do poder de Káli no inconsciente coletivo, e também do poder das deusas locais da varíola e da malária. Durante as epidemias, homens e mulheres acorrem ao templo da deusa local para suplicar e abrandar a divindade. Na visão de muitos indianos, seu poder é maior do que o de Shiva ou Vishnu; a ela somente pertence o poder sobre a vida e a morte. A ela pertence o Alfa e o Omega - o Nadir do mapa.
Em minha estada no sul da índia em 1979, li num jornal sobre um sacrifício humano numa vila remota. Ele foi realizado para aplacar a Grande Deusa durante uma estiagem. Algumas semanas mais tarde, viajei ao templo de Káli em Chidambarum, muito conhecido pelas peregrinações que aí são feitas.
Enquanto admirava a escultura de Káli dançando em seu rito de criação sobre a forma prostrada de seu consorte, o Senhor Shiva, um brâmane veio a mim. "Interessante, não é?", perguntou ele. "Você viu também os yonis, os receptáculos, as estruturas semelhantes a um vaso que simbolizam a Mãe Káli, no santuário interior?
Sempre tive curiosidade de saber o que Freud teria pensado de nós aqui na índia. Quando estava na Universidade, li a sua muito ocidental teoria sobre o ciúme do pênis. Se é isso que vocês têm no ocidente, então sem dúvida o que devemos ter na índia é o ciúme do ventre.
No lado de fora desse templo há uma estrutura que chamamos de Godão, um abrigo para a vaca sagrada, que também é um símbolo de Káli-Ma. Seu leite e ghi (manteiga) são distribuídos nas refeições como um prasad (oferenda sagrada) para nutrir e sustentar.
Não há saúde maior na índia do que a saúde do leite e da ghi. Mas todos esses são símbolos femininos. Sem dúvida, devemos ser muito diferentes para vocês." Naturalmente, há também templos de Shiva com colunas fálicas, da seita Lingayat, no sul da índia, mas o sentido de poder (Shakti) não é o mesmo. Os Lingayates não propiciam Shiva como Káli é propiciada.
Há muitos níveis de veneração a Káli - muitas "Kális", poderíamos dizer, na índia. A Káli da casta tugue, os assaltantes que praticam sacrifícios sangrentos, a Káli dos aldeões assustados, que é uma deusa da fertilidade, uma Káli para os universitários que apreciam a dança e a arte relacionados à sua mitologia, e a Káli venerada pelos iogues.
Káli-Ma foi a bem-amada de Ramakrishna, talvez o mais famoso dos seus devotos do século XX. Seu pequeno quarto no Templo Dakshineswar, em Calcutá, é todos os anos visitado por milhares de seguidores provenientes de todas as partes do mundo. O grande iogue nos apresenta esta descrição de Káli e do que ela significa para ele:
"Quando a criação, o Sol, a Lua, os planetas e a Terra ainda não existiam, quando a escuridão estava envolta na escuridão, então a Mãe, a Informe, a Maha-Káli, o Grande Poder, formava uma unidade com Maha-Káli, o Absoluto.
Shyama Káli tem um aspecto mais suave e é adorada nos lares hindus. Ela é a Dispensadora de Dádivas e a Dispensadora do Medo. As pessoas adoram Raksha Káli, a Protetora, em tempos de carestia, terremotos, secas e enchentes. Shmashana-Káli é a personificação do poder de destruição.
Ela habita o altar da cremação, rodeada de cadáveres, chacais e espíritos femininos terríveis. De sua boca escorre sangue, de seu pescoço pende uma grinalda de cabeças humanas, e o cinto que cinge sua cintura é de mãos humanas.
Após a destruição do universo, ao final do grande ciclo, a Mãe Divina armazena as sementes para a criação seguinte. Ela é como a velha senhora, patroa da casa, que guarda em seu baú todos os diferentes artigos de uso doméstico... Depois da destruição do universo, minha Mãe Divina, a personificação de Brahma, junta as sementes para a criação seguinte.
Após esta criação, o Poder Primai habita no próprio universo. Ela dá origem a este mundo fenomenal e em seguida o permeia...
É Káli, minha Mãe Divina, de compleição negra? Ela aparece negra porque é vista a distância; mas, se intimamente conhecida, ela não é mais assim... Servidão e liberdade são ambas obras suas. Pela Maya dela as pessoas mundanas emaranham-se em 'mulheres e ouro' e, de novo, por sua graça, elas alcançam sua libertação. Ela é voluntariosa e tudo deve ser feito conforme seu desejo. Ela é plena de beatitude."
Para Ramakrishna, como para muitos iogues, a busca era beatitude. O seu caminho era um Caminho Lunar de receptividade, entrega, obediência e devoção. O iogue no Caminho Lunar espera humildemente Shakti (o poder de transformação da deusa) e é receptivo à sua aproximação.
Shakti extirpa todos os hábitos, todos os padrões de comportamento inconscientes que se interpõem entre ele e as metas de beatitude, alegria e paz. Shakti o desperta. Mas, no caso de Ramakrishna, ele tinha que quebrar a imagem que tinha de Káli, literalmente, fragmentar a estátua dela, seu apego à forma física dela, para experienciar a bem-aventurança que ele procurava com a Divina Informe.
Tudo isso é relevante para nosso estudo de Câncer porque seu regente mundano, a Lua, tradicionalmente representa não apenas o apego à forma mas ainda nossos hábitos conscientes. Se um cliente pergunta ao astrólogo qual a época mais favorável para abandonar o cigarro ou para encontrar a força de vontade necessária para perder cinco quilos, o que o astrólogo procura descobrir?
Ele tenta encontrar um aspecto de Saturno em trânsito (disciplina) para a Lua, ou da Lua em progressão para Saturno natal, devido à tradicional conexão entre a Lua e o hábito. "Comece o jejum, ou a dieta, ou abandone o hábito do cigarro na data de Saturno/Lua, ou da Lua em trânsito (lua nova) a Saturno", dizemos. Procuramos controlar uma ansiedade ou um instinto inconsciente com a ajuda de Saturno, o planeta da disciplina consciente.
A Lua contrasta fortemente com Hermes, regente de Gêmeos. Em Gêmeos, signo de Hermes, a mente está conscientemente ativa, ao passo que neste arquétipo Câncer opera num nível de sentimento psíquico, instintivo e inconsciente. De modo semelhante, estamos acostumados a analisar nosso comportamento através de nosso signo solar. "Hoje estou agindo com um Áries impaciente", ou "Hoje estou agindo como um Gêmeos aborrecido e irrequieto."
Mas não paramos para pensar, "Hoje estou me comportando como minha Lua de Touro possessiva", ou "Hoje me senti culpada por coisas que não me dizem respeito, como minha Lua de Peixes ou de Câncer!" A nossa parte lunar é como uma criança conhecida - nós a alimentamos quando está faminta, mas não lhe prestamos muita atenção analítica adulta; estamos ocupados com questões adultas em algum outro lugar em nossos mapas.
Quando observamos os padrões de comportamento dessa parte lunar nossa, em geral há uma conjunção, ou quadratura, ou oposição em trânsito de Saturno, ou uma progressão lunar que faz os outros nos indicarem que nossos hábitos os estão levando à loucura.
Se não estamos interessados no Caminho Lunar de Ramakrishna ou de outros bhaktas, podemos sempre esperar por nossos trânsitos e progressões para trabalhar sobre nossos hábitos. Não precisamos invocar a ajuda de Káli de modo ativo, como ele o fez.
Uma palavra final sobre Káli. Os ocidentais sempre a viram como uma figura sombria, como um pesadelo ruim, mas para os indianos ela é parte da vida normal de cada um. Ela representa o ciclo da vida, da morte e do renascimento.
Ao passar por um abutre devorando uma carcaça em sua aldeia nativa, o hindu tem consciência de que o selvagem tigre e o gracioso cervo têm como residência a mesma floresta próxima. Caçador e presa são ambos parte da Lila, ou drama, cósmica, que Káli representa enquanto dança em Chidambarum, gerando o mundo da Maya, ou ilusão.
A deusa grega que considero mais próxima ao arquétipo da Grande Mãe é Deméter, Deusa dos Cereais. Quando Perséfone, sua filha, foi raptada por Hades e levada aos infernos, Deméter sentou-se junto a seu poço sagrado em Elêusis e começou a definhar até que a própria Terra passou a ficar árida e seca; as plantações não vicejaram.
Temos aqui um indicador claro do poder de Deméter, que para mim é parte essencial do arquétipo de Câncer. Ela tinha o poder de arruinar a safra. O Pai Zeus, que até então não tinha demonstrado interesse pelo destino de Perséfone, deu-se conta de que seus adoradores humanos estavam irritados e haviam perdido a paciência com os deuses do Olimpo. Ele então enviou seu mensageiro Hermes ao Hades com a finalidade de buscar Perséfone e devolvê-la à mãe.
No mito de Deméter temos um tipo de comportamento característico de muitos clientes de Câncer - chantagem emocional. "Se tu não fizeres o que eu quero, ó Deus (Zeus), eu simplesmente vou ficar aqui sentado, emburrado, recusando-me a fazer meu trabalho; isso irá te forçar a aparecer!" Jean Shinoda Bolen diz que o comportamento de Deméter no poço foi passivo-agressivo, e que entrou em greve para chamar a atenção de Zeus.
(Veja Jean Shinoda-Bolen, Goddesses in Everywoman, sobre a "greve" de Deméter.) Enquanto lia Bolen sobre o afastamento de Deméter, veio-me à mente a imagem do caranguejo Câncer retraindo sua cabeça para dentro de sua concha-morada, recusando-se a sair até que o mundo coopere novamente. Em sua concha, Câncer está seguro e protegido, e tem tudo confortavelmente arranjado. Câncer está no controle também no lar. A Grande Mãe quer estar em casa tendo os filhos ao seu redor e, mais tarde, também seus netos.
Muitos pais do arquétipo de Câncer temem que um filho possa ser sequestrado como Perséfone e por isso tornam-se super-protetores e demasiadamente cuidadosos. É interessante examinarmos em nosso próprio mapa a cúspide da Casa em que Câncer está localizado para verificar se temos algum tipo de apreensão ou ansiedade de que os filhos dessa casa sejam raptados.
Os filhos, sem dúvida, nem sempre são biológicos. Poderíamos preocupar-nos com o fato de que nossas idéias sejam roubadas por plagiadores, ou de que possamos perder nossos investimentos, dependendo da cúspide da Casa que a Deusa devoradora rege.
Para os pais de Câncer, as emoções e os sentimentos tendem a ser mais fortes do que a lógica. Eles sabem, por exemplo, que a universidade que fica a duzentos e cinqüenta quilômetros de distância tem condições de oferecer à sua filha uma variedade maior de cursos e que viver no dormitório com outros jovens seria uma experiência de amadurecimento social para ela.
Mas, diz o marido de Câncer, "Ela é tão nova. Não queremos perdê-la ainda, não é?" E assim os pais emitem sinais à filha no sentido de que, apesar de ser de fato uma boa universidade, ela talvez preferisse continuar em casa e frequentar a faculdade local por mais dois anos, o que economizaria dinheiro à família.
Existe também o apego da mãe de Câncer a seu filho. Quase todos conhecemos um caso arquetípico - uma mãe de Câncer que tem um filho de 35 anos, solteiro, que sempre volta para morar com ela. "Caramba! Já morei nesses apartamentos frios e tristes", ele diz. "Não é tão confortável como em casa. Mamãe sempre frita os ovos exatamente como gosto. E ela também lava minhas roupas com perfeição. E, além disso, é bem mais barato." Por que crescer e sair quando a vida é tão sossegada em casa?
As mães de Câncer às vezes dirão à astróloga que sacrificaram tanto de sua própria criatividade em favor dos filhos que lhes deram todas as vantagens, e que agora, quando os filhos estão adultos, elas se sentem como vítimas. Qual o objetivo de tudo se "não temos o que se chama gratidão?" A filha Susana vive mudando de cidade com seu marido que foi transferido, e o filho Amoldo não a levou com ele nas três últimas férias que tirou com sua mulher e os filhos.
E há também o profissional de Câncer (ou o Meio-do-Céu de Câncer) - "Veja que ingratidão! Depois de todas as horas que gastei treinando Ana, ela deixou o emprego depois de apenas oito anos. E esses clientes! Trabalho duro com eles, e eles são tão instáveis. Se me ausento por um fim de semana por estar resfriado, eles mudam de terapeuta."
Esse arquétipo nutritivo investe energia emocional e espera um retorno desse investimento. O mesmo se aplica ao relacionamento matrimonial. Câncer quer um marido merecedor de confiança, um homem responsável que seja um bom pai para os filhos dela. Câncer ascendente também quer um homem de sucesso. (Ela define essa palavra de acordo com o próprio status social dela.)
Ela tem Capricórnio na cúspide de sua 7ª Casa, e o homem "talentoso", cujo ego ela gosta de nutrir ou de formar com seu ascendente apoiador, com freqüência não obtém sucesso no teste de Capricórnio. O tipo de companheiro atraído ao ascendente maternal dela nem sempre é o tipo que sua casa de companhia Capricórnio pode respeitar.
Se termina seu relacionamento com um Peter Pan, em geral ela tira o maior proveito possível disso e suspira bastante. Seus filhos a respeitarão ainda mais por realizar sozinha todo o trabalho de dois; com isso, seu poder no lar aumenta.
Minha definição favorita de família para o signo de Câncer provém de uma sessão com uma cliente Câncer duplo recém-saída da faculdade. Ela disse, "Na aula de sociologia, tivemos de estudar definições realmente tolas do significado da unidade familiar.
Por que os textos simplesmente não dizem que essa unidade consiste de uma mulher com filhos ao seu redor e de um homem que a todos mantém financeiramente?" Deméter tomando conta de Perséfone... parecia tão simples, e entretanto eu não poderia imaginar nenhum outro signo astrológico dando essa mesma definição do casamento.
Quando a mulher Câncer fala em encontrar um pai de confiança, um pai responsável para seus filhos ainda não-nascidos, isso traz à mente a polaridade de Capricórnio a cento e oitenta graus de afastamento de Câncer. Este é também um signo ligado aos pais, e assim como a Lua e Câncer simbolizam a Magna Mater, Capricórnio e Saturno (Senex, Capítulo 10) simbolizam o Pai.
E o que é Capricórnio se não um pai cumpridor de seus deveres, alguém confiável e responsável, um tanto rigoroso e severo às vezes? Conheço vários casais que participam desse arquétipo paternal - Câncer e Capricórnio - que tiveram um matrimônio longo e feliz. Às vezes a mulher é Capricórnio e o homem é Câncer. Nesse caso, ela leva a sério seus filhos - eles são uma de suas profissões.
Mas, ao mesmo tempo, em geral confessa que teria um ou dois filhos a menos "se dependesse de mim. Eu gostaria de voltar a trabalhar o mais rapidamente possível - pelo menos em tempo parcial". A 10ª Casa seduz. Mas ela faz a vontade do marido Câncer, que queria mais filhos. Algo profundo no arquétipo de Câncer anseia por criar ou proteger coisas desprotegidas - filhos, filhos adotivos, animais, pássaros, etc.
Os pais Câncer e Capricórnio são competentes em dar uma estrutura aos filhos, organizando excursões de estudo e eventos esportivos, participando da diretoria da Associação de Pais e Mestres, etc. Com muita freqüência, o Pai, Câncer, é perito na cozinha. (A mãe Capricórnio não cozinha a não ser que tenha que fazer isso em vários matrimônios arquetípicos. Serviços de fornecimento de marmitas são úteis.)
O casamento mais tradicional seria um pai Capricórnio e uma mãe Câncer. Ambos são prudentes, sérios, econômicos, cautelosos. Eles gostam da legitimidade à antiga e das cerimônias noticiais na igreja - nada desse viver junto moderno, fora do casamento, para esse arquétipo. O futuro dos filhos é muito importante.
Eles gostam de coisas velhas, em geral, e projetos conjuntos incluem reformar uma velha casa, dar um novo acabamento a móveis antigos, ir a exposições de antiguidades comprar juntos coisas baratas. São muito orgulhosos um do outro em casa (que é o domínio da mulher) e ele não dá muitas sugestões, a não ser que ela lhe peça.
Ela é a administradora da casa e ele é o arrimo da família. Cada um é a autoridade Cardeal no seu domínio. Esses papéis podem parecer fora de moda para muitos de nós, mas para os que participam fortemente dos arquétipos de Câncer e Capricórnio, essas funções são corretas - isto é, para pessoas com vários planetas em Câncer/ Capricórnio.
É importante que todo pai(mãe) compreenda o significado deste eixo parental, Casas 4 e 10. Se, por exemplo, apenas um dos pais for um tipo Câncer (isto inclui muitos papais nos anos 80; um número cada vez maior de papais Câncer estão obtendo a custódia dos filhos), ele(a) pode enganar-se com relação ao amor e estragar a criança. Ele(a) de fato quer manter o filho em casa, e não quer que ele desenvolva uma preferência pelo pai(mãe) divorciado(a) que visita aos sábados.
Disciplina - dizer não e querer dizer isso mesmo, é uma área em que os pais Câncer, especialmente os que vivem sozinhos, precisam trabalhar. Por outro lado, se um pai (mãe) está na polaridade Capricórnio, seu filho experiência a disciplina e as altas expectativas de Saturno e é deixado sozinho por mais tempo para desenvolver sua independência.
A independência, um valor da 10ª Casa, é a última coisa que uma pessoa arquetípica da 4ã Casa procuraria desenvolver numa criança. Mais tempo junto à criança e mais afeição são aqui importantes; dê um abraço à criança e diga-lhe que não há maior problema por não ter-se dado bem no teste de matemática.
Cheguei a compreender a exaltação arquetípica de Júpiter em Câncer, e na 4ª Casa, ouvindo pessoas de Câncer discutir sobre a qualidade de vida que planejam para seus filhos. Júpiter é mais conhecido como o planeta da abundância e da generosidade. Há um pequeno paradoxo aqui, entretanto, visto que Câncer é um signo conservador e frugal para a expressão de Júpiter, o planeta da abundância.
Júpiter, como Vênus/Afrodite, quer o melhor, e para os pais Câncer em geral isso se traduz como "o melhor que possa haver é para minhas crianças" e "Vou economizar em outras áreas da vida, como em minhas aulas de arte para poder pagar as deles, ou em minha viagem à Europa, para que eles possam ir ao Grand Canyon." Ou "Vamos comprar bicicletas para os meninos este ano em vez de substituir o aspirador de pó."
As pessoas de Câncer/ Câncer ascendente que não são pais tendem a expandir-se (Júpiter) nos negócios e a viciar a clientela. Nos anos iniciais, ao implantar o negócio, eles não conseguem recursos para proporcionar a Júpiter ampla liberdade para seus desejos decorativos grandiosos, mas seu lado qualitativo se manifesta apurado.
Energia, se não dinheiro, é investida na concepção de salas de estar que fazem o cliente sentir-se tão amado e confortável como em casa, para prover um ambiente nutritivo para ele. O problema aqui é que o freguês se torne uma espécie de criança mimada; ele se sente tão à vontade com seu tutor ou conselheiro que muitas vezes é preguiçoso para fazer sua tarefa de casa, academicamente ou psicologicamente.
"Mamãe" está fazendo o trabalho e demonstra simpatia com todos os problemas que surgem para fazê-lo chegar atrasado à sessão/lição. "Mamãe" readapta a agenda dela e espreme o aluno/paciente/cliente à conveniência da pessoa. A dependência do cliente com relação ao astrólogo ou ao terapeuta pode tornar-se como a dependência de uma criança com relação a um dos pais.
Uma cliente tem um patrão Câncer. "Ele é tão amável e compreensivo quando ficamos doentes. Ele sempre envia flores ao hospital ou visita seus empregados quando estão acidentados. Mas, você sabe, embora seja de fato um bom patrão em vários aspectos (gostamos de trabalhar para ele), faz muito tempo que ele não dá nenhum aumento a ninguém."
A exaltação de Júpiter com freqüência e insuficiente na área da generosidade financeira. A parcimônia de Câncer predomina, e ele pensa, "Bem, faço coisas para meus empregados que nenhum patrão faz. Por que também aumentá-los? Há muitos benefícios suplementares que derivam do trabalho que me é prestado..."
Durante a sessão de astrologia, queixas sobre o dinheiro ou sobre a falta de oportunidade de progresso em geral mascaram a questão real: dependência, sentimentos de ingratidão ou de negligência, falta de sensibilidade aos sentimentos ou ao progresso dos outros.
Arquetipicamente, a exaltação de Júpiter em Câncer parece significar que Câncer vê a si mesmo como o empregador modelo, acalenta-dor, cuja equipe se constitui numa extensão de sua família e que, como seus filhos, vive de uma mesada beneficente. "Sei que esta é uma companhia pequena, não uma empresa grande, impessoal", disse um empresário Câncer. "Gisele sabe disso também. Durante todos esses anos tenho sido um ombro onde ela pudesse chorar. Ofereci-lhe abonos e emprestei-lhe dinheiro. Agora, de repente, ela me deixa para empregar-se numa firma que lhe ofereceu o dobro do salário que recebia aqui. Afinal de contas, o que é o dinheiro?"
Gisele havia assumido o dobro das responsabilidades iniciais, mas havia recebido apenas alguns aumentos em reconhecimento por seus esforços. "Eu era sua menina; tínhamos um relacionamento interdependente, como de pai para filha. Mas ele nunca iria me pagar de acordo com meu merecimento, porque não conseguiria ver-me como um adulto que poderia exercer um cargo de supervisão, de autoridade, e um salário adequado. Assim, tive que deixar o ninho", disse Gisele.
É em ambientes sociais como restaurantes que podemos observar a qualidade da generosidade de Câncer. Ela se estende para além dos membros de sua família, abrangendo outros que estão à mesa? Depois que você terminou o jantar com Câncer e com o cônjuge e cinco filhos dele(a), ele(a) por acaso pega o talão de cheque com intenções sérias de pagar? Ou ele(a) espera e observa o que você vai fazer? Você vai pagar pelos sete?
Por acaso o Júpiter dentro dele trabalha meramente para o auto-engrandecimento e para sua própria família ou sua amplitude é maior? Se a benevolência de Câncer se estende além do seu núcleo familiar, Júpiter está de fato operando positivamente, espiritualmente, abrindo sua personalidade para além dos limites de Câncer.
O pai (mãe) de Câncer quer o melhor para seus filhos, mas como o profissional de Câncer, ele(a) se esforça em demasia. "Puxa", disse a filha de uma mãe Câncer, "eu gostaria que ela tivesse participado daqueles cursos de arte e feito aquela viagem à Europa, e que também tivesse comprado aquele aspirador de pó em 1968. Mas, sabe de uma coisa? Acho que ela não queria ir à Europa de verdade.
Papai e ela têm bastante dinheiro agora e nunca mais falaram nisso. Ela gosta de voltar ao Leste e visitar sua família em todas as férias. Penso que ela gostava mais de fazer os biscoitos para meu grupo de escoteiras do que assistir àquelas aulas de arte à noite.
Ela se sente como mártir por razões que não consigo entender. Nenhum de nós lhe pediu que desistisse do que quer que fosse por nossa causa!" O irmão dessa garota disse, "Mamãe diz que simplesmente quer que sejamos felizes (joviais e jupiterianos), mas há algo mais que isso.
Ela quer se orgulhar de nós. Ela queria que nos casássemos com a moça do apartamento ao lado e que comprássemos uma casa perto dela. Não quer que mencione minha mulher a ela. E diz também que não a ouço mais, e que só presto atenção ao que minha mulher diz."
Quando o filho mais novo da mãe de Câncer chega à adolescência e está pronto a sair do ninho, Câncer em geral consulta a astróloga pela primeira vez. Que fará ela? Se está na casa dos trinta, ainda poderia ficar em casa e ter outros filhos. Ela sabe que tem competência para encontrar trabalho no mundo dos negócios.
Isso não é problema. As mulheres de Câncer seguidamente me dizem que qualquer pessoa organizada e eficiente como elas seria uma aquisição valiosa para qualquer companhia - e elas estão certas. Câncer é um signo Cardeal e para muitas pessoas de Câncer os negócios constituem-se no meio criativo mais forte do horóscopo.
Mas Câncer procura realização para a Lua, para algo que seja nutritivo, para pessoas que precisam de ajuda. Ela dirá, "Claro, eu poderia fazer trajes para o teatro. Qualquer pessoa que consegue preparar roupas a capricho para o Halloween numa semana pode dar conta de um grupo de teatro." Ou, "Claro, eu poderia assumir a gerência de um dos restaurantes da família. Eu seria uma boa anfitriã. Já tive todos os tipos de experiência organizando refeições para grande número de pessoas. Poderia até abrir um serviço de fornecimento de marmita."
Ou ainda, "Eu poderia abrir uma loja de antiguidades: tenho salas e salas abarrotadas de móveis que reformei e, como meus filhos já se foram, não há motivo para não vendê-los."
Ainda assim, ela hesita em deixar o ninho. Ela está segura aí, e ainda mais importante para a sua parte Káli-Shakti - sua base de poder está aí. E muito difícil deixar seu domínio na metade da vida e assumir um posto onde outra pessoa seria a detentora da autoridade, onde outra pessoa seria o patrão.
Às vezes discutimos o trabalho autônomo como uma possibilidade. Em seu próprio domínio, com sua concha de caranguejo ainda intacta, e com as coisas familiares ao seu redor, ela não se sentirá vulnerável. Ela pode dar andamento a algum tipo de negócio segundo suas próprias regras, de acordo com seu próprio ritmo.
Guarda de crianças ou abrir uma escola maternal se tiver o treinamento e a experiência para isso - a loja de antiguidades que ela sugeriu poderia ser aberta junto ao portão de casa.
A cadeia de restaurantes da família também é uma possibilidade, apesar de estar a uma certa distância da residência. A vantagem é que ela trabalharia com pessoas que já conhecem sua competência e eficiência como gerente. (Os parentes a viram trabalhar sob pressão e sabem que ela é uma trabalhadora capaz e competente.)
Câncer às vezes levanta a possibilidade de voltar à escola para concluir um antigo curso ou para dar início a um novo. Isto, porém, o assusta. "Todas aquelas pessoas mais novas na mesma sala que eu." (Ela tem apenas 35 anos.) Ou, "Não tive uma aula sequer durante anos... Não sei. Quando deixei o colégio para casar-me com João, eu pensava que estivera me preparando para uma profissão útil - trabalhar num hospital como enfermeira (ou como especialista em dietética), tomando decisões que ajudariam muitas pessoas."
Temos aqui Júpiter exaltado em Água Cardeal. Ela queria tomar decisões (aspecto Cardeal) que ajudariam (Água) muitas pessoas (Júpiter). Há também a polaridade integrada Capricórnio/Terra -uma profissão útil. Ou "Meu terapeuta diz que tenho muita empatia e intuição. Às vezes, me parece claro em meus sonhos que devo terminar meu curso de serviço social. Eu poderia sentir intuitivamente o problema real do cliente - o que ele não está me dizendo."
Esta, então, é uma realização lunar ou pessoal, com a perspectiva exaltada de Júpiter em Câncer querendo abranger muitas pessoas, compreender e ajudar. Ela tem necessidade de ser necessitada. Teoricamente, eu poderia abrir aqui todo um leque de profissões imaginativo-intuitivas.
Ela poderia estudar a arte de escrever ficção à semelhança dos famosos escritores de Câncer, como Hesse, Orwell, Hemingway. Teoricamente isso traria realização pessoal. Ela poderia ler cartas de taro ou interpretar sonhos. Poderia ainda praticar pintura japonesa ou silkscreen; isso seria muito criativo. Ela já mencionou que seu marido não tem necessidade dela para ganhar dinheiro; como mantenedor da família, ele tem um bom emprego. O que ele quer é que ela "seja criativa".
A Lua poderia encontrar satisfação pessoal e emocional de muitos modos, mas ela é também um planeta irrequieto. Embora se diga que a Lua é proeminente em mapas de escritores e psíquicos, um escritor criativo de sucesso parece ter capacidade de ficar sozinho por horas a fio, desligando-se totalmente da família, harmonizando-se com sua Musa e trabalhando em seu romance.
Hemingway e muitos outros escritores de Câncer chegaram à realização pessoal desse modo, mas meus clientes de Câncer/Câncer ascendente não são Hemingway. Eles não estão acostumados a isolar-se e a sintonizar-se com a Musa interior. Eles estão acostumados a sentar-se frente a frente com outro ser humano e a sintonizar com as necessidades dessa pessoa.
Ou, em muitos casos, não se sentem serenos e sossegados: movem-se graciosamente durante todo o dia como Luna no céu da noite. Movimentam-se pela cozinha fazendo sanduíches, telefonando a outras mães para organizar a reunião de lobinhos, dirigindo pela cidade e subúrbios para ir a lojas, escolas, bancos e ginásios esportivos fazendo a entrega de sapatos de corrida esquecidos por algum atleta.
Certa vez, emprestei a uma cliente de Câncer o exemplar de uma biografia de Hemingway escrita por uma de suas ex-esposas. Ao devolver o livro, ela disse, "Que homem egoísta. Eu também poderia escrever romances excelentes se tratasse as pessoas que amo como ele o fez."
Ocorreu-me que esse era um comentário revelador de Câncer sobre a diferença entre potencial e habilidade concretizada. Para a astróloga era também um comentário revelador sobre a diferença entre o manual teórico de Câncer e o verdadeiro Câncer.
Fazer coisas em prol dos outros parece ser a maior fonte de realização que observei em tipos lunares. A vida parece muito mais agradável às pessoas de Câncer que estão harmonizadas com sua natureza feminina, sentimental, que são capazes de reconhecer e satisfazer a necessidade de serem necessitadas, do que para as que negam o feminino.
Em nossa sociedade, o poder (Shakti) está associado com o conquistar poder no mundo dos negócios. Nos últimos quinze anos, muitas pessoas de Câncer voltaram-se para o setor imobiliário. Uma mulher, depois de vencer as várias etapas do programa de licenciamento, havia vendido sua primeira casa e recebido sua primeira comissão.
Ela me visitou, maravilhada, transmitindo a novidade. "Não há nada que realize tanto como isso, exceção feita a dar à luz. Acabei de fechar negócio de uma casa velha que combina perfeitamente com a família que a adquiriu. Quando a tiverem reformado, será uma casinha adorável. E veja este cheque. O magistério nunca me auspiciou um pagamento desses. Finalmente me sinto como um membro digno da sociedade." Bens imóveis - uma profissão perfeita para a 4ª Casa.
Muitos homens de Câncer/Câncer ascendente desenvolveram sua natureza lunar através de profissões como serviço social, aconselhamento, artes, concepção criativa. Os que têm uma sintonia particularmente forte com Júpiter expandiram seu interesse na comunidade, pondo seu tempo, energia e vida à disposição dos sem-teto - imigrantes em seu próprio país ou doentes e famintos em outros países.
Alguns estão envolvidos com o ministério (pastoral), enquanto outros promovem as artes, os fundos para bolsas de estudo, ou trabalho cívico local. Uma das funções arquetípicas de Câncer é ir ao encontro das necessidades básicas das outras pessoas, provendo alimento, vestuário, abrigo e remédios. Um homem de negócios que exerce sua profissão principalmente através de sua função solar, seu pensar, deriva grande parte de sua satisfação pessoal interior de atos de ajuda aos outros, preenchendo assim sua natureza lunar.
Infelizmente, alguns homens de Câncer parecem relutantes em reconhecer seu lado feminino, o lado da relação, o lado criativo e intuitivo (apesar de que grande parte de sua atividade deriva dessa energia lunar). Talvez julguem que outros homens os considerariam débeis, dependentes ou sentimentais.
Eles mantêm-se próximos à Mãe, às filhas, e tendem a escolher uma mulher ultra feminina, frágil, amável, suave - muitas vezes uma mecenas das artes - para carregar o feminino por eles. Se, todavia, nunca trabalharam para desenvolver seu lado feminino, podem sentir um vazio pelos meados da vida; podem sentir que deve haver algo mais na vida do que ganhar dinheiro e prover o sustento de filhos, agora já crescidos e fora de casa.
É nesse momento, na metade da vida, que procuram o astrólogo ou o analista pela primeira vez, perguntando, "Agora que minha família está dispersa, e minha Mãe já morreu, o que mais resta da vida?"
Indisposições estomacais, problemas de assimilação de cálcio, alergias provocadas pelo leite muitas vezes se desenvolvem em pessoas de Câncer que, na metade da vida, estão aprendendo a redirecionar a energia nutritiva do mundo exterior para o Self, a fonte interior da criatividade, ou em pessoas de Câncer que podem sentir-se emocionalmente famintas, negligenciadas ou abandonadas.
Outro sistema é tomarem grandes quantidades de sorvete, massas cremosas, sobremesas saborosas. Câncer tende a comer quando a Criança Interior se sente posta de lado, e de modo especial a desejar produtos derivados do leite.
O leite materno é sem dúvida a fonte primeira de nutrição que o inconsciente lembra. Na metade da vida, os órgãos femininos de mulheres acostumadas a nutrir os outros são sintomáticos da mudança do processo de auto-nutrição que passa do exterior para o interior.
Um número muito grande de mulheres de Câncer/Câncer ascendente na idade entre 40-55 anos desenvolvem a ansiedade como sintoma. "Preciso de uma mastectomia? Aparece isso no meu mapa? Não quero me sentir 'inteira', mas receio que alguma coisa terá que ser cortada do meu corpo muito em breve. Esta é definitivamente uma premonição."
Tendemos a atrair para nós coisas que ficamos alimentando, com as quais nos preocupamos. Em geral, pergunto "Alguma coisa foi tirada de sua vida, de sua casa, recentemente? Seu filho mais moço está quase para se casar? Ou formar-se na faculdade? Alistar-se no exército? Transferir-se?" Muitas vezes a resposta é "sim". Parece uma vergonha ficar o tempo todo cortando o corpo.
Sinto intuitivamente como certo que muitas, muitas histerectomias desnecessárias são realizadas em mulheres nessa faixa etária cuja natureza amorosa foi tão dirigida para fora que não conseguem mais sintonizar-se com o que são. Elas não conseguem sentar-se quietas e meditar, ou rezar o terço com concentração, ou praticar as técnicas devocionais de sua religião, ou deixar de lado a ansiedade e encontrar a paz.
Câncer é apegado ao passado - a tradição, o lar, a família. Muitas vezes o marido de uma mulher de Câncer se aposenta e anuncia, "Nós vamos para a Flórida; é muito frio aqui." Ou, "Vou comprar um trailer e sair para conhecer o país."
Se ela está se recuperando de uma cirurgia, ou de uma série de cirurgias, é muito difícil para ele realizar suas mudanças, adquirir um trailer, vender a enorme casa em que ela mora e ir em direção ao futuro que esteve planejando por vinte anos. Às vezes ele vai sem ela, responsabilizando sua filha que mora próximo de dar a ela amor e atenção. Ela fica em sua concha, sua amada casa.
Astrologicamente, o movimento da Lua em progressão pode dar-nos uma pista quanto à direção que o Inconsciente está tomando, e o astrólogo pode ajudar a mulher Câncer a tornar-se mais consciente do motivo por ela estar comendo todos os produtos laticínios ou por ter medo de uma cirurgia no aparelho reprodutor.
Este é um indicador importante no horóscopo de intuitivos em geral e de Câncer/Câncer ascendente em particular. Há muitos anos, Derek e Julia Parker afirmaram no Compleat Astrologer que as pessoas de Câncer tendem a viver sua vida em ciclos de 2 anos a 28 meses, no ritmo da Lua em progressão secundária à medida que muda de signos e de Casas.
Perguntei a clientes de Câncer/ Câncer ascendente e de Lua em Câncer sobre isso e a grande maioria deles concordou. Essas pessoas parecem intimamente ligadas ao Inconsciente e podem descobrir suas necessidades durante suas progressões lunares.
Em geral, sigo a sugestão de Noel Tyl e identifico o quadrante do horóscopo (uma fatia do bolo que envolve três Casas, começando com uma Casa Angular e terminando logo antes da Casa Angular seguinte) em que a Lua está em progressão. Ela está pondo a pessoa em contato com sua personalidade? (Primeiro Quadrante) Com suas habilidades? (Segundo Quadrante) Com a cooperação/ recursos conjuntos? (Terceiro Quadrante) Com novas metas/recursos psíquicos? (Quarto Quadrante).
O astrólogo pode localizar o quadrante num simples olhar; depois de certo tempo, o olho automaticamente se dirige para lá. Esta é a área em que a personalidade está se desenvolvendo no momento e, freqüentemente, onde velhos hábitos são questionados.
Irão esses hábitos tornar-se mais fortes, mais entrincheirados, ou irão ceder? Observo a modalidade; a mutabilidade se dá bem com a mudança; a cardinalidade é feliz tentando algo novo; mas, a fixidez quer o status quo. Considero o quadrante como um ciclo de aprendizagem de 7 anos na área da vida interior, subjetiva, pessoal, de como o indivíduo se relaciona com sua Mãe, em particular, e com as mulheres em geral, e se está interessado no desenvolvimento espiritual, com a anima, a deusa interior.
Aonde irão os anseios, os desejos e humores lunares infantis estourar? Na Casa que a Lua em progressão ocupa durante o ciclo de 2 anos e 28 meses, o signo por onde ela passa e de acordo com a natureza dos planetas natais com que ela contata. (Se ela passa sobre Marte ou forma quadratura com Urano, o estado de ânimo está irrequieto, suscetível, volátil, e se Água estiver envolvida, ferida.)
A que tipo de pessoa irá a mulher Câncer/Câncer ascendente ser receptiva? (4ª Casa) - Pais? (7ª Casa) - Cônjuge? (9ª Casa) - Ministro? Se passar pela Nona Casa, a astróloga pode discutir assuntos de interesse de Câncer, ao nível de consciência em que Câncer é feliz. Isto é, se Câncer está interessado em netos, a astróloga pode dizer, "Este é de fato um bom ano para levá-los junto em suas férias. A Lua em progressão está em sua Nona Casa, ativando seu Grande Trígono natal."
Ou, se Câncer não tem netos, mas é muito religiosa, pode dizer, "Pergunte em sua paróquia se alguém está levando um grupo a Lourdes ou a Roma este ano. Você está bastante receptiva à idéia de uma peregrinação, muito aberta a bênçãos neste momento." (Em outros anos ela provavelmente não gostaria de gastar seu dinheiro, ou talvez preferisse ficar em casa lavando a roupa branca do altar.)
Portanto, a satisfação pessoal, interior, está ligada às progressões lunares. Dediquei bastante tempo a esse estudo com intuitivos e com pessoas de Câncer. Os intuitivos podem saber de antemão o que lhes vou dizer, entretanto especialmente se a Lua está prestes a deixar um quadrante e a entrar no seguinte.
Eles "sentem" o seu movimento muito fortemente. Retornar a sete anos antes é outra boa técnica a aplicar quando a Lua em progressão está mudando de quadrante. Em geral, pergunto diretamente, "Agora que a Lua está quase entrando na 10ª Casa, você sente como se tivesse atingido o pico numa área da vida, como se quase tivesse a obrigação de começar um novo ciclo de mudança?"
Quase invariavelmente recebo a resposta, "Como você sabe disso? Todos os dias me arrasto ao trabalho ansioso por saber por que meu corpo ainda vai para lá. Minha alma está acabrunhada com aquele ambiente, com aquelas lições, e, por incrível que pareça, assumi essa posição há sete anos. Parece um mistério."
Como astrólogos, é claro que não tentamos espantar, assustar ou intimidar pessoas sensitivas de Câncer com nossos "mistérios"; nós procuramos ajudar. O Inconsciente quer fazer alguma coisa diferente quando a Lua entra num novo quadrante. Ajudar uma pessoa a descobrir qual possa ser a nova direção é, creio eu, mais útil do que indicar-lhe determinados eventos ainda por vir.
A tendência, a direção de sete anos, é importante para tipos intuitivos e emocionais. Pode também aquietar os medos, as premonições nervosas, ou evitar a consulta ao cirurgião até que ele(a) tenha tido tempo para observar os significados alternativos dos sintomas físicos.
Signos Água sensitivos como Peixes e Câncer têm corpos sensíveis - corpos que captam uma mensagem do inconsciente frustrado antes que a mente consciente possa concebê-la. Nossa ciência empresta clareza e objetividade e auxilia ou a confirmar as intuições ou a colocá-las dentro de perspectivas apropriadas.
Saturno, com sua natureza prática, realista e bem alicerçada, é o regente do signo da polaridade - Capricórnio. É também um importante planeta para alcançar a objetividade. A Lua em progressão nos dirá qual a ansiedade do inconsciente, de que ele está cansado, o que deseja estabelecer, e assim por diante, mas não nos dirá se, no mundo real ou não, ele será capaz de encontrar suas necessidades neste momento específico do tempo.
Shiva e Káli - Saturno e Lua - constituem um par. Eles lidam com a mudança criativa (a Lua) no mundo do tempo finito (Saturno). Saturno, como a Lua em progressão, passa aproximadamente sete anos num quadrante. Assim, o olho do astrólogo se volta na direção dos trânsitos do quadrante de Saturno, onde as aspirações, ambições, eventos e desafios provavelmente estão centrados.
A seguir, depois de observar o quadrante, ele considera a Casa e o signo por onde Saturno se movimenta. Por exemplo, se a Lua em progressão está entrando na Décima Casa e a mulher Câncer pergunta, "Conseguirei passar no meu exame de licenciamento para a venda de bens imóveis?", os trânsitos de Saturno esclarecem a situação.
Saturno em trânsito pela Terceira Casa ou pela Sexta, por exemplo, ajudaria a concentração disciplinada. Entretanto, se Saturno fosse transitar para a frente e para trás em movimento retrógrado sobre o Mercúrio da mulher, ela poderia ter que refazer o exame, o que seria desanimador. Isso ajuda a compreender os sentidos positivos (disciplina) e negativos (resultados retardados) de Saturno.
Muitos bons astrólogos, incluindo Noel Tyl (The Expanded Present) e Alexander Ruperti (Cycles of Becoming)1 perceberam que tanto Saturno quanto a Lua têm um ciclo orbital relacionado ao número 28. A Lua em trânsito demora 28 dias para percorrer a circunferência do horóscopo e passar pelos doze signos.
Saturno natal leva 28 anos para retornar a seu Signo, Casa, grau de longitude. A Lua simbolicamente se movimenta por sua órbita secundária em progressão em torno do mapa também em 28 anos. Assim, o planeta de nossa vida interior e pessoal, a Lua em progressão, e o planeta que preenche nossa ambição e desejos externos, Saturno, estão justapostos e analisados a cada 28 anos, e muitas vezes o equilíbrio entre eles é restabelecido nesse ponto.
Pessoas próximas dos 30 anos com freqüência observarão, "Quero tudo - uma profissão sólida e um casamento firme", satisfação interior e exterior. Perto dos 56 anos, podem dizer, "Fui muito unilateral. Demasiado desenvolvimento exterior nos negócios (Saturno/Décima Casa), realização interior pequena demais (4ª Casa)."
Ou, no caso de muitas mães de Câncer tradicionais, vice-versa. A pessoa que pensa, em retrospecto, que era lunar demais na primeira metade da vida anseia por realização exterior; a pessoa que era muito saturnina no primeiro ciclo sonha em ficar em casa, em cozinhar, decorar, brincar com os netos e dedicar-se a passatempos de natureza criativa.
Entretanto, espiritual e psicologicamente, há algo mais do que esta mudança de energias na metade da vida. Carmicamente - um tipo lunar forte - uma pessoa com uma conjunção Lua-Ascendente, um Câncer/ Câncer ascendente, irá pensar sobre a família de uma maneira mais profunda durante esses períodos.
A Mãe é um espelho do Self; a aprovação ou desaprovação da Mãe relativamente ao modo como a vida se desenrolou espelha a própria análise de uma pessoa. Se a Mãe desempenhava sua função biológica (tendo filhos) mas a filha não, então a faixa dos 30 anos é um tempo em que sua própria falta de filhos pode aborrecer a filha.
Ela pode iniciar um processo terapêutico para trabalhar esta questão, para peneirar suas memórias infantis de Câncer. Ou, entre mulheres de geração mais jovem, talvez Mamãe fosse uma bem-sucedida mulher de negócios e a filha uma canceriana que preferiria ficar em casa com os filhos.
Próximo aos 30 anos, isto também a incomoda. Deveria ela conseguir um trabalho de tempo parcial ou mesmo de tempo integral? E isso apesar do fato de que se sentiria culpada deixando os pequenos com uma babá? Que é a realização para uma pessoa lunar dos anos 80? Geralmente levo Câncer/Câncer ascendente a lembrar-se de que há muito tempo à frente. Deleite-se com os pequenos, a realização lunar interior. A segunda metade da vida só começa aos 40.
Complexos maternos positivos e negativos muitas vezes surgem no retorno da Lua em progressão. Manter contato com o lar e ligar-se às suas raízes são questões importantes para Câncer quando a Lua em progressão cruza o Ascendente ou Nadir.
Câncer pode pensar em retornar ao passado, talvez mesmo à sua cidade natal, o local natal onde o horóscopo tomou forma, para uma reunião de família ou de escola. É psiquicamente estimulante para Câncer relacionar-se novamente com mulheres do passado, de modo especial nessas progressões.
Os homens de Câncer encontraram antigos amores, titias que os adoraram como crianças, ou a mulher que lhes ensinou literatura inglesa no segundo grau e que acreditava que estavam destinados a escrever o grande romance americano de sua geração.
"Quando a encontrei ela parecia tão velha, tão insatisfeita com sua própria vida. Minha deusa caiu do pedestal", comentou um homem. "E minha querida, minha imagem da anima de minha infância, não é alguém com quem eu faria questão de me encontrar neste momento. Como o gosto muda!"
Outra mulher observou, "Quase fiquei em casa porque, você sabe, não fiz grandes coisas criativas. Então, pensei, talvez elas também não tenham feito nada de especial! Pelo que me lembro, não vi seus nomes nas manchetes nesses anos todos.
Em seguida, ocorreu-me: Será que devo me vestir como quem mora na Califórnia, o que tenho feito por 20 anos, ou seria melhor comprar alguma coisa apropriada para o outono de Boston? Algo de lã, elegante, que ficará para sempre no meu guarda-roupa na Califórnia?" Ela acabou viajando e divertindo-se bastante em seu traje à Boston.
Uma terceira cliente de Câncer disse, "Quase morri para ir à reunião. Gosto de minhas memórias como elas são - apenas memórias. Quero lembrar-me de todos como jovens, cheios de esperança para o futuro, belos e atraentes. Prefiro folhear meu velho álbum de fotografias a vê-los nos seus 40 e ouvir que seus casamentos fracassaram ou que outras coisas tristes aconteceram para eles."
Uma mulher de Câncer, cujos planetas da Nona e Décima Casa a levaram aos negócios e não ao trabalho doméstico, disse, "Se for ao casamento, não sei o que vou falar com minhas irmãs. Ao telefonar, o único assunto que tratam são os filhos. Nossa família enfatizou demais os filhos como função da mulher... de minha parte, estou contente por ter quebrado o padrão familiar coletivo e seguido meu movimento próprio na vida.
Estou satisfeita por não ter seguido a consciência de massa e por não ter sido arrastada pela vida inconsciente de tudo, menos do destino biológico." Ela também tomou a decisão de não ir para casa na Lua em progressão sobre o Nadir.
Se tivesse feito isso, como intuitiva ela poderia ter se beneficiado. Por uma percepção posterior aos fatos, o passado geralmente ilumina o presente. Uma nova intimidade e um mútuo respeito poderiam emergir de um encontro pessoal com sua irmã, o que seria muito diferente das chamadas telefônicas frias e impessoais ao longo dos anos. Ela tem bons aspectos com sua Lua na Terceira Casa (irmãs).
Quando um cliente de Câncer telefona para marcar uma consulta, em geral anoto mentalmente se seu ano de nascimento colocaria Câncer na primeira ou na segunda metade da vida. Se o novo cliente tem menos de 40 anos, isso significa que Câncer tem filhos pequenos em casa e que tem por eles grande interesse.
Então pergunto, "Você fará perguntas sobre os filhos durante a sessão? Se sim, poderia antecipar-me os dados de nascimento deles para que eu possa ter seus mapas prontos para o momento da consulta?" Isto normalmente entusiasma a pessoa, porque Câncer, em nove sobre dez vezes, é mais cuidadoso com a vida de seus filhos do que com a sua própria.
Os pais de Câncer quase sempre têm uma ou duas perguntas sobre negócios e propriedades, mas em seguida querem saber sobre a filha. Há um vínculo cármico muito especial entre os homens Câncer/ Câncer ascendente ou Lua em Câncer e sua filha, mesmo que ela tenha 50 anos no momento da leitura (do mapa).
Se o novo cliente é uma das raras pessoas de Câncer que não têm filhos, em geral digo, "Você sabe, há um elo cármico entre Câncer e a Mãe. Se sua mãe ainda está viva, talvez você queira fazer algumas perguntas sobre sua interação com ela nesta vida..."
De cada dez pessoas, nove ficam muito contentes por receber os esclarecimentos devidos. A décima pessoa tem o que Jung chamaria de complexo de Mãe negativa (Veja "Dual Mother", no Symbols of Transformation, de Jung, e também "The Mother Complex", no Archetypes of the Collective Unconscious) e inicialmente não quer pensar sobre ela, mas quase sempre telefona na noite anterior à leitura, dizendo "Isto está me incomodando durante toda a semana. Consegui os dados de mamãe, e quero dedicar parte da sessão analisando nossa interação, astrologicamente."
Na segunda metade da vida, considero com o cliente o desenvolvimento interior e a criatividade emergindo de Câncer. Observo a Lua em progressão, e também os planetas posicionados na 11ª Casa (objetivos, esperanças, sonhos e desejos pessoais).
Espiritualmente, Câncer e a 4ª Casa são muito importantes para todos nós. Ao ler a seção esotérica podemos considerar a cúspide de nossa própria 4ª Casa, o planeta que a rege, e os planetas que nela estão domiciliados.
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